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Invasão da PUC-SP



 

Capa edição de setembro de 1979 do Porandubas


A partir dos anos 70, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo assume cada vez mais posições políticas progressistas publicamente, destacando-se no cenário político nacional. Em 1976 a universidade criou o projeto “Operação Periferia”, que instalou núcleos de assistência jurídica e social nas periferias, com a ajuda dos alunos de diversos cursos. O contato com os problemas sociais provocou importantes mudanças pedagógicas, sendo a principal delas a adoção de uma proposta curricular inovadora, chamada de “Ciclo Básico”. De acordo com o Padre João Edênio dos Reis Valle: “Os professores começaram a ministrar cursos cujo conteúdo programático oferecia aos alunos uma visão crítica do país a partir da abordagem dos problemas sociais e políticos”.

Em 1976 a PUC-SP viveu a primeira fase de ascensão do movimento estudantil na Universidade Católica, quando os militantes estudantis pertencentes a grupos políticos de esquerda conquistaram maior espaço na universidade, levando ao declínio as tendências estudantis liberais ou de direita. A partir de então as Faculdades começaram a formar Centros Acadêmicos. A fase seguinte da consolidação do movimento estudantil na universidade foi diretamente influenciada pela nomeação da primeira mulher a assumir a reitoria da universidade, Nadir Kfouri. Nesse período(1977-1984), o ME avançou significativamente.

A realização do III Encontro Nacional dos Estudantes (ENE)

Em 20 de setembro de 1977, véspera do anunciado III ENE a ser realizado em São Paulo, o Secretário de Segurança do Estado, Coronel Erasmo Dias, mandou bloquear as estradas para SP e prender e devolver para seus Estados estudantes suspeitos de serem delegados enviados por suas faculdades para participar do Encontro. No dia 21/09, a USP, a FGV e a PUC amanhecem cercadas por tropas policiais, ao todo 15 mil policiais. Impossibilitados de entrar na USP, os estudantes se concentraram na Faculdade de Medicina, na Av. Dr. Arnaldo, onde supostamente estariam realizando o III ENE. O Secretário de Segurança prendeu 210 estudantes na saída do prédio, apesar de promessa em contrário, mas os liberou depois de prestarem depoimento. Ao constatar que nenhum dos estudantes presos vinha de outras partes do país, o Coronel Erasmo Dias declararia nos jornais: “Atiramos em pombos e acertamos em urubus”!A Reitoria da PUC suspendeu as aulas em virtude da impossibilidade dos alunos entrarem na universidade.

 

Na verdade, a reunião realizada na Faculdade de Medicina era parte de uma manobra diversionista dos estudantes que se preparavam para realizar o III ENE secretamente na PUC SP no dia seguinte, 22 de setembro. Outras tantas manifestações relâmpago pela cidade também foram organizadas para desviar a atenção policial. 

Na própria PUC, outra manobra diversionista dos estudantes estava em curso, pois cartazes anunciavam a realização de uma Assembleia metropolitana no Salão Beta, enquanto o III ENE  acontecia com a presença de setenta delegados estudantis de dez Estados, na sala 225 do Prédio Novo. Terminada a reunião, um representante do DCE livre da USP foi à área entre os prédios, hoje em dia conhecida como “prainha', e anunciou que o III ENE havia se realizado. Nesse encontro se formara uma comissão pró-UNE, integrada pelos DCEs eleitos e demais entidades estudantis, estaduais e municipais para coordenar as lutas estudantis em nível nacional.

Um grupo de estudantes foi então à Reitoria informar sobre a realização do III ENE e solicitar o TUCA para um ato público naquela noite. A Reitoria não autorizou o uso do teatro por temer que o este pudesse ser invadido pelas forças policiais. E embora as tendências Refazendo e Caminhando, bem como os DCEs Livres da USP e da PUC-SP tivessem votado em contrário por que avaliavam que haveria forte repressão, a assembleia dos estudantes decidiu (por dois votos) realizar o ato público de qualquer maneira na frente do Teatro, na Rua Monte Alegre.

Durante o dia 22 pairava algo estranho no ar. Estávamos inquietos e a Reitoria sentia a responsabilidade pelos estudantes e professores. Assim mesmo, as aulas da manhã tiveram início regularmente. Pelo meio-dia, alguns alunos vieram me dizer que o Congresso da UNE tivera lugar em um(uma) sala da PUC (sala na qual, alguns meses mais tarde, explodiu uma bomba colocada pelo Comando de Caça aos Comunistas, agremiação clandestina de ultradireita que nos ameaçava com frequência e à qual pertenciam também alguns alunos nossos). As emissoras de rádio noticiavam a refundação da organização nacional estudantil e avisavam que um ato público teria lugar à noite no Tuca. Mas anunciava-se também que o governador do Estado, Paulo Egídio Martins, havia convocado uma reunião de emergência no Palácio do Morumbi para estudar o contragolpe a ser dado pela Secretaria da Segurança e o Dops, que se sentiam ultrajados. Através de um amigo da PUC, presente naquela reunião de emergência, soubemos que algo de grave aconteceria caso a UNE realizasse o anunciado ato público. A Reitoria não autorizou o uso do teatro. Até hoje fico imaginando a catástrofe que poderia ter acontecido caso os alunos estivessem ilhados dentro do salão.1

 Estudantes que chegavam para as aulas do turno noturno ou para o Ato Público, confirmaram que por volta das 18 horas começou uma movimentação incomum de policiais nas imediações do bairro. A APROPUC também havia convocado uma reunião de professores para discutir os eventos do dia anterior.

Reunindo cerca de 2 mil alunos diante do teatro da Universidade, o TUCA, o Ato Público iniciou-se com a leitura de  uma Carta Aberta, mas foi rapidamente interrompido por violenta operação policial coordenada pelo Secretário de Segurança, Coronel Erasmo Dias, na qual foram empregadas bombas tóxicas e inflamáveis, cassetetes elétricos e tanques de guerra. Os policiais lançaram bombas, agrediram os estudantes que estavam na mesa do ato, rasgaram os cartazes e encurralaram aqueles que tentavam furar o cerco policial. Ao mesmo tempo em que dissolviam a concentração estudantil, policiais à paisana e militares invadiram o campus da universidade penetrando no recinto universitário por suas 4 entradas: pela rua Bartira, pela Rua João Ramalho, pela escadaria da Rua Ministro Godói e pela entrada principal, da Rua Monte Alegre.

O ato público estava marcado para a noite. Por volta das 21 horas, cerca de 900 policiais fardados e em trajes civis chegaram ao local do ato e, ao mesmo tempo em que a concentração era dissolvida, alunos, professores e funcionários eram arrancados das salas de aula ou dos seus locais de trabalho e levados em fila indiana até o estacionamento que havia em frente, onde se criou uma espécie de campo de concentração. Na operação, foram utilizadas bombas tóxicas e inflamáveis, cassetetes elétricos e tanques de guerra. Novecentos estudantes foram levados para o prédio do Batalhão Tobias de Aguiar. Os ‘suspeitos’ ou ‘perigosos’ foram conduzidos para o DOPS e enquadrados na Lei de Segurança Nacional. As bombas feriram 16 estudantes e quatro foram hospitalizadas com graves queimaduras. 2




Eram nítidas as marcas de coturno nas portas e as pichações nas salas de aula com a sigla CCC (Comando de Caça aos Comunistas)3.  Uma assembleia de professores estava ocorrendo no momento da invasão e segundo Ana Bock, então estudante de Psicologia da PUC-SP, os professores saíram de dentro da sala para a varanda em frente à rampa e fizeram um coro pedindo calma pois viam que estudantes estavam sendo pisoteados. Em seguida voltaram à sala de aula acompanhados de muitos estudantes e Ana Bock permaneceu junto à porta aguardando a polícia que, ao chegar, lhe deu um pontapé no peito e invadiu a sala. Pessoas que faziam uso da biblioteca foram expulsas aos gritos e ameaçadas enquanto policiais jogavam livros no chão. Estudantes que participavam de um ensaio de coral e empregadas domésticas que tinham aulas de alfabetização4 na Casa Paroquial também foram espancados e presos.5





Estudantes, professores e funcionários foram retirados de salas de aula, refeitório, biblioteca, e salas administrativas e conduzidos em fila indiana ao estacionamento que existia em frente à PUC onde seriam submetidos a uma triagem6. Segundo Boletim Extraordinário da Associação dos Professores da PUCSP, “ali foram coagidos a sentar no chão úmido e sujo, cheio de cascalhos e aguardar a decisão sobre sua sorte.”.7

No restaurante vários estudantes e professores em intervalo de aula estavam fazendo lanche ou tomando café quando viram a correria na rampa. Assustados fecharam a porta de vidro do restaurante. Minutos depois chegaram os policiais que quebraram a porta a golpes de cassetetes, invadiram o restaurante espancando e insultando alunos, professores e funcionários. Alunos que estavam nas sedes das entidades estudantis foram expulsos à força, sem ter tempo sequer de recolher seus documentos ou materiais didáticos .8

Segundo relato do DCE da PUC contido no Inquérito Policial Militar da invasão da PUC, muitos estudantes haviam perdido seus documentos durante a invasão em decorrência da violência policial, o que contribuiu para o grande número de estudantes presos. Provocadores, os policiais obrigavam a fila de estudantes, professores e funcionários a andar muito depressa, quase correndo. “Entre os presos, é bom lembrar, havia grande número de estudantes sem documentação, por a terem perdido durante a invasão.” 9 Logo em seguida os policiais, aos gritos, forçavam uma parada brusca. Quem deixava cair material didático ou documentos durante esses exercícios não podia voltar para apanhá-los, pois era agredido a socos, pontapés, empurrões e cacetadas pelos policiais.10





Muitos quebraram os vidros, porque ficavam amassados, cortaram-se e eu, como estava na rampa de descida da PUC, caí com as duas mãos debaixo da barriga e fui pisoteada, não conseguia levantar. Caiu uma bomba do lado do meu rosto, no meu braço, na minha perna. Eu não conseguia levantar, desmaiei e quando acordei estava queimada, com a blusa e a calça pegando fogo. Ninguém foi poupado pelos agressores. A Iria se queimou do joelho até o pé e a Graziela queimou as mãos e os peitos. Elas não caíram, a bomba explodiu nelas. Puseram todo mundo em fila indiana, inclusive a Graziela que estava com o dedo pendurado, foi até o Dops, depois foi encaminhada para o hospital. Eles bateram em todo mundo, estavam todos dopados, davam cacetadas em mulher grávida, foi uma guerra, realmente um horror. Várias outras pessoas foram queimadas, chutadas. Os casos mais graves fomos nós. A Iria nem estava na manifestação, ela não militava, estava na biblioteca da PUC. Eu fiquei três meses entre a vida e a morte. Tive problemas muito sérios de infecção por causa da bomba que era de fósforo branco misturada com querosene. O Dops ia visitar a gente todo dia no hospital, eles queriam que eu dedasse todo mundo que era da UNE, do DCE, do PC. E, não só isso, queriam me levar para o hospital do Dops, para, no mínimo, me dar “chá de sumiço”. Eu era militante da Liga Operária, que fundou o PT.11

Cerca de 1500 pessoas foram levadas ao estacionamento mesmo as que se encontravam feridas. Erasmo Dias foi ao estacionamento às 22:40 e anunciou por megafone que todos passariam por uma triagem. Professores e funcionários foram rapidamente identificados e liberados. Os estudantes da PUCSP também foram liberados, menos aqueles que a polícia considerou que tinham “antecedentes”, por já terem participado de manifestações anteriores.





Os estudantes que não estavam de posse de seus documentos de identidade estudantil para provar que eram alunos da PUC recorreram às listas de presença que foram levadas para o estacionamento por funcionários administrativos e pelo vice-reitor comunitário, o Pe. Edênio, buscando assim, livrar  os estudantes. Conta Pe. Edênio:

Depois de algumas escaramuças verbais, ante meu protesto, o coronel garantiu que nenhum aluno ou professor da PUC seria detido. Os demais, esbravejava ele, estavam presos e era em flagrante. Com muita dificuldade alguns funcionários, entre eles o Reinaldo, da Administração, me ajudaram a desentocar listas de presença de nossos alunos. Começou uma estranha triagem de quem era ou não da PUC. Os delegados se prestavam com visível insatisfação a essa tarefa. Saíram primeiro as empregadas que frequentavam o Mobral e choravam assustadas. Depois, os alunos, quase todos. Mas havia uma lista nas mãos de alguns policiais que, penso, correspondia aos considerados subversivos, cuja presença fora já anteriormente anotada pelos tiras infiltrados. Um grupo de rapazes e moças pertencentes a uma facção de luta armada me pediu, pelo amor de Deus, que eu desse um jeito de tirá-los do estacionamento, pois estavam entre os diretamente visados pelas polícias secretas ali presentes. Eu o consegui sem grandes dificuldades, com a conivência explícita de um dos delegados que tinha sido obrigado a comparecer à Monte Alegre naquela noite. 12

Renato Cancian, registra que 51413 estudantes teriam sido detidos ao final da triagem, 302 rapazes e 212 moças, entre eles dez pertenciam aos quadros de lideranças estudantis. Todos os feridos também foram presos e os que estavam em estado mais grave foram atendidos em hospitais da região. 92 estudantes foram conduzidos para a sede do DOPS e o restante (422) foi encaminhado p/a sede do Batalhão Tobias de Aguiar14.
                               Oficialmente a polícia reconheceu 19 casos de vítimas de ferimentos, dezoito mulheres e um homem. Os casos mais graves foram os das alunas Maria Cristina Raduan e Graziela Eugênia Augusto, que permaneceram por cerca de um mês hospitalizadas. Maria Cristina correu risco de vida, foi operada cinco vezes e permaneceu sem conseguir falar por quatorze dias, tendo seus pulmões muito afetados pelos gases tóxicos. Iría Visone, Virgínia Maria Fizetto, Sonia Regina Martins e Jurena Stulp também sofreram sérias queimaduras nas pernas e braços e várias delas tiveram que submeter-se a operações de enxertos, fisioterapias intensivas para recuperar movimentos e operações plásticas para atenuar as cicatrizes das queimaduras. Embora tenha pago os gastos hospitalares, a Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo recusou-se a reconhecer sua culpa pelos ferimentos infligidos às jovens estudantes. 

Os estudantes levados ao Batalhão Tobias Aguiar e ao DEOPS, passaram toda a noite aguardando ser interrogados. Posteriormente, 37 estudantes foram indiciados na Lei de Segurança Nacional, dos quais  6 pertenciam à PUC, responsabilizados pelo ato público. Foram eles: Afrânio Raes Filho, Beatriz Bicudo de Castro Tibiriçá, Henrique Sampaio Pacheco, Marisa Terezinha Mamede Frishemburder, Eduardo Fonseca Neto, Jorge Roldan e Marco Antonio Villa.

Praticamente toda a mobília e equipamentos do campus da Monte Alegre da PUC-SP foram destruídos nessa ação. Portas foram arrombadas, armários e arquivadores violados e vidraças quebradas conforme consta do relatório de danos entregue pela Universidade. Os Diretórios Acadêmicos foram alvo de especial atenção, tendo todo o seu material   recolhido pela Polícia Técnica, ainda durante a madrugada do dia 23, inclusive apostilas, livros e mesmo resmas de papel em branco.

A Reitora da PUC-SP, a professora Nadir Kfouri, informada do sucedido pelo vice-reitor comunitário, Padre João Edênio do Valle, chegou pouco depois das 22:00 hrs ao campus, manifestando ao Secretário da Segurança a  sua forte indignação pela invasão do prédio e pelas violências cometidas contra professores, estudantes e funcionários.

Conta-se que ela teria dito ao coronel ao encontrá-lo: “não dou a mão a assassinos”.Conta-se também que quando o coronel pediu que ela se identificasse, ela teria respondido: “a casa é minha. Identifique-se o senhor”.



Reitora da PUC e Vice-reitor comunitário chegam à PUC-SP


Como era de se supor, o IPM responsabilizou apenas os estudantes pela invasão. Segundo relato de Silvio Bock, estudante de psicologia na PUC na época, “dois dias depois da invasão, [os policiais] mostraram o arsenal de armas que encontraram na PUC, na verdade pistolas de chumbo defeituosas usadas pelo grupo de teatro, e levaram todo o material do grupo de teatro, iluminação, caixa de controle, tudo”. 

Muitos observadores acreditam que a invasão da PUC teria sido uma ação policial premeditada, minuciosamente planejada pelos governos federal e estadual como represália à PUC_SP, por seu papel político de resistência. Portanto, a realização do ato público da UNE teria servido apenas de pretexto para a invasão policial. Outros acharam que o mentor da invasão foi o Coronel Erasmo Dias, humilhado por ter fracassado em impedir o III ENE.

No dia seguinte, dia 23 de setembro, a Reitora divulgou nota à imprensa dando ciência dos fatos e denunciando a violência de que foi alvo a comunidade acadêmica e a instituição que ela presidia. Nesse dia, a Reitoria interditou o campus para que fosse possível fazer um levantamento dos estragos físicos sofridos na noite anterior. O campus foi reaberto na segunda-feira, dia 26, dia em que assembleias de estudantes aconteceram nos diversos turnos e nas quais se organizaram mutirões de limpeza dos seus Diretórios Acadêmicos. Ao longo desse dia, a Reitoria anunciou diversas providências legais adotadas, entre elas o pedido de abertura de inquérito, petição à Procuradoria da Geral da Justiça solicitando designação de promotor para acompanhar o inquérito policial, representação ao Juiz Corregedor da Polícia Judiciária pedindo sindicância para a apuração do crime de abuso de autoridade e petição à Procuradoria Geral da Justiça Militar do Estado solicitando a instauração de inquérito policial militar. Nova nota da Reitoria corrigiu também informações falsas, veiculadas na imprensa.





Nos dias que se seguiram, foi enorme a solidariedade de que foi alvo a PUC-SP:  da  PUC-RJ, da Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas, da Universidade Católica de Minas Gerais, de associações de professores de muitas universidades, da Comissão de Justiça e Paz, da OAB, da Associação de Advogados de São Paulo.

Relatos retirados da edição de outubro de 1977
do Porandubas

A invasão do campus da PUC-SP também teve grande repercussão na Europa, pois Dom Paulo Evaristo Arns, que aí se encontrava, denunciou-a à mídia internacional e comunicou o fato pessoalmente ao Papa. Retornando a São Paulo, Dom Paulo visitou a PUC no dia 27 de setembro, manifestando sua indignação com o vandalismo policial e sua solidariedade com a comunidade acadêmica, tendo visitado inclusive os Diretórios Acadêmicos depredados. Aplaudido, teria dito aos estudantes: “Coragem, nós a reconstruiremos!”.

No dia 28 de setembro, o Conselho Universitário se reúne, declara-se em sessão permanente e vota por unanimidade moções de irrestrito apoio ao Grão-Chanceler Dom Paulo Evaristo Arns e à Reitora da PUC-SP, profa. Nadir Gouvêa Kfouri.

A  Assembleia Legislativa de São Paulo instaurou uma Comissão Especial de Inquérito  para apurar as responsabilidades pelo ocorrido na PUC-SP, na qual foram ouvidos a Reitoria, professores, alunos e funcionários, bem como o próprio Secretário de Segurança.

As conclusões da Comissão, apresentadas no dia 25/11/77, afirmaram que o Secretário de Segurança Pública de São Paulo cometeu diversas infrações legais como abuso de autoridade e crimes de responsabilidade, além de delitos previstos em código penal. A Assembleia Legislativa remeteu os resultados do processo ao Governador do Estado sugerindo que estes fossem encaminhados ao Poder Judiciário.

 

 

[1]Depoimento do Prof. Pe. Edênio Valle (na época, Vice-Reitor Comunitário). Revista PUC-Viva , nº 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”. P. 32
[2]Por Cecília Melo, Revista PUC-Viva , nº 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”
[3]Vale ressaltar que enfrentamento ao terrorismo atrelado às organizações de esquerda não apresentava-se na mesma medida com organizações de direita como o Comando de Caça Comunista (CCC). Tais organizações gozaram de cumplicidade de militares para “servir como pressão adicional contra os verdadeiros terroristas”. GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. 2014
[4]Fonte: Revista PUC-Viva ,  ano 5, número 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”
[5] Depoimento de Marcos Nogueira no IPM, representante do DCE da PUC-SP 24/11/1977, P.4
[6] Depoimento do ex-aluno da PUC-SP  Flávio Jorge Rodrigues da Silva. Revista PUC-Viva ,  ano 5, número 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”
[7] Boletim Extraordinário da Associação – APROPUCSP – Setembro/77, P. 1-2
[8] Depoimento de Marcos Nogueira, representante do DCE da PUC-SP 24/11/1977, P.4
[9] Depoimento de Marcos Nogueira, representante do DCE da PUC-SP 24 de novembro 1977, P.5
[10] Depoimento do DCE-PUC no Relatório Final da Comissão Especial de Inquérito, P. 9-11
[11] Depoimento da ex-aluna Cristina Raduan. Revista PUC-Viva , nº 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”
[12] Depoimento do ex vice reitor comunitário Pe Edenio Valle. Revista PUC-Viva , nº 17, julho a out/2002 – “25 anos da invasão”
[13] Fontes Controversas: segundo Relatório da Reitoria da PUC-SP 900 pessoas foram conduzidas por ônibus da Prefeitura para o Batalhão Tobias de Aguiar. Segundo depoimento de Marcos Nogueira, representante do DCE, 24/11/1977, folha 5, “cerca de 700 estudantes foram conduzidos em ônibus da Prefeitura até o Batalhão Tobias de Aguiar”
[14] Segundo depoimento de Ana Bock, ela e outros estudantes foram anotando os nomes das pessoas que iam para os camburões, para controlar que as pessoas não desaparecessem.