Passar para o conteúdo principal
Diálogos Impertinentes

Diálogos Impertinentes - O PODER 25/11/1997.

A libido da política O economista João Paulo Velloso e a socióloga Aspásia Camargo discutem o poder RENATO SZTUTMAN especial para a Folha Um prazer, uma missão ou uma doença? Qual das alternativas estaria mais próxima da "essência" do poder? Com estas indicações, para dialogar sobre o tema do poder, o mediador Mário Sérgio Cortela (professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) abriu, no teatro do Sesc Pompéia, em 25 de novembro, o último programa da série "Diálogos Impertinentes" de 1997. Os convidados da noite foram João Paulo Reis Velloso, economista e atual presidente da IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), e Aspásia Camargo, socióloga e atual assessora do ministro das Relações Exteriores. Nelson Ascher, poeta e ensaísta, assumiu com Cortela a mediação da discussão. A série "Diálogos Impertinentes" é promovida conjuntamente pela Folha, Sesc (Serviço Social do Comércio) e PUC-SP. Aspásia, para quem "o poder é a libido da política", iniciou o debate alegando que seu engajamento poderia ser compreendido sobretudo como uma missão. Professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas, do Rio, ela disse ter sentido necessidade de utilizar sua formação acadêmica para colaborar com a sociedade. Para tanto, assumiu, por exemplo, o posto de secretária executiva do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, de 1995 a 1997. Reis Velloso, que foi, durante o regime militar, ministro do Planejamento do Brasil por dez anos (1969-1979), admitiu que o poder também pode trazer prazer. "Eu acho que poder pode ser tudo. É um instrumento. Agora, você precisa gostar também. O importante é não ter vergonha de gostar do poder e não mudar por causa dele." A questão do enfraquecimento do Estado brasileiro permeou todo o debate. Segundo Aspásia, estamos vivenciando, com o processo de globalização, uma experiência de descentralização e, consequentemente, um "vácuo" de poder. Para ela, o Estado patrimonial teria entrado em crise, dando lugar à emergência de grupos políticos heterogêneos e micropoderes diluídos na sociedade. Velloso assumiu que o modelo de Estado desenvolvimentista, vigente no Brasil entre 1930 e 1980, foi destruído. Trata-se, para ele, de reestruturá-lo, dando brechas ao processo de descentralização. "Não tem mais sentido a União ficar executando programa de educação, merenda escolar etc. Vamos passar a saúde para o nível municipal, para o nível local." https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs040113.htm

TV PUC Diálogos Impertinentes