|
O trabalho de Carlos Vergara consistiu em identificar as várias espécies
de
ervas medicinais que florescem nos terrenos ao longo do ramal
ferroviário.
Os canteiros são demarcados com bandeiras coloridas, presas no alto de
postes espalhados pelos locais e alinhados aos trilhos. Elas correspondem
aos orgãos do corpo humano que as respectivas ervas medicinais
beneficiam.
Uma grande colheita deste material também foi realizada na área,
permitindo
a montagem de uma farmácia _ um herbário _ em que as ervas são
apresentadas
em porções preparadas. Uma botânica do asfalto.
Um modo característico do cientificismo dos séc. XVII e XVIII de mapear
uma
região: pela reconstituição de sua flora. A sucessão das espécies
demarcando
a continuidade do terreno. Catalogação obssessiva e, ao mesmo tempo,
inconseqüente. Um levantamento que remete ao que fizeram as expedições
científicas européias, como a de Langsdorff, que percorreram o Brasil. O
paradoxo anacrônico de uma expedição botânica em pleno coração da
metrópole.
Um mapeamento da cidade feito através de suas ervas, do mato que cresce
entre as pedras de suas construções abandonadas. Os princípios da
botânica e
da farmacologia _ bases do mapeamento cientificista da flora natural e do
corpo humano _ convertidos aqui em instrumentos de cartografia da cidade.
|
|