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BOLETIM CLÍNICO - número 3 - dezembro/1997

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos

6. QI GONG E SUA APLICAÇÃO TERAPÊUTICA. - Fraga, W.C. - Mestranda em Psicologia Clínica pela PUC/SP - Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar.

Com base em experiência pessoal, o texto desenvolve uma discussão teórica a respeito da prática do Qi Gong (lê-se tchi kum) e de sua aplicação terapêutica na clínica psicológica. Qi Gong é uma prática milenar chinesa que tem como base a visão da unidade; da interrelação de todos os fenômenos da natureza, que inclui o homem; e a natureza dinâmica do universo, em constante mutação.

A prática do Qi Gong leva à vivência desses pressupostos o que significa experimentar e ampliar níveis de consciência diferentes do racional, linear e causal pois exige que o praticante volte a consciência para dentro de si desenvolvendo estados, cada vez mais profundos, de concentração e relaxamento. A atenção voltada para os fenômenos internos abre espaço para a vivência dos significados afetivos que acompanham os estímulos sensoriais e cinestésicos inerentes aos exercícios, resultando em mudança na imagem que o sujeito faz de si.

7. "MADALENA LAVE AS MÃOS SENÃO VOCÊ VAI PEGAR AIDS": A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA AIDS EM CRIANÇAS DE 6 E 7 ANOS. - Roth, M.C. - Faculdade de Psicologia da PUC São Paulo, Brasil
Este trabalho procura identificar as representacões sociais que crianças de 6 e 7 anos tem a respeito da AIDS. O interesse pelo tema surgiu a partir da resposta da minha filha de 7 anos “ih, mãe, então preciso usar camisinha", à observação de que deveria tomar cuidado com a água por causa do cólera. Interessada em pesquisar se essa dúvida era somente dela, ou se das crianças da mesma faixa etária, elaborei um roteiro de questões sobre o que elas achavam que era AIDS e como se pegava. As entrevistas foram feitas com crianças de 6 e 7 anos de uma escola de classe média alta de São Paulo, pressupondo-se serem estas crianças mais bem informadas.

O material foi coletado através de entrevistas semi dirigidas, desenhos e filme das entrevistas. A análise dos dados mostra que todas as crianças menos uma já ouviram falar da AIDS, que as crianças associam a AIDS com morte, doença perigosa e câncer. Acham que se não se cuidarem podem pegar a doença e acreditam que “se cuidar” implica em lavar as mãos antes das refeições, escovar os dentes, não andar descalço e não tomar friagem. Uma análise da forma com vemos as crianças em geral, aponta para o fato de as considerarmos incapazes de ouvir e discutir determinados conteúdos como AIDS, por exemplo.

8. QUALIDADE DE VIDA E COMUNICAÇÃO. - De Luca, A.L.S.; Bromberg, M.H. P.F.; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil.

Esse trabalho vem se desenvolvendo desde 1994 estudando vários aspectos da qualidade de vida na terminalidade. O objetivo geral é após a coleta de dados desenvolver um programa que possibilite uma melhoria de vida dos doentes terminais. No trabalho aqui apresentado o objetivo foi estudar a comunicação entre médico, paciente e família, uma vez que a comunicação é um aspecto importante dentro do desenvolvimento do ser humano e um recurso para auxiliar no tratamento e na aceitação da doença.

Esse recorte do estudo a ser apresentado foi realizado no Ambulatório de Oncologia Clínica do Hospital Regional de Sorocaba, SP, com doentes de câncer considerados fora de possibilidade terapêuticas pêlos médicos e encaminhados para as psicólogas. O instrumento utilizado foi o STAS (Support Team Assassmente Schedule) desenvolvido por Higginson I. na Inglaterra e adaptado para o Brasil por Bromberg M.H. Ele foi aplicado na unidade de cuidados (paciente/família/acompanhante). Com os médicos, foi usado um questionário que versou sobre morte, papel profissional na terminalidade entre outros ligados ao STAS.

Os dados mostram que, para os pacientes, existe uma dificuldade de entendimento do médico e uma percepção do afastamento do mesmo com a proximidade da morte. Os médicos acreditam que é importante amparar o doente e a família na terminalidade mas que, muitas vezes, é difícil. O cruzamento dessas informações é importante para que se possam ser tomadas medidas que ajudem os elementos que compõem a relação. Um treinamento será criado e desenvolvido com os profissionais do ambulatório.

9. UMA EXPERIÊNCIA PIONEIRA: O LABORATÓRIO DE ESTUDOS E INTERVENÇÕES SOBRE O LUTO: - LELu, da PUC-SP. – Bromberg, M.H.; Oliveira, C.C.; Casellato, G.; Machado, A.A.T; Santos, L.M.; Jann, I.; Carbone, A.; Tinoco, V.U.;
Ferreira, M.D. - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil.
Em 1996, teve início o Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto - LELu, vinculado ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP. O LELu congrega bolsistas de Iniciação Científica e Mestrado, além de psicólogos interessados em desenvolver conhecimentos e prática na área. Está voltado para uma questão de grande relevância na Psicologia, presente nos aspectos de formação e rompimento de vínculos afetivos.

Trata-se do luto, visto como experiência de perda significativa, com repercussões em várias áreas: afetiva, cognitiva, relacional, social, física. É oferecido atendimento psicológico à comunidade, treinamento a profissionais que lidam com a morte em seu cotidiano, aprimoramento profissional. Abrange pesquisas e intervenções clínicas nos seguintes aspectos:

- fatores de risco para instalação do luto patológico. - motivos ligados ao luto e fracasso que levam um casal à adoção. - perda prematura como fator de risco para luto patológico. - intervenções preventivas e terapêuticas com crianças enlutadas. - pessoas enlutadas que tenham desenvolvido um quadro psicossomático.

O LELu está em fase de implantação e avaliação de procedimentos. Os resultados obtidos até agora são encorajadores quanto à relevância do problema abordado e à necessidade de dar continuidade a este trabalho. Apoio Financeiro: FAPESP

10. CONTEXTUALIZANDO A PRIMEIRA TRANSA: QUESTÕES SOBRE A SEXUALIDADE FEMININA ADOLESCENTE. - Macedo, R.M.S.; Bolognani, S.A.P
O discurso social sobre a sexualidade feminina é muito ambíguo em nossa sociedade: por um lado, há a divulgação multimídia da imagem erotizada e sensual da "mulher moderna" e por outro, um discurso tradicional e romântico, associando o desejo ao amor e valorizando características como "pureza" e "honestidade".

Considerando a sexualidade uma questão fundamental da adolescência e a emergência que esta questão assume no relacionamento familiar, foi possível pensar na forma pela qual as adolescentes se apropriam deste discurso social ambíguo e romântico e qual o peso que este discurso tem no processo que leva a adolescente a decidir "perder a virgindade", bem como na forma de lidar com o momento da primeira relação sexual, com os cuidados contraceptivos e preventivos e com as transformações geradas pela condição de não ser mais "virgem".

Foi obtido o depoimento de 4 jovens através de entrevista em profundidade, buscando-se urna cuidadosa descrição do contexto em que ocorreu a primeira transa: a situação familiar, o relacionamento com o parceiro e os significados pessoais atribuídos a cada um destes elementos. Observou-se um discurso liberal por parte das meninas, mas associado a atitudes românticas, o que, por vezes, pode ser responsável pelo não uso de métodos anticoncepcionais e preventivos. O trabalho discute a necessidade de que a jovem sinta sua sexualidade como própria e legítima, para que se aproxime da possibilidade real da primeira transa e sinta-se em condições de assumir os cuidados exigidos pela iniciação sexual.

