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O projeto de Carlos Vergara para a praça da Estação Brás do metrô joga com a sorte do lugar. Ele parte da situação atual: uma área cujo futuro está em suspensão. Aqui tudo pode acontecer. Exemplar do malogro de projetos urbanísticos desenvolvidos em complemento às grandes intervenções viárias, como a implantação do metrô.

Trata-se de uma intervenção sobre esta situação aparentemente inerte, uma ação que eventualmente detone um processo de ocupação deste vazio, inibido pelo rígido programa pré-estabelecido pelo planejamento urbano. Portanto, em vez da implantação de um sistema que determine o uso do lugar, apenas a instalação de elementos inacabados que sugiram um possível padrão de ocupação. Um proposição que pode ser acolhida e desenvolvida por eventuais interessados, ou direcionada em outro sentido. Uma estratégia que exponencia a característica básica de toda a região: sua indeterminação, o caráter informe dessa complexa configuração urbana, refratária restruturações centralizadas e homogenizadoras.

A intervenção consiste em instalar no local um conjunto de barracas, do tipo usado pelos camelôs. As barracas, feitas de vergalhões de ferro, aparecem intencionalmente inconclusas, um esqueleto que pode ser completado com tampas e toldos ou utilizado para outros fins. Essa estrutura inacabada não obedece às bases de concreto existentes no local para disciplinar sua ocupação por camelôs, deixando em aberto a configuração urbana resultante. Que tipo de uso e desenho urbano a população local poderá dar a esse espaço? E se, ao invés dos camelôs, ele for ocupado por um outro grupo, como os catadores de papel, cujas instalações de reciclagem situam-se nas imediações?