Se a natureza não fosse bela,
não valeria a pena estudá-la e a vida não valeria a pena ser vivida.Henry
Poincaré
Não encontrar nenhuma contradição ao
longo de seu desenvolvimento lógico não era condição suficiente para
garantir a coerência dessas novas geometrias, pois nada garantia que uma
contradição pudesse surgir mais à frente no desenvolvimento de um novo
teorema. Na geometria euclidiana, uma vez que os axiomas e os postulados
eram auto-evidentes e, portanto aceitos por todos, as proposições
decorrentes deles só poderiam ser verdadeiras. Porém com as outras
geometrias, não era possível essa garantia a priori, pois os novos
postulados, em substituição ao V de Euclides, não eram evidentes e não
tinham significado físico.
Torna-se necessário a elaboração de um
modelo, ou seja, uma representação gráfica, uma interpretação dos termos
primitivos de forma que os axiomas sejam enunciados verdadeiros. Até então
os descobridores das outras geometrias haviam desenvolvido um sistema
axiomático formal, mas não apresentaram um modelo de representação. Trudeau
(2004, p.254, tradução nossa original em italiano) define modelo de um
sistema axiomático formal “toda interpretação (significado) dos termos
primitivos tais que os axiomas tornam-se enunciados verdadeiros”.
Segundo Bergamini et aL (2003) modelos
construídos mostram também uma outra vantagem: por meio deles foi possível
visualizar os entes do plano não-euclidiano com entes particulares do plano
euclidiano, o que tornou claro, ao menos em parte, a natureza altamente não
intuitiva da geometria de Lobachewsky (BERGAMINI et al, 2003, p.25, tradução
nossa do original em italiano).
O primeiro a elaborar um modelo para a
geometria hiperbólica foi Beltrami
(Pseudo-esfera),
seguido de Klein
(que
utiliza a geometria projetiva) e
Poincaré que
elaborou dois modelos (Semi-plano
Superior e o Disco).
Apresentamos o modelo do Disco de
Poincaré na Atividade 2.
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