Católicas e Femininas:
Identidade Religiosa e Sexualidade de Mulheres Católicas Modernas

Cátia S. Lima Rodrigues []
"Não é a religião enquanto conservação e permanência que
deve interessar à sociologia mas, sim, a religião como
possibilidade de ruptura e inovação, a mudança religiosa e,
portanto, a mudança cultural" (PIERUCCI e PRANDI In
OROZCO, 2000; 9).

1. Introdução

O presente artigo resulta das conclusões obtidas em pesquisa realizada em nível de mestrado, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sob orientação do Prof. Dr. Edênio Valle, defendida em maio de 2003.

Em minha prática profissional, como psicóloga, bem como em minhas experiências com o Catolicismo, tive a oportunidade de observar um hiato entre o discurso e o comportamento sexual de mulheres católicas e as orientações doutrinárias da Igreja. Em conversas informais, foi possível perceber conflitos entre a crença religiosa ensinada sobre sexualidade e o desejo, dessas mulheres, de experimentarem outra dinâmica no que se refere à sexualidade. No entanto, essas pessoas não manifestavam insatisfação com a Igreja no que se refere à fé, ritos e valores. Motivada a compreender os processos envolvidos na integração da sexualidade à personalidade da mulher católica moderna e o modo como se dá a formação da identidade sexual e religiosa no contexto moderno, iniciei a pesquisa.

Com a hipótese de que a mulher católica moderna realiza uma releitura da fé, criando novos paradigmas de crenças, firmados em valores cristãos aproximados aos da modernidade, a fim de legitimar a própria sexualidade e integrá-la à personalidade de modo psiquicamente saudável, busquei nos estudos sobre sexualidade e religião de Marilena Chauí, Penélope Ryan e Michelle Spenser Arsenault, bem como nos conceitos de Identidade de Antônio Ciampa e Anthony Giddens (com interpretações de José Maria Mardones e Edênio Valle) sustentação teórica para realizar uma pesquisa de campo.

Com a proposta de compreender a relação entre identidade religiosa e sexualidade feminina na prática cotidiana de mulheres católicas modernas, realizei uma pesquisa de campo com 22 mulheres católicas entre 20 e 60 anos, de classe média e nível médio/superior de escolarização, residentes na cidade de São Paulo. Foram aplicados 22 questionários e 5 entrevistas semidirigidas, que visavam investigar o histórico pessoal de experiências sexuais e crenças religiosas, bem como o nível de conhecimento doutrinal da Igreja a respeito da sexualidade humana, opiniões, condutas e sentimentos por elas manifestados em suas experiências.

O estudo não tem o objetivo de generalizar, mas analisar e refletir a elaboração subjetiva da identidade religiosa da mulher católica moderna, num processo de ampliação da consciência pessoal e sua relação com o desenvolvimento social que integra sua sexualidade à personalidade de forma satisfatória para ela.

São muitas as investigações que demonstram a diferença entre o discurso oficial da Igreja e a prática dos católicos sobre sexualidade. Sendo assim, procurei diferenciar a postura católica sobre sexualidade em três diferentes níveis: o doutrinal, com a orientação oficial da Igreja a partir do seu Catecismo; o da discussão sobre a coerência de tal orientação, a partir de teóricos progressistas[1], tal como Ryan (1999), Rosado (1997), Hunt (2001); e o da realidade prática, a partir das experiências das 22 mulheres católicas colaboradoras da pesquisa.

2. As grandes linhas do percurso realizado

No contexto da referida pesquisa, deve-se considerar um público de classe média, com nível médio e superior de escolarização, inserido num contexto social urbano, metropolitano e individualista. Todas as participantes da pesquisa receberam educação religiosa católica desde a primeira infância, sendo filhas de pais católicos, com a primeira socialização mais conservadora, marcada pelos preceitos morais da sua religião, ainda que numa segunda socialização tenham assumido uma postura mais liberal em suas vidas.

Através da análise do discurso das entrevistadas, assim como apontado por teóricas como Chauí (1984) e Ryan (1999), entre outras, a repressão sexual exercida pela moral cristã no decorrer dos séculos promove uma associação da sexualidade a sentimento e pensamentos ligados ao que é sujo, anormal e pecaminoso. Tal processo gera um desequilíbrio emocional nas pessoas em relação ao próprios desejos, instintos e relação com o corpo.

Giddens (1991), Mardones (1996) e Valle (2003) indicam que a modernidade trouxe consigo questionamentos e posturas que ocasionaram modificações de conduta generalizada e, consequentemente, também na estrutura familiar, na relação de pares, na sexualidade. Há uma "destradicionalização" dos valores e costumes, com uma dissolução das tradições, inclusive religiosas. Isso se dá através de um processo de reflexibilidade, ou seja, de um processo de reflexão crítica e pessoal radical, que põe à prova os conceitos e valores de acordo com sua validade social.

