DEMONSTRAÇÃO INDIRETA – ÁRVORE DE REFUTAÇÃO
ÁRVORE DE REFUTAÇÃO é um
método para verificar a validade de um argumento, análogo à demonstração
por absurdo.Para testarmos a validade de um argumento construímos uma lista de
fórmulas consistindo de suas premissas
A1, A2 ,
A3 ,... ,An e a
negação da sua conclusão ~B
que formam a RAIZ DA ÁRVORE. A
árvore continua abaixo com a construção de seus RAMOS
por aplicações de regras, que serão especificadas abaixo, e
gerando novas linhas na árvore. A árvore termina quando as fórmulas de seus
ramos são: variáveis proposicionais, negações de variáveis proposicionais,
ou quando encontrarmos em todos os ramos uma fórmula F.
Se encontrarmos em todos os ramos da árvore uma fórmula F, então a nossa tentativa de refutação falhou ou seja, o argumento é válido. Se em algum ramo da árvore não foi possível encontrar uma fórmula F, então refutamos o argumento, isto é, o argumento não é válido.
Exemplo: Construir uma árvore de refutação para mostrar que: p Ù q |¾ ~~ p
- Escrevemos a premissa e a negação da conclusão:
1. p Ù q
2. ~~~p
- Sabemos que p Ù q é
verdadeira se, e somente se, p e q
são ambas verdadeiras; daí, podemos substituir
p Ù q por p
e q gerando as linhas 3. e 4.,
respectivamente, e MARCANDO (Ð
) a fórmula p Ù
q .
(Uma fórmula marcada não poderá mais ser utilizada na construção da
árvore!!!)
1. p Ù q Ð
2. ~~~p
3. p
4. q
- Como ~~~p é
verdadeira se e somente se ~p
é verdadeira, marcamos ~~~p
e substituímos por ~p
gerando a linha 5. :
1. p Ù q Ð
2. ~~~p Ð
3. p
4. q
5. ~p
- A árvore terminou pois das premissas e da negação da conclusão
obtivemos variáveis proposicionais ou negações de variáveis proposicionais.
Por outro lado encontramos nas linhas 3. e 5. uma fórmula F,
ou seja, nossa tentativa de refutação falhou e portanto o argumento é válido.
Isso será expresso escrevendo um X no final
da lista, gerando a linha 6 e fechando o único ramo da árvore.
1. p Ù q Ð
2.~~~p Ð
3. p
4. q
5. ~p
6. X
A árvore de refutação está completa. A nossa busca para uma refutação do argumento dado falhou e, portanto, o argumento é válido.
Exemplo:Construir uma árvore de refutação para mostrar que : p Ú q, ~ p |¾q
- Iniciamos a árvore escrevendo a lista de fórmulas as premissas e a
negação da conclusão:
1. p Ú q
2. ~p
3. ~q
- Sabemos que p Ú q
é verdadeira se, e somente se, p é
verdadeira ou q é verdadeira. Para
representar esse fato, marcamos p Ú
q e ramificamos a árvore, gerando a linha 4 com dois ramos:
1. p Ú q Ð
2. ~p
3. ~q
/ \
4. p q
- A árvore terminou pois das premissas e da negação da conclusão
obtivemos variáveis proposicionais ou negações de variáveis proposicionais.
Por outro lado encontramos uma fórmula F em
um ramo, nas linhas 2. e 4. e no outro ramo, nas linhas 3. e 4., ou seja, nossa
tentativa de refutação falhou e portanto o argumento é válido. Isso será
expresso escrevendo um X no final de cada
ramo da lista gerando a linha 5 e fechando os dois ramos da árvore.
1. p Ú q Ð
2. ~p
3. ~q
/ \
4. p q
5. X X
A árvore de refutação está completa. Como a tentativa de refutação falhou nos dois ramos, o argumento dado é válido.
Exemplo:Construir uma árvore de refutação para verificar a
validade do argumento:
p Ú q, p |¾
~ q
1. p Ú q
2. p
3. ~~q Ð
- Temos que ~~q
é equivalente a q; daí, marcamos ~~q
e escrevemos q gerando a linha 4. :
1. p Ú q
2. p
3. ~~q Ð
4. q
- Como no exemplo anterior, marcamos p Ú
q e ramificamos a árvore gerando a linha 5. com dois ramos:
1. p Ú q Ð
2. p
3. ~~q Ð
4. q
/ \
5. p q
- A árvore terminou e nos dois ramos não há contradições, ou seja, uma fórmula F. Neste caso os ramos não serão fechados e o argumento não é válido.
As regras para a construção de uma árvore de refutação estão relacionadas com as tabelas verdade já conhecidas. Ao aplicar uma regra em uma fórmula da árvore, temos a observar que :
- a fórmula será marcada ( Ð
) para evitar aplicações repetidas de uma regra em uma mesma
fórmula.
- a aplicação de uma regra deve gerar : uma ou duas linhas, um ramo ou dois
ramos conforme a regra, e será aplicada em todos os ramos abertos (não
fechados com X) aos quais a fórmula
pertence.
Temos as seguintes regras :
1. REGRA DA DUPLA NEGAÇÃO (~~) : Uma fórmula do tipo ~~A gera uma linha e escrevemos A na linha. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula ~~A pertence pois, ~~ A é verdadeira se e somente se A é verdadeira.
