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14. NPPI - Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática em busca de respostas frente às demandas de uma nova era - Rosa Maria Farah
"Está por vir uma grande aceleração..."
(Prof. P. Sándor, década de 80)
Quando ouvíamos a afirmação acima citada cima sendo expressa pelo professor Pethö Sándor em suas aulas(1) , - ao longo da década de 80 - ficávamos intrigados, e perguntávamos à que estaria se referindo. Com bom humor, Sándor nos respondia: "Aguardem e verão...!" Pois bem, tudo indica que essa grande aceleração já está em marcha, ao menos no que diz respeito ao vertiginoso desenvolvimento dos meios de comunicação, e toda à série de conseqüências daí derivadas para o existir humano, nas suas mais variadas expressões.
Em uma manchete de 09/03/99 a Agência Folha(2) de São Paulo, informava: "Brasil terá 9 milhões de internautas até 2003". A mesma notícia acrescentava ainda que no ano passado (1998) 5,7 milhões de pessoas utilizavam a Internet na América Latina, sendo que desse total 2,7 milhões o faziam a partir do Brasil. A previsão dessa mesma fonte é de que até 2003 o número de usuários deverá subir para 24 milhões nessa região, esperando-se que mais de 9 milhões desses usuários deverão ser brasileiros.
A impressionante multiplicação de recursos tecnológicos gerados nos últimos anos - em particular na área da informática - já tem sido por demais destacada nas referências da mídia, razão pela qual não nos deteremos aqui em maiores detalhes da sua descrição. Mas, frente a esses eventos, não há como não colocar em pauta um questionamento: Estaremos nós, psicólogos, acompanhando adequadamente a evolução desse processo ? Será que nossa compreensão sobre as implicações dessas transformações para a existência humana está acompanhando o ritmo de seu próprio suceder ?
Tais reflexões nos parecem especialmente oportunas neste momento em que nossa Clínica Escola comemora seus quarenta anos de criação - principalmente levando em conta que este é também o momento em que estamos transitando para o novo milênio !
A professora Ana Maria Nicolaci-da-Costa - uma das pioneiras nesta área, - em sua apresentação à "Psicoinfo", fez a seguinte afirmação, a respeito de suas observações sobre os usuários brasileiros da Internet: "Ao concluir a pesquisa e o livro, no entanto, me dei conta de que meus resultados me permitiam ir além do registro desses primeiros impactos. Constatei que eles já revelavam um perfil preliminar do que passei a chamar de um novo homem."(3) Destacaremos aqui algumas das características do perfil desse 'novo homem', identificado pela autora:
"O novo homem é curioso e sente que está participando de uma revolução.
"O novo homem tem novos modos de perceber o mundo ao seu redor e as suas próprias experiências nele.
"As experiências do novo homem no ciberespaço produziram novas formas de pensar.
"O novo homem cria novos usos de linguagem. E esses novos usos podem ajudar a criar uma nova língua.
"O novo homem descobriu novos meios de fazer amigos, de se relacionar com os outros e consigo mesmo.
"O novo homem tem que lidar com novos conflitos internos, novas fontes de ansiedade e novos medos de enlouquecer." (Nicolaci-da-Costa, 1998)
De modo geral não nos parece que os profissionais da nossa área estejam suficientemente familiarizados com a utilização, assimilação e compreensão dos recursos oferecidos pelas novas tecnologias, nem tampouco nos parece que nossa atenção esteja suficientemente voltada para a realização de observações e pesquisas que nos permitam acompanhar e compreender o intenso processo das transformações já em curso no âmbito das comunicações e interações humanas.
Ainda que esta seja uma impressão a ser confirmada (razão pela qual estamos encaminhando uma pesquisa interna como parte das atividades do NPPI, sobre a utilização de recursos de informática em nossa população) podemos nos perguntar sobre quais seriam as razões desse nosso aparente distanciamento frente ao mundo digital: Talvez a nossa formação predominantemente introspectiva e reflexiva? Talvez um excessivo contraste entre essas novas formas de relacionamento humano - por exemplo aquelas geradas pela mídia Internet - e o nosso usual modo de contato 'face a face' ? Talvez a própria rapidez vertiginosa dos processos em pauta, em contraste com a vivência do 'tempo' acadêmico, tradicionalmente assentado sobre procedimentos e ritmos muito mais morosos?
