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BOLETIM CLÍNICO - número 17 - Maio/2004

Boletim Clínico | Psicologia Revista | Artigos



ATRIBUTOS DE AFRODITE SUGERIDOS PARA O GRUPO:

Positivos:

Habilidade de viver o prazer e a beleza
Criatividade na volúpia
O amor integrado no corpo, alma e espírito
Aceitação plena da sexualidade
Magnetismo (sex-appeal)

Negativos:

Indiferenciação sexual
Impulsividade na relação afetiva
Passa por cima dos padrões morais
Não entende quando é rejeitada no campo amoroso
Possessividade exagerada com o parceiro amoroso

ALGUMAS VIVÊNCIAS DO GRUPO:

“Logo após o exercício, e de imediato, fiz as seguintes anotações em aula, no tempo que nos foi dado para pôr em linguagem aquilo que se passara em nossas mentes: Para ser feliz, buscar felicidade, a porção Afrodite precisa ter vazão, ou ao menos mais vazão do que em geral se dá. Sejam pela características positivas, sejam pelas negativas – o mais fácil é bloquear o ímpeto de Afrodite, porque assim se evitam problemas. Tem vezes em que é mais fácil deixar tudo como está, ao invés de botar criatividade, volúpia, enfrentamento de barreiras, etc. para fazer valerem nossos desejos.

Os predicados de Afrodite eu almejo ter em maior medida. E concluo que ser feliz, fazer o que a gente quer, é muito difícil, dá muito trabalho. Foi exercício que não chegou a me deprimir, mas me incomodou na medida em que percebo-me bloqueando esses predicados em mim”.

L.A.

“Afrodite...

Amor,
Com Fusão
Prazer,
Com Fusão.

Moral,
Confusão...
Valor,
Confusão

Amor, Sem fusão Prazer, Sem fusão

Tempo,
Sem fuso
Homem,
Confuso !”

A.D.S.F.

“Na vivência de Afrodite eu rapidamente relaxei e vi claramente uma rosa cor-de-rosa, semi-aberta, muito grande. A seguir muitas rosas menores que foram ficando vermelhas e aumentando na intensidade da tonalidade vermelha e sendo sugadas para uma abertura de onde pulsava uma energia latente”.

M.S.K.R.

“Primeiro uma pintura clássica de uma mulher nua, com aquele corpo meio arredondado e um cabelo bem grande colocado para o seu lado direito, com uma flor branca, acho que um lírio, na orelha do mesmo lado. Ela fica por muito tempo só no quadro com uma moldura marrom. Depois de um tempo sai do quadro e fica mais um tempo na frente dele. Só depois ela sai e, pelada mesmo, senta na escada da minha faculdade, irradiando luz”.

M.M.

“Durante o relaxamento me concentrei na inspiração e expiração em quatro tempos, deixando fluir os pensamentos. Quando os aspectos positivos e negativos de Afrodite foram enunciados, senti um aquecimento subindo pelo corpo e uma certa identificação com tais qualidades, não as considerando, exatamente, como negativas ou positivas. Desta forma, senti uma afinidade, mas sem julgamento moral. Ora, para mim parecia apenas aspectos da deusa, sem uma categorização positiva ou negativa. Concentrando nestes aspectos, fui relaxando a ponto de vivenciar uma situação como se fosse um nítido sonho.

Vi-me então numa extensa praia de areia dura, sob luminosidade alaranjada / avermelhada que parecia o entardecer de um céu aberto e azulado. Estava com os pés descalços na beira d’água e senti um vulto masculino ao meu lado, mas o seu corpo, aspecto ou rosto não me era nítido. Na verdade, havia um vulto escuro e a sensação de que se tratava de um homem.

Logo em seguida, pousou ao nosso lado um enorme pássaro, dominantemente branco, com as cores vermelhas, rosa e preto. Aproximei-me deste e o abracei. A sensação de toque em seu peito de penas brancas e largo foi muito forte. Senti que este se movera fazendo-me afastar um pouco, permitindo, portanto que o enorme pássaro voasse em direção ao horizonte avermelhado pelo por do sol.

Minha consciência sutilmente voltou quando o pássaro se moveu e, numa fração de segundo, despertei do sonho com este sumindo num horizonte de cores brilhantes.” C.R.

O MITO DE HADES:

Hades é o deus do mundo das almas, do mundo inferior, do mundo das sombras. É a imagem do próprio inconsciente. É o rei do mundo dos mortos. Hades, além do nome do deus, significa também o local debaixo da terra para onde se dirigiam as almas. Esta região se dividia em três partes. O Tártaro, local mais profundo, onde ficam os grandes criminosos da onde ninguém pode sair. Érebo, a camada intermediária, onde as almas esperam ser julgadas para saber se irão para o Tártaro ou os Campos Elíseos. Os Campos Elíseos são um local agradável com uma brisa suave e verde gramados, onde as almas esperam para voltar ao mundo dos vivos.

O deus Hades também é chamado de Plutão, que significa “O Rico”. Rico em hóspedes, pois todos os que já viveram se dirigiram para este reino e, também, todos os vivos irão um dia para lá...

Além disto Hades é considerado “O Rico” por que as riquezas naturais surgem das profundezas da terra, deste local misterioso da “não vida” é que surge a vida.

Por este motivo é que um dos seus símbolos é o corno da abundância. Outro símbolo associado a este deus é o capacete da invisibilidade, presente dado pelos ciclopes na guerra dos deuses contra os titãs. Hades é o deus invisível, invisível como o inconsciente.

Sendo um deus de características bem reclusas, Hades só saiu dos seus domínios por duas oportunidades. A primeira vez foi para raptar aquela que seria sua futura esposa, a deusa Core-Perséfone. E, sua segunda saída, quando foi até o Olimpo para procurar o deus Apolo, para que este curasse uma ferida causada por Heracles, quando o herói atirou uma flecha no deus com o intuito de pagar o cachorro de três cabeças, Cérbero.

Fica evidente que a tendência natural de Hades é ficar nos seus domínios, sem sair muito para a luz do mundo. Aquela pessoa que possui as características deste deus costuma ser uma pessoa mais fechada, com uma vida interior muito rica mas com certa dificuldade de comunicar estas riquezas.

Um grande auxiliar para Hades pode ser o deus Hermes. Este, por sua vez, é um deus leve que, com suas asas nas sandálias e no seu chapéu, pode entrar e sair da região do Hades com facilidade. É ele quem leva as almas até o barqueiro Caronte e este concluía o percurso para que as mesmas fossem julgadas.

ATRIBUTOS DE HADES SUGERIDOS PARA O GRUPO:

Positivos:

Riqueza e criatividade potenciais
Guia do mundo inconsciente. Ressoar com Hades é ressoar com o inconsciente
Acessa sonhos premonitórios e intuições
Monogamia

Negativos:

Ausência de valores morais
Maquiavelismo. “Os fins justificam os meios”
Amor possessivo
Relacionamento alienado

ALGUMAS VIVÊNCIAS DO GRUPO:

“Visualizei a entrada em um túnel (cilíndrico) e entrei nele, descendo na diagonal. Ao entrar no túnel vi uma luz amarela brilhante que vinha de traz e passava por mim se afunilando até chegar ao centro do túnel e, então, se tornava violeta (tonalidade de cor agradável).

Estive neste túnel a maior parte do tempo até que a sensação de estar no túnel e das luzes pararam. Mergulhei em uma profunda escuridão, me sentindo protegido e calmo.

Uma sensação agradável tomou conta de mim e senti um bem estar impar. Em seguida senti que estava deitado nos braços de alguém que não pude ver, mas só sentir o corpo e os braços de alguém que me faziam carinho nos cabelos; estava quase adormecendo.

Nesse estado, quase adormecido, fui rapidamente colocado de pé por outra pessoa, que me segurou pelos ombros e me puxou. Então, uma forte luz violeta se acendeu atrás de mim e pude ver na minha frente um espelho alto ( ) com um rosto girando no alto dele (no V que ele tinha na parte superior). Só pude ver minha sombra refletida no espelho e imediatamente fui puxado de volta para o túnel por duas mãos que me seguraram pelos ombros novamente, mas agora elas vinham de cima e não pela frente. Tudo foi muito rápido até chegar a superfície e olhar a abertura do túnel novamente.

