O mundo atual não favorece uma
existência aprazível para ninguém e, quando se somam os conflitos pessoais, com
freqüência a vida cotidiana se transforma num inferno individual. Alguns mal-estares
crônicos, cristalizados, adotam diversas formas sintomáticas. Muitas vezes, o método
psicanalítico pode ser o mais adequado para o problema. |
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O tratamento que se espera e obtém de um psicanalista
é uma análise. Trata-se de um procedimento dialógico que opera exclusivamente pela
palavra e, ao mesmo tempo, através dela. Tem por finalidade propiciar mudanç s
subjetivas profundas. A interpretação e a elaboração das causas do sofrimento
psíquico, visando suprimir seus efeitos, é a via específica para superar a alienação
neurótica.
A experiência analítica começa
desde que alguém aceita se colocar em pauta, questionando sua forma de viver, seu passado
e seu destino. Para tanto, aquela deveria levá-lo a um novo e diferente modo de ser,
sentir e pensar. Junto com isto, fazer com que assuma a responsabilidade pelas próprias
atitudes, as conseqüências dos seus atos, e o que a sorte lhe depare.
O analista tem por função
catalisar a transferência, graç s à sua escuta. O inconsciente, a voz ativa, diz, por
meio da associação livre, o que não se sabia que se sabia. Assim, o analisante também
tem a oportunidade de se ouvir, para chegar a descobrir o que realmente quer. Só desta
forma tenderia a se reconciliar com seu desejo, depois de perceber até que ponto tudo
aquilo que o martirizava não lhe era alheio.
Na época histórica que nos toca
viver, o discurso científico, competente e racional, propõe soluções imediatas para
quase todas as coisas. No que diz respeito às dores anímicas de qualquer índole, seria
plausível pretender minimizá-las ou anulá-las, sempre que possível. Afinal, a
angústia não tem graç nenhuma. Para tanto, a medicina, com seu arsenal de recursos cada
vez mais amplo, prescreve remé ios mais ou menos eficientes, num curto prazo, para
diminuir o desprazer. Entretanto, nem tudo se cura com pílulas ou comprimidos.
Há mais de cem anos que a
psicanálise é praticada, e aprimorada na constância do seu exercício. Disseminada em
maior ou menor medida, ela constitui um meio terapêutico capaz de resultados positivos e
duradouros, provavelmente inatingíveis de outras maneiras.
Portanto, e desde seu início, foi
uma alternativa eficaz perante a impossibilidade mé ica de resolver todas as penúrias e
impasses que atormentam os seres humanos. Como certas perturbações e inibições não
fazem parte das doenç s tipificadas, isso determina que a psicopatologia tenha de ser
definida a partir da singularidade de quem padece. Assim, para erradicá-las, não
adiantam receitas magistrais nem substâncias da última geração, depois de tanta
pesquisa, agora disponíveis no mercado da saú e. Fica evidente que a farmacologia tem
utilidade suficiente como para merecer o devido respeito, mas, infelizmente, inexistem
panacéias.
O inconsciente, patrimônio
psicanalítico, nada tem a ver com o sistema nervoso central, e vice-versa. A sexualidade
da nossa espécie, enquanto enigma íntimo, não coincide com os achados da biologia ou da
genética. Tampouco a sexologia, caracterizada por um otimismo pragmático, consegue que o
desejo, o gozo e o prazer sejam sempre benfazejos. Se as fórmulas de compromisso que cada
um arranja ao longo da própria vida fracassam, e quando nem a felicidade nem a
tranqüilidade são mais viáveis, talvez seja o momento exato para procurar uma análise.
Nela, o conhecimento de si mesmo
será muito mais do que uma aventura do espírito, pois as questões a serem elucidadas
não são filosóficas, universais ou abstratas, senão clínicas, pessoais e bem
concretas. Antes, e em primeiro lugar, o sujeito, com minúcia e precisão, terá a chance
de passar sua existência a limpo, como condição necessária para retificar seus
sentimentos e pesares. A decorrência desta atitude sistemática o deixará apto para se
situar na realidade que lhe concerne do melhor jeito possível.
Aliviado do peso de seus entraves
simbólicos e de suas limitações imaginárias, e isento de ansiedade, por sua conta e
risco correrão seus dias, na procura do bem-estar que lhe é de direito, sem continuar
arcando com o dispensável ônus da neurose.
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Algumas patologias do cotidiano
que podem ser tratadas pela psicanálise:
MEDOS: angústia ansiedade pânico tensão
pavor fobias
TRANSTORNOS DA ALIMENTAÇÃO: fome exagerada azia
gastrite prisão de ventre perda de apetite vômitos
DISTÚRBIOS DO SONO: insônia sono alterado
pesadelos sono excessivo sonolência diurna cansaço crônico
AFECÇÕES ANÍMICAS: desânimo incerteza dúvida
constante rancor remorsos culpa melancolia tristeza
depressão
ALTERAÇÕES DO SI MESMO:
descuido inferioridade descontentamento auto-depreciação
covardia anulação subjetiva inveja fantasias insuportáveis
dores constantes
DESEJO: falta de tesão insatisfação permanente
fracasso sistemático inibições desejo do Outro abjeção
infertilidade
SUPEREU: desestima
dever auto-exigência masoquismo moral ideais impossíveis
sacrifício pena
ADIÇÕES: alimentação nociva TV drogas lícitas
(álcool fumo remé ios) drogas ilícitas consumismo
azar condutas de risco trabalhismo superstições perda de
tempo
TÁNATOS: vontade de morrer
perda de sentido auto-mutilação enfermidades tentativas de
suicí io esgotamento vital bolamurchismo existencial
PSICANÁLISE
VIDE BULA |
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