O
Artista
Schenberg
sempre nutriu paixão pela arte. Seu trabalho como crítico
era reconhecido pelo público e pelos artistas. O físico
escreveu textos sobre Alfredo Volpi, Lygia Clark e
Hélio Oiticica, entre outros. Conheceu Di Cavalcanti
em Paris, e as duas companheiras que teve na vida - ele orgulhava-se
de ser legalmente solteiro - eram artistas. Tinha uma coleção
de arte invejável e expunha quadros até na cozinha
e nos banheiros de sua casa. Eram telas de pintores famosos misturados
com obras de iniciantes, que ele comprava para ajudá-los.
"Como crítico de arte, sempre lhe interessaram as pessoas
dos artistas, como eles se ligavam no mundo", diz a física
Amélia Hamburguer, membro do Conselho da Cátedra
Mario Schenberg do Instituto de Estudos Avançados da USP.
No
entanto, o pernambucano não era apenas um interessado pela
arte. Nos anos 1940, quando passava uma temporada na Universidade
de Chicago, ele pegou algumas lentes de um laboratório
de astrofísica e tirou fotos que, depois de expostas no Observatório
de Yerkes, foram parar dentro de uma caixa de sapatos na bagunçada
casa do fotógrafo. "O curioso em relação
às fotos é que, através delas, Lygia Clark
diz ter entendido o que era o expressionismo abstrato", diz
uma citação do físico na exposição
da Casa das Rosas. "Se for justo o que ela diz, fui
um dos criadores desse movimento", diverte-se.
O
pernambucano publicou ainda livros sobre física, arte ou
sobre si próprio. "Foi um período muito gostoso",
lembra José Luiz Goldfarb, editor e biógrafo
de Schenberg. As reuniões eram demoradas pois, segundo
Goldfarb, Schenberg 'viajava' muito rápido.
"Ele passava de um assunto a outro com uma facilidade incrível,
mas nunca perdia o gancho", lembra-se. "Nunca o vi perguntar:
'Sobre o que eu estava falando mesmo?'. Ele sempre concluía
o raciocínio."
Foi
durante a ditadura, porém, que Schenberg se dedicou
com mais assiduidade à arte. Cassado e proibido de entrar
no campus universitário, ele passou a viver das críticas
que fazia. "Nessa época, ele descobriu que o meio artístico
era muito mais solidário do que o acadêmico",
diz Goldfarb.
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