O professor Enzo Azzi foi contratado em 1951 pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da São Bento que, junto com a Faculdade Paulista de Direito, incorporava a recém formada Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Doutor em Medicina e Cirurgia, pela Universidade de Parma, e em Psicologia Experimental e Educacional pela Universidade Católica de Turim, foi o responsável pela organização do IPPUCSP (Instituto de Psicologia e Pedagogia da PUC/SP) criado "para colaborar na formação de educadores competentes e cientificamente preparados para sua complexa e nobre missão" (Azzi,1952), suprindo uma necessidade da Pedagogia em melhorar sua compreensão das condutas humanas e de problemas de dimensão psicológica que poderia encontrar em sala de aula
(Santos,1991). De fato, no Brasil a Psicologia ergue-se a partir de outras áreas do conhecimento, sobretudo, Medicina e Educação atingindo sua autonomia como ciência e curso destinado à formação de profissionais somente com a criação dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Psicologia e da regulamentação em 1962 da profissão de Psicólogo.
Lídia Marcondes, ex-professora da PUC/SP e aluna de Enzo Azzi, em entrevista (Santos,1991) refere-se a ele como "(...) um homem de muita cultura; médica, psicológica e humanista, um líder com uma capacidade de trabalho incrível e que por isso foi recomendado para dirigir o IPPUCSP e teve condições de elaborar o Curso e o Instituto de Psicologia da PUC-SP". Como professor "era sério, afável, aberto a qualquer pergunta e muito seguro. Não era comprometido com nenhuma linha específica de psicologia, mas conhecia bem todas, suas aulas seguiam a linha expositiva com ele sempre citando as fontes e cobrando um exame final".
Suas primeiras disciplinas como professor foram a de Psicologia Científica (Experimental) e Orientação educacional na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da São Bento. Posteriormente, ensina Psicologia, curso obrigatório e ministrado em todas as Faculdades e a partir de 1952, com a fundação do IPPUCSP, torna-se responsável por várias disciplinas, entre outras, Psicologia da Criança e do Adolescente e Psicopatologia Geral e da Idade Evolutiva.
Educador de visão, considerava o ofício de professor missão de apostolado visto que sua ação exerce-se sobre o espírito. Acreditava que quem abraça essa profissão o faz por que sente vocação e necessidade de contribuir para o aperfeiçoamento do seu próximo, oferecendo recursos para que ele possa aprender a se conduzir na vida. " Precisamos de uma educação integral, lutar pela palavra e sobretudo pelo exemplo, contra o equívoco, a concepção meramente utilitarista da escola e do diploma (...)" (Azzi, 1955).
Enzo Azzi faleceu em 5 de maio de 1985. Dono de vasta e diversificada produção científica - publicada principalmente na "Revista da Universidade Católica de São Paulo" e na "Revista Normal e Patológica" do IPPUCSP - ao lado de Aniela Ginsberg e Ana Maria Poppovic ocupa um papel basilar na história da Psicologia da PUC/SP.
Referências Bibliográficas
Azzi, E. (1952) Discurso de inauguração do Instituto de Psicologia e Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Revista da Universidade Católica de São Paulo, janeiro, volume 1, fascículo 1, pp.182. São Paulo.
Azzi, E. (1955) Caracteres da Educação - Discurso de Paraninfo. Revista da Universidade Católica de São Paulo, junho, volume 7, fascículo 14, pp.118. São Paulo.
Santos, A.O. (1991) O papel da educação no início do Instituto de Psicologia e Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. In: Histórias do IPPUCSP. Fundação Aniela e Tadeusz Ginsberg. Mimeo. São Paulo.
Nota: Este "perfil" foi elaborado por Alessandro de Oliveira Santos, Psicólogo e ex-aluno da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, com base nos dados coletados em sua pesquisa sobre o papel desempenhado pelo Instituto de Psicologia da PUC-SP na evolução dessa Universidade.