O Curso de Graduação em Ciências da Religião na Modalidade Educação a Distância do Centro Universitário Claretiano de Batatais

Entrevista a Moacir Nunes de Oliveira[*] []

Em 2007, O Centro Universitário Claretiano de Batatais, lançou um curso de graduação em Ciências da Religião baseado no modelo de Educação a Distância. REVER conversou com o coordenador dos cursos de Teologia e Ciências da Religião da instituição, o professor Pedro Rigolo Filho, para saber mais a respeito.[1]

REVER: Quais as razões que levaram os Claretianos a lançar um curso de Ciências da Religião a Distância?

Pedro Rigolo Filho: O Centro Universitário de Batatais (Ceuclar), dentro de seu projeto de ampliação dos cursos na modalidade Educação à Distância (EAD), existentes desde 2005, lançou no ano de 2007 o curso de Ciências da Religião e o curso de Teologia.[2] Ambos se inserem na proposta religiosa, social e educativa da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria, cujos membros são conhecidos como Missionários Claretianos. Especialmente o curso de Ciências da Religião segue a mesma estrutura pedagógica do curso presencial das Faculdades Claretianas da cidade de São Paulo, ligada à mesma mantenedora deste Centro Universitário.

REVER: Quais os objetivos visados com esse curso?

Pedro Rigolo Filho: O principal objetivo do curso é possibilitar a formação acadêmica em nível de graduação em Ciências da Religião, dado que a maioria dos cursos na área é de pós-graduação. E, ao mesmo tempo, sendo na modalidade EAD, visa atingir pessoas interessadas nesse campo de saber que não poderiam seguir um curso presencial por problemas de indisponibilidade de horários e de locomoção, principalmente pelo fato de residir em áreas distantes das poucas faculdades que oferecem o curso.

REVER: Por gentileza, de uma forma sintética, descreva como funciona o curso, sua estrutura curricular, duração, aprovação pelo MEC, etc. e qual o grau de expansão até o momento.

Pedro Rigolo Filho: O curso funciona na modalidade EAD e utiliza um sistema de aprendizagem denominado de Sala de Aula Virtual, na qual o aluno tem acesso às orientações necessárias a cada disciplina, um texto como referência para seus estudos de base e as tarefas que poderão ser realizadas de forma síncrona e/ou assíncrona, bem como manter contato com os professores. Também, em dias pré-estabelecidos, os professores podem orientar os alunos pelo telefone. Uma vez ao mês, os alunos participam de encontro presencial, com diversas atividades em um pólo que congrega os alunos de uma determinada região. A estrutura curricular esta dividida em seis semestres, com seis disciplinas cada que integralizam um total de 1800 horas. Os alunos ainda têm seu currículo enriquecido com 150 horas de estágio, 150 horas de atividades acadêmicas culturais e científicas e têm a obrigatoriedade de produzir o Trabalho de Conclusão de Curso que corresponde a mais 150 horas. Como o curso existe apenas há um ano, ele possui apenas o credenciamento do Ministério da Educação e, proximamente, deverá ser submetido aquele organismo para a sua devida aprovação. Atualmente, o curso existe em três pólos; Campinas, São Paulo e Belo Horizonte, mas há a expectativa de expansão pelo interior de São Paulo e em Rondônia e, futuramente, em outros estados.

REVER: Qual é o perfil do corpo docente?

Pedro Rigolo Filho: O corpo docente é composto ainda por poucos professores, mas a maioria com formação de mestrado ou doutorado nas várias ciências ligadas às religiões, tais como Ciências da Religião, Filosofia, Teologia, História, Educação e Sociologia.

REVER: Qual é o perfil do corpo discente?

Pedro Rigolo Filho: Temos basicamente dois perfis. O primeiro, composto por alunos relativamente estabilizados economicamente, que já possuem uma qualificação profissional e que desejam se dedicar ao estudo e pesquisa das Ciências da Religião; alguns, inclusive, já possuem curso superior. O segundo, composto por professores de ensino religioso que buscam um aperfeiçoamento nesta área ou que pretendem se dedicar a pesquisa.

REVER: O curso já dispõe de alguma publicação?

Pedro Rigolo Filho: Ainda não. Mas é algo que pretendemos.

REVER: Quantos alunos inscritos já se encontram formados?

Pedro Rigolo Filho: Nenhum. Estamos finalizando o primeiro ano de funcionamento.

REVER: A formação visa que tipo de profissão?

Pedro Rigolo Filho: O campo profissional de um profissional de Ciências da Religião ainda está em formação. Via de regra, um aluno formado nesse curso poderá exercer função de assessoria em organismos civis e religiosos, de produtor, revisor e editor de textos ligados à religião e à formação educacional.

REVER: Por que optaram por Ciências da Religião e não Ciência da Religião?

Pedro Rigolo Filho: Por entender que a religião é um fenômeno que exige a interdisciplinaridade entre as diversas ciências que a estudam.

REVER: Olhando as disciplinas, vemos que elas buscam abarcar um quadro muito amplo das religiões, incluindo aí, por exemplo, as Religiões Afro-Indígenas Brasileiras e as Religiões Orientais. Como elas são estudadas, por elas mesmas independentemente da referência cristã ou são estudadas em termos comparativos ou a partir da ótica cristã?

Pedro Rigolo Filho: A intenção do curso é estudá-las a partir delas mesmas, mas não há como negar a forte influência das referências cristãs presentes, inclusive, na cultura dos alunos e, mesmo, dos professores. Este é o desafio!

REVER: Considerando o estatuto de independência buscada pelas ciências modernas face às tradições teológicas, como é abordada no curso a relação com a teologia?

Pedro Rigolo Filho: Sendo um curso de Ciências da Religião, a teologia é vista como uma ciência, ao lado de outras. Não lhe cabe superioridade.

REVER: O campo para Ciências da Religião é promissor no Brasil?

Pedro Rigolo Filho: Acreditamos que o campo desta ciência é muito promissor, especialmente por duas razões conseqüentes. Primeiro, o fato de que o campo religioso no Brasil é muito vasto. Há muitas religiões, e isto deve ser visto como positivo pois a exigência de uma convivência harmoniosa entre seus membros possibilita a pluralidade e a abertura ao diferente; sobre esse fenômeno recai o interesse de novos pesquisadores bem como no lançamento de diversas publicações; é crescente o número de revistas e a publicação de livros sobre o tema. Segundo, conseqüência do primeiro, que cresce significativamente o número de instituições universitárias que oferecem cursos nesta área para atender a demanda. Se o campo não se anunciasse promissor, tais iniciativas se mostrariam infrutíferas.

Notas

[1] O professor Pedro Rigolo Filho é mestre em História Cultural pela Unicamp e mestre em Teologia pela Pontificia Universidade Gregoriana.

[*] Moacir Nunes de Oliveira é professor do Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP e doutorando em Ciências da Religião pela mesma universidade

[2] Mais detalhes sobre os cursos podem ser obtidos em http://www.claretiano.edu.br