2. REGRA DA CONJUNÇÃO (Ù):
Uma fórmula do tipo A Ù B
gera duas linhas e escrevemos, em cada linha, as fórmulas A
e B. Procedemos assim em todos os ramos
abertos aos quais a fórmula A Ù
B pertence pois, A Ù
B assume valor V se, e somente,
as fórmulas A e B
são verdadeiras.
1. A Ù
B Ð
2. A
3. B
3. REGRA DA DISJUNÇÃO (Ú):
Uma fórmula do tipo A Ú B gera
uma linha e dois ramos e escrevemos, na linha e, em
cada ramo, as fórmulas A e B
respectivamente. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula
A Ú B pertence
pois, A Ú B
assume valor V se, e somente, a fórmula A
é verdadeira ou a fórmula B é
verdadeira.
1.A Ú
B Ð
/ \
2. A B
4. REGRA DA IMPLICAÇÃO
(®): Uma fórmula do tipo A
® B gera uma linha
e dois ramos e escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas ~
A e B respectivamente. Procedemos
assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula
A ® B pertence
pois, A ® B
assume valor V se, e somente, a fórmula ~
A é verdadeira ou a fórmula B
é verdadeira.
1. A ® B
Ð
/ \
2. ~
A B
5. REGRA DA BI- IMPLICAÇÃO («)
: Uma fórmula do tipo A«B
gera duas linhas e dois ramos e escrevemos nas
linhas as fórmulas A e B
em um ramo e as fórmulas ~A
e~B no outro ramo.
Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula A«B
pertence pois, A«B
assume valor V se, e somente, a fórmula
(A Ù B) é
verdadeira ou a fórmula (~
A Ù~ B) é verdadeira.
1.A«B
Ð
/ \
2.A ~ A
3.B ~ B
6. REGRA DA NEGAÇÃO DA CONJUNÇÃO
(~Ù ): Uma fórmula do tipo
~(A Ù
B) gera uma linha e dois ramos
e escrevemos, na linha e, em cada ramo, as fórmulas ~A
e ~B
respectivamente. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula
~(A Ù
B) pertence pois, ~(A
Ù B) assume valor V
se, e somente, a fórmula ~A
é verdadeira ou a fórmula ~B
é verdadeira.
1.~
(A Ù B)Ð
/ \
2. ~A
~B
7. REGRA DA NEGAÇÃO DA DISJUNÇÃO (~Ú
) : Uma fórmula do tipo
~(A Ú
B) gera duas linhas e escrevemos, em cada linha, as
fórmulas ~A e ~B.
Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula ~(A
Ú B) pertence pois, ~(A
Ú B) assume valor
V se, e somente, as fórmulas ~Ae~B
são verdadeiras.
1.~
(A Ú B) Ð
2. ~
A
3. ~
B
8. REGRA DA NEGAÇÃO DA IMPLICAÇÃO (~®)
: Uma fórmula do tipo
~(A ®
B) gera duas linhas e escrevemos, em cada linha, as
fórmulas A e ~B.
Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula ~(A®
B) pertence pois, ~(A
® B) assume valor V
se, e somente, as fórmulas Ae ~B
são verdadeiras.
1. ~
(A ® B) Ð
2. A
3. ~B
9. REGRA DA NEGAÇÃO DA BI- IMPLICAÇÃO
(~«): Uma fórmula
do tipo
~(A«B)
gera duas linhas e dois ramos e
escrevemos nas linhas as fórmulas ~A
e B em um ramo e as fórmulas A
e ~B no outro
ramo. Procedemos assim em todos os ramos abertos aos quais a fórmula ~(A«B)
pertence pois, ~(A«B)
assume valor V se, e somente, a fórmula (~A
Ù B) é verdadeira ou a fórmula (A
Ù~B) é verdadeira.
1.~(A«B)
Ð
/ \
2. ~A
A
3. B ~B
10. RAMO FECHADO : Um ramo
será fechado se nele existem uma fórmula A
e sua negação ~A
e escrevemos X no final do ramo.
1. ~A
2. A
3. X
1.
p ® r Ú
s ÐPremissa
2.
r Ù s ®
q ÐPremissa
3.
~(p ®
q) ÐNegação
da Conclusão
4.
p
3.(~® )
5.
~q
3.(~® )
/
\
6. ~p
(r Ú s) Ð1.(®
)
7. X(6.4)
/
\
8.
r
s 6. (Ú
)
/
\
/ \
9. ~(rÙ
s)Ð
q ~(rÙ s) Ð
q 2.(® )
/ \
\ /
\ \
10. ~r
~s X
~r ~s
X (~Ù
)
11.
X ?
(9.5) X
? (9.5)
(10.8)
(10.8)
Temos neste caso dois ramos que não fecharam e, portanto, o argumento não é válido.
2.) Construir uma árvore de refutação para verificar se a fórmula
(p ® q) Ú
(p Ù~q) é uma tautologia:
1. ~((p
® q) Ú (p Ù~
q)) ÐNegação
da Conclusão
2. ~(p
® q) Ð
1. (~Ú )
3. ~(p
Ù~ q) Ð
1. (~Ú )
4.
p
2. (~®)
5.
~q
2. (~®)
/ \
6. ~p
~~q
3. (~Ù )
7. X
X
(6.4) (6.5)
Todos os ramos estão fechados; assim a fórmula é válida, ou seja, é uma
tautologia.