Resumos de Comunicações

Resumos de Comunicações

Simpósio 1 

 

SIMPÓSIO 1

Educação Linguística e ensino de Língua Portuguesa: desafios e perspectivas em tempos de transformaçõe

EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA: APLICAÇÃO DA PEDAGOGIA LÉXICO-GRAMATICAL EM CRÔNICA DE LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Andréia Honório da Cunha
- PUC-SP.

Este trabalho tematiza a educação linguística em relação à utilização da pedagogia léxico-gramatical. Conforme a professora Antunes (), consideramos esta pedagogia um importante instrumento de trabalho na leitura e na interpretação tanto textual quanto discursiva dos alunos do EF II. Como corpus utilizamos a crônica de Luís Fernando Veríssimo intitulada: o estranho procedimento de Dona Dolores. Objetivamos demonstrar a amplitude do trabalho léxico-gramatical na produção de sentidos e a reflexão da temática abordada por meio de substantivos e advérbios utilizados na crônica pelo autor em trabalho pedagógico com alunos do oitavos e nonos anos. Metodologicamente, trata-se uma proposta de análise linguística da pedagogia léxico-gramatical com fundamentação teórica relativa aos estudos do grupo GPEDULING - PUC/SP, especificamente em Palma e Turazza (2014). Os resultados obtidos denotam que o trabalho com a educação linguística com enfoque na pedagogia léxico-gramatical se constituem em ferramenta fundamental na produção de sentidos das escolhas de substantivos e advérbios escolhidos pelo autor em relação a dúvida quanto ao “andamento” do estado de saúde da protagonista que varia entre o lúdico e o crítico da figura feminina que assume a posição de dona de e/ou da casa.

Palavras-chave: Educação linguística. Pedagogia léxico-gramatical. Crônica


EDUCANDO PARA O FAZER ARGUMENTATIVO

Carlos Henrique Teixeira de Araújo
Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM

Torna-se, hoje, imperativo o ensino de estratégias argumentativas no ensino básico, uma vez que, ao final do Ensino Médio, os alunos devem desenvolver um texto dissertativo-argumentativo como forma de admissão à universidade. Para mais, além dos elementos estruturais da língua, os vestibulandos devem, principalmente, como forma de erigir uma fundamentada argumentação, ter um grande conhecimento de mundo para que consigam sustentar o ponto de vista nos exames. No entanto, sabendo que o escrever é um ato democrático, questionam-se as coerções que os textos da coletânea podem infligir ao vestibulando durante a produção de texto, tolhendo, assim, a espontaneidade a fim de enquadrar-se à argumentação posta no exame. Sendo assim, esta apresentação indaga e analisa a função do texto motivador do Enem (2018), sendo ele apenas uma orientação ou uma amarra para que os vestibulando aceitem a ideologia ali contida, silenciando-se, assim, as próprias vozes. Reflete-se sobre o tema devido o fazer retórico que deve ser suscitado e desenvolvido ao longo do ensino básico para que o discente tenha condições linguístico-discursivas para convencer e persuadir seu interlocutor de maneira democrática sobre seus pontos de vista. Usa-se, por exemplo, como análise do texto motivador do Enem (2018) Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014) a fim de compreender o éthos do Enem, de entender para qual auditório esse vestibular enuncia, de averiguar quais acordos são necessários para a produção de texto (presunções, valores, hierarquias e lugares retóricos) e de evidenciar quais são os argumentos mais usados nos textos da coletânea. Dessa forma, o professor, em sala de aula, pode ajudar os discentes a entenderem e a desvendarem as ideologias e a retórica contida nos textos pedagógicos.

Palavras-chave: Argumentação. Redação. Vestibular.


EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA CRÍTICA E CIDADÃ NAS AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO MÉDIO TÉCNICO E A CONSTRUÇÃO DE INFOGRÁFICOS DIGITAIS

Eixo: 1. Educação Linguística e ensino de Língua Portuguesa: desafios e perspectivas em tempos de transformações

Rosivaldo Gomes1
Programa de Pós-graduação em Letras
Universidade Federal do Amapá
Heloane Baia Nogueira2
Departamento de Letras e Artes
Universidade Federal do Amapá

Com base em uma visão de educação preocupada com a cidadania global, sob bases desnaturalizadas, de letramentos críticos e de uma educação libertadora (ANDREOTTI, MENEZES DE SOUZA, 2012, MONTE MÓR, 2006; JORDÃO; 2015, FREIRE, 1997), neste trabalho objetiva-se apresentar resultados de uma pesquisa que visou investigar práticas de (multi)letramentos digitais e críticos no trabalho com a educação linguística de alunos do Ensino Médio Técnico a partir da produção do gênero discursivo hipermidiático infográfico. Para fundamentação teórica consideramos as discussões sobre educação linguística em uma perspectiva crítica, currículo, gênero e sexualidade e letramento crítico (ROCHA et ali, 2016; DUBOC, 2012, 2015; FERREIRA, 2018; PEREIRA, MONTE MÓR, 2018; JORDÃO, 2018, LOURO, 1997; 2013). A pesquisa, de caráter qualitativo-interpretativo, situa-se no campo da Linguística Aplicada Interdisciplinar e crítica (ROJO, 2006, MOITA-LOPES, 2006; PENNYCOOK, 2001, 2006) e configurou como uma pesquisa-ação (THIOLLENT, 1997), que objetivou contribuir com as práticas de leitura e produção textual a partir de noções do letramento crítico. O corpus analisado é composto por recortes de episódios de ensino que foram gravados em áudio e de três exemplares do gênero infográfico produzidos nas aulas de Língua Portuguesa por alunos de um curso de mineração de uma escola técnica federal, localizada na Cidade de Macapá-AP. Os resultados da análise demonstram que os aprendizes além de se apropriarem de capacidades e práticas de (mul)tiletramentos – digitais - para produção técnica dos textos também despenharam o papel de analistas críticos frente à temática que envolveu a produção textual digital multimodal dos infográficos, evidenciando como tais produções podem auxiliar no combate à descrição de gênero e sexualidades.

Palavras-chave: Letramento crítico. Ensino. Infográfico. Produção digital.

1 Doutor em Linguística Aplicada (IEL/UNICAMP). Prof. Adjunto I do Departamento de Letras e da Universidade Federal do Amapá e do Programa de Pós-graduação em Letras (UNIFAP/PPGLET). Macapá – AP. Email: rosivaldounifap12@gmail.com
2 Mestra em Desenvolvimento Regional (MDR/UNIFAP) e professora do Curso de Especialização em Linguística Aplicada e Ensino de Línguas da Universidade Federal do Amapá (CELAEL/UNIFAP). Macapá-AP. Email: helobaia84@gmail.com


COMPETÊNCIA LEXICAL E EDUCAÇÃO LINGUÍSTICA: PANORAMA DE PESQUISAS

Lúcia Helena Ferreira Lopes (FacMais-MG)
Adriana Menezes Felisbino (PUC-SP)
Cassiano Butti (PUC-SP)

Esta comunicação se insere na área dos estudos lexicais e tematiza o tratamento dado ao conceito de «competência lexical» em pesquisas brasileiras de pós-graduação realizadas nos últimos 30 anos. Problematiza-se a visão restrita atribuída ao domínio de conhecimentos lexicais, ainda delimitada ao conhecimento de sua estruturação morfossemântica. Justifica-se o trabalho pela necessidade de descrição teórica adequada do conceito de competência lexical que oriente a construção de propostas didáticas para o ensino de língua portuguesa na perspectiva da Educação Linguística. O princípio metodológico implicou a análise de 68 trabalhos defendidos em programas pós-graduação do país, consolidados a partir do Catálogo de Teses e Dissertações, disponível na plataforma digital CAPES. Delimitou-se o levantamento às investigações que, explicitamente, abordaram o tema «competência lexical» ou «competência léxica», publicadas entre os anos de 1990 e 2020. Fundamenta-se a discussão numa interdisciplinaridade entre princípios defendidos em Lexicologia (MORTUREUX, 2004 ; MIGUEL, 2009) e em Educação Linguística (LOMAS, 1999; PALMA; TURAZZA, 2014). Os resultados obtidos ainda são parciais, mas indicam haver raros estudos que demonstrem como esse tipo de competência se desenvolve no plano textual-discursivo. Trata-se, portanto, de um desafio à Educação Linguística no âmbito de uma de suas pedagogias: a léxico-gramatical.

Palavras-chave: Competência lexical. Educação Linguística. Língua Portuguesa.


A ESTRUTURA COMPOSICIONAL DO CONTO COMO PERSPECTIVA DE ENSINO DA ESCRITA NARRATIVA COM POSSIBILIDADE DE CRUZAMENTO GENÉRICO E SEQUENCIAL A SERVIÇO DA ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA

Débora Matos Alauk – PUC/SP
Tatiana da Conceição Gonçalves – PUC/SP

Este trabalho tem por objetivo apresentar uma ação de ensino voltada para a produção escrita, com base no estudo dos gêneros discursivos/textuais, articulado aos princípios da Linguística Textual e aos procedimentos da Análise Textual dos Discursos. Para efetivar essa pesquisa, buscamos analisar e compreender a estrutura composicional do conto “A solução”, de Clarice Lispector, que faz parte da antologia “Todos os contos”, tendo o propósito de perceber e de entender como se constitui e funciona o plano de texto desse gênero e a orientação argumentativa, haja vista os postulados de Adam (2019), o qual estabelece que os gêneros narrativos, como o conto, dispõem de uma configuração de encaixe que possibilita o cruzamento de tipologias genéricas e de sequências, fato que, para nós, justifica e amplia as reflexões acerca da hipótese de que, ainda que o conto apresente uma dominância narrativa, há, em sua estrutura composicional, elementos linguísticos/discursivos que sinalizam um movimento argumentativo. Esse fenômeno da língua permite-nos perceber que uma realização narrativa pode apresentar uma configuração atravessada pelo cruzamento entre gêneros e sequências, os quais subsidiam o movimento argumentativo do texto. Com efeito, tais aspectos podem ratificar a hipótese levantada e ser explorados pelo professor de Língua Portuguesa em atividades de fomento à produção escrita. O quadro teórico que fundamentou essa análise, pautou-se, além das obras de Adam (2011/2019), em Antunes (2010), Bakhtin (2003), Marcuschi (2008/2012), Koch (2004/2005/2015), Marquesi (2017) e nas orientações propostas pelos documentos oficiais: Parâmetros Curriculares – PCN (2000) e Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017).

Palavras-chave: Linguística textual e Análise textual dos discursos; Produção escrita; Cruzamento genérico/sequencial e Orientação argumentativa.


OPERADORES ARGUMENTATIVOS EM ARTIGOS DE OPINIÃO FINALISTAS DA OLIMPÍADA DE LÍNGUA PORTUGUESA

Gabriella Moura Teixeira - PUC/SP

Nesta comunicação, apresenta-se uma pesquisa monográfica com tema relacionado ao estudo dos operadores argumentativos em três artigos de opinião finalistas da quinta edição da Olímpiada de Língua Portuguesa. Seu objetivo foi verificar o uso desses operadores como mecanismos coesivos de progressão textual e as estratégias argumentativas estabelecidas por eles. A escolha temática resultou da relevância dos operadores na progressão textual, já que, segundo Koch (2011, p. 21), “[...] a progressão deste [do texto] se dá, justamente, por meio das articulações argumentativas [...]” . Trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois analisaram-se os operadores no contexto em que foram empregados nos textos. A teoria que sustentou esse trabalho foi a Linguística Textual, que se volta para o estudo da organização linguística do texto em uma perspectiva interacional. Os principais autores estudados foram Fávero (1998), Koch (2011), Koch e Elias (2018), Marcuschi (2007) e Moura Neves (2000). Os resultados obtidos após a análise do corpus mostraram a direção argumentativa dada ao leitor pelos operadores, como inclusão de informação (estabelecendo ou não neutralidade); sinalização de informação de maior relevância; estabelecimento de simetria / assimetria entre elementos; marcação de relações de causa e consequência; suspense / antecipação de informações para contrapor ideias; explicação de uma informação e/ou de um posicionamento; apresentação de conclusão diante de informações / argumentos; comparação entre elementos para evidenciar superioridade, inferioridade ou igualdade; redefinição de informação. Espera-se que esse trabalho contribua com o ensino da produção escrita.

Palavras-chave: Operadores argumentativos; Coesão; Artigo de opinião.


Educação linguística: contribuições para o ensino de literatura

Micheline Tacia de Brito Padovani (PUC-SP)
Marcos Salviano Bispo de Queiroz (PUC–SP

Partindo dos pressupostos teóricos apresentados pela Educação Linguística e pelo pensamento de Antonio Candido de que a literatura é um produto social, entendemos que o texto literário é desenvolvido e apreciado em contexto sócio interacional, ou seja, é um bem cultural e ideológico. Assim, neste trabalho, objetivamos a partir de tais concepções teóricas discutir a importância da literatura no ensino de língua materna e propor uma transposição didática para o Ensino Fundamental I. Com isso, nos basearemos nos estudos sobre Educação Linguística em Figueiredo (2004); Duarte e Figueiredo (2011); Palma e Turazza (2014) e, sobre literatura e ensino em Cosson (2006); Cândido (1995); Chartier (1988), entre outros. Como procedimentos metodológicos, seguimos: 1) levantamento dos pressupostos teóricos da Educação Linguística; 2) levantamento das diretrizes atuais para ensino de literatura; 3) Proposta de transposição didática; 4) Conclusão. Dessa forma, buscamos contribuir para o processo de ensino e de aprendizagem da leitura literária, tendo em vista a linguagem imagética e estética transpassados pela sensibilidade e conhecimento do leitor, os aspectos cognitivos, os aspectos sociais, culturais e identitários expressos no texto literário.

Palavras-chave: Educação linguística; Literatura; Interartes; Ensino de literatura.


PEDAGOGIA DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: REFLEXÕES SOBRE SUAS (IM) POSSIBILIDADES

Dieli Vesaro Palma – PUC/SP
Thiago Zilio-Passerini – PUC/SP

Um dos doze pressupostos da Educação Linguística, segundo Palma e Turazza (2014), é a "ênfase no trabalho com a língua em uso e a variação linguística". Partindo dessa premissa, o objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão acerca das (im) possibilidades de se considerar a existência de uma pedagogia específica para o ensino da variação linguística. Como referencial teórico, partiu-se dos princípios de MATTOS E SILVA (2004); BORTONI-RICARDO (2004); BAGNO (2004; 2007); PALMA; TURAZZA; NOGUEIRA JR (2008); PALMA; TURAZZA (2014a; 2014b); ZILLES; FARACO (2015). Com essas reflexões, espera-se que se abram novos caminhos para o ensino e aprendizagem da variação linguística nas aulas de língua materna.

Palavras-chave: Educação Linguística. Variação linguística. Ensino de língua materna.


PRODUÇÃO TEXTUAL EM UMA PERSPECTIVA DE PEDAGOGIA DA DIVERSIDADE LINGUÍSTICA

César Augusto González
Instituto Federal Farroupilha

Professores de Português parecem estar de acordo com a demanda de que se trabalhe a variação linguística em aula. Contudo, muitos não se sentem preparados para isso, o que pode ter a ver com a concepção de língua com que operam. Trabalhar a variação linguística em aula pressupõe uma concepção de língua como sistema aberto, flexível e dinâmico. Para contribuir com o debate a respeito do trabalho com a variação, primeiramente elaboramos, a partir de Faraco (2008) e de Zilles e Faraco (2015), uma concepção de pedagogia da diversidade linguística, que inclui a variação linguística estrito senso, mas também a alarga a fim de incluir outros fenômenos linguísticos relacionados a “diferentes formas de dizer o mesmo”. Soma-se a isso a valorização do multilinguismo brasileiro. A pedagogia da diversidade linguística também reflete sobre o ensino e a aprendizagem, adotando a pedagogia de projetos como método e instrumento. Em segundo lugar, apresentamos uma pesquisa-ação realizada com uma turma de primeiro ano de ensino médio integrado de um IF. A tarefa apresentada se volta para a produção coletiva de um e-mail pela turma. A produção envolveu a turma e o professor em um intenso trabalho de reflexão sobre “diferentes formas de dizer o mesmo”, a fim de construir um texto que contemplasse todos os participantes e fosse adequado para estabelecer a interlocução pretendida. Os resultados sugerem que a pedagogia da diversidade linguística foi capaz de contribuir para a produção textual, por meio da reflexão sobre questões linguísticas relevantes para o texto.

Palavras-chave: pedagogia da variação linguística; pedagogia de projetos; pesquisa-ação.


O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA COMUNICATIVA NO ENSINO SUPERIOR POR MEIO DO GÊNERO SEMINÁRIO

Márcia Silva Pituba Freitas
marpituba@hotmail.com
Pontifícia Universidade Católica - SP

A competência comunicativa é um desafio dos dias atuais. Seja na escola ou no próprio ambiente familiar, os saberes linguísticos podem ser fundamentais para a eficiência da comunicação entre locutor e interlocutor(es). De que maneira uma apresentação de seminário pode contribuir na formação de especializandas para o aperfeiçoamento dos letramentos no eixo: leitura, oralidade e escrita? Por meio de um relato de experiência, da ação docente em ensino superior, em curso de especialização de Alfabetização e Letramento, módulo de Literatura Infantil, esse trabalho visa trazer os resultados obtidos, a partir do processo de elaboração e exposição do gênero in tela, parte integrante da avaliação da disciplina, como fundamental na construção de saber científico, linguístico e literário. Para a elaboração do seminário, as alunas pesquisaram (leitura), elaboraram slides (escrita) e fizeram apresentação oral (oralidade), por via da plataforma digital da instituição. Constata-se que, depois da apresentação, as alunas avançaram tanto na competência cultural quanto na linguística e na literária, com ampliação de repertório e resgate de memórias afetivas importantes, para a construção de saberes pedagógicos. Com base nos pressupostos teóricos de Duarte e Figueiredo (2011) e Palma e Turazza (2008, 2012), desenvolvemos a pesquisa.

Palavras-chave: Educação linguística. Seminário. Letramentos.


CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Natália Peixoto Trevisan - PUC-SP
Lilian Ghiuro Passarelli - PUC-SP
Apoio financeiro: CAPES P

O conceito de avaliação formativa mostra-se desgastado no meio educacional e nem sempre corresponde a práticas verdadeiramente ligadas à regulação das aprendizagens ou a uma concepção processual. Ainda se veem avaliações ligadas à coerção sem resultados voltados a reflexões e mudanças no ensino. Este trabalho objetiva investigar as concepções e práticas de avaliação da aprendizagem utilizadas por professores de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental II público e como esta pode ser utilizada em prol da aprendizagem. Além disso, coexistem diversas concepções de ensino de língua materna nas escolas. Práticas educativas obsoletas ainda permeiam as aulas de português e as avaliações acabam refletindo esse olhar sem estimular a reflexão sobre a linguagem ou aprimorar as competências leitora e escritora efetivamente. Sabe-se que alterações no ato de avaliar envolvem mudanças nas práticas educativas como um todo. Partindo disso, será feita uma pesquisa bibliográfica sobre o tema da avaliação formativa e sua função reguladora e serão sistematizadas publicações recentes cruzando os temas “avaliação” e “língua portuguesa”. Como base, tem-se o sociointeracionismo como concepção de linguagem e de ensino. Posteriormente, será realizada uma pesquisa a campo com professores de educação básica acerca das concepções de avaliação que utilizam e seus instrumentos avaliativos. Espera-se que a pesquisa contribua para promover reflexão aos sujeitos envolvidos. Este trabalho ainda está em desenvolvimento.

Palavras-chave: Avaliação; Concepções; Língua Portuguesa.


CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Natália Peixoto Trevisan - PUC-SP
Lilian Ghiuro Passarelli - PUC-SP
Apoio financeiro: CAPES P

O conceito de avaliação formativa mostra-se desgastado no meio educacional e nem sempre corresponde a práticas verdadeiramente ligadas à regulação das aprendizagens ou a uma concepção processual. Ainda se veem avaliações ligadas à coerção sem resultados voltados a reflexões e mudanças no ensino. Este trabalho objetiva investigar as concepções e práticas de avaliação da aprendizagem utilizadas por professores de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental II público e como esta pode ser utilizada em prol da aprendizagem. Além disso, coexistem diversas concepções de ensino de língua materna nas escolas. Práticas educativas obsoletas ainda permeiam as aulas de português e as avaliações acabam refletindo esse olhar sem estimular a reflexão sobre a linguagem ou aprimorar as competências leitora e escritora efetivamente. Sabe-se que alterações no ato de avaliar envolvem mudanças nas práticas educativas como um todo. Partindo disso, será feita uma pesquisa bibliográfica sobre o tema da avaliação formativa e sua função reguladora e serão sistematizadas publicações recentes cruzando os temas “avaliação” e “língua portuguesa”. Como base, tem-se o sociointeracionismo como concepção de linguagem e de ensino. Posteriormente, será realizada uma pesquisa a campo com professores de educação básica acerca das concepções de avaliação que utilizam e seus instrumentos avaliativos. Espera-se que a pesquisa contribua para promover reflexão aos sujeitos envolvidos. Este trabalho ainda está em desenvolvimento.

Palavras-chave: Avaliação; Concepções; Língua Portuguesa.


O ESTUDO DE ADVERBIAIS E SEU PAPEL NA CONSTRUÇÃO DISCURSIVA

Raquel Schnoeller de Toledo
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Com o objetivo de demonstrar o papel modalizador de adverbiais em gêneros textuais diversos, a comunicação a ser feita versará sobre a prática de leitura e negociação de sentidos em um texto a partir de um exercício proposto para o Ensino Médio. Compreende-se que no ensino básico os advérbios comumente são tratados como mero acessório, visto que a gramática tradicional parte de tal classificação, sem – muitas vezes – considerar os efeitos de sentido no uso desses léxicos. Além de que, se apenas considerarmos as classificações apresentadas nos materiais de base para o estudo da língua ao que se refere ao advérbio temos a devida distinção entre função, sentido e forma? Estaria o professor mediador plenamente consciente de tais distinções? Portanto, nessa apresentação, pretende-se demonstrar a distinção e de que modo ela poderia ser pensada na leitura em uma atividade desenvolvidas na sala de aula. Para tanto, teremos como aparato teórico CUNHA e CINTRA (1985), BECHARA (1961), VILELA e KOCH (2001) e PERINI (2016). As referências à Gramática Tradicional estão em consonância com o repertório dos professores e a realidade de uso na sala de aula. No entanto, em virtude do fato de que este trabalho se propõe a discutir o uso produtivo do advérbio em construções textuais, abordaremos bibliografias mais voltadas para o texto.

Palavras-chave: Advérbio, modalização discursiva, leitura.


Simpósio 3 

 

SIMPÓSIO 3

Português - Língua Estrangeira: perspectivas

INOVAÇÃO: UMA NOVA PROPOSTA PARA O ENSINO DE PLE

Maria Angela de Melo
Eliane Roncolatto
International House de Montevidéu

O objetivo da apresentação é detalhar as características e finalidades do livro didático Inovação- como uma nova proposta para o ensino e aprendizagem de PLE. O Inovação Nível Básico foi lançado no Uruguai em fevereiro de 2017, e foi adotado por diversas instituições desse país. O Inovação Nível Intermediário foi lançado em fevereiro de 2020. Ambos foram publicados pela Editora Santillana / Richmond. Cada livro possui 12 unidades e está dividido em três seções: apresentação e desenvolvimento do conteúdo; gramática e por último prática, cujo planejamento e sequência didática teve como suporte a abordagem comunicativa fazendo com que as partes se complementassem entre si. Na apresentação e desenvolvimento do conteúdo há atividades controladas por instruções precisas, no começo, e atividades mais abertas e criativas no final. A proposta também inclui páginas de leitura e produção textual guiada, seção de cultura, quadros de frases úteis com linguagem funcional para facilitar a comunicação espontânea dos alunos, quadros de fonética e quadros de atenção que oferecem dicas sobre o uso de determinadas estruturas da língua as quais serão sistematizadas na seção de gramática. Para complementar e fechar esse ciclo há a seção de prática onde se propõem atividades que requerem análise, elaboração, síntese, reflexão e criatividade ao mesmo tempo em que reforçam o conteúdo visto. Essas visões baseadas em uma série de estudos científicos de diversos autores e também em experiências próprias tiveram profunda influência na elaboração das seções e subseções do Livro Inovação.

Palavras-chave: Livro didático; Ensino-aprendizagem; PLE.


PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE PLE: UMA QUESTÃO DE MÚLTIPLAS FACES

Profa. Maria José Nélo
(Universidade Estadual do Maranhão)

Nesta comunicação, são apresentadas e discutidas experiências cotidianas nas diferentes instâncias em que se desenvolvem as atividades dos professores com formação em Letras e, entre suas atividades, elaborações de material de ensino de língua portuguesa tanto para alunos nativos quanto para estrangeiros. Nesse contexto, a produção de material didático circunscreve-se como centro de atenção da necessidade e do interesse do aluno aprendiz, dos livros de suporte didático do professor e do aluno, das ideologias da instituição de ensino, além das exigências do mercado de trabalho e certificação de proficiência de quem busca aprender o português, variante brasileira. Dessas questões emergem as múltiplas faces para a produção material e prática de ensino envolvendo inovação linguística textual e tradição gramatical, fronteiras entre a inovação e o tradicional. Os resultados obtidos indicam que o tradicional fomenta bases para os alunos em nível inicial, as inovações transitam de fato nos avanços fluídos e na dinâmica de interdiscursos, ou seja, tende a haver contínuos entrelaçamentos do que se apresenta como discurso: jornalístico, literário, cotidiano, histórico, cultural entre diferentes grupos sociais na produção de material didático e de ensino. Essas são as faces em que ocorrem o ensino e aprendizagem, de diversos modos e graus, nas tradições de ensino da língua portuguesa vivida em sala de aula nas quais transbordam os conflitos e aplicações de atividades realizadas por outro profissional. Assim sendo, nas transformações significativas do ponto de vista da inovação estão os princípios teórico-metodológicos diversos, as práticas de ensino e a produção de material didático.

Palavras-chave: Ensino de PLE. Material didático. Interdiscurso.


O ENSINO DE PORTUGUÊS PARA MIGRANTES A PARTIR DE ATIVIDADES SOCIAIS: UMA PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

Daniela Aparecida Vieira
(PUC-SP)

Como se sabe, não existem, no Brasil, diretrizes curriculares concernentes ao ensino da língua portuguesa para migrantes. Levando em conta essa inexistência de diretrizes, esta comunicação tem como objetivo apresentar uma proposta de organização curricular que visa atender, em larga medida, às necessidades e aos interesses desses alunos. Tal proposta baseia-se em atividades sociais (VYGOTSKY, 1923; LEONTIEV,1977, 2010; ENGESTRÖM, 2011; LIBERALI, 2009), que podem ser entendidas como atividades que se realizam na vida cotidiana, tais como: fazer amizades, procurar um emprego, solicitar um documento, alugar um imóvel, entre outras. Para atingir esse objetivo, será mostrada uma parte do trabalho didático-pedagógico que vem sendo desenvolvido nas aulas de português para haitianos em um Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos localizado na periferia da cidade de São Paulo. Em algumas dessas aulas, foram aplicadas atividades didáticas elaboradas a partir da atividade social “procurar um emprego”, pois, nessa instituição da rede pública municipal de ensino, que atende cerca de 800 (oitocentos) haitianos, (re)colocar-se no mercado de trabalho é, segundo os próprios estudantes, a sua principal necessidade. A análise da aplicação dessas atividades didáticas parece indicar que as atividades sociais consistam, de fato, em uma possibilidade para organização do currículo de português para migrantes. Esse tipo de organização curricular leva em consideração as experiências vivenciadas pelos aprendizes e busca fazê-los refletir criticamente sobre elas, contribuindo, desse modo, para que os discentes possam transformar a realidade em que estão inseridos.

Palavras-chave: ensino de português para migrantes; atividades sociais; organização curricular.


Programa O Mundo da Língua Portuguesa - RadiOlavide: oralidade e o uso da radiodifusão em aulas de PLNM no sul da Espanha

Giselle Menezes Mendes Cintado
Universidade Pablo de Olavide (UPO) Sevilha, Espanha

As expressões orais, assim como as escritas, são destrezas produtivas que podem representar graus de dificuldade aos discentes, em concreto as destrezas orais, já que dependendo dos interesses e das necessidades do aprendente, busca-se desenvolver atividades através de comunicações autênticas e manifestações habituais da vida cotidiana. Grande parte deste atual cenário contempla um contexto educacional transformado pela tecnologia. Esta conjuntura demanda um docente que se renove e integre novas mídias no dia a dia do ensino para um aprendizado mais autônomo e dinâmico e, em especial, mais interativo. Uma destas ferramentas para esta interatividade é o podcast. O podcast, conteúdo de mídia em áudio, é a forma de difusão do programa "O Mundo da Língua Portuguesa" da RadiOlavide, o 1º programa de rádio em português na cidade de Sevilha, sul da Espanha. Alguns modelos teóricos que emolduram este projeto são baseados nos estudos de Almeida Filho (2002), Freitas (2004) e Sá (2018) sobre interação e oralidade em aulas de Segundas Línguas (SL), bem como Mayor (1994) e Gonçalves et alia (2016) em fundamentos e aquisição de SL, entre outros.

Palavras-chave: Língua Portuguesa, PLNM, Oralidade, RadiOlavide, Sevilha.


Idiomas e internacionalização da universidade no Brasil e em Portugal

Thaís H. Affonso
– Universidade do Porto

No âmbito de inúmeras iniciativas que têm sido pensadas no sentido de integrar os sistemas universitários de distintas regiões do planeta, a internacionalização se tornou uma estratégia imprescindível na elaboração ou reformulação dos programas universitários. Dentro do contexto da internacionalização, tem-se a questão do idioma; um aluno em mobilidade geralmente estará envolvido com outras línguas além da sua. Sem o conhecimento de línguas estrangeiras, as barreiras linguísticas e culturais impedem a cooperação entre instituições. A presente pesquisa está centrada em um estudo de caso de duas universidades, e busca relatar como Brasil e Portugal lidam com a demanda e metodologia do ensino de sua língua mãe (português como língua estrangeira) e do aprendizado e uso da língua inglesa dentro dos processos de internacionalização de suas instituições de ensino superior. O Brasil ainda se mostra embrionário na internacionalização (OECD, 2019) e improficiente em língua inglesa (British Council, 2018), enquanto Portugal ocupa a 12ª posição no ranking de competência em inglês (relatório da EF, 2019) e tem batido recordes de alunos estrangeiros – segundo os veículos jornalísticos do país e os websites das universidades. Procura-se investigar que modelos eficientes no setor Portugal tem a oferecer a seu país irmão.

Palavras-chave: Internacionalização; ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras; metodologia de ensino de línguas.


A INTERCULTURALIDADE E AS EMOÇÕES NA DIDÁTICA DE PLE

Laura F. Piccone
I.S.F.D. y T. - Buenos Aires - Argentina

Aprender uma língua estrangeira pressupõe-se quase sempre a divulgação da língua, partindo da ideia de cultura como o conjunto de expressões artísticas nas diferentes artes e não como parte integrante dela. Este trabalho de pesquisa parte do conceito de língua como elemento essencial de uma cultura e a interculturalidade no ensino do PLE como espaço de encontro entre as culturas. Em primeiro lugar, vamos estabelecer relações entre os diferentes paradigmas teóricos, sobre o ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira, neste caso o PLE - Português Língua Estrangeira - e o lugar da interculturalidade como operadora da motivação emocional. Desde o construtivismo vigotskiano, sabe-se que o ser humano é, historicamente, produto da relação indivíduo/sociedade e suas características serão o resultado das pressões do meio externo, da interação dialética entre o homem e o meio sócio cultural. Nesta mesma visão, busca-se reconhecer ao aprendiz de PLE como homem/ corpo / mente, aquela nova perspectiva na qual subjaz a nova psicologia, com a finalidade de integrar estes três elementos. Em segundo lugar, continuando com a tríade, analisaremos ao homem/ biológico/ social enquanto membro de uma espécie humana e participante do processo histórico. (OLIVEIRA, 1993) para demonstrar que a linguagem é a mediadora por excelência, que carrega a cultura humana, e, portanto, os sistemas de signos serão intermediadores entre os seres humanos e o mundo, construídos historicamente. Por último, apresentar-se-á um novo material didático que busca cumprir com os objetivos da pesquisa empreendida a partir dos aspectos: a. o global e o local; b. a desconstrução da aprendizagem tradicional; c. encontro de culturas em um exercício; d. evocação de aspectos emocionais para motivação; e. o sujeito como gestor de sua autonomia no processo ensino-aprendizagem. Pretende-se discutir: (1) as atividades dos livros que temos à disposição não representam a realidade do aluno em termos de situações contextualizadas de uso do PLS/PLE/PLA/PLH; (2) as quatro macro competências não estariam vinculadas nas unidades de ensino; (3) muitas das tarefas são apresentadas de forma estruturada, para que o aprendiz não construa a sua aprendizagem, mas repita paradigmas sem perceber como lá chegou; (4) para que o livro tenha uma orientação intercultural, devemos acompanhar o aprendizado com uma reflexão sobre as diferentes culturas que entram em jogo em um texto, ilustração, fotografia, músicas, poemas, etc. Para o ensino e aprendizagem de PLE, seria de vital importância que o aprendiz “se encontrasse” dentro dessa “nova” cultura e não que aquela língua lhe fosse “estrangeira”.

Palavras-chave: Interculturalidade; Didática; Emoções.


A INTERAÇÃO EM AULAS REMOTAS DE PLE

Maria do Carmo M.R. B. Ribeiro (Nupple – COGEAE IP PUC SP)
Aparecida Regina Borges Sellan ( PUC SP – Nupple IP PUC SP)

Esta comunicação trata da realização de aulas remotas, na modalidade síncrona, de Português como Língua Estrangeira. Tem-se como objetivo principal contribuir com o ensino de PLE. São objetivos específicos: 1. Identificar as necessidades dos aprendentes; 2. Levantar possibilidades metodológicas propiciadas pela tecnologia disponível para aulas remotas; 3. Analisar os conteúdos a serem levados aos alunos. Justifica-se este trabalho na medida em que as novas condições enfrentadas no ano de 2020 exigiram uma adaptação geral daqueles envolvidos nos processos de aprendizagem, tanto do ponto de vista da metodologia utilizada, quanto do material a ser transmitido aos alunos. Os estudantes eram originários de países com línguas de grande distanciamento, nível iniciante, com pouca interação com falantes nativos. O curso, estruturado pelo enfoque interculturalista, utilizou a plataforma disponibilizada pela instituição, adaptando atividades culturais e promovendo interação aluno-aluno e alunos-professor. Observou-se que: 1. Os alunos tinham intenção de fixar residência no Brasil, não tinham conhecimento da língua portuguesa, mas grande interesse em aprendê-la; 2. Além da utilização de manual didático, as plataformas digitais dispõem de diversos recursos adequados ao ensino de línguas; 3. A condição de aulas remotas somada à situação de isolamento social exigiu adaptação do conteúdo a ser ministrado aos alunos, sem que houvesse perda da motivação. Conclui-se que a realização de aulas remotas síncronas é viável no ensino de línguas sem prejuízo para a aprendizagem.

Palavras-chave: ensino de PLE, aulas remotas, interculturalismo.


Simpósio 4 

 

SIMPÓSIO 4

Estudos lusófonos em debate

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL BRASILEIRA NAS GUERRAS MEMAIS ENTRE BRASIL E PORTUGAL

Lara Ferreira do Vale
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Das guerras de independência, passando pelas Guerras Mundiais, até chegar às guerras híbridas que destituíram governos no Oriente Médio e na América Latina, pode-se afirmar que conflitos são uma constante na história da humanidade. As Guerras são, em certa medida, responsáveis por moldar e modificar as culturas nacionais e determinadas Guerras são ocasionadas pela percepção de ameaça aos valores dessas culturas. No século XXI, esses conflitos passaram a ocorrer também na internet, sobretudo nas redes sociais, tendo como seu principal exponente os memes. O termo cunhado pelo biólogo Richard Dawkins em 1976, como um análogo ao gene responsável por propagar a cultura, ganhou destaque no século XXI com a popularização da banda larga e a democratização do acesso à internet. Utilizado por usuários comuns nas interações cotidianas, o conceito e suas aplicações se transformaram e hoje os memes estão presentes de forma significativa em toda a internet, ocasionando, em 2016, o que ficou conhecido como Primeira Guerra Memeal, travada entre Brasil e Portugal. Além de fornecerem uma possibilidade de análise e reflexão crítica da sociedade, os memes podem, até certo ponto, ser utilizados como ferramentas de convencimento ou de manipulação de um determinado público, ou ainda como exaltação de uma cultura, como no caso das Guerras Memeais travadas entre o Brasil e outros países. Nesse âmbito, este trabalho, com base em Jefrrey Lesser e Stuart Hall, discute como os memes divulgados na Guerra Memeal entre Brasil e Portugal podem contribuir para uma análise da identidade nacional brasileira.

Palavras-chave: memes, guerra memeal, identidade nacional.


DIÁSPORA LUSÓFONA EM FOCO: O CASO DAS ESCOLAS BRASILEIRAS NO JAPÃO

Pedro Augusto Zambon (UPM)

O presente trabalho é parte de um projeto maior no âmbito dos estudos do Grupo CNPq/UPM – Cultura e Identidade Linguística na Lusofonia (CILL) e no projeto de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Letras da UPM, “Cartografias do Português”. Sua temática se insere no campo dos Estudos Culturais e Lusófonos, centrando-se em pesquisas acerca da presença e do desenvolvimento da Língua Portuguesa como língua de herança no espaço nipônico. Para tanto, partimos de um levantamento bibliográfico, especialmente sobre os elementos históricos dos diversos contatos entre a língua portuguesa com a realidade linguística e cultural do Japão, além de estudos específicos sobre a modalidade de português língua de herança. Paralelamente, realizou-se pesquisa quantitativa que revelou que o Japão apresenta um número crescente de universidades que possuem centros de estudos de língua e cultura dos países lusófonos, de universidades que oferecem cursos de língua portuguesa e, ainda, a forte incidência de escolas brasileiras homologadas pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) naquele contexto. Esses dados possibilitaram que se realizasse, também, um breve descritivo do funcionamento do corpo docente e discente de uma das unidades da rede de escolas brasileiras, Escola Alegria do Saber, unidade de Hamamatsu. Por fim, este estudo procurou delinear o incremento da importância da língua portuguesa em solo nipônico, adotando uma perspectiva histórica, de seus primeiros contatos até a atualidade.

Palavras-chave: Lusófonia; Japão; Diáspora.


SEMÂNTICA DE LÍNGUA PORTUGUESA EM LIVRO DIDÁTICO DA 9ª CLASSE EM ANGOLA E 9º ANO NO BRASIL

Sônia Maria Nogueira (IP-PUC/SP, UEMASUL)
Daniela Jaqueline Tôrres Barreto (UEMASUL)

Este artigo busca identificar aspectos da Semântica inseridos nos manuais didáticos de Língua Portuguesa de países lusófonos, especificamente de Angola, 1º ciclo do Ensino Secundário; e do Brasil, Ensino Fundamental, na década de 2010, sendo correspondentes em grau de escolaridade. Os corpora são constituídos das obras “Língua Portuguesa”, 9ª classe, de Mesquita e Gonçalves Pedro (2014), do 1º ciclo do Ensino Secundário – Ensino Geral, de Angola; e “Para viver juntos: Português”, 9º ano, de Marchetti; Strecker e Cleto (2015), do Ensino Fundamental – anos finais. Justifica-se esta seleção, em virtude de terem sido adotados em seus respectivos países. A metodologia tem abordagem bibliográfica e qualitativa. Para a fundamentação teórica, utiliza-se para Lusofonia Bastos e Brito (2013) e Balsalobre (2015, p. 31); Semântica Guiraud (1960), Cançado e Amaral (2017, p. 8), Marques (1996, p. 73) e Wachowicz (2013, p. 153). Sendo assim, constatou-se que tanto os gramáticos angolanos quanto os brasileiros propuseram, na década de 2010, o estudo da teoria Semântica para o ensino-aprendizagem nos livros didáticos, por meio de atividades sobre aspectos semânticos.

Palavras-chave: Semântica. Livro didático. Lusofonia.


Simpósio 5 

 

SIMPÓSIO 5

Língua Portuguesa: materiais e métodos lúdicos de ensino em múltiplos ambientes de aprendizagem

O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA POR MEIO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS: UMA PROPOSTA

Ednaldo Torres da Silva
- PUC-SP.

É fato que há problemática em torno dos resultados de leitura de nossos estudantes. Exames de avalição, tanto nacionais quanto internacionais, apontam que a escola brasileira está encontrando dificuldades na formação de alunos leitores capazes de compreender o que leem. Nesse contexto, com o objetivo de proporcionar condições para que os estudantes desenvolvam as competências leitora e escritora a partir dos diversos gêneros textuais constituídos pelas práticas sociais pertencentes a diferentes áreas do conhecimento, esta comunicação visa apresentar uma proposta de projeto pedagógico de leitura e escrita, cuja temática atende os interesses e necessidades de alunos do ensino médio. A proposta, elaborada nas aulas da disciplina Leitura e Escrita como compromisso de todas as Áreas e o Papel do Formador, foi orientada pela Profª. Drª. Lílian Ghiuro Passarelli, no ano de 2018. Na elaboração deste projeto, levamos em consideração o que propõem Cintra e Passarelli (2012), Geraldi (2006), Passarelli (2011, 2012), e Passarelli e Cintra (2002).

Palavras-chave: Gêneros textuais. Projeto pedagógico de leitura e escrita. Formadores de diferentes áreas do conhecimento.


ANÁLISE RETÓRICA DAS PAIXÕES NA EPÍSTOLA DE I CORÍNTIOS

Éber José dos Santos
PUC-SP

Propõe-se neste trabalho identificar as paixões presentes no capítulo 13 da epístola de I Coríntios, com base na concepção das emoções de Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.) e São Tomás de Aquino (1225 – 1274). O apóstolo Paulo, escritor da carta, é considerado o principal disseminador e doutrinador da Igreja Cristã nos seus primórdios. São Tomás de Aquino, por sua vez, é um dos pais da Igreja Cristã e o principal representante da Escolástica, filosofia da Idade Média, e se alicerça na teoria aristotélica. Ambos, portanto, influenciam a cultura e a religião das sociedades judaico-cristãs, bem como suas compreensões sobre paixões. Retórica das Paixões e Paixões da Alma serão base de estudo, assim, o suporte teórico é composto por Aristóteles (2005), Meyer (2000), Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996) e Aquino (2009). A partir da análise verificou-se que a tristeza, a esperança, o favor são as paixões que o orador buscou suscitar no auditório e o amor compôs o tema do discurso apresentado, que, na carta, aparece como caridade.

Palavras-chave: Paixão. São Tomás. São Paulo.


PROJETOS PEDAGÓGICOS DE LINGUAGEM: ESTRATÉGIA DE ENSINO PARA APRENDIZAGEM ATIVA DE LEITURA E ESCRITA

Estela Lia Teixeira Moreira Lima
PUC-SP

Como parte da pesquisa em andamento, este trabalho pauta-se na hipótese de que o ensino baseado em projetos pedagógicos de linguagem pode sustentar reflexões de modo a propiciar a aprendizagem ativa, por meio de projetos que contemplem as práticas sociais de leitura e escrita em contextos multimodais. Com esses projetos pretende-se desenvolver, junto aos estudantes, propostas que recuperem a dimensão lúdica, considerada essencial para o desenvolvimento de crianças e jovens no espaço escolar. Assim, busca-se delinear a função pedagógica do professor de língua portuguesa do ensino fundamental na condução de projetos alinhados ao ensino de leitura e escrita na perspectiva dos multiletramentos.

Palavras-chave: Projetos pedagógicos. Leitura. Escrita. Ensino.


MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: O ENSINO DA ESCRITA NAS PRÁTICAS SOCIOINTRACIONISTAS

Evanilza Ferreira da Silva UFAC/AC - PUC/SP/ BRASIL
evasilva.vip@hotmail.com
Lílian Maria Ghiuro Passarelli
liliangp@uol.com.br

Esta pesquisa de doutorado em andamento objetiva investigar o papel do professor do 5º ano como mediador das ações atinentes ao ensino da escrita no contexto atual, bem como promover ação formativa para discutir a viabilidade de pautar o trabalho com escrita em proposta sustentada por projeto pedagógico de linguagem. Essa modalidade de projeto, por se embasar em perspectiva sociointeracionista, possibilita atividades com leitura e escrita de variados gêneros textuais e multimodais. Por meio de atividades lúdicas e interativas, os projetos favorecem uma mediação ativa do professor e o engajamento dos aprendizes, com vistas a que se tornem sujeitos de sua própria aprendizagem. Acreditando-se que o professor transforma a sua prática refletindo sobre ela e articulando-a com as teorias educacionais é que se propõe um estudo de abordagem qualitativa, no qual se realiza uma revisão teórica e se utiliza como estratégia de investigação a pesquisa-formação, fundamentada em Josso (2004). Essa estratégia se caracteriza por reconhecer o investigado ao mesmo tempo como objeto e sujeito em formação, possibilitando-lhe mudanças na prática pedagógica. Tem-se como sustentação teórica os estudos de Bakhtin (2003); Vygotsky (1991); Geraldi (2004, 2010, 2013); Hernández (1998); Passarelli (2002, 2012, 2019); Vasconcelos (1994) e Nóvoa (1992). Como resultado, pressupõe-se que o professor desenvolva seu papel atuante de mediador nas práticas de ensino da leitura e da produção textual escrita.

Palavras-chave: Mediação pedagógica; Gêneros Textuais; Projeto Pedagógico de Linguagem; Ludicidade.


A FORMAÇÃO DO FORMADOR DE LEITORES EM SOCIEDADES MULTILETRADAS: A LEITURA COMO COMPROMETIMENTO DO PROFESSOR DE TODAS AS ÁREAS, NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Gizele Cristina Rodrigues Caparroz de Almeida
PUC-SP

Esta pesquisa é movida por inquietações relacionadas ao trabalho com a leitura em todas as áreas do conhecimento, na escola de educação básica, em um contexto no qual a sociedade se torna cada vez mais digital e multimodal. O objetivo geral é investigar as necessidades formativas de um grupo de professores dos anos finais do ensino fundamental como formadores de leitores de textos multimodais. Os objetivos específicos são: (1) identificar como os professores de todas as áreas formam leitores de textos multimodais e (2) apresentar uma proposta de formação continuada aos sujeitos da pesquisa, em atenção às suas necessidades formativas. A formação continuada está apoiada nas ideias de Canário (1998), Imbernón (2010), Marcelo García (2009) e Nóvoa (1991; 1992). Os dados foram coletados por meio de questionário com perguntas abertas, em escola da rede particular de ensino de Cotia, SP. A análise dos dados fundamentou-se na metodologia de análise de conteúdo (BARDIN, 1979). As respostas dos professores fomentaram uma proposta de formação continuada, que possibilitou aos docentes a concepção de estratégias de leitura de gêneros textuais multimodais, na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2013). O processo de investigação da prática, planejamento, elaboração, aplicação da proposta de formação e posterior avaliação de seus impactos concretizaram-se nos princípios da pesquisa-ação (TRIPP, 2005). Os resultados evidenciam a relevância de uma formação continuada voltada para o ensino de “estratégias de observação da multimodalidade” (PAES DE BARROS, 2009) que incorpore, no ensino da leitura, as mudanças da sociedade, cada vez mais multimodal e tecnológica.

Palavras-chave: Multimodalidade. Leitura. Formação continuada.


IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Vivian de Oliveira Jorge
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Em fevereiro de 2020, trinta e quatro brasileiros que vivam na cidade chinesa de Wuhan, epicentro original do coronavírus, foram repatriados, ficando catorze dias em quarentena em uma Base Aérea em Goiás. Menos de dois dias depois, já era confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil. Tratava-se de um homem que havia viajado para a Itália. Dois dias depois, o Ministério da Saúde lançava a primeira campanha publicitária de prevenção ao coronavírus. Em março de 2020, escolas públicas e privadas da cidade de São Paulo suspenderam as aulas. Planos de aulas remotas começaram a ser estruturados e as casas de milhares de professores viraram suas salas de aula. Da noite para o dia, docentes de todo o país tiveram de se adaptar a uma realidade nunca antes vivida pela maioria: ministrar aulas pela tela do computador. Da tela de suas casas para a tela (do computador ou do celular) de seus alunos. Foi a partir dessa realidade do ensino remoto que surgiu o tema deste trabalho cujo problema de pesquisa é: quais foram os impactos nas aulas de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental da rede pública e da rede privada de ensino devido à pandemia de Covid-19 em 2020? Como referencial teórico, são usados os pensamentos de Antunes (2011 e 2016), Brasil (2017) e Soares (2005).

Palavras-chave: : Covid-19; Ensino remoto; Língua Portuguesa.


METODOLOGIAS ATIVAS NO AMBIENTE REMOTO: UMA PROPOSTA PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA

Denise Aparecida Oliveira da Silva
Eduardo de Souza Moreira
Matheus William de Oliveira Silva
PUC/SP

Segundo a Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio, um dos principais objetivos é possibilitar ao aluno vivenciar experiências significativas com práticas em diferentes mídias, situadas no campo de atuação social, a fim de ressignificar os conteúdos já aprendidos por meio de intertextualidades. Percebe-se, então, a relevância de aprimorar a prática pedagógica com o intuito de estabelecer relações entre a leitura e a escrita, bem como possibilitar o acesso a diversos gêneros textuais que circulam em diversas mídias sociais e profissionais de modo a desenvolver um ensino crítico e estimular a autonomia, o protagonismo e a autoria do aluno. Nesse sentido, com o intuito de ofertar uma proposta de aprendizagem que, por intermédio das metodologias ativas, permita explorar as habilidades e competências leitora e escritora dos estudantes, esta comunicação propõe uma sugestão de projeto pedagógico cujo tema é “Potencialização da desigualdade educacional em tempos de pandemia”. A proposta foi constituída a partir da disciplina “A avaliação como aprendizagem balizando o ensino de leitores e produtores de textos”, ministrada pela Prof. Dra. Lílian Ghiuro Passarelli, no 2º semestre de 2020, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/SP. A base de fundamentação do projeto é constituída a partir de Passarelli (2020), Cintra e Passarelli (2012), BNCC (BRASIL, 2018), Passarelli (2011, 2012) e Santos Guerra (2007).

Palavras-chave:: Metodologias ativas. Gêneros textuais. Ensino de leitura e escrita.


Simpósio 6 

 

SIMPÓSIO 6

A Língua Portuguesa no contexto das tecnologias emergentes

LETRAMENTO DIGITAL DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO: O DESENVOLVIMENTO DE WEBSITES PARA FINS DIDÁTICOS COMO PRODUÇÃO TEXTUAL MULTIMODAL

Hélio da Guia Alves Junior
Faculdade de São Vicente

No contexto do ensino remoto, surgiu o questionamento sobre a viabilidade do desenvolvimento de websites como caminho viável para a promoção do letramento digital nos professores em formação. Por conta disso, este trabalho teve como objetivos observar, analisar e refletir sobre os limites e alcances do desenvolvimento de websites como produção textual multimodal para fins de letramento digital de estudantes de Pedagogia. Assentando-se principalmente nos estudos sobre Multiletramentos, foi elaborada uma sequência didática em que se teve como produção final a construção coletiva de um hipertexto com recursos multimodais. Os resultados apontam para total viabilidade do uso da construção de websites como recurso promissor para o letramento digital, já que possibilitou aos alunos, até então usuários funcionais das NTICs, tornarem-se analistas críticos, transformadores e criadores de sentidos no âmbito digital.

Palavras-chave: Hipermídia; Linguagens e Línguas; Formação de professores.


ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO A PARTIR DA INTERAÇÃO ENTRE CRIANÇAS DURANTE A PRÁTICA DE APRENDIZAGEM POR PARES

Luís Rogério da Silva - UNIP
Eliane Gonçalves – PUCSP

Muitos trabalhos apresentam a importância da aprendizagem por pares no processo educacional, o que, tanto para a Análise da Conversação quanto para a Sociolinguística, permite supor a existência de características particulares de enunciação que contribuem para o sucesso desse tipo de metodologia ativa. Esta pesquisa visou detectar, sob o ponto de vista dessas duas áreas de conhecimento, por meio de inferência estatística em grupo piloto, as características diferenciais das enunciações praticadas, em situação de aprendizagem por pares entre crianças. Fez parte de seu escopo tanto identificar os marcadores conversacionais, os vocábulos preferenciais, as sinalizações para trocas de turno, como parâmetros descritivos básicos de variação do padrão de uso desses elementos. A pesquisa proposta foi realizada como estudo de caso de natureza observacional e teve, como contexto escolhido para análise, a prática de aprendizagem baseada em desafio de Robótica Educacional realizada por crianças em fase de alfabetização. Esta pesquisa mostrou que, durante a prática de aprendizagem baseada em desafio de Robótica Educacional que havia sido planejada para propiciar a participação colaborativa de alunos, houve o desenvolvimento de estratégias supra segmentais na enunciação e intensificação da frequência de troca de turnos que se mostraram eficazes e suficientes para a manutenção do trabalho coletivo. Não foram constatadas mudanças significativas no padrão de frequência do emprego vocabular ou de marcadores conversacionais.

Palavras-chave: Robótica. Análise da conversação. Marcadores conversacionais


PODCAST: SUBSÍDIOS ÀS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Magda Aparecida Lopes (PUC-SP)

Assim que a interação mediada pelo computador assumiu um papel significativo na contemporaneidade, faz-se essencial o estudo das tecnologias no domínio digital, como por exemplo, conhecer a materialidade do programa podcast considerando seu tema, conteúdo e estrutura; desvendar que gêneros e suportes abrangem o podcast; por permitir fácil acesso aos usuários. Com esta pesquisa objetivamos estudar o podcast antevendo a classificação. Consideramos que os resultados podem ser subsídios para o professor nas aulas de Língua Portuguesa. Fundamentamo-nos em pressupostos teóricos sobre gênero, mídia, suporte e multimodalidade com base em de Bakthin (2015); Bonini (2011); Kress e van Leeuwen (2006). Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa. O corpus é constituído do podcast nº 494 (sob o título ‘O bom propósito’), transmitido pelo site Portal Café Brasil. Como resultado evidenciou-se: a) o podcast pode atuar como hipergênero, segundo Bonini (2011) obedecendo às características necessárias para circular na mídia digital; b) pode/deve ser estudado em sala de aula de Língua Portuguesa no Ensino Básico por tornar possível o ensino e a aprendizagem em função da multimodalidade.

Palavras-chave: Podcast. Gêneros. Multimodalidade.


GÊNEROS DIGITAIS E O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Maria Aparecida Caltabiano - PUC-SP

A educação a distância vive um momento de grande crescimento, principalmente pela situação atual com a pandemia. Além das aulas virtuais que passaram a predominar em todos os níveis de ensino das instituições públicas e particulares, há uma diversidade de cursos sendo oferecidos que fazem o uso das tecnologias digitais.
Como se sabe, no início de 2020, os professores, tendo experiência ou não, equipados precariamente muitas vezes com os recursos necessários, tiveram que aderir às aulas remotas. Em uma busca rápida pelo Google, são encontrados inúmeros sites com videoaulas e dicas para o uso de recursos digitais no ensino. Podemos perguntar: Como fica a formação do professor e a reflexão crítica em relação às escolhas e à adequação dos recursos ao contexto dos alunos?
Parte de um projeto maior, que visa a elaboração de um conjunto de ações para a formação do professor de línguas com foco no uso de recursos tecnológicos, temos como objetivo apresentar um levantamento inicial, feito em artigos acadêmicos recentes, abrangendo 2019 e 2020, sobre o uso de gêneros digitais em atividades para o ensino do português.
As perguntas que norteiam o levantamento são: Há uma reflexão crítica em relação ao uso das práticas pedagógicas? Como estão sendo analisadas as imagens? Qual a abordagem teórica subjacente às informações? Partimos da hipótese de que os textos acadêmicos diferem do que existe em sites da internet, por serem claramente produtos de pesquisa e nos referenciais teóricos predominam autores como: Bakhtin (2003), Kress e Van Leeuwen (2006) e Marcushi (2010).

Palavras-chave: Podcast. : Gêneros digitais – Ensino do português – Ensino a distância.


Simpósio 7 

 

SIMPÓSIO 7

Leitura como prática social em Língua Portuguesa

LETRAMENTO LITERÁRIO, DOCÊNCIA E PANDEMIA

Camila Augusta Valcanover
- Universidade Presbiteriana Mackenzie

Esta comunicação tem como objetivo promover uma reflexão sobre a importância da leitura e das práticas de letramento literário como uma das formas de alento para os danos emocionais e pedagógicos causados pela pandemia da Covid-19 e a abrupta interrupção das aulas presenciais. Candido (1995), Cosson (2014), Lajolo (1982, 2009) e Freire (2019) embasam a discussão proposta. Pretende-se apresentar a literatura como uma oportunidade de auxiliar os educandos a encontrarem respostas para as problemáticas sociais e pessoais a eles impostas pela pandemia. Por oportuno, foram levantadas algumas questões sobre os desafios enfrentados pelos educadores para a manutenção das atividades escolares.

Palavras-chave:: letramento literário; literatura; práticas docentes.


A paratopia de criação no discurso literário de Joel Rufino dos Santos

Jonatas Eliakim
– PUC-SP

Este trabalho tem como tema o estudo da paratopia de criação no discurso literário escrito por Joel Rufino dos Santos. A Análise do Discurso literário aponta a possibilidade de uma assimilação da produção literária através de ferramentas discursivas, considerando que o texto literário propaga discursos que exercem poder, representação e significado. Nesse sentido, a paratopia é caracterizada pela localização indefinida, paradoxal e fronteiriça entre um lugar e um não lugar que ocupa o autor, analisada a partir de suas produções discursivas literárias. Diante disso, esta pesquisa investiga as relações paradoxais que o autor Joel Rufino dos Santos estabelece em sua obra Vida e Morte da Onça-Gente, por meio de suas produções discursivas, caracterizando-as e observando como estas impulsionam o autor ao processo de criação da obra. As análises mostram que a posição paradoxal do autor impele-o às construções discursivas de forma intrinsecamente ligada à formação da sua identidade social, aos seus deslocamentos geográficos pelo Brasil, às contradições linguísticas vividas e pelas fronteiras entre os gêneros literários e discursivos utilizados na sua atividade intelectual.

Palavras-chave: Análise do Discurso, Maingueneau, Discurso literário, Paratopia, Joel Rufino dos Santos.


O FEMINISMO NEGRO COMO INSTRUMENTO DE COMBATE AO PRECONCEITO

Mara Rubia Neves Costa Fanti
Doutoranda Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Vários esportistas negros já foram alvo de injúria racial tanto em suas práticas esportivas como em programas de jornalismo destinados à cobertura desses eventos. Apesar da incorporação de mulheres atuando como comentaristas e repórteres nos programas de jornalismo esportivo, esportistas negras sofrem além do preconceito racial, o de gênero. Essas condições sócio-históricas motivaram nossa comunicação que objetiva examinar como as estratégias discursivas machista e racista se interligam e são combatidas pelo posicionamento feminista e em defesa da diversidade étnico-racial a partir do discurso materializado por meio do artigo Respeitem Serena Willians, produzido por Djamila Ribeiro, retirado da obra Quem tem Medo do Feminismo Negro? (2018). Para tanto, tomaremos como referencial teórico-metodológico a Análise do Discurso de linha francesa (AD) na perspectiva enunciativo-discursiva proposta por Maingueneau (2010,2018). Tendo em vista as condições de produção, assumimos o artigo como um discurso atópico e mobilizamos as categorias de interdiscurso, memória discursiva e código linguageiro. As análises que empreendemos revelam que apesar de grande parcela da população brasileira mostrar-se contrária à estratégia discursiva racista e machista, vários programas de jornalismo esportivo perpetuam esses posicionamentos, fomentando a necessidade da constituição de um discurso feminista negro para combater a expansão de uma cultura sexista e preconceituosa.

Palavras-chave: Análise do Discurso, Discursos atópicos, Racismo.


VLOG: NOVA PRÁTICA DE LEITURA DISCURSIVA.

Izilda Maria Nardocci
– PUC-SP

Observamos que os vlogs passam a fazer parte de projetos didáticos na educação básica, em razão do interesse dos alunos por esse gênero, já que se trata de uma comunicação dinâmica, interativa. Um exemplo dos vlogs muito buscados na rede são aqueles que apresentam resenha de livros, especialmente os que tratam de obras clássicas da literatura brasileira, mas também os que apresentam adaptações desses livros. Sendo os vlogs usados como material didático, é pertinente o questionamento: como esse gênero se organiza, visando à adesão dos leitores? Tendo isso em vista, nossa pesquisa se volta para o estudo do discurso midiatizado em vlog, disponível na Plataforma Youtube. Traçamos para a pesquisa os seguintes objetivos específicos: analisar as cenas de enunciação, considerando a cena englobante, os elementos constitutivos da cena genérica e a cenografia verbal e digital; identificar o ethos que emerge das cenografias e como ele contribui para a adesão do co-enunciador. O referencial teórico-metodológico é da Análise do discurso de linha francesa, especialmente os trabalhos de Maingueneau (2013, 2015, 2020).

Palavras-chave: Análise do discurso. Vlog. Leitura.


UMA LEITURA CRÍTICA DA ETIQUETA MIDIÁTICA “NARCOPENTECOSTAL”

Carlos Alberto Baptista
(PUC-SP/ CAPES)

A presente comunicação propõe, com base no quadro teórico-metodológico interdisciplinar constituído pelos estudos nos campos da Antropologia, da Religião e da Análise do Discurso, examinar o embate, no interior da enunciação jornalístico-midiática, em torno da etiqueta discursiva “narcopentecostal”, que rotula um “novo” cenário entre a prática do proselitismo e a intolerância religiosa. Visa-se verificar as condições de enunciabilidade da palavra “narcopentecostal” em notícias sobre a intolerância religiosa contra religiões de matriz africana. Como corpus de análise, aproximamos cinco enunciados que materializam o neologismo “narcopentecostal” como forma de nomear grupos de traficantes armados que destroem terreiros de umbanda e candomblé. Os resultados indicam que a etiqueta “narcopentecostal” desvela o embate histórico entre posicionamentos discursivos no campo religioso. As questões político-religiosas e o avanço do [neo]pentecostalismo no Brasil e sua imersão pragmática em espaços periféricos ganham espaço nos debates sociais, substanciando um novo capital midiático.

Palavras-chave: Leitura da enunciação jornalístico-midiática. Análise do Discurso. Narcopentecostal. Intolerância religiosa.


A DESCONSTRUÇAÕ DO CONTO DE FADAS EM “SHREK”: UMA PROPOSTA DE LEITURA DE PRODUÇÃO TEXTUAL

Fabrício Rezende Bitencourt
Pós-graduando em Língua Portuguesa e Literatura – Universidade Presbiteriana Mackenzie

Este trabalho objetiva refletir acerca das práticas socais de leitura e de escrita no contexto escolar, tendo como enfoque o desenvolvimento de uma competência metagenérica. Mediante isso, pretende-se ampliar no universo escolar e a estrutura narrativa do conto de fadas. Ademais, verificar como, em “Shrek”, a desconstrução do conto de fadas proposto é elaborada. Entre os autores consultados que fundamentam o trabalho, estão Kleiman, Marcuschi, Koch, Cosson e Vladimir Propp. Esta, primeiramente, é uma pesquisa bibliográfica, e, para desenvolvê-la, foi feita (e ainda está sendo) uma revisão teórica em relação ao Letramento Literário, à leitura e à produção textual no contexto escolar.

Palavras-chave: Leitura. Produção Textual. Conto de Fadas.


ENSINO DE LEITURA PARA SÉRIES INICIAIS A PARTIR DE ARTIGOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Maria Júlia de Oliveira Dias
Doutoranda no programa: Leitura, escrita e ensino de Língua Portuguesa

A proposta desta comunicação refere-se a uma estratégia didática de leitura que pode mobilizar o professor das séries iniciais a estimular as crianças a lerem textos informativos e/ou textos de curiosidade científica e ampliar os recursos de linguagem.
Se ler é atribuir sentido e não se implica apenas decifrar ou decodificar letras, o ato de ler significa tornar o sujeito usuário da língua. Daí a importância de o professor planejar estratégias que promovam o encontro das crianças com o universo dos artigos e/ou textos científicos. Sabemos que um dos caminhos é a oferta significativa de bons livros informativos/científicos, mas não é só isso.
Nesta perspectiva, o intuito desta proposta é a relevância da leitura colaborativa como estratégia didática, para que os estudantes adquiram recursos próprios para transformar a leitura em conhecimento.
A fundamentação teórica deste trabalho foi apoiada em Garralón (2015) que discute as razões para estimular as crianças a lerem na série inicial os livros informativos/científicos.
O resultado indicou mudança no comportamento leitor das crianças com destaque à conquista da experiência significativa, pois ampliou seus critérios de seleção diante dos textos científicos, bem como o estabelecimento de relações, conexões de altíssimo nível intelectual.

Palavras-chave: práticas de leitura, livros informativos, autoaprendizagem.


Simpósio 8 

 

SIMPÓSIO 8

Ensino de Língua Portuguesa: identidade, preconceito e intolerância

A mulher em Veríssimo: Referenciação em confluência com a Linguística Textual e a Estilística

Amanda Muniz da Silva

As crônicas do escritor Luís Fernando Verissimo apresentam uma visão aparentemente descontraída dos fatos do cotidiano revelando em leitura mais cuidadosa, uma análise séria e inteligente, enfatizando de maneira irônica e crítica, a discursão dos problemas sociais conduzindo a diversas construções de sentido. Uma das formas de tornar isso possível é o fato de a crônica ser um gênero textual que faz uma reflexão pessoal sobre acontecimentos do dia a dia, mostrando aspectos não percebidos (KÖCHE E MARINELLO, 2015, p. 36). Nesse contexto do gênero, esta obra é baseada e tem por objetivo identificar como se constrói essa imagem, e quais os sentidos são atribuídos a esta, em algumas crônicas de Luís Fernando Veríssimo (autor e enunciador nesta análise), tanto em crônicas reflexivas, em que a palavra “mulher” assume vários sentidos e posições, quanto em crônicas narrativas escolhidas, em que se desