ateliê van lieshout
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Tomando por referência a estrutura urbana atual da Zona Leste de São Paulo, caracterizada por uma mistura generalizada de formas de ocupação do solo, procedimentos construtivos, materiais e estilos arquitetônicos, o Atelier Van Lieshout desenvolveu um projeto que alia a tecnologia de seus produtos com a arquitetura orgânica das favelas. Seus módulos, assim como os barracos das favelas, são facilmente adaptáveis, próprios para situações urbanas desconfiguradas e em constante mutação, o terreno-vago que constitui grande parte da região.

A idéia é instalar um conjunto de postos avançados de Arte/Cidade, em cinco pontos diferentes dentro do recorte urbano do projeto. Áreas situadas junto à vias de trânsito, estações e corredores de pedestres, profundamente afetadas por processos de restruturação urbana. O posto é formado por uma fachada feita de fiberglass colorida, com design especialmente concebido, e a edificação com materiais e procedimentos normalmente utilizados na auto-construção popular. A produção será feita em cooperação com grupos organizados de favelas da área.

Uma arquitetura móvel, vagabunda, baseada na prestação de serviços, voltada para a ativação de uum espaço nômade nestes intervalos urbanos. Um modo de dinamizar o vazio com atividades. Uma crítica à monumentalidade arquitetônica dos projetos de redesenvolvimento urbano propostos para essas regiões.

Os postos inserem-se nos dispositivos de orientação da população local e dos visitantes de Arte/Cidade. Instalados em situações estratégicas da área abarcada pelo projeto, eles servem também para pontuar esse espaço vasto e indistinto, de difícil apreensão. Será ocupado por ao menos uma pessoa, encarregada de informar sobre as diversas intervenções e outras atividades do projeto.

O formato e o programa dos postos é variável: a unidade situa-se entre a infobox, o bar e a moradia. A sobreposição programática deixa em aberto, intencionalmente, as possibilidades de uso futuro. As intervenções, com sua flexibilidade estrutural e funcional, incorporam e potencializam a indeterminação dos espaços instersticiais em que se localizam. Apontam para alternativas de urbanização da zona, o espaço indistinto e conflagrado da cidade.