As aberturas existentes no piso da sala das caldeiras na Matarazzo, provavelmente provenientes da retirada das máquinas que ali estavam instaladas, agora operam como fendas que dão para as entranhas daquele lugar, da própria cidade. São como fissuras por onde se vislumbra o que se ocultou na história da nossa industrialização, o recalcado pelo crescimento da cidade.

Nas imagens que se pode vislumbrar através destes buracos, na instalação-vídeo de Lucas Bambozzi, vêem-se cenas de violência e acidentes de trânsito. O sacrifício dos indivíduos na engrenagem do progresso mecânico, o sofrimento imposto pelo maquinismo. Tudo aquilo que ficou escondido atrás das fachadas, no inconsciente da nossa urbanidade.


Episódios verídicos ou relatos que ocupam os espaços das notícias e do imaginário da população. Flagrantes de violência e hostilidade, a dor dos indivíduos transformada em espetáculo, incitando a comoção popular. Cenas da vida urbana em que a verdade se mistura à ficção, revelando as relações tramadas no cotidiano da cidade.

Cameras fixas, colocadas em pontos estratégicos, registram o movimento da rua. Imagens comuns do dia a dia, mas que surgem carregadas de tensão, sugerindo a iminência de um acontecimento. Fazem atentar para situações aparentemente banais, às quais não se presta atenção, mas que escondem um imesurável potencial explosão.