Evidentemente, tal processo não significa a destruição das tradições e instituições, mas uma desconstrução e reformulação dos valores, com a produção de uma intimidade mais rica e consciente, livre e responsável, em que a pessoa torna-se mais autêntica consigo mesma. Isso é possível através da promoção das capacidades de intercâmbio e de flexibilidade adaptativa, que dá às pessoas maiores condições de enfrentar a labilidade que a realidade moderna traz em si.

Em seu estudo sobre Cristianismo e Modernidade, José Maria Mardones (1996) apresenta um capítulo sobre religião e identidade que pode elucidar os questionamentos por esta pesquisa levantados. Baseado em Touraine, Habermas e Giddens, o referido autor aponta a identidade como indicador das contradições da nossa sociedade: as dificuldades que as pessoas encontram para terem claras suas posturas refletem as contradições que a modernidade nos traz. Aponta que, na modernidade, as pessoas de modo geral perderam seus pontos de referência para se sentirem seguras a tomar um posicionamento. De acordo com Mardones (1996), a identidade "constitui um dos indicadores que revelam os mal estares e contradições da nossa cultura e de nossa sociedade"[2] (MARDONES, 1996; 107), e a identidade religiosa proporciona orientação ideológica e confere sentido à vida de qualquer pessoa. Assim como define Giddens (1993):

"Hoje em dia a sexualidade tem sido descoberta, revelada e propícia ao desenvolvimento de estilos de vida bastante variados. É algo que cada um de nós 'tem', ou cultiva, não mais uma condição natural que um indivíduo aceita como um estado de coisas preestabelecido. De algum modo, que tem que ser investigado, a sexualidade funciona como um aspecto maleável do eu, um ponto de conexão primário entre o corpo, a auto-identidade e as normas sociais." (GIDDENS, 1993; 25).

A religião, enquanto referência que contribuía para a identificação do "eu", da pessoa que cada um é - uma vez que remetia a uma origem, a um grupo e a uma tradição - estruturava os pontos de vista das pessoas. Nas palavras de Mardones (1996):

"A religião estruturava um modo de ver a realidade e o mundo; transmitia um imaginário social, um modo de se estruturar a sociedade. Proporcionava, em suma, o que Erikson denomina uma orientação ideológica compartilhada com outras pessoas, requisito fundamental para conferir sentido e identidade". (MARDONES, 1996; 109)[3]

Sua resposta para a questão sobre o que ocorre com a identidade religiosa frente a uma crise generalizada de identidade é encontrada na análise do contexto sociocultural moderno, marcado pela globalização, "destradicionalização" e homogeneização funcional, que causam uma fragmentação de sentido no ser humano, gerando a necessidade de um processo de reflexividade social.

Baseado em Giddens, Mardones (1996) aponta que, com a internacionalização da economia e a globalização da comunicação:

"os habitantes deste mundo social e cultural das sociedades modernas vivemos com uma concepção diferente do tempo e do espaço. As distâncias parecem ter diminuído e tudo acontece mais rápido e nos parece mais próximo."[4] (MARDONES, 1996; 109).

Nesse sentido, conclui que a globalização supõe mudanças estruturais que afetam a vida cotidiana em geral, o que influencia a consciência de cada um ao questionar sobre mudanças de valores. Para o autor, a tradição é o principal aspecto da religião que se vê conturbado pelos efeitos da globalização, uma vez que aspectos e conceitos anteriormente considerados absolutos são questionados e relativizados pela modernidade. Fundamentando-se em Giddens, Mardones (1996) nomeia tal fenômeno de "destradicionalização", ou seja, o processo em que as tradições, sejam qual forem, inclusive as religiosas, submetem-se à reflexão crítica: "Não desaparecem, repetimos, mas são reinterpretadas, reformuladas, submetidas a uma justificativa" (Mardones, 1996; 109).

É nesse sentido que pode-se compreender o comportamento sexual e a identidade religiosa da mulher católica moderna: reavaliando a tradição religiosa, ela assume valores do Catolicismo enquanto cristianismo, mas reinterpreta as questões referentes à sexualidade, aproximando seus conceitos aos valores da modernidade.

Evidentemente, Mardones (1996) aponta como conseqüência de tal processo a perda da segurança que a tradição estruturava, com conflitos na identidade tanto pessoal como grupal, inclusive indicando como conseqüência dessa perda de referencial os movimentos fundamentalistas, que surgem como uma alternativa de manter algum referencial de sentido e segurança na vida.

Mas, de modo geral, a modernidade nos faz questionar as verdades absolutas e o caráter natural que a tradição religiosa induzia a crer em suas verdades, gerando o que é nomeado por Giddens de "incerteza produzida". Tal falta de confiança que a pessoa moderna sente em relação à sua existência, cercado de explicações cada vez mais técnicas. Em relação propriamente relacionada com sexualidade, Mardones (1996) exemplifica:

"Um exemplo seria o da sexualidade humana, especialmente no que se refere à condição que proporciona para mulheres o carecer de meios contraceptivos, frente às possibilidades que lhe oferece agora o acesso a novas técnicas relacionadas à reprodução. Este aspecto – prescindindo agora de todo juízo moral - está afetando a forma da família, o comportamento dentro dela, o número de filhos e o modo de tê-los, etc. A sexualidade, realmente, está desligada da reprodução"[5] (MARDONES, 1996; 111).

Tamanhas modificações nas estruturas sociais foram impostas pela modernidade que geram a necessidade de uma reflexividade social, ou seja, o deparar-se conscientemente com as decisões que o ser humano tem que tomar para viver nesta sociedade. É a questão da escolha, que não está preestabelecida pela tradição: é uma escolha pessoal.

"Estamos agora mesmo em um mundo em que tudo deve ser submetido a uma reflexão, incluída a própria identidade, que, de ser uma identidade mais ou menos dada por suposto, herdada (…) passa a ser uma identidade reflexiva que deve surgir conscientemente" (MARDONES, 1996; 111)

Com a revolução industrial e com o crescente prestígio e influxo social e cultural que a modernidade traz, Mardones (1996) aponta, baseado em Giddens, outra conseqüência da modernidade: a valorização da utilidade, da ciência, da eficácia e do pragmatismo, a visão racional que acentua a dimensão quantitativa da realidade. Para ele:

"o resultado final é uma sociedade homogeneizada desde o ponto de vista do conhecimento e da consideração do que é racional; uns indivíduos impregnados deste modo de ver e entender a realidade; uma racionalidade escorada unilateralmente no funcional" (MARDONES, 1996; 113).

Tal conseqüência é criticada pelo autor, que considera que tal visão unilateral despreza importantes aspectos mais profundos da realidade, ignora o simbolismo referente ao sagrado, desconhece a base onde são desenvolvidos valores solidários. Enfim, aponta que o modo científico e lógico de compreender a realidade não é capaz de dar sentido de vida às pessoas, reprimindo uma série de dimensões humanas. Além disso, há uma descentralização sobre fontes de sentido da vida, causadas pela modernidade. Sendo assim, no campo da identidade religiosa, tal característica da modernidade nos é apresentada através da "fragmentação cosmovisional, da pluralidade de referentes de sentido e de predomínio de uma visão funcional e mercantilista, em que o indivíduo refere-se a uma multiplicidade de grupos, tarefas e experiências, que não transpassam o umbral do utilitário e do pragmático"(MARDONES, 1996; 114).

Neste sentido, o ser humano passa a necessitar de pontos cardinais, de busca por sentido em sua existência.

Mardones (1996) realiza sua pesquisa na Espanha, e indica basicamente que há uma "privatização da religião" para o cristianismo espanhol, ou seja, a religião passa a pertencer à dimensão pessoal, à escolha individual, além das barreiras públicas, ao que conclui que a religião cristã tenda a "invisibilizar-se". Percebe que a identidade religiosa do católico espanhol é mais ideológica e menos comportamental na modernidade. Talvez seja essa a realidade das 22 mulheres católicas, provenientes da classe média de São Paulo - maior metrópole brasileira e símbolo de modernidade- entrevistadas na presente pesquisa.

Na realidade do mundo contemporâneo, com a globalização cultural e com a massificação de opinião realizada pela mídia, é forte a tendência do indivíduo de perder a noção de individualidade e de identidade grupal, carente da realização de uma análise do que é importante e melhor para si mesmo. De acordo com Mardones (1996), a crise de identidade é o contexto da modernidade. Há um consumo daquilo que é divulgado como "socialmente adequado" quanto aos valores e comportamentos, sem a reflexão sobre quais são, de fato, as necessidades, angústias, desejos e dilemas pessoais, o que gera na sociedade como um todo a necessidade objetiva de uma postura de "reflexividade"[6]. Nesse sentido, esse trabalho remete e observa as questões individuais do ser humano do sexo feminino, inserido socialmente nesse contexto.

Na observação do campo, é possível observar que as mulheres católicas modernas sentem uma distância entre suas necessidade afetivas de realização pessoal no campo da sexualidade, e as orientações da sua Igreja nesse aspecto, que limita tal realização. Os preceitos morais do Catolicismo restringem de tal forma as experiências de amor e sexualidade que não têm cabido na vida prática das mulheres católicas que vivem no contexto cultural moderno. Sem lhes fazer sentido, tais valores são questionados e refletidos por elas, e, posteriormente, adaptados às suas realidades. Desse modo, a presente pesquisa indica um hiato entre a orientação católica sobre sexualidade e a conduta sexual consciente das mulheres católicas modernas.

A modernidade e seu espírito de liberdade e reflexão crítica legitima as atitudes e escolhas para a realização sexual, uma vez que "destradicionaliza" o Catolicismo. Suas práticas sexuais são pertinentes ao contexto ético da modernidade, possibilitando a adaptação de seus valores e conceitos sobre sexualidade. No entanto, as mulheres católicas percebem que tal religião lhes proporciona sentido existencial, e os valores vinculados ao amor cristão dão sentido à sua vida. Desse modo, não desejam deixar o Catolicismo, mas procuram transformá-lo a partir das transformações que nelas mesmas ocorrem.

3. Novos Aspectos na Identidade das mulheres

Ciampa (1998), afirma que a identidade é metamorfose e, assim, está em constante processo de transformação evolutiva. Desse modo, verifica-se nesta pesquisa que as mulheres católicas dão novas interpretações à realidade objetiva, o que promove a construção de novos significados para sua sexualidade e espiritualidade, possibilitando a reelaboração de sua identidade religiosa.

A identidade configura um processo dialético, que amplia o conhecimento da personalidade humana, como também permite um processo de transformação: recriar-se. Ou seja, possibilita que cada ser humano amplie sua consciência de si mesmo, definindo sua própria identidade, tendo condições de recriá-la. A cada nova situação de vida, a cada etapa do desenvolvimento pessoal, todos adquirem novos papéis, deixando os antigos, assumindo novas dinâmicas de existência: a experiência de vida sempre proporciona a oportunidade de transformar e, com isso, desenvolver a identidade, através da motivação do sujeito a melhorar e crescer; o desejo pela vida é o agente impulsionador do processo identidade-metamorfose. De acordo, penso que o desejo pelo novo e pela mudança para melhores condições de existência proporciona a visualização de novas interpretações da realidade objetiva, que promovem o ser humano à construção de novos valores e significados subjetivos à realidade, reelaborando sua identidade.

Acredito que, do mesmo modo, mulheres católicas que percebem incompatibilidade entre os valores da sua religião e os seus desejos pessoais diante da vida buscam novos caminhos e interpretações da sua crença. "Migram" dentro da própria religião, como quem muda de cidade em busca de melhores condições de vida sem, contudo, mudar de país. Ou seja, dando novos significados à orientação religiosa, é possível elaborar uma identidade religiosa alternativa para vivenciar sua espiritualidade.

Atuando, as mulheres constroem uma alternativa para experimentar sua identidade religiosa dentro da antiga forma de fazê-lo. Em sua ação e prática como 'mulheres', 'católicas' e 'contemporâneas', constroem socialmente uma nova realidade acerca da identidade da mulher católica, em que se modificam valores e crenças, adaptando a ética pessoal à modernidade, ainda que baseando-se no mesmo livro sagrado e doutrina religiosa de antes. Como define Ciampa (1998):

"O humano é sempre 'uma porta abrindo-se em mais saídas'. O humano é vir-a-ser humano" (CIAMPA, 1998; 36).

Deste modo, o desejo pela vida leva o ser humano a constituir novas realidades nas quais recria sua própria identidade, num processo evolutivo. Encontrando um grupo social com valores semelhantes quanto ao sentido dado à existência, é natural a identificação com ele, o sentimento de pertença e inclusão, pois isso dá sentido à vida da pessoa. Dando sentido à existência, a identidade religiosa legitima o sujeito a um lugar social, integrando-o com o outro, adquirindo valores, inserindo-se numa comunidade humana. Nesse sentido, é possível visualizar que o processo de metamorfose-identidade se dá paulatinamente, por etapas: "a gente ir se transformando permanentemente" (CIAMPA, 1998; 111).

Penso que a alteração da identidade feminina quanto "ser mulher", ocorrida radicalmente no último século, desencadeou questionamentos sobre o "ser mulher católica" dentro da sociedade, sobretudo para as mulheres católicas. A busca desta resposta – que contou com os conflitos internos e sociais enfrentados rumo à transformação, que era contrária ao esforço da Igreja Católica pela conservação de valores e costumes – culminou com uma crise de identidade religiosa. A alteração da identidade feminina, reagindo sobre a estrutura social da Igreja, despertou um novo jeito de ser católica para as mulheres: "Ninguém muda apenas interiormente, nem sozinho." (CIAMPA, 1998; 114).

Não se trata de um processo linear, evidentemente; nem rápido, nem fácil para o sujeito-atriz[7] que representa o papel "mulher católica". Ao contrário, vejo-o como um processo cheio de avanços e retrocessos, certezas e dúvidas, inseguranças e seguranças, que giram em torno do pensar-ser-agir (ter consciência). Mas é o meio pelo qual, subjetivamente as mulheres podem construir uma nova identidade religiosa-social para si mesmas e serem capazes de atuá-la saudável e adequadamente em suas vidas cotidianas.

Diante do hiato entre os valores religiosos sobre sexualidade e os desejos, reflexões e novos paradigmas construídos por elas a este respeito, as mulheres buscam novos caminhos e interpretações a fim de preservarem sua crença religiosa. Assim, as mulheres católicas modificam para si mesmas os aspectos do Catolicismo que lhes incomodam, passando a agir segundo suas consciências, e preservam os aspectos que lhes dão sentido existencial.

Deixar de reprimir e controlar o corpo, a sexualidade e a existência a partir de um papel moral culturalmente estabelecido indica uma busca de saúde psicológica, um momento de ampliação da consciência, e uma evolução crítica humana. Fazê-lo sem perder a identidade religiosa mas, ao contrário, atribuindo-lhe novos significados, ilustra um processo de metamorfose.

Em recente pesquisa sobre identidade religiosa e sexualidade feminina, Michelle Spenser Arsenault (1999) conclui que, quando questionadas sobre ensinamentos católicos e sexualidade e maternidade, as mulheres do seu estudo discordam da Igreja sobre a contracepção, mas escolhem incorporar os ensinamentos católicos sobre maternidade em suas vidas. Embora diferentes, suas escolhas não são problema para a construção do que, para elas, significa ser "boas mulheres católicas", ou seja, que elas permanecem na sua religião em seus termos pessoais, rejeitando a ética sexual da Igreja mas praticando sua fé católica.

Penélope Ryan (1999), em seu livro "Católico Praticante", faz observações semelhantes quanto à identidade católica atual. A autora questiona-se sobre o modo pelo qual alguém pode ser um "bom" católico no mundo contemporâneo, vistas as divergências entre os ensinamentos transmitidos pela Igreja Católica e a realidade das pessoas que são católicas, apontando para o conflito interno e externo que tal desacordo gera. A autora descreve um mundo simbólico e comportamental que no passado remetiam à identidade católica, mas aponta as modificações do mundo contemporâneo desde a geração de sua avó até os dias atuais, e as reformas pelas quais a Igreja passou após o Concílio Vaticano II, concluindo que as práticas e ritos católicos desapareceram ou se transformaram, não mais podendo ser utilizadas como instrumento de reconhecimento de um bom católico. Aponta para a nova ordem daquilo que significa ser católico nos dias atuais. O texto indica como principais virtudes almejadas pelo católico a fé, a esperança e caridade, seguidas pela pureza e virgindade. Mas quanto ao que identifica o católico no mundo moderno, a autora apresenta novas virtudes, como a prática social da fé e a justiça.

Entretanto, é também destacada por Ryan (1999) a frustração que ela mesma sofreu em sua prática pessoal ao deparar-se com o conservadorismo da Igreja, quanto às crenças e práticas do católico, ao que questiona sobre a possibilidade de alguém ser divergente da doutrina e ensinamentos católicos e, ainda assim, ser um católico praticante. O texto preocupa-se com a definição do que significa ser católico, remetendo aos santos e mártires como modelos de pessoas que divergiram da Igreja em certo momento, mas que tornaram o mundo melhor.

Assim como as observações e conclusões dessas pesquisadoras, percebe-se nas entrevistas realizadas por meu estudo que, aproveitando em suas vidas e relacionamentos os princípios de amor, fraternidade e justiça social pregados pelo Catolicismo, as entrevistadas dão-se por satisfeitas no que diz respeito à sua identidade religiosa. As questões referentes à sexualidade são categorizadas por elas como esfera privada, cuja conduta não as afasta da religião, mesmo que a religião oriente em sentido diferente.

O que podemos perceber na análise do discurso dessas mulheres é que ocorre uma adaptação pessoal do Catolicismo às suas vidas modernas, onde encontramos, inclusive, citações bíblicas como justificativas às suas condutas sexuais adversas ao Catolicismo. Criam um novo jeito de serem 'mulheres católicas modernas', passando por um processo de crise interna quanto à sua identidade pessoal e religiosa, processo esse que é lento, doloroso, cheio de incertezas e inseguranças, mas que vai dando um novo vislumbre sobre o que significa ser católica para elas.

De acordo com Ciampa (1998), no processo de transformação, a identidade que sofre metamorfose vai simbolicamente morrendo para a pessoa, tornando-se passado. No entanto, no decorrer da pesquisa e das entrevistas, percebe-se que ainda que com condutas sexuais conscientemente diferentes das orientações da Igreja, e com discursos e reflexões racionais que justificam suas práticas, muitas mulheres católicas ainda sentem-se em conflito intrapsíquico, o que demonstra que ainda vivem o processo de metamorfose. Todavia, o que é interessante de ressaltar é que mesmo conscientes da necessidade de mudanças no Catolicismo sobre as questões da sexualidade em relação às suas realidades, e que sua conduta não é aceita pela Igreja como lícita, em nada o fato interfere em sua identificação com católicas, e a maioria declarando-se católica praticante. Assim, a religião passa de uma esfera social a uma dimensão pessoal e individual para essas mulheres.

"Os católicos continuam a pensar em si mesmos como o Povo de Deus e a praticar sua fé a despeito do conflito que sentem entre o que a igreja oficialmente ensina e o que suas consciências lhes ditam, especialmente sobre vida conjugal e como vivenciá-la em expressões sexuais amorosas" (Ryan, 1999; 134)

Nesta pesquisa, verificou-se que as mulheres entrevistadas sentem-se católicas praticantes, embora sobre sua conduta sexual a prática não seja coerente com a orientação doutrinária católica. Resolvem seu conflito de forma utilitarista: aproveitam aquilo que na religião lhes traz sentido de vida, fortificação espiritual, acolhimento social e comunhão, mas descartam tudo aquilo que não estão dispostas a cumprir. Racionalizar e encontrar na própria doutrina, com a possibilidades de outras interpretações, é a forma que encontraram para diminuir ou anular conflitos intra-psíquicos.

A identidade católica refere-se com freqüência à ação fraternal e a idéias de respeito, amor ao próximo e libertação humana pregados pelo Cristianismo. Além disso, identificam-se afetivamente com a religião, que, além do convívio social, lhes proporciona fortes experiências emocionais, sentido existencial, encontro consigo e com Deus, paz e equilíbrio para a vida cotidiana. A identidade católica também foi vinculada à identidade familiar por algumas entrevistadas. As orientações católicas quanto a justiça e amor são marcantes para as entrevistadas, e lhes dão subsídios para manterem relações profissionais, sociais e afetivo-eróticas, de modo harmonioso e satisfatório para elas. Os princípios éticos católicos não são discutidos e há uma forte valorização pela vida humana expressa nas respostas das entrevistadas; discute-se a moral católica, suas divergências e incoerências, baseadas sobretudo no conceito de amor.

No entanto, talvez pelo nível de consciência crítica adquirido com o desenvolvimento intelectual e convivência social, as restrições doutrinárias quanto à sexualidade são adaptadas à real necessidade dessas mulheres: procuram viver de forma satisfatória sua sexualidade como meio de manterem o seu equilíbrio pessoal, desvinculando do poder da Igreja a sua experiência pessoal de envolvimento sexual. No entanto, embora haja a separação entre o domínio religioso e domínio pessoal, as católicas entrevistadas não deixam de relacionar sua sexualidade com a experiência mística e religiosa, vinculando a sexualidade a toda sua personalidade - algumas chegam a "entregar a sexualidade a Deus".

Elas encontram identidade com valores como respeito, amor ao próximo, fidelidade, que são de ordem prática no seu convívio social. A relação de oração e espontaneidade com Deus, o bom convívio social e a bondade, a prática do amor e o cumprimento dos mandamentos lhes garante a identidade de católica.

Descontinuidades, perda de valores, avalanche de informações (mídia, livros, projetos sociais), críticas e novos conceitos: neste contexto da modernidade, penso que sentir-se culpada seria desintegrador para a mulher. Então, como alternativa, vivenciam sua fé assumindo os valores da ética cristã de amor e fraternidade nos seus relacionamentos, mas buscam a absolvição de seus "pecados sexuais" nas descontinuidades da modernidade. E, de fato, passam a se sentir livres da maioria das 'culpabilidades' sobre sua conduta sexual.

A permanência no Catolicismo está mais ligada à relação que essas mulheres mantém com Deus do que com a afinidade com as orientações e costumes religiosos da pratica sexual. A religião dá sentido à sua vida, o que justifica sua permanência nela. Além disso, há uma forte ligação entre Catolicismo, família e raízes culturais, como se fosse algo genético. Assim, o que não dá sentido não se importa, mas adapta-se. Com isso utilizam a interpretação pessoal da Bíblia para aplicar em sua vida prática, o que demonstra pensamento crítico e alto nível de autonomia pessoal entre elas.

4. Alguns Aspectos Específicos Encontrados

Enquanto entrevistava, fui percebendo que o tema da sexualidade está mais vinculado a valores morais que aos valores religiosos das entrevistadas. Sendo assim, de modo consciente, as entrevistadas pensam, agem e defendem uma postura sexual diferente da dos valores católicos e mais condizentes com os seus valores reflexivos sobre o ser humano. No entanto, no âmbito mais profundo, em suas colocações e justificativa, expressavam já terem vivido ou ainda viverem conflitos psicológicos quanto à validade do seu comportamento sexual com base nas crenças religiosas.

Por outro lado, alguns temas não chegam sequer a ser discutidos por elas, de tão claro que lhes parece a resposta, como é o caso do uso dos métodos anticoncepcionais, o que demonstra uma alteração de valores. Mas a prática sexual antes do casamento gera muitas vezes conflitos e sentimento de culpa, que vão sendo por elas elaborados a fim de serem integrados em sua personalidade.

Mulheres acima de 40 anos geralmente associam sexo à culpa, mas mudaram de idéia com a prática da sexualidade. Mulheres mais jovens associam sexo a amor, fazem discussão moral sobre promiscuidade e declaram que não se sentem culpadas ou pecadoras por relacionarem-se sexualmente antes de serem casadas. Todavia, em nível mais profundo e inconsciente, relatam experiências de conflito psicológico no início da vida sexual, superados geralmente pela reflexão pessoal, partilha com amigas ou relacionamentos onde o parceiro lhes oferecia segurança emocional.

As participantes desta pesquisa, embora declarem conhecer a posição oficial da Igreja, elegem como lugar legítimo para o envolvimento sexual o relacionamento de amor e compromisso entre o casal, mesmo antes do casamento. Não declaram acreditar que a sexualidade atrapalhe sua religiosidade, ligando a espiritualidade à prática de orações, boas ações e paz espiritual. Todavia, algumas mulheres acreditam que a religiosidade não refletida, fundamentalista ou fanática pode prejudicar a experiência afetiva de amor e sexo das pessoas.

Consideram a fidelidade conjugal necessária, um sinal de respeito. Todavia, quase mais de um terço das pessoas entrevistadas já cometeram o adultério, associando-o a sentimentos de culpa e raiva. Embora a infidelidade esteja muito associada à culpa e a conflitos psicológicos e morais, assim como a promiscuidade e o sexo sem amor, não está associada freqüentemente ao pecado, mas ao erro, o que remete novamente a uma "destradicionalização" da moral católica, em uma discussão refletida individualmente por elas.

Há de modo geral uma visão positiva em relação à sexualidade, com associação do sexo ao amor; todavia, a iniciação sexual de muitas das entrevistadas é descrita por crises de conduta e conflitos. Esse aspecto que permeou as respostas de quase todas as mulheres entrevistadas – a associação de sexo a amor – é extremamente subjetiva, pois não se determina o significado de amor, que pode ser uma paixão, uma atração física acompanhada de bem querer, ou uma relação de partilha vivencial construída entre um casal.

O divórcio é considerado legítimo, principalmente quando o casal detecta o fim do amor ou quando há traição ou falta de respeito. Não está relacionado ao pecado, e há uma reivindicação sobre o estudo do processo de segundo casamento por todas as entrevistadas. No entanto, elas discutem a necessidade de criação de parâmetros nesse sentido, a fim de não se banalizar o sacramento do matrimônio, o que demonstra uma valorização dos valores cristãos em relação à família, adaptados ao bem estar individual dos fiéis católicos.

A maioria das entrevistadas mantém ou já mantiveram relações sexuais, e os métodos utilizados para o controle da natalidade e planejamento familiar mais adotados foram a pílula, a camisinha e métodos definitivos. Esse é o aspecto em que mais deliberadamente as participantes afastam sua conduta e sua ideologia das orientações oficiais da Igreja; não foram demonstrados sentimentos de culpa pela utilização em massa de métodos desaconselhados pela Igreja e, ao contrário, o tema foi motivo de indignação e de posicionamento favorável a uma reformulação da orientação Católica, visando uma aproximação da realidade que elas vivem. Muitas reivindicam o controle da natalidade como direito e escolha do casal, algo privado e não determinável por uma instituição religiosa.

Quanto aos métodos artificiais de fertilização, as mulheres católicas são em geral favoráveis à técnica como recurso reprodutivo, mas o dado que mais chama a atenção é que não há aqui preocupação teológica quanto à vida humana que será gerada, mas sobre as vidas humanas carentes de maternidade: a questão da adoção é por elas extremamente enfatizada. Sobre o aborto, embora quase metade das participantes já tenham passado por um aborto, sendo que seis delas o provocaram, a maioria o considera crime e cinco o apontam como pecado. Os sentimentos descritos com relação à prática foram paradoxais: variam da culpabilidade, arrependimento, tristeza, medo e depressão à alegria e alívio. Há uma manutenção dos princípios católicos de amor e respeito à vida, considerando aqui o início da vida, mas apenas quando a gravidez não foi gerada em casos de estupro ou represente risco à vida da mulher.

Há um grande distanciamento entre o discurso da Igreja e a prática das participantes, e há consciência disto por parte delas. Com exceção da questão do aborto (em que as mulheres posicionam geralmente contra a prática por valorizarem a vida humana que nascerá, mas são favoráveis a ela em casos de estupro ou risco de vida para a mãe, como se a vida que está sendo gerada perdesse imediatamente o valor ou não fosse mais uma vida), o discurso e a prática dessas mulheres sobre sexualidade são coerentes, embora contrários ao da Igreja. Houve uma re-elaboração dos conceitos sobre sexualidade, com sua readaptação à modernidade, sem contudo se caracterizar uma perda da identidade de católica.

5. Conflitividade do Processo

Entretanto, para chegarem neste estado, passaram (e ainda passam) por um processo conflitante com grande esforço emocional a fim de ampliar a consciência, integrando à suas vidas a sexualidade de forma saudável, sem perderem a identidade religiosa. Tal processo é rico em fantasias, sentimentos de culpa, temores e insegurança, ao que, em geral, reagem racionalizando as questões após reflexões pessoais.

Através da própria reflexão encontraram sentido simbólico religioso para as práticas sexuais que não são aceitas pelo catolicismo oficial. Associam sexo a amor, concluem que Deus é amor e que, por isso, está presente na sexualidade delas. E assim, legitimam suas condutas.

Embora cientes das divergências entre sua opiniões e condutas sexuais face à posição oficial católica nesse sentido, as mulheres católicas declaram não se importarem com isso, mas reivindicam uma orientação religiosa mais coerente com a realidade que elas vivem. Com a presente dissertação é possível observar que a mulher católica vem fazendo na modernidade uma re-elaboração dos conceitos de amor e sexo bem como da relação entre sexo e pecado sem, contudo, perder os valores fundamentais do Catolicismo, como vida, amor e família. A integridade moral das pessoas é por elas discutida e valorizada, mas mesmo estes valores cristãos por elas preservados - motivo da identificação com a religião - são os argumentos justificativos das suas posturas contrárias às da Igreja. Ou seja, através da reflexão pessoal e crítica, as mulheres encontram sentido simbólico religioso para suas práticas sexuais não aceitas pelo Catolicismo oficial.

6. Alguns temas que ficam

Todavia, meu estudo sugere um aprofundamento em algumas questões, para maior compreensão do campo estudado. Questiono se a elaboração da identidade Católica para a mulher moderna, que acarreta modificações de atitudes, papéis sociais e sexuais, comportamento, etc. - além da reconstrução da identidade religiosa pessoal - pode promover um desenvolvimento da realidade social da religião enquanto evolução emancipatória. Penso que as mulheres modernas sejam grandes participadoras pelo desenvolvimento e maior afinamento da Igreja com a modernidade, a partir da metamorfose individual da identidade religiosa de cada uma. Mas de que forma e por que métodos essa modificação das condutas pessoais gera alterações institucionais na Igreja, se está desvinculada de movimentos organizados?

Percebo, com isso, a importância de novos estudos e pesquisas sobre a identidade religiosa católica na modernidade, vinculados não somente às alterações de condutas sexuais, mas às transformações de valores que as pessoas vêm formulando atualmente, a fim de se compreender o novo sujeito católico, seus comportamentos, reflexões, a aplicação dos seus valores e crenças na vida cotidiana e as conseqüências disso para a vida social. Dentro do contexto de crise de identidade, da "destradicionalização", insegurança e falta de confiança percebidos na modernidade, a mulher católica atual realiza um processo de readaptação da religião, atribuindo novas interpretações aos valores cristãos, permitindo experiências no campo da sexualidade condizentes com sua realidade e re-elaborando sua identidade católica. No entanto, ainda que após reflexões pessoais tenham assumido conscientemente condutas sexuais diferentes daquelas orientadas pela doutrina católica, aproximando-se do contexto social da modernidade, em nível mais profundo esse processo revela-se conflituoso e ainda em construção.

De modo geral, a presente pesquisa pode demonstrar que as mulheres católicas administram suas vidas pessoais e sua sexualidade de acordo com sua consciência, formada pelas descontinuidades e "destradicionalização" da modernidade, a partir da reflexão pessoal e crítica sobre seus valores religiosos. Em nível consciente não há conflitos entre os discursos assumidos e suas práticas, ambos geralmente opositores às orientações oficiais Católicas.

No entanto, em nível mais profundo, revelam tensão e conflitos intrapsíquicos para tomarem suas decisões quanto sexualidade, vivenciando dúvidas e sentimentos de culpa. As orientações religiosas surgem como sombras da primeira socialização, mas vão sendo dissipadas com o esforço racional e emocional que as mulheres realizam a fim de elaborar sua identidade religiosa para viverem uma vida sexual mais equilibrada e integrada à sua personalidade, re-elaborando seus conceitos de amor e sexo. Evidentemente, os limites da presente dissertação não possibilitam a investigação profunda desse aspecto, mas, questionando o hiato entre pensamento consciente e experiência inconsciente de amor, sexo e crenças, pode promover outros estudos no campo da Psicologia e Sociologia da religião no Brasil.

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Notas

[1] Propositadamente evitou-se entrar no terreno especificamente teológico dos temas em questão. Uma tal abordagem levaria à redação de uma outra dissertação. Evidentemente, a moderna Teologia Moral Católica tem um nível de complexidade e sutileza muito superior ao da discussão doutrinal-catequético.

[2] Tradução livre.

[3] Tradução livre

[4] Tradução livre

[5] Tradução livre

[6] Giddens, 1991. As conseqüências da Modernidade.

[7] CIAMPA, Antonio da C. 1998.