Sejam quais forem as nossas razões, cedo ou tarde as transformações geradas por essa revolução tecnológica vão avançar para dentro de nossas vidas. Mais que isso: já estão se fazendo intensamente presentes na vida das pessoas a quem atendemos, bem como dentro das novas rotinas das empresas, escolas e demais instituições com que trabalhamos. Recentemente recebemos, na clínica da PUC-SP, a seguinte solicitação: um colega supervisor de estágio nos consultou sobre a possibilidade da realização - em nosso laboratório de informática - de uma sessão 'on line', como parte do processo de psicodiagnóstico de uma pré adolescente.
A razão apresentada foi de que, na vida dessa jovem os relacionamentos via 'chat' pareciam estar ocupando um papel primordial, ao mesmo tempo em que, na vida cotidiana apresentava-se como uma garota muito introvertida. No processo de supervisão, havia surgido então a idéia de que as estagiárias responsáveis pelo caso pudessem observar a garota em ação no 'chat', como uma estratégia que permitiria alcançarem uma maior compreensão sobre os dinamismos em pauta na vida dessa jovem.
A princípio este procedimento poderá nos parecer muito pouco ortodoxo. Porém, não seria esta uma possível versão 'final de século' do clássico procedimento da observação lúdica? O computador - bem como a Internet enquanto um desdobramento dos seus recursos - não tem também a função de um atraente 'brinquedo' para os jovens do nosso tempo? Essa situação, aparentemente tão simples, pode nos fornecer material para exemplificar algumas das considerações mencionadas acima, bem como as adaptações que necessitamos introduzir na nossa rotina para atender ao pedido do nosso colega. A começar pelos aspectos práticos envolvidos, uma vez que não existia ainda na nossa clínica um procedimento padrão no qual pudéssemos enquadrar esse tipo de atendimento.
Assim, uma série de preparativos foi necessária para a execução da sessão em pauta, dentre elas: a solicitação de uma autorização de reserva de horário especial no laboratório (normalmente utilizado para outros fins, por grupos de alunos da graduação) para que a sessão ocorresse com privacidade; a instalação de programas (softwares) apropriados para estabelecer-se a conecção ao 'chat', além do treinamento das estagiárias responsáveis pelo caso, quanto ao uso do equipamento e do programa adequado, treinamento esse que contou com a participação do técnico de laboratório e da estagiária no nosso setor, etc.
Enfim, todo um aparato de providências novas - para os padrões da instituição - foi necessário ser montado para que a clínica psicológica pudesse adaptar-se à realização de um procedimento que muitos dos nossos adolescentes estão habituados a utilizar rotineiramente em suas casas ou escolas... Agíamos como se algo muito incomum estivesse por acontecer... Mas, de certo modo, estava mesmo acontecendo algo novo: estávamos pela primeira vez criando as condições básicas necessárias para a assimilação - dentro do espaço de uma Clínica escola - de uma vivência já não rara nos relatos do dia-a-dia das pessoas que nos procuram, e não apenas daquelas atendidas no consultório particular!
Porém, muito mais relevantes do que a novidade da situação em si mesma, são as reflexões a que tais situações nos remetem. E, sem dúvida, dentre tais considerações incluem-se aquelas relacionadas às questões éticas suscitadas pela introdução do aparato tecnológico no nosso espaço de interação com o cliente em atendimento.
Desde que demos início aos trabalhos do NPPI, as questões éticas envolvidas nesse projeto colocaram-se naturalmente como um dos temas presentes em nossas reflexões. Porém, dado ser aquele ainda um momento de 'planejamento' das atividades a serem desenvolvidas, essas questões surgiam em termos muito genéricos, e ainda meramente hipotéticos.
