GENEBRA, 3 de agosto de 2012 (ACNUR) – Mais de 1,5 milhão de pessoas estão deslocadas dentro da Síria com pouco ou nenhum acesso a ajuda humanitária. O alerta foi feito na última sexta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Com os embates ainda em curso muitas pessoas têm sido forçadas a deixar suas casas e procurar ajuda de famílias solidárias ou abrigos improvisados."Muitas outras estão presas no meio da batalha e temem ser atingidas enquanto bu scam proteção", disse Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR em Genebra.
De acordo com o Crescente Vermelho Árabe-Sírio (SARC, em inglês), 7.200 pessoas estão refugiadas em 45 escolas e seis dormitórios estudantis em Aleppo. Outras estão em mesquitas ou perambulam de vila em vila tentando ficar fora da rota de violência. A equipe do ACNUR em Aleppo relata a completa pane na cobertura de celulares e internet.
Por meio do SARC, o ACNUR está distribuindo material básico para as famílias improvisarem abrigos. No entanto, os suprimentos estão bloqueados desde a última semana, quando as forças militares cercaram Aleppo.
A violência também se espalha em Damasco. A Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA, em inglês) reportou 20 mortos e 10 feridos em Yarmouk, onde vivem muitos palestinos. Um refugiado iraquiano disse que seu filho foi atingido no bairro de Sayyda Zainab e morreu ao chegar ao hospital. Um grupo armado atirou nas pernas de um sudanês.
O ACNUR concede assistência financeira emergencial e por tempo limitado a diversos deslocados em Damasco e Al Hasakeh. E um único dia, 700 pessoas procuraram a agência na capital do país para solicitar o recurso e receber orientações. A maioria delas disse temer ataques e roubos. Muitas estão escondidas em escolas superlotadas e em condições precárias de higiene.
Alguns refugiados estão optando por voltar a seu país de origem. É o caso de 20 mil iraquianos que deixaram a Síria em meados de julho, incluindo mais de 5.200 que voltaram em voos fretados pelo governo do Iraque. Os primeiros saíram de Damasco e Aleppo, entraram por Al-Waleed e foram direcionados para um campo de refugiados.
Existem 12 mil refugiados sírios no Iraque e as autoridades esperam receber mais fluxos.
O ACNUR, seus parceiros e as autoridades iraquianas estão montando um segundo campo de refugiados em Al-Qa'im. Cerca de 100 tendas já foram levantadas até agora. Famílias sírias estão sendo registradas em seus locais de origem ou de abrigo, preparando-se para serem removidas para o campo de Al-Qa'im.
A Jordânia continua direcionando os recém-chegados para o novo campo de Za'atri, enquanto trabalha para ampliá-lo. Somente em julho foram registrados aproximadamente 9.500 pessoas, a maioria em Ramtha, no noroeste do país. Ao todo 37 mil refugiados foram registrados na Jordânia e outros 2.700 esperam pela documentação. Mais de 80% vieram das cidades sírias de Homs e Dara'a. No entando, as autoridades jordanianas estimam que cerca de 150 mil sírios tenham entrado no país desde março do ano passado, quando os embates começaram.
Na Turquia entram diariamente entre 400 a 600 refugiados de Alep po e imediações. Mais de 44 mil – cerca da metade deles com menos de 18 anos de idade – estão em oito campos em quatro províncias da fronteira. A equipe do ACNUR está nestas regiões para dar suporte técnico e distribuir materiais para a construção de abrigos emergenciais.
O Líbano continua tendo fluxo constante de refugiados de Homs, Damasco, Dara'a e Aleppo. A maioria não se registra no ACNUR, pois vai diretamente para as cidades de Beirute, Saida ou Tripoli, onde alugam apartamentos ou têm família e amigos.
Das mais de 33 mil pessoas registradas e 1.700 que aguardam o procedimento no Líbano, muitas estão vivendo em condições precárias em comunidades ao norte do país e no Vale do Bekaa. "A maioria é composta por mulheres e crianças com incontáveis necessidades, totalmente dependentes da ajuda destas comunidades, assim como das Nações Unidas e seus parcei ros locais," disse Melissa Fleming, acrescentando que o ACNUR, seus parceiros e governos se preparam para mais influxos de refugiados da Síria.
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