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PUC-SP inaugura centro pioneiro de audição infantil

Iniciativa da Derdic, do pós e da graduação em Fonoaudiologia irá propiciar o acompanhamento integrado de crianças com até três anos

(*Reportagem publicada no Jornal da PUC, na 2ª quinzena de maio de 2004)

Pela primeira vez no Brasil, crianças com deficiência auditiva poderão ser atendidas de forma integrada, em três modalidades, em um só local. Bebês com alto risco de perda de audição e crianças surdas de até três anos de idade terão à disposição intervenções , diagnóstico e acompanhamento no Centro de Audição da Criança, que será inaugurado em junho, na Vila Clementino (zona Sul).
O projeto é uma parceria da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação da PUC-SP (Derdic), da faculdade e da pós em Fonoaudiologia. O objetivo é que o centro seja modelo no país na formação de fonoaudiólogos especializados em diagnóstico e atendimento infantil, além de laboratório de pesquisas científicas sobre audição e linguagem nos primeiros anos de vida.
Com custo total de US$ 120 mil, o centro obteve recursos da Timkem Foundation, fundação norte-americana que destina verbas para projetos sociais na América Latina, que doou US$ 80 mil. O restante foi conseguida junto a empresas e institutos brasileiros.

CONFORTO – A nova infra-estrutura física e profissional tornará possível a ampliação do atendimento oferecido, atualmente (2004), pela Derdic. A estimativa é que os diagnósticos feitos em bebês aumentem de 24 para até 80 mensais. Para casos de bebês com alto risco de deficiência auditiva, causada por parto prematuro, infecção maternal por rubéola durante a gestação ou hereditariedade, por exemplo, o atendimento será multiplicado de dez para 60 novos casos, mensalmente.
Não é só a quantidade de atendimentos que aumentará, mas também o conforto dos pacientes e de seus acompanhantes. “Teremos acomodações para a mãe amamentar, amplas salas de espera e fraldários. Também haverá locais próprios para as crianças que precisarem adormecer antes de algum exame e para aquelas que terão que se recuperar do efeito de sedativos e medicamentos”, explica Beatriz Novaes, coordenadora do pós em Fonoaudiologia e membro da Academia Brasileira de Audiologia.
Segundo Beatriz, o quanto antes for feita a intervenção fonoaudiológica em crianças com deficiência auditiva, mais facilmente elas serão integradas de forma plena à sociedade. “Há um período crítico no desenvolvimento humano para aquisição da linguagem. Se não houver estimulação sensorial durante esse período, pode ocorrer dano permanente nas vias auditivas, o que compromete a integração do sinal de fala pelo cérebro”.
Por isso, a intenção também é ampliar o número de parcerias com hospitais da rede pública. Atualmente, um convênio entre a Derdic e o Sistema Único de Saúde (SUS) garante a realização de procedimentos e exames de alta complexidade em bebês e famílias carentes financeiramente. Mas, segundo Beatriz, o sistema público na está pronto pata acompanhar e interferir no desenvolvimento auditivo dos bebês antes dos seis meses de idade. “Hoje é feita uma triagem nos berçários, mas um recém-nascido chega a esperar até três anos após o diagnóstico para ser atendido. Isso prejudica todo o restante do acompanhamento. No centro, o objetivo será oferecer essa intervenção com a urgência necessária”, observa Beatriz.

O trabalho do centro também pretende criar nas classes mais desfavorecidas economicamente uma cultura que valorize o trabalho fonoaudiológico. Para isso, além do atendimento, haverá grupos de psicólogos e assistentes sociais para auxiliar as mães a lidarem com as expectativas em relação ao acompanhamento dos bebês e dar esclarecimentos sobre questões básicas de saúde.

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