Física
Mário Schenberg geralmente considerado como o pioneiro da física teórica e da astrofísica moderna no Brasil. Publicou seu primeiro trabalho de teoria da física em 1936 na revista italiana Il Nuovo Cimento, em que aplicava a eletrodinâmica quântica para obter a chamada interação Moller.
Fez os seus primeiros trabalhos de astrofísica nos Estados Unidos de 1940 a 1942. Nesse período entrou em contato com Albert Einstein e desenvolveu com George Gamow o processo Urca, mecanismo de explosão das estrelas supernovas. Elaborou ainda, com S. Chandrasekhar, o modelo estelar com núcleo isotôrmico, aplicável ao sol e estrelas semelhantes depois de terminada a produção de energia nuclear no centro da estrela. Tais trabalhos foram realizados quando era Fellow da Fundação Guggenheim. A partir daí, colaborou com muitos dos maiores físicos teóricos e experimentais contemporâneos.
Lecionou, entre 1948 e 1953, na Universidade Livre de Bruxelas e, ao voltar da Bélgica, foi nomeado diretor do Departamento de Física da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Ali fundou o Laboratório de Física do Estado Sólido, matéria muito desprestigiada na época. Além disso, convenceu o reitor Ulhoa Cintra, com grande resistência tanto dos físicos como dos matemáticos, a comprar o primeiro computador da USP, fomentando, assim, os cursos de computação daquela universidade. Alguns dos maiores físicos teóricos e experimentais brasileiros, como César Lattes, José Leite Lopes, Abrão de Moraes, Jaime Tiomno, Jean Meyer e muitos outros, foram seus alunos.
Durante a d"cada de 1960 lecionou também no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro, tendo sido membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia de Ciências da América Latina, em Caracas. Em 1983, recebeu o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, na rea de física. Foi ainda presidente da Sociedade Brasileira de Física e, devido a seu constante interesse pela física nuclear, tornou-se membro do Centro de Physique Nucléaire de Bruxelas.
Mário Schenberg atuou com muitos cientistas laureados com o Prêmio Nobel de Física. Além do supracitado S. Chamdrasekhar, com quem trabalhou nos Estados Unidos, esteve ao lado de Enrico Fermi, em Roma, W. Pauli, em Zurique e Princeton, e Frédéric Joliot-Curie, em Paris. Tendo ainda colaborado com Ilya Prigogino, Prêmio Nobel de Quântica.
Sua atividade científica em física inclui vários campos, tais como mecânica clássica, eletromagnetismo, teoria dos dielétricos, teoria da ionização e da radiação de Cernkob, teoria clássica e quântica dos campos, relatividade geral, mecânica clássica e raios cósmicos. Também fez contribuições importantes para vários ramos da matemática. Além disso, os métodos que introduziu na mecânica estatística e clássica estão sendo agora largamente empregados em química teórica. Foi pioneiro em vários campos da física e da química, da astrofísica e da teoria das partículas elementares. Um dos aspectos marcantes da sua obra foi a reflexão última sobre a relação entre a física e geometria, tendo inaugurado as discussões sobre o relacionamento da teoria quântica com a teoria moderna das variedades diferenciveis. ä autor de 114 trabalhos sobre astrofísica, física teórica, física experimental, física matemática, anláise funcional e geometria.
Ciência
Ele acredita que a ciência seja uma atividade criativa, e portanto não pode circunscrevê-la a um método rígido que imponha uma estrutura lógica particular. Essas estruturas lógicas vão se transformando historicamente. O aprofundamento de um determinado conceito da física ou da matemática, levam-nos a estruturas básicas que unem pensamentos de diversas e distintas épocas da humanidade.
Schemberg encontra na ciência enquanto processo criativo, uma dimensão fundamental onde os pensamentos seguem caminhos diferentes da lógica formal, do simples e formalmente estruturado.
A ciência acontece de fato como força construtiva. Não como retransmissora de verdades acabadas, mas como espaço de novas descobertas, terreno só invadido por verdadeiros gigantes da inteligência e da intuição. Segundo ele, os grandes cientistas, aqueles que realmente inovaram na ciência, consciente ou inconscientemente, inspiraram-se nas idéias que fazem parte do grande repositário chamado cultura humana.