79% dos brasileiros afirmam ter o Whatsapp como principal fonte de informação
Por Vinícius Evangelista
Com mais de 165 milhões de usuários, o WhatsApp se tornou o meio de comunicação digital favorito dos brasileiros, sendo o aplicativo mais baixado do país. Destacado por sua praticidade, ele se tornou também uma perigosa porta de entrada para a disseminação de ‘fake news’, como que revelou pesquisa feita pela Câmara dos Deputados e pelo Senado em 2019, cuja conclusão é a de que o WhatsApp se tornou a principal fonte de informação dos entrevistados: 79% disseram só receber notícias pela rede social.
O resultado atesta o forte protagonismo que o aplicativo teve nas eleições presidenciais no ano anterior à pesquisa, sendo comprovado a violação dos termos de uso da rede para envio massivo de mensagens. “Na eleição brasileira do ano passado (se referindo à 2018) houve a atuação de empresas fornecedoras de envios maciços de mensagens, que violaram nossos termos de uso para atingir um grande número de pessoas”, disse Ben Supple, gerente de políticas públicas e eleições globais do WhatsApp, em palestra no Festival Gabo, no mesmo ano da pesquisa feita entre os brasileiros.
Usar de fake news como estratégia política não é algo novo, e muito menos exclusivo de nosso país. Não é à toa que o termo se popularizou em 2016, durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, da qual venceu o republicano Donald Trump: “Acho que um dos melhores termos que eu criei é fake news”, disse o então presidente recém-eleito, em entrevista à Trinity Broadcasting Network (TBN), em outubro de 2017.
É evidente que o surgimento das redes sociais e a facilitação do compartilhamento de conteúdo trazem, por consequência, uma desinformação crescente no mundo inteiro. Pensando nisso, a escola de jornalismo e organização de pesquisa dos Estados Unidos, Instituto Poynter, criou em 2015 a Aliança Internacional de Checagem de Fatos (em inglês, International Fact-Cheking Network, IFCN), como uma rede de verificação de notícias, na qual reúne agências por todo o mundo com o propósito de fazer as devidas averiguações, e assim, combater a falcatrua. No Brasil, três agências signatárias a IFCN se destacam, são elas: Agência Lupa, Aos Fatos e Estadão Verifica.
Tais agências tem parceria com o WhatsApp desde 2018, fatídico ano do qual a rede teve seus termos violados. Além das brasileiras, mais de 50 organizações de checagem de fatos ao redor do mundo são acessíveis através do aplicativo de mensagens. No Brasil, o processo é simples: o leitor, ao receber algo duvidoso, envia o conteúdo para uma das agências verificar sua procedência e veracidade, e pode também, através da rede social, receber os resultados dessas apurações.