11. SITUAÇÃO DE RISCO PARA CRIANÇAS. - Oliveira, C.C. - APTA - Associação para Prevenção e Tratamento da AIDS - LELu - Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto - Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica/PUC - São Paulo – Brasil

A ocorrência do HIV em famílias de baixa renda traz um forte impacto nas relações familiares e produz uma geração de crianças sob risco de desenvolverem diversos distúrbios posteriores. Agentes de saúde prestam assistência psicossocial a portadores de HIV/AIDS e familiares, contando com um psicólogo na orientação e supervisão do trabalho. Um programa contínuo que oferece informação, educação para a saúde e suporte emocional às famílias, desde o contato inicial até o enlutamento e readaptação da família. 59 crianças soronegativas menores de idade são dependentes de pais com HIV/AIDS; destas, 46 vivem com mães viúvas ou separadas, sendo 34 menores de 12 anos.

Das 5 crianças soropositivas, 3 são órfãs vivendo com outros familiares. Se a perda de um dos pais é fator de risco para problemas futuros, essas crianças vivem sérios agravantes dessa condição: sofrem grandes mudanças no ambiente doméstico, que se iniciam com o diagnóstico de um ou ambos os pais; sem acesso a explicações e sem poder entender, sofrem uma série de impactos/perdas de caráter material, social e emocional em um período importante do seu desenvolvimento.

É preciso voltar a atenção para os aspectos psicológicos das famílias atingidas pela epidemia e minimizar seus efeitos negativos, sem esquecer das crianças. O apoio às perdas sucessivas permite uma melhor elaboração dos lutos e tempo para reorganizar o sistema familiar maior; ao receberem suporte emocional, as famílias podem dar suporte as suas crianças e adotá-las quando ficam órfãs; isso preserva os vínculos afetivos e o sentimento de pertinência familiar, além de proporcionar um futuro menos incerto às crianças do que a institucionalização.

12. INFORMAÇÃO PARTICIPATIVA A ADOLESCENTES SOBRE SEXUALIDADE, PREVENÇÃO ÀS DST/AIDS E MÉTODOS CONTRACEPTIVOS. - Catunda, J.K.; Ferreira, L.M.A.; Kagohara, M.Y.; Masuda, L.H.; Pimentel, M.P.L.; Spitz, A.; Toshiyuki, L.A.; De Luca, A.L.S. - CCMB - PUC-SP - Brasil - Trabalho multidisciplinar realizado por acadêmicos de medicina para educação e prevenção de gravidez adolescente e DST/AIDS.

O trabalho aqui apresentado pertence à cadeira de Psicologia. O objetivo foi informar adolescentes da Escola Estadual localizada no bairro sobre ser adolescente e sexualidade, enfatizando a prevenção às DST/AIDS. Outro objetivo foi aliar a formação médica ao conhecimento psicológico. A metodologia foi de aulas expositivas com brincadeiras, ilustrações e discussões. Ao final das aulas, os alunos eram separados por sexo e orientados por acadêmicos para melhor discussão dos temas abordados. Uma pesquisa avaliou se houve melhoria na qualidade dos conhecimentos dos alunos acerca dos assuntos expostos.

Terminados os trabalhos de 1996, houve apresentação de um teatro feito pelos acadêmicos sobre transmissão de DST/AIDS. Os alunos da escola apresentaram trabalhos escritos, pôster e teatro sobre os diferentes aspectos do problema. Os resultados dos questionários indicam aumento do conhecimento sobre sexualidade, contaminação e prevenção às DST/AIDS. Observa-se que o aumento de conhecimento e o diálogo aberto ajudam os adolescentes a desmistificarem assuntos que permeiam seu cotidiano, encarando-os com naturalidade e prudência. Levando à formação de pessoas conscientes e seguras, facilitando a prevenção. Os acadêmicos demonstram uma melhor Qualidade na relação médico-paciente em seus atendimentos.

AUDIO VISUAL
1. EXPERIÊNCIAS DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE INFORMATIZAÇÃO EM CLÍNICA-ESCOLA - CLÍNICA PSICOLÓGICA DRª ANA MARIA POPPOVIC DA PUC-SP - Novo, L.C.; Farah, R.M.; Lopes, R.G.C. - Ver texto integral.

Notas e Referências Bibliográficas:
(1) Os Simpósios e Mesas Redondas relacionadas a seguir, foram coordenadas e/ou envolveram a participação de profissionais ligados à Clínica Psicológica da PUC-SP.