Não tardou, porém, o momento em que aquelas reflexões iniciais passaram a permear as decisões tomadas em nosso grupo, já então ocupados que estávamos com os encaminhamentos das primeiras etapas de implantação da Home Page da Clínica Ana Maria Poppovic. Como exemplo, podemos citar a própria seleção dos itens que deveriam compor as opções de informações a serem disponibilizadas dentro de um 'site' dessa natureza. As primeiras cogitações do nosso grupo envolviam questões do tipo: que informações deveriam ou não ser disponibilizadas ao 'grande público'? Deveríamos já de início pensar na possibilidade de criarmos 'senhas', de forma a restringir o acesso a alguns itens da Home Page apenas aos profissionais da área?
Estas e outras questões - bem ao gosto de professores envolvidos com a supervisão de profissionais em formação - constituíram nossas primeiras cogitações quanto às posturas éticas envolvidas no projeto. E tal preocupação não poderia deixar de nos ocorrer, na medida em que, tratando-se de um trabalho inserido em uma Clínica Escola, sabemos que acabará por fornecer modelos de atuação aos nossos estagiários, bem como aos demais profissionais que venham a acessar nosso endereço eletrônico.
Em outubro de 1998, o convite para participarmos - durante a "Psicoinfo" (5) - de uma mesa redonda sobre as questões éticas envolvidas no atendimento psicológico mediado pela tecnologia recolocou em destaque a questão, motivando-nos a realizar uma sistematização sobre as considerações até então realizadas em nosso grupo .
Buscando um ponto de referência tão objetivo quanto possível para balizar essa sistematização, procuramos coletar algum parâmetro que já tivesse sido estabelecido pelos órgãos de regulamentação profissional, ou seja os nossos Conselhos de classe - Regional e Federal. Como resultado dessa busca, deparamo-nos com um aparente paradoxo: por um lado o próprio evento do qual participaríamos configurava por si mesmo um fato novo no âmbito das nossas atividades, pois lá estaríamos - provavelmente algumas centenas de psicólogos - reunidos em um evento em que um significativo conjunto de trabalhos demonstrariam que a utilização da tecnologia gerada pela informática, mais que uma proposta, já é um fato no âmbito da Psicologia!
Por outro lado, constatamos não existir, até aquele momento, um posicionamento dos nossos órgãos de classe que 'regulamentasse' tais procedimentos - a não ser que raciocinássemos por analogia em relação a um parecer prévio do CFP. No caso, a informação que mais se aproximou, como possível resposta à questão que estávamos pesquisando consistiu de um parecer em que o Conselho Federal - em 20/02/95 - respondia à uma consulta sobre a possibilidade de realização de "atendimento psicológico por via telefônica". Esse parecer - por sinal negativo - foi gerador de certa polêmica ainda hoje não completamente equacionada, aparentemente em função da forma genérica com que a questão teria sido tratada(6).
O CRP/06 (São Paulo), por sua vez, publicou também em seu jornal(7) uma extensa matéria na qual a questão da prestação de serviços psicológicos por via telefônica foi considerada sob vários ângulos. Exemplificando alguns dos aspectos ali destacados:
a) A constatação do fato de que alguns serviços de orientação - com diferentes naturezas e propósitos (alguns deles aparentemente bastante pertinentes) - já estarem em funcionamento, e contarem com a participação de Psicólogos;
b) A necessidade de discussão mais ampla a respeito dos aspectos técnicos envolvidas nessa questão, em especial no que se refere à diferenciação entre atendimentos psicológicos via telefone que se propõem a fornecer "informação e/ou orientação" daqueles que eventualmente se propõem como oferta de "atendimento psicoterápico".
Sem dúvida, não é mais a simples questão do "atendimento telefônico" que se coloca em pauta neste nosso momento. Todo um aparato tecnológico sinteticamente aqui representado pelos recursos gerados pela informática (o computador, seus componentes e derivados, e a própria Internet) já é agora o fato novo que não pode ser ignorado. De forma também proporcionalmente acelerada, neste curto espaço de tempo transcorrido entre a realização da "Psicoinfo" (outubro de 1998) e nosso momento atual (junho de 1999), a mídia vem noticiando o surgimento de novas ofertas de serviços 'on line'.
Porém, seja qual for o aparato tecnológico utilizado nas novas ofertas de serviço psicológicos, será necessária de nossa parte uma reflexão mais aprofundada sobre as questões éticas envolvidas. Mais do que apenas a validação (ou não) dos 'atendimentos por vias tecnológicas' será necessário que seja feita uma distinção entre aquelas ofertas voltadas a objetivos legítimos - tal como a tentativa de responder às crescentes necessidades da população por mais informação e/ou orientação - daquelas outras, pautadas pelo oportunismo que visa meramente aproveitar os assim chamados "nichos de mercado" criadas pelas novas mídias.
A situação aparentemente paradoxal apontada acima parece ilustrar de modo bastante veemente o "espírito do nosso tempo" - um tempo em que a velocidade do desenvolvimento tecnológico adianta-se às nossas reflexões e nos cobra posicionamentos, já a partir de 'práticas instaladas', tanto nos meios acadêmicos, quanto especialmente naquelas áreas do social em que aparentemente surgem as iniciativas - mais ou menos legítimas - resultantes das urgentes demandas do coletivo.
De certo modo uma situação similar vem ocorrendo durante o trabalho do nosso grupo: as reflexões sobre os aspectos éticos envolvidos em nosso trabalho vêm surgindo a cada passo, porém concretizam-se efetivamente no próprio 'fazer concreto' de cada tarefa, a cada momento. Talvez valha citar que este não parece ser um privilégio da Psicologia: basta lembrar aqui a polêmica atualmente em pauta na área médica, com o explosivo desenvolvimento da Engenharia Genética, bem como das técnicas de Fertilização Assistida.
Ao revermos nossas idéias visando à, apresentação na "Psicoinfo" demo-nos conta, por exemplo, de que em nenhum momento, ao longo da implantação do nosso projeto de informatização da Clínica da PUC-SP, foi sequer considerada a possibilidade de uma oferta de atendimento psicoterápico 'on line'. E foi assim não apenas por anteciparmos a impossibilidade ética facilmente presumível - se considerados os padrões éticos vigentes, ainda que de forma implícita. Cremos que assim foi por razões primordialmente técnicas e metodológicas, tacitamente assumidas por todos nós.
Para citar apenas um exemplo fundamental: nossa equipe de trabalho é composta por professores representativos de diferentes enfoques metodológicos em Psicologia. Porém, temos em comum - além do evidente interesse por este projeto - o envolvimento e o compromisso prévios com uma prática clínica que pressupõe a "relação terapêutica" como seu principal recurso de intervenção. Mesmo considerando-se as diferenças de nuances e sutilezas na interpretação sobre o "como" se dá essa atuação terapêutica (próprias às abordagens adotadas por cada um de nós) entende-se aqui "relação terapêutica" como aquela condição de contato bi-pessoal - "face a face" - tido como fundamental para o estabelecimento do vínculo essencial ao trabalho terapêutico a ser desenvolvido.
Por outro lado, bem sabemos o quanto, dentro das concepções vigentes sobre um processo psicoterápico adequadamente conduzido, os limites entre aspectos técnicos e éticos são muito sutis e interligados: fere a ética vigente, por exemplo, não apenas o profissional que atue de modo pouco escrupuloso, ou que viole o compromisso de sigilo profissional assumido com seu cliente; fere a ética vigente também, o profissional que eventualmente venha a fazer uso inadequado ou impróprio dos recursos de intervenção terapêutica.
Em suma: por um lado parece-nos perfeitamente tranqüilo e plausível - talvez mesmo inevitável - a utilização dos recursos da informatização como poderosos instrumentos de agilização da comunicação, âmbito da educação, da democratização das informações, etc. O próprio conteúdo da nossa Home Page, em seus diversos itens ilustra nossa posição a respeito. Por outro lado, a realização de atendimentos terapêuticos 'on line', nos parece até aqui impensável, ao menos nos termos em que a psicoterapia é concebida até o presente momento.
Mas ao lado desta "certeza", em nossos questionamentos foram se insinuando novas e talvez muito inquietantes questões: Não será este justamente o momento em que devamos começar a considerar parâmetros de outra ordem, com os quais possamos vir a balizar novas concepções sobre as formas de atuação e intervenção psicológica?
Afinal, está lá, como IV princípio fundamental regente do nosso Código de Ética: "O Psicólogo, em seu trabalho individual ou em equipe, procurará sempre desenvolver o sentido de sua responsabilidade profissional pelo aperfeiçoamento de suas vivências morais, de seus conhecimentos e procedimentos éticos e pela melhoria constante de sua competência científica e técnica".(8)
Nosso companheiro de equipe, Lorival de C. Novo, costuma citar um paralelo que gosta de estabelecer entre o surgimento da Internet - em seu significado para a humanidade - e a criação da prensa de Gutenberg, em meados do século XV. E, em termos de acesso à informação, bem como da democratização do saber, os efeitos da informatização e o decorrente surgimento das 'infovias' provavelmente serão geometricamente multiplicados se comparados ao acesso à informação propiciados pela impressa escrita.
Sem dúvida parece-nos ainda muito difícil vislumbrar os reais rumos e implicações que serão gerados por esses avanços. Por essa mesma razão, temos a apresentar aqui apenas estas reflexões preliminares sobre o tema proposto. Porém, não será demais lembrar que a humanidade precisou de alguns séculos para assimilar a idéia de que a terra girava em torno do sol, e não o contrário!
Visando finalizar esta reflexão, vou recorrer à uma afirmação do mestre Jung, que, em certo momento de sua auto biografia diz o seguinte: "Percebi que é inútil falar aos outros sobre coisas que ainda não sabem. Compreendi que uma idéia nova, isto é, um aspecto inusitado das coisas só de afirma pelos fatos."(9)(Jung, 1981)
Talvez seja esse então, não apenas 'o melhor caminho', mas, o "caminho possível" para nós: mantermo-nos abertos à observação dos fatos novos, e buscarmos desenvolver as correspondentes novas formas de respostas às demandas presentes em nosso meio. Como aquela garota - que mais facilmente comunica-se via Internet - muitas outras pessoas vão demandar de nós o desenvolvimento de novos repertórios: quer sejam a criação de novos procedimentos técnicos, novos parâmetros éticos e mesmo, quem sabe, novas abordagens com que nortear o enfoque do nosso trabalho em Psicologia.
Estágio atual da implantação do NPPI
Uma apresentação do nosso detalhada do projeto inicial de informatização da Clínica Ana Maria Poppovic já foi feita anteriormente neste mesmo Boletim(10), razão pela qual, em acréscimo às reflexões colocadas acima, faremos a seguir apenas um breve relato sobre os andamentos mais recentes do trabalho do nosso grupo.
Conforme já relatamos, este projeto iniciou-se em fins de 1995, tendo como meta o incremento da comunicação Clínica-Comunidade Acadêmica. Cabe lembrar que nessa mesma época estava começando a ocorrer a intensificação do uso da Internet em nosso meio. Logo após a apresentação da Home Page da Clínica da PUC-SP, durante o "XXVI Congresso Interamericano de Psicologia" realizado em São Paulo, em 1997, o conteúdo da H.P., já então revisado e ampliado passou a ser veiculada através do servidor PUC, sob o seguinte endereço: www.pucsp.br/~clinpsic
Paralelamente, a experiência vivida por nossa equipe durante aquelas etapas iniciais do trabalho trouxeram à tona várias questões relativas às amplas possibilidades da difusão de informações por meio da mídia informatizada - em especial a Internet - evidenciando-se a necessidade de implementarmos um projeto de trabalho bem mais abrangente do que aquele pretendido de início. Assim, como parte dos preparativos para nossa participação no "Psicoinfo" (Primeiro Seminário Brasileiro de Psicologia e Informática, realizado em Outubro de 1998 pelo Conselho Federal de Psicologia, em São Paulo) estruturamos de forma mais detalhada a proposta do "NPPI - Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática", que tem como objetivos:
1. Implementar a informatização da comunicação Clínica - Comunidade.
2. Implementar projetos de pesquisa visando investigar – do ponto de vista psicológico - os efeitos gerados pela difusão dos recursos da informática nos diversos campos da atividade humana.
Partindo dessa definição de metas, elegemos as seguintes prioridades para as atividades do NPPI em 1999.
I. Concretizar a instalação do Setor de Informática da Clínica, como condição essencial para a realização das demais metas aqui especificadas.
II. Dar continuidade aos trabalhos de manutenção e atualização da Home Page da Clínica.
III. Dar início à realização do estágio supervisionado - junto ao setor de Aprimoramento Clínico - recebendo estagiários interessados no desenvolvimento dos trabalhos e pesquisas propostos pelo NPPI.
IV. Dar início aos grupos de treinamento - de professores e alunos da Clínica e da Faculdade de Psicologia - interessados na habilitação quanto ao uso dos recursos de informática aplicáveis à pesquisa em Psicologia, visando ainda incentivar a integração de outros setores da própria Faculdade de Psicologia ao projeto em pauta.
V. Dar início à realização dos projetos de pesquisa propostos na definição de objetivos do NPPI acima apresentada.
O caráter pioneiro desse conjunto de propostas e metas é extremamente envolvente, prazeroso e estimulante, na medida em que requer de todos nós a constante busca por soluções criativas diante do inusitado! Por outro lado, esse trabalho envolve também desafios operacionais, frente aos quais necessitamos contar com o apoio das instâncias superiores da Universidade, sem o qual as dificuldades de ordem prática e burocráticas enfrentadas podem vir a se tornar obstáculos intransponíveis para nosso êxito.
Assim, ainda que nossa proposta venha recebendo todo apoio das direções - da Clínica, da Faculdade de Psicologia e da própria Vice Reitoria Administrativa - várias têm sido as dificuldades operacionais encontradas para efetivá-la, em função até mesmo dos seus aspectos inovadores. Como exemplo, podemos citar aquelas dificuldades mais concretas, que envolvem a criação de instalações adequadas, aquisição de equipamentos, bem como contratação e treinamento de técnicos em informática. A efetivação de tais providências dentro da Instituição Universidade demanda 'tempo', um tempo que ainda segue, de modo geral, o ritmo da 'era pré-informática'!
Nesse aspecto, nossa experiência, nestes quase quatro anos de trabalho, tem nos demonstrado que esse 'tempo' é proporcional aquele que a instituição acadêmica ainda necessita para assimilar as transformações trazidas no bojo das novas tecnologias, e assim poder transferi-las para o âmbito das tomadas de decisão. Desse modo, a execução das atividade mencionadas no item acima têm sido condicionadas ao ritmo do possível, segundo os limites da nossa realidade acadêmica.
Por essa razão, ocorreram alguns adiamentos de nossos prazos, e algumas adaptações quanto às nossas prioridades foram necessárias durante a execução dos trabalhos. Desse modo, ainda que lamentando alguns atrasos em relação ao nosso cronograma inicial, estaremos finalizando este mês de junho de 1999 com boa parte das nossas metas concluídas, ou em vias de execução.
Foi iniciada em março deste ano a primeira fase do estágio previsto junto ao NPPI, com a participação de uma aluna aprimoranda. A ampliação do número de vagas neste estágio será possível assim que se efetive a ampliação do laboratório de informática da Faculdade de Psicologia em seu novo espaço. Nesse momento, também será possível a estruturação das instalações previstas para o setor de informática da Clínica, viabilizando melhores condições para as atividades que já estão em andamento. A última data que nos foi informada para a concretização dessa providência deverá ser mês de agosto próximo.
Ainda neste segundo semestre de 99 - como fruto de um trabalho de colaboração, deveremos oferecer o primeiro grupo de treinamento na utilização da Internet para fins de pesquisa, especificamente dirigido aos professores da Psicologia da PUC-SP. Contatos nesse sentido já foram feitos junto ao LIAP - Laboratório de Informática para Apoio à Pesquisa da própria PUC-SP, por meio de seu coordenador, o Professor Sérgio Vasconcelos de Luna. Para esse trabalho deveremos contar ainda com a participação do colega psicólogo Paulo Barros, que já tem elaborado todo um conjunto de atividades digitalizadas, visando atender as necessidades específicas da nossa área de atuação, na forma de um curso programado.
Também já foram feitos contatos com professores de diferentes unidades da Faculdade de Psicologia, no sentido de providenciarmos a inclusão de novos 'itens' informativos na Home Page, de forma a ampliar o leque de serviços oferecidos à comunidade.
Paralelamente, como tarefa mais constante, estamos dando continuidade à atualização e manutenção da Home Page da Clínica, incluindo-se aqui a introdução de alguns novos 'sites', com ênfase para o seu caráter 'interativo'. Isto significa que temos dado prioridade à inclusão de itens que estimulem a participação do nosso visitante, na forma de consulta ao seu conteúdo e/ou comunicação conosco via 'e mail'. Como ilustração, apresentamos abaixo uma relação dos itens que atualmente a compõem. Os itens marcados com assinalados com um asterisco correspondem às inclusões ou atualizações mais recentes.
Principais itens da 'Home Page' da Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic
Página de Abertura: Menu principal (com nova formatação)
Agradecimentos: Relação dos colaboradores
Histórico: Texto informativo sobre o histórico da Clínica Psicológica da PUC-SP.
Memorial: Acesso aos “perfis” de quatro professores homenageados, pioneiros que foram na implantação dos cursos e serviços de Psicologia em nosso meio: Dr. Enzo Azzi, Dra. Aniela Ginsberg, Dra. Ana Maria Poppovic, e Dr. Efraim Boccalandro; Acesso ao “site” da “FTAG - Fundação Aniela e Tadeus Ginsberg”.
Organização: Texto contendo informações sobre as instalações, organização e o funcionamento das rotinas de atendimento da Clínica.
Atendimentos: Relação e descrição das diferentes modalidades de atendimentos e estágios oferecidos pelos diversos setores da Clínica.
Agenda: Quadro de avisos internos; Relações de 'e mails', endereços e telefones úteis;
Serviços: Texto contendo informações sobre os serviços de apoio técnico e didático, bem como sobre os serviços multidisciplinares existentes na Clínica.
Projetos: Textos contendo descrição dos diversos projetos de Pesquisa, Extensão e Iniciação Científica em andamento na Clínica.
Publicações: Acesso às duas publicações da área de Psicologia da PUC-SP: o "Boletim Clínico" - publicação da Clínica , e a "Psicologia Revista" - publicação da Faculdade.
Faculdade: Acesso à informações básicas sobre a estrutura do curso da Faculdade de Psicologia da PUC-SP.
Cadastro de Terapeutas: Relação de nomes e endereços de ex-estagiários da Clínica, que oferecem seus serviços de atendimento à comunidade dentro dos mesmos moldes éticos e financeiros vigentes naquela Instituição (em nova formatação, visando facilitar a sua consulta).
'Hot Sites': Relação de endereços eletrônicos de interesse para profissionais e estudantes da área.
Mural Virtual: Espaço aberto para comunicação entre os profissionais, estagiários e visitantes da H.P. Dentro do "Mural Virtual" o visitante pode acessar os seguintes sub-itens: FAQs - perguntas e respostas mais freqüentemente recebidas de nossos visitantes; Aprimoramento Clínico - Informes de interesse para os participantes do curso de aprimoramento oferecido pela Clínica; * Lançamentos de Livros e Revistas - informes sobre lançamentos de publicações na área; * Cursos e Grupos de Estudos - informes sobre ofertas dessas atividades; * Classificados - espaço aberto para comunicação e troca de informações entre nossos visitantes.
'Social Site': Este espaço - atualmente em elaboração - deverá conter informes ilustrados sobre os eventos e encontros sociais ocorridos em nosso espaço de trabalho, bem como oferecer algumas informações sobre as pessoas que participam do nosso dia a dia.
Fale com a Clínica: Via aberta para a comunicação entre a Clínica, seus usuários: população em geral, estudantes ou profissionais de Psicologia, e demais entidades de atendimento à população.
Finalmente, neste momento, estamos dando encaminhamento à uma pesquisa interna cujo objetivo é caracterizar o mais detalhadamente possível o nível atual de utilização dos recursos da informática por parte dos professores e alunos da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, bem como coletar as expectativas e necessidades da nossa população interna frente à esse instrumental. Visamos, com essa coleta de dados poder planejar de forma mais eficaz os próximos passos do nosso trabalho. Para a realização desta pesquisa, estamos contando com a colaboração da Professora Yara P. Gustavo de Castro11 que está nos orientando quanto ao planejamento estatístico, bem como quanto ao futuro tratamento dos dados a serem dados coletados.
Gostaríamos de mais uma vez aproveitar este espaço de comunicação interna para reiterar nosso convite aos demais colegas - integrantes da Psico/PUC - no sentido de que venham a se agregar ao nosso trabalho. Serão bem vidas todas as sugestões e propostas que venham a tornar este projeto cada vez mais sintonizado com nossas reais necessidades, bem como torná-lo cada vez mais representativo de um empenho coletivo na nossa busca de novas respostas frente aos desafios de uma nova era.
Rosa Maria Farah - rfarah@uol.com.br
Notas:
(1) Refiro-me a registros pessoais das aulas do Curso de Especialização em "Cinesiologia Psicológica" ministrado por Pethö Sándor no Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo, de 1985 a 1991.
(2) Informe divulgado pela UOL (Universo On Line), via seu provedor na Internet: www.uol.com.br
(3) Em palestra proferida por Ana Maria Nicolaci-da-Costa, professora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio, durante "Psicoinfo - Primeiro Seminário Brasileiro de Psicologia e Informática" promovido pelo Conselho Federal de Psicologia em São Paulo, outubro de 1998. Material disponível para consulta no 'site' da "Psicoinfo": www.psicologia-online.org.br/psicoinfo.html . O livro mencionado pela autora em sua fala é o "Na Malha da Rede - Os impactos íntimos da Internet", editado pela "Campus", Rio de Janeiro - 1998.
(5) Mesa redonda da qual participamos, sobre o tema "A ética envolvida no atendimento psicológico mediado pela tecnologia" - realizada durante o mesmo evento citado na nota no. 3, em outubro de 1998.
(6) Informação obtida através de consulta junto ao Serviço de Orientação do Conselho Regional de Psicologia /06 - São Paulo.
(7) Jornal do Conselho Regional de Psicologia - 6ª Região, no. 97 de Janeiro/ Fevereiro de 1996. A chamada "Em questão, o serviço psicológico por telefone" remetia para a matéria central, intitulada "Em defesa do setting terapêutico".
(8) Código de Ética Profissional dos Psicólogos - publ. Pelo Ministério do Trabalho - Conselho Federal de Psicologia - Brasília, 1979 - IV Princípio Fundamental, pág. 7 (grifo nosso).
(9) Jung, C.G., Memórias, Sonhos e Reflexões, compilação e prefácio de Aniela Jaffé, Ed. Nova Fronteira, 4ª edição, Rio de Janeiro, 1981, pág. 100.
(10) Artigo publicado no Boletim Clínico no. III, sobre trabalho apresentado pelos professores Lorival de Campos Novo, Rosa Maria Farah e Ruth G. da C. Lopes sob o título "Experiência de implantação de um projeto de informatização em Clínica Escola - Clínica Psicológica Ana Maria Poppovic da PUC-SP", durante o XXVI Congresso Interamericano de Psicologia, realizado em julho de 1997, na PUC-SP - São Paulo.
(11) Professora de Estatística das Faculdades de Psicologia e Ciências Sociais, e consultora de Estatística da PUC-SP.