Terminei a vivência por influência do professor que estava fazendo todos retornarem. Voltei relaxado com muita dor de cabeça – principalmente entre as sobrancelhas, além de permanecer “flutuando” por muito tempo após a vivência.”

J.H.B.

“Na vivência de Hades a sensação que tive foi física, assim como em Afrodite. Primeiramente desci muito rápido por um túnel redondo e escuro, senti que meu corpo foi para frente enquanto eu tinha essa sensação e parecia que meus cabelos eram jogados para trás durante essa descida, em seguida visualizei algo que brilhava no fundo desse túnel – pensei: será água? – quando percebi que era cristal translúcido, com o miolo de um azul que refletia uma luz maravilhosa. Toquei sentindo o frio do cristal com sua forma arredondada, uma espécia de semi-círculo (desenho).

Eu me senti trêmula e ofegante e voltei desse “lugar” de costas na mesma velocidade da ida. A sensação física que tive perdurou por algum tempo”.

M.S.K.R.

“Durante a vivência de Hades me senti extremamente agitada e ao mesmo tempo ansiosa para buscar uma imagem de mesma intensidade da que experimentei com a vivência de Afrodite. Assim, após enumeradas as características positivas e negativas deste deus, tentei me concentrar numa imagem e em meio a tantos pensamentos rotineiros primeiramente vi o chão se abrindo e enormes cavalos pretos deste saindo, trazendo uma carruagem com um vistoso vulto negro.

Logo, os pensamentos cotidianos romperam tal imagem. Posteriormente, visualizei uma árvore crescendo da terra, foi como se eu estivesse vendo em ritmo acelerado o crescimento de uma planta, vi as raízes se espalhando pela terra e logo seu rompimento em direção ao céu, sustentando um caule verde claro com folhagens do mesmo tom.”

C.R.

“Nesta vivência estava cansada, o relaxamento me deu sono, mas mesmo assim não consegui relaxar. Havia muito barulho externo que interferiu. A única imagem que me veio foi a de um gorila, era como se eu estivesse olhando de cima e ele lá em baixo. Estava sentado, olhando para os lados, andava um pouco e depois sentava novamente. (quando comecei a escrever me lembrei da imagem do gorila que vi no zoológico, fiquei chocada com a imagem daquele ser que andava de um lado para outro e sentava, exatamente do jeito que me veio, com a diferença que o da imagem que tive parecia que o gorila estava em seu habitat natural, havia uma cachoeira que passava por uma pedra que estava por detrás do gorila). Quando vi o gorila no zoológico fiquei imaginando como deveria estar se sentindo aquele enorme ser aprisionado daquela forma, e além do mais ter que aturar aquele bando de humanos gritando “Gorila, Gorila “, olha aqui para a filmadora ou para a máquina fotográfica. Cheguei a conclusão: Somos irracionais”.

S.C.I.

O MITO DE POSÍDON:

Posídon é o deus dos mares e dos oceanos. Por vezes calmo e tranqüilo em outras oportunidades revolto como um maremoto. Posídon representa as emoções inconscientes que tem as águas como símbolo. Seu humor é muito oscilante, não é um deus racional, sua conduta se dá através de impulsos repentinos.

Posídon é o rei do mundo aquático onde mora em um reluzente palácio de ouro ao lado de sua esposa a nereida Anfitrite. O filho mais conhecido do casal é Tritão, representado como metade homem, metade peixe, é um ser bondoso e brincalhão sempre correndo atrás das mulheres.

O cortejo do casal é formado, além de Tritão, por golfinhos, cavalos-marinhos, seres do mar e as Nereidas.

Posídon, de temperamento irregular, tal qual as águas do mar, muitas vezes era um deus violento. Segundo o mito ele raptou sua esposa tendo se apresentado como um golfinho. Uma variante relata que ele enviou o golfinho e este encantou a nereida Anfitrite, levando-a até o deus. Estas duas variantes do mesmo mito nos mostra Posídon em seu aspecto violento mas também em seu aspecto mais pacífico.

