O grande irmão das fake News: uma vigilância necessária.
Como as empresas brasileiras de fact checking se posicionam nas mídias em um cenário de algoritmos altamente treinados e notícias falsas disfarçadas de opinião
Texto escrito por Alice Di Biase
É inegável que as redes sociais estão cada vez mais presentes em todo o cenário mundial. Segundo levantamento da Comscore, empresa americana de análise da internet que fornece dados às empresas de todo o mundo, o Brasil é terceiro país que mais usa redes sociais. Não somente a quantidade de usuários na internet aumentaram, mas também o tempo de consumo desse conteúdo.
Não é à toa que as bigtechs, para prender a atenção do consumidor pelo maior tempo possível, inovam cada vez mais. Assim, o usuário encontra não só uma maneira de passar o tempo, mas ainda, conteúdos e publicidades pensados especificamente para o seu perfil. Os chamados algoritmos são treinados para criar uma espécie de bolha, onde o usuário fica imerso em um ambiente sem divergências de opinião. E é dessa forma que as fake News chegam.
Levantamento feito pelo instituto Poynter, instituição não governamental de jornalismo e pesquisa que tem origem na Flórida (EUA), afirma que 4 em cada 10 brasileiros relatam receber fake News diariamente. Esses dados se tornam preocupantes quando se leva em consideração que as mensagens falsas também são enviadas de acordo com o perfil de cada usuário, tornando mais difícil identificar sua veracidade.
A princípio podem não parecer tão alarmantes, mas viram instrumentos de caos em massa, se bem planejadas. Assim como ocorreu com as vacinas na pandemia de Covid-19. O cenário era tão fértil para disseminação de notícias falsas a respeito do vírus que dificultou o acesso das famílias à informação verificada. Dentre as tantas fake News, muitas “viralizaram”, entre estas as que afirmavam que a vacina da Covid-19 possuía microchips de rastreamento implantados pela China ou que a vacina causava o vírus do HIV. Algumas inclusive, foram disseminadas pelo então presidente Jair Bolsonaro. Foram essas e outras que fizeram do Brasil, referência internacional em diversas campanhas de imunização, ter uma cobertura vacinal baixíssima.
O fluxo com que circulam e a quantidade torna muito difícil um monitoramento eficaz, e quando a notícia falsa é identificada, logo abre-se o debate que utiliza a liberdade de expressão como justificativa. Por esse motivo, empresas de checagem se inserem de maneira integral na internet. As três agências brasileiras que fazem parte da Aliança Internacional de Checagem de Fatos – Lupa, Estadão Verifica e Aos Fatos – possuem maneiras diferentes de fornecer informação de qualidade para os usuários.
A agência de checagem Lupa possui contas ativas no Instagram, X (antigo Twitter), Facebook, TikTok, Youtube e LinkedIn e publica posts regulares desmentindo notícias que tiveram uma maior repercussão, além do quadro “Explicador” que aborda os assuntos mais comentados de maneira didática. Ela também, incentiva fortemente que o público, caso receba mensagens suspeitas, as envie para os robôs checadores no WhatsApp e que assine o Boletim Diário para receber esclarecimentos sobre as principais notícias falsas que circularam nas redes.
Número de celular para o envio de notícias suspeitas. Fonte: Instagram/@agencia_lupa
Outra integrante da aliança, Estadão Verifica, não possui contas exclusivamente voltadas para a checagem de notícias, mas divulgam nas redes do jornal Estado de São Paulo informações de qualidade e o passo a passo para que os usuários enviem notícias suspeitas para um robô verificador no WhatsApp.
Divulgação do quadro “Explicamos” da Agência Aos Fatos. Fonte: Instagram/@aosfatos
Por fim, a Aos Fatos possui contas ativas nas principais redes sociais. Também possui o quadro Radar no qual são publicadas as principais notícias que foram verificadas, e a série de reportagens “Explicamos” para contextualizar e explicar de maneira objetiva os assuntos do momento.