O farol é um dos elementos tipológicos mais fortes da arquitetura.
Erguido
em geral em áreas costeiras, ele demarca a zona limítrofe entre o
continente
e o mar, o céu e a terra. É um marco de fronteira, de lugares de
passagem,
de terra-de-ninguém. Um dos símbolos mais fortes da presença humana em
lugares remotos, o farol é um posto avançado da civilização.
Construído junto à linha de trem, que são implantadas nos terrenos
baixos,
junto aos rios, este farol _ projetado pela arquiteta e urbanista Regina
Meyer _ indica onde a cidade encontrou seus limites históricos, hoje
convertidos em fronteiras internas. Estende até essa grande área
abandonada
a sinalização urbana, reintegrando esse espaço à cidade. Traz identidade
a
essa região deserta, convertendo-a num lugar.
A estrutura em ferro e concreto, de três vértices, alongada, faz contraponto às tradicionais construções industriais vizinhas. No alto, iluminado por baixo, uma pirâmide invertida, de ferro, parece suspensa, sem tocar o topo. Extraordinária leveza que indica a delicadeza e a precariedade dessas balizas urbanas, que demarcam o tempo e as oscilações da cidade. O farol é para ser visto de longe. Serve de referência para quem está passando pelas avenidas e viadutos da região, para quem está no outro ponto de Arte/Cidade, evidenciando a escala urbana dessas intervenções. A luz emitida amplia o campo em que se insere, para além da área ocupada por suas fundações, articulando todo o espaço ao redor. O farol é um dispositivo de produção de cidade. equipe: Jê Americo e Luiz Junqueira |