Além da sua esposa, o deus teve muitas amantes e filhos monstruosos. A infidelidade e volúpia são uma de suas características. Também é considerado um pai bastante benevolente com relação aos seus filhos.

Posídon muitas vezes disputou a supremacia de terras, mas, na maioria das vezes, ele perdeu estas contendas. A mais conhecida das disputas se deu com a deusa Atena para saber qual dos dois seria o deus mais cultuado na cidade de Atenas. O deus dos oceanos deu de presente aos habitantes uma bela fonte de água. A deusa da razão, por sua vez, cedeu a árvore da oliveira. Os atenienses acharam que era de maior valia o presente da deusa.

Posídon teve uma compensação por esta derrota e ganhou um local paradisíaco a Atlântida. Símbolo de um paraíso terrestre, seus habitantes viviam dias de glória até o momento que começaram a ficar arrogantes. Como castigo a ilha sofreu um cataclismo e submergiu para as profundezas do oceano.

Os símbolos de Posídon são o cavalo e o touro. Símbolos de força e fecundidade. É conhecido também através do seu tridente. Com esta arma, presente dos Ciclopes, ele era capaz de causar terremotos e afugentar seus inimigos.

ATRIBUTOS DE POSÍDON SUGERIDOS PARA O GRUPO:

Positivos:

Acesso fácil às profundidades abissais da emoção inconsciente
Vive intensamente o mundo dos sentimentos e emoções
Pai generoso
P rotetor da vida no mar

Negativos:

Sexualmente volúvel
Violência passional
Dificuldade em seguir planos e objetivos
Não consegue encarar frustrações

ALGUMAS VIVÊNCIAS DO GRUPO:

“Primeiro caindo num escorregador daqueles redondos fechados até chegar numa piscina. Depois só consegui ver círculos florescentes em volta de mim, subindo e descendo pelo meu corpo, com várias flores luminosas. Quando estava chegando no final senti várias rosas vermelhas saindo dos meus seios com força. Eu estava sempre caindo, indo lá para baixo”.

M.M.

“Visualizei que estava na travessia de uma ponte, beira-mar, e uma onda imensa surgiu em minha direção. Tinha a sensação de estar me afogando e não conseguia sair do mar. Esse pesadelo é recorrente na minha vida e como fiz a ligação entre Posídon e o mar revolto, fui novamente engolida pela onda gigante”.

A.V.C.G.

“Nesta vivência surgiu algo mais lúdico, estive em contato com uma parte do filme “A Pequena Sereia II”, a cena que surgiu foi do momento onde há uma grande festa, estão todos juntos, os seres que habitam no fundo do mar com seu elemento humano do lado de fora, e o povo que vive no castelo. Não fixei a imagem especifica de algum personagem, o que ficou foi a melodia. Estavam festejando porque finalmente tudo estava resolvido.

Mellody, que é filha de Muriel a `Pequena Sereia`, foi criada em um castelo que dava fundos para o Mar, sua mãe ocultou sua essência e a da filha (eram sereias), mas quando entra na adolescência aparece alguém que conta para ela a respeito, daí surge um grande conflito entre mãe-filha. A “bruxa“ (Morgana) que desencadeou tudo queria mesmo era roubar o tridente do avô de Mellody.

O avô é Tritão que possuía o tridente que lhe dava poder sobre os mares, Morgana queria roubar o tridente para assim assumir o poder. Bom, não vou entrar em detalhes, estou situando para melhor compreender a imagem. O que ficou é que depois de revelada sua essência começa sua trajetória, o que era apenas desejo fazia parte de sua vida, Mellody escolheu reunir os dois reinos e a conviver com eles de forma mais consciente...

Havia uma imagem do rosto de um homem velho, era estilizada, parecia que era uma nuvem, e lá de cima observava esta cena. Depois parecia que eu estava em uma praia observando o mar, as ondas vinham quebrando aos poucos, eram pequenas e chegavam até a areia. É a imagem da praia nos dias de verão, destas que você consegue entrar sem grandes problemas.

Tive impressão de ver uma cachoeira, mas não era bem uma cachoeira, era algo que vinha de cima e caia sobre o mar, um grande feixe dourado.Fiquei pensando a respeito de tudo que apareceu o que me ocorre é o seguinte: Se temos uma essência ou uma determinada característica para algo, ninguém nos tira, mesmo que nunca seja revelado ou descoberto, mas este algo está latente, pode surgir através de pensamentos, uma atração, sonhos e outras coisas mais...

Apesar de ter aparecido mais elementos do feminino (Sereia, mãe, filha, bruxa), apareceu a possibilidade de entrar em contato com Posidon quando está tranqüilo e permite que os seres humanos participem de seu reino. Sei que apesar de ser uma produção da Disney, e que existe uma mistura do mito, o que considero que a essência não se perde por completo”.

S.C.I.

O MITO DE HERMES:

O deus Hermes é o grande mensageiro do Olimpo, é ele quem sempre leva a palavra de Zeus. Ele é o comunicador, aquele que tem o dom da palavra. É também o viajante, com suas asas nas sandálias e no chapéu, viaja pelo mundo com enorme facilidade. Hermes Psicopompo é o condutor das almas até o Mundo dos Mortos. Conhecido também como o deus das encruzilhadas, do comércio e dos ladrões.

Hermes é um deus leve, o arquétipo do amigo, quase sempre brincalhão, mas muitas vezes inconseqüente dos seus atos. Por ser uma eterna criança muitas vezes tem dificuldade em perceber quando uma situação pede um lado mais adulto. Nestes momentos existe uma tendência de se refugiar em sua eterna infância.

Hermes é filho de Zeus e Maia. Sua mãe é umas das sete Plêiades, jovens que participavam de festas cantando e dançando. O deus nasceu em uma caverna, no dia 4, que nos remete aos quatro pontos cardeais que ele caminhava com rapidez.

No dia do seu nascimento sua mãe enfaixou o recém-nascido e o colocou no vão de um salgueiro. Hermes se desfez das faixas e fez sua primeira viagem através da Grécia. No caminho encontrou seu meio irmão, o deus Apolo, cuidando de um rebanho. Rápido e hábil ele consegue roubar alguns bois, vacas e bezerros. Além disso, ele amarrou folhas nas caldas dos animais para não deixarem pegadas.

Retornando ao local de seu nascimento viu uma tartaruga na porta da caverna.

Hermes mata o animal e faz da sua carapaça e tripas uma lira.

Tempos depois Apolo percebeu o furto. Depois de investigar o ocorrido chega até Hermes, mas, por este ser uma criança, resolve falar com sua mãe Maia. Esta nega ter sido o filho o autor do roubo. Apolo pede então a intervenção de Zeus. O deus supremo do Olimpo pressiona Hermes a confessar o furto e pede para que Hermes nunca mais falte com a verdade. Este aceita com uma pequena correção, ele diz: “Prometo sempre dizer a verdade, mas nunca por inteiro”.

O rebanho furtado é devolvido a Apolo, deus da música, mas este se encanta com o som da lira e resolve trocar o rebanho por este instrumento. Passado algum tempo Hermes cria a Flauta de Pã, desta vez Apolo propõe trocar a flauta por lições de adivinhação e seu caduceu de madeira. Hermes aceita esta nova troca e ainda aprimora o método de prever o futuro. O cajado, por sua vez, passa a ser o símbolo de Hermes, sempre com duas serpentes enroladas.

Hermes nunca se casou, ele sempre optou por uma grande liberdade de ir e vir. Teve diversos casos amorosos. O mais famoso foi com a deusa Afrodite. Certa vez ele viu a deusa nua se banhando em um lago, quando esta saiu e colocou a sua roupa percebeu que suas sandálias não estavam mais lá. Surge então Hermes, o traquinas, perguntando se ela estava procurando aqueles calçados em suas mãos. A deusa achou divertido, sorriu... e deste encontro nasceu Hermafrodito.

ATRIBUTOS DE HERMES SUGERIDOS PARA O GRUPO:

Positivos:

Amizade fraterna
Grande comunicador
Vocação artística
Protetor dos iniciados no caminho espiritual

Negativos:

Dificuldade a entrega amorosa
Trapaça como recurso
Dificuldade em tomar uma decisão
Inconstância

ALGUMAS VIVÊNCIAS DO GRUPO:

“Na tentativa de mentalizar as características do “Deus Hermes”, não consegui desvincular do padrão por mim formado anteriormente, a imagem que identifiquei de um distante parente que só conheci pelos comentários em família.

Tio Hermes, na realidade não era meu tio direto, sim casado com uma das irmãs de meu avô, tinha como principal ocupação radialista, nos anos 40 em Santo Amaro (com os resquícios de ex-município), com uma facilidade em comunicação de fazer inveja aos comunicadores atuais, desenvolvia uma conversa horas e horas sempre com casos e experiências a relatar, possuidor de grande domínio na arte do jogo e quando o assunto trata de “quatro patas” (na família era uma assumidade), conhecia tudo, os melhores, piores, promissores, em fim, perdia constantemente seu salário e de outros no jockey club, sua capacidade também era estendida em mesas de carteado, na qual varar noites na demonstrava ser sacrifício.

Contam que seu desenrolar com o sexo feminino também era notório, até hoje não ficou explicito sua separação, um choque nos anos 40/50, em Santo Amaro ainda uma província, minha tia se separa, na época ela desquitou, para uma família católica foi uma revolução.

Anos se passaram, Hermes em uma casa de repouso, com as despesas custeadas pelos filhos, recebe poucas visitas, porém a mais controversa, se é que existe controversa para “Hermes”, trata-se do segundo marido desta minha tia, passando horas conversando, confirmando o poder de agradar a todos que “Hermes” possui, mesmo que muitas vezes ficamos a ponto de explodir com sua irresponsabilidade (para nós) o poder de comunicação e persuasão é notório em “Hermes”.

R.M.R.

OUTRAS VIVÊNCIAS

Recebemos também uma poesia de um dos participantes do grupo que resolvemos colocar neste artigo. Julgamos que o mesmo possui uma grande beleza e sensibilidade neste contato com os deuses e deusas da mitologia grega.

PORQUE

Porque viver mortalmente, porque você não mente, porque você sente,

Porque da manhã, porque do sol, porque natureza, porque casa, porque chão,

Porque ter, porque não ser, porque timidez, porque nudez, porque sensatez, porque,

Porque agora, porque se chora, porque a flora, porque

Porque não partes, porque vai embora, porque volta, porque não chega, porque

Porque insisto, porque existo, porque não espreguiço, porque

Porque mãe, porque, pai, porque união, porque separação, porque o sim e o não

Porque deus, porque Zeus, porque teus, porque não ser ateu, a toa porque

Porque não admite, porque Afrodite , porque ela existe, porque

Porque esta fogueira, porque Hestia esta lareira, porque fogo , porque o torno

Porque Atena, porque você não vá, porque se lá está, porque esta faceira

Porque não todos, porque não só um porque não há nenhum

Porque você se oculta, porque você não escuta, porque o silêncio, porque

Porque não vai embora, porque não é a hora, porque não ir lá fora.

São pensamentos escritos no ar, talvez esteja tentando assimilar o conhecimento sobre deuses, chamo isto de tentativas e erros”.

S.C.I

PALAVRAS FINAIS

Por fim gostaríamos de agradecer a todos os alunos que gentilmente cederam suas vivências e relatos para ilustrar este artigo. E também para aqueles que puderam estar presentes em nossos encontros mitológicos.
Psicólogo. Especialista e Doutor em psicologia clínica. Professor titular da PUC-SP
Psicólogo e professor de mitologia pela COGEAE PUC-SP, desde 1.991.
Efraim Rojas Boccalandro, Boletim Clínico PUC-SP, volume IV, página 16.

Notas:

(1)Psicólogo, Especialista e Doutor em psicologia clínica. Professor titular da PUC-SP
(2)Psicólogo e professor de mitologia pela COGEAE PUC-SP, desde 1991
(3)Efraim Rojas Boccalandro, Boletim Clínico PUC-SP, volume IV, página 16