Você sabia que o fonoaudiólogo pode atuar com pessoas com surdocegueira?
Denise Cintra Villas Boas e Léslie Piccolotto Ferreira
Mesmo que você não conheça uma pessoa com surdocegueira, já deve ter ouvido falar em Anne Sullivan ou Helen Keller. Helen Keller (1880–1968) ficou surdocega nos primeiros meses de vida devido a uma doença que, na época, foi denominada “febre cerebral”. Até os sete anos de idade não teve orientação adequada e não tinha estabelecido comunicação com os seus familiares e um contato com o mundo ao seu redor.
Anne Sullivan (1866–1936) ficou cega na infância e, após cirurgias, recuperou parcialmente a visão. Teve sua formação na Perkins School for the Blind (Escola Perkins para Cegos) e foi indicada por Alexander Graham Bell para ser professora de Helen Keller. Com o tempo, coragem e persistência de Anne Sullivan, Helen Keller aprendeu Braille (criado por Louis Braille, em 1825, na França), o alfabeto manual e, dessa forma, a leitura e a escrita. Graduou-se, falava quatro idiomas, recebeu títulos, diplomas honorários e condecorações, além de publicar diversas obras, inclusive sua autobiografia. Seus livros foram traduzidos para vários idiomas.
Depois dessa história tão rica, podemos perceber que as pessoas com surdocegueira, por apresentarem perdas auditivas e visuais concomitantemente, em graus variados, desenvolvem diferentes e específicas formas de comunicação para interagir com o outro e com o meio. É nesse contexto que se insere a Fonoaudiologia. A fonoterapia pode proporcionar ao indivíduo com surdocegueira uma maior autonomia, o estabelecimento de uma forma de comunicação, compreensão das informações, mobilidade, entre outros aspectos relacionados à linguagem e a sua inserção social. O trabalho fonoaudiológico a ser estabelecido acontece de acordo com a funcionalidade, ou seja, a partir do aproveitamento de seus sentidos auditivos e visuais remanescentes, e/ou por meio do tato.
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