Demócrito
(cerca de 460-370 a.C.)

Demócrito nasceu em Abdera (colônia jônica da Trácia). Estudioso da matemática e física, teve cultura semelhante à de Aristóteles. Foi discípulo e sucessor de Leucipo na direção da escola de Abdera, é, ao que parece, rival de Platão. Um dos responsáveis por mudanças fundamentais na matemática do século V a.C., inclusive sendo o primeiro matemático da história a estudar a validade dos cálculos infinitesimais na determinação de volumes. Era filósofo grego de Abderas cujas idéias foram muito importantes no desenvolvimento da teoria atômica da matéria. Atribuem-lhe muitas viagens, numa das quais também chegou a Atenas. Mas mesmo assim, nesta cidade, sua filosofia foi ignorada por muito tempo. Ele diz: "Eu fui a Atenas e ninguém tomou conhecimento de mim". Se disse isto, sem dúvida deu a entender que não conseguira causar uma impressão tal como o fizera o seu mais brilhante concidadão Protágoras. Por outro lado, Demétrio de Falerão afirmou que Demócrito jamais visitou Atenas. Seja como for, ele deve ter despendido a maior parte do seu tempo no estudo, ensinando e escrevendo em Abdera. Há informações de que começou a escrever (430 a. C.) várias e notáveis obras, cerca de noventa, hoje desaparecidas, entre elas Sobre os números, Sobre geometria, Sobre tangências, Sobre irracionais, Sobre o pitagorismo, Sobre a ordem do mundo, Sobre ética, etc, restando fragmentos de algumas de conteúdo moral como Pequena ordem do mundo, Do bom ânimo e Preceitos. Na sua maioria, suas obras tratavam essencialmente de tratados sobre química e matemática e que mostravam a preocupação do autor com a origem e mudanças das "coisas", sendo, sua linguagem extremamente literária, como se estivesse escrevendo poemas. Materialmente sua obra trazia uma explicação totalmente material e mecanicista do mundo. Para nos, contudo, é como se não tivesse escrito quase nada; de fato, sabemos menos a seu respeito do que de Sócrates. Isto deve-se ao fato de ele ter escrito em Abdera, e as suas obras na realidade nunca foram bem conhecidas em Atenas, onde teriam tido a possibilidade de serem preservadas. Não é certo que Platão haja conhecido alguma coisa sobre Demócrito, pois que as poucas passagens no Timeu e alhures, no qual parece que o reproduz, são facilmente explicadas pelas influências pitagóricas que afetaram a ambos. Aristóteles, por outro lado, conhece bem Demócrito, pois era também jônio do Norte. É certo, no entanto, que as obras completas de Demócrito (que incluem as obras de Leucipo e outros, bem como as de Demócrito) continuaram a existir, porquanto a escola as conservou em Abdera e Teos ao longo dos tempos helenísticos. Por isso, foi possível para Trasilo, sob o reinado de Tibério, fazer uma edição das obras de Demócrito, organizada em tetralogias, exatamente como sua edição dos diálogos de Platão. Mesmo isso não foi suficiente para preservá-las. Os epicuristas, que tinham a obrigação de ter estudado o homem a quem deviam tanto, detestavam qualquer tipo de estudo, e provavelmente nem se preocuparam em multiplicar os exemplares de um escritor cujas obras teriam sido um testemunho permanente para a carência de originalidade que caracterizou o próprio sistema deles. Quase tudo o que sabemos de Demócrito provém dos escritos de Aristóteles. Segundo parece é homem de uma sabedoria enciclopédica e como ja mencionado autor de uma infinidade de obras. Demócrito deve ter sido um dos escritores mais fecundos da Antiguidade. Para explicar as mudanças da natureza, Heráclito havia afirmado que tudo é movimento, enquanto Parmênides dizia que o ser é uno e imutável e que o movimento é ilusão. Tentando resolver esse dilema, considerou que toda a realidade se compunha de dois únicos elementos: o vácuo ou não-ser e os átomos indivisíveis(os arké). Pensamento que o faz ser visto hoje como uma celebridade histórica, mas que na realidade tem suas origens no pensamento geométrico dos pitagóricos. Quanto as suas teorias, Demócrito continua o sulco teórico aberto por Parménides e, com uma notável audácia intelectDemócrito (cerca de 460-370 a.C.) Demócrito nasceu em Abdera (colônia jônica da Trácia). Estudioso da matemática e física, teve cultura semelhante à de Aristóteles. Foi discípulo e sucessor de Leucipo na direção da escola de Abdera, é, ao que parece, rival de Platão. Um dos responsáveis por mudanças fundamentais na matemática do século V a.C., inclusive sendo o primeiro matemático da história a estudar a validade dos cálculos infinitesimais na determinação de volumes. Era filósofo grego de Abderas cujas idéias foram muito importantes no desenvolvimento da teoria atômica da matéria. Atribuem-lhe muitas viagens, numa das quais também chegou a Atenas. Mas mesmo assim, nesta cidade, sua filosofia foi ignorada por muito tempo. Ele diz: "Eu fui a Atenas e ninguém tomou conhecimento de mim". Se disse isto, sem dúvida deu a entender que não conseguira causar uma impressão tal como o fizera o seu mais brilhante concidadão Protágoras. Por outro lado, Demétrio de Falerão afirmou que Demócrito jamais visitou Atenas. Seja como for, ele deve ter despendido a maior parte do seu tempo no estudo, ensinando e escrevendo em Abdera. Há informações de que começou a escrever (430 a. C.) várias e notáveis obras, cerca de noventa, hoje desaparecidas, entre elas Sobre os números, Sobre geometria, Sobre tangências, Sobre irracionais, Sobre o pitagorismo, Sobre a ordem do mundo, Sobre ética, etc, restando fragmentos de algumas de conteúdo moral como Pequena ordem do mundo, Do bom ânimo e Preceitos. Na sua maioria, suas obras tratavam essencialmente de tratados sobre química e matemática e que mostravam a preocupação do autor com a origem e mudanças das "coisas", sendo, sua linguagem extremamente literária, como se estivesse escrevendo poemas. Materialmente sua obra trazia uma explicação totalmente material e mecanicista do mundo. Para nos, contudo, é como se não tivesse escrito quase nada; de fato, sabemos menos a seu respeito do que de Sócrates. Isto deve-se ao fato de ele ter escrito em Abdera, e as suas obras na realidade nunca foram bem conhecidas em Atenas, onde teriam tido a possibilidade de serem preservadas. Não é certo que Platão haja conhecido alguma coisa sobre Demócrito, pois que as poucas passagens no Timeu e alhures, no qual parece que o reproduz, são facilmente explicadas pelas influências pitagóricas que afetaram a ambos. Aristóteles, por outro lado, conhece bem Demócrito, pois era também jônio do Norte. É certo, no entanto, que as obras completas de Demócrito (que incluem as obras de Leucipo e outros, bem como as de Demócrito) continuaram a existir, porquanto a escola as conservou em Abdera e Teos ao longo dos tempos helenísticos. Por isso, foi possível para Trasilo, sob o reinado de Tibério, fazer uma edição das obras de Demócrito, organizada em tetralogias, exatamente como sua edição dos diálogos de Platão. Mesmo isso não foi suficiente para preservá-las. Os epicuristas, que tinham a obrigação de ter estudado o homem a quem deviam tanto, detestavam qualquer tipo de estudo, e provavelmente nem se preocuparam em multiplicar os exemplares de um escritor cujas obras teriam sido um testemunho permanente para a carência de originalidade que caracterizou o próprio sistema deles. Quase tudo o que sabemos de Demócrito provém dos escritos de Aristóteles. Segundo parece é homem de uma sabedoria enciclopédica e como ja mencionado autor de uma infinidade de obras. Demócrito deve ter sido um dos escritores mais fecundos da Antiguidade. Para explicar as mudanças da natureza, Heráclito havia afirmado que tudo é movimento, enquanto Parmênides dizia que o ser é uno e imutável e que o movimento é ilusão. Tentando resolver esse dilema, considerou que toda a realidade se compunha de dois únicos elementos: o vácuo ou não-ser e os átomos indivisíveis(os arké). Pensamento que o faz ser visto hoje como uma celebridade histórica, mas que na realidade tem suas origens no pensamento geométrico dos pitagóricos. Quanto as suas teorias, Demócrito continua o sulco teórico aberto por Parménides e, com uma notável audácia intelectemos poucas coisas seguras. mas muitas lendas. Viagens extraordinárias, a ruína material, as honras que recebeu de seus concidadãos, sua solidão, seu grande poder de trabalho. Uma tradição tardia afirma que ele ria de tudo. . .

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