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BOLETIM CLÍNICO - número 1 - agosto/1996

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

4. A Entrevista e o Relatório de Triagem na Clínica Psicológica "Ana Maria Poppovic" da PUC-SP - Marina Pereira Rojas Boccalandro

O cliente que telefona procurando saber das inscrições para tratamento na Clínica é solicitado a comparecer pessoalmente para fazer a ficha de inscrição. No caso de criança, seus pais ou responsáveis, deverão vir preencher a ficha. Nesse dia são avisados que devem aguardar, por telefone, a data e o horário da triagem.

Quando comparecem para a entrevista, seja ela individual ou grupal, são avisados de que:

- a Clínica é uma Clínica-escola e, por isso, poderão ser atendidos por alunos de último ano ou estagiários já formados, sempre com a supervisão de um professor;
- que poderá haver um ou mais alunos, na sala de espelho, que acompanharão durante todo o ano o processo. Explica-se o que é a sala de espelho e que serão sempre os mesmos alunos a observar e que se esse for o caso, serão avisados no primeiro dia de consulta;

- que deverão aguardar a convocação por telefone ou telegrama (caso não tenham telefone);

-que existe uma taxa cobrada mensalmente, quando iniciarem o tratamento (dá-se o valor dessa taxa), que essa contribuição é para ajudar nas despesas da Clínica, como por exemplo: reposição de testes, de brinquedos nas caixas lúdicas ou mesmo em passes de transporte para aqueles que não tenham nenhuma condição financeira para virem ao tratamento. Essa taxa não é seletiva. Nenhum cliente deixará de ser atendido se não puder pagá-la. Frisa-se que alguns talvez possam pagar até mais (e podem fazê-lo), outros se encaixam nessa faixa, outros poderão pagar menos, outros não poderão pagar nada e talvez existam alguns que precisem até receber o vale transporte. Os clientes são avisados que esse assunto será tratado quando iniciarem seus atendimentos, junto com o profissional que irá atendê-los;

- que os clientes serão atendidos normalmente na Clínica até o fim do ano. Depois disso poderão continuar com os mesmos terapeutas ou não. No caso dos alunos que se formam, esses poderão continuar atendendo pela Complementação Curricular, ou levar seus clientes para o consultório particular, sempre respeitando as condições de pagamento que são feitas na Clínica. O mesmo pode se dar com os terapeutas que já eram formados (os estagiários da Complementação Curricular) que podem renovar seus contratos, ou levar seus clientes, também para consultório particular. Caso o terapeuta, por motivos pessoais (doenças, viagens, mudança de cidade, etc.) não possa mais atender seus clientes e estes ainda estejam em processo terapêutico, os mesmos serão encaminhados para outro estagiário ou aluno, no próximo ano. Informa-se que enquanto for necessário, e assim o desejar, o cliente será atendido na Clínica;

- que no caso de existir uma fila de espera muito grande, o cliente é informado que existem psicólogos já formados, cadastrados na Clínica e que esses se prontificam a atender os clientes que enviamos, pelo preço que eles puderem pagar, respeitando as mesmas normas da Clínica. Esses psicólogos atendem em consultórios particulares, em várias regiões de São Paulo. No caso do cliente não querer, ou não poder esperar, escolhe-se um terapeuta que atenda num bairro, de fácil acesso para o cliente. O cliente é também informado que se quiser ficar aguardando para ser atendido na Clínica, qual será aproximadamente seu tempo de espera.

A entrevista pode ser realizada individualmente ou em grupo.

No caso de entrevista individual, em geral, deixa-se meia hora para cada cliente. No caso da triagem ser grupal (no máximo dez clientes) em geral, precisa-se de dois profissionais para dirigir e anotar as informações dadas pelos participantes, podem ser dois profissionais da triagem, ou um professor da triagem e um estagiário da Complementação Curricular ou aluno de quinto ano. Essa resolução fica a cargo dos professores responsáveis pela triagem. Nas entrevistas, que são semi dirigidas, tenta-se garantir que algumas informações sejam fornecidas pelos clientes. Sempre se pergunta qual o motivo dele ter procurado a Clínica. Em não se tratando de procura de orientação vocacional, pergunta-se:

-Qual a queixa que o levou à Clínica?
-Quando iniciaram os sintomas?
-Qual a freqüência dos mesmos?
-Já buscou ajuda anteriormente?
-Onde?
-Quais tratamentos já recebeu para esses sintomas?
-Quem indicou a Clínica?
-Qual a motivação e a disponibilidade para o tratamento na Clínica?

Pesquisam-se também os antecedentes pessoais. Nesse item procura-se tomar a história do cliente da maneira mais rica possível e adequar algumas perguntas à idade e ao problema que o cliente apresenta. Se adulto, sem suspeita de problemas neurológicos e/ou psiquiátricos, procura-se saber de doenças e tratamentos anteriores, escolaridade, vida profissional, relação social e afetivo sexual.

No caso de criança sempre se pesquisa gestação, parto, desenvolvimento, as relações entre os pais e irmãos. Se existe suspeita de problemas neurológicos busca-se saber se existem outros sintomas que possam reforçar a hipótese dessa suspeita.
Pesquisam-se também os antecedentes familiares: constelação familiar, relações familiares, doenças significativas na família, óbitos e suas causas, nível de escolaridade familiar.

Depois de terminada a entrevista, o entrevistador redige o relatório com base nos dados colhidos. Se for necessário, o cliente poderá ser solicitado a voltar à triagem, até que fique claro o melhor encaminhamento para o seu caso.

O encaminhamento pode ser feito para os vários atendimentos que a Clínica oferece, como também para outras instituições da comunidade, caso a Clínica não tenha possibilidade de oferecer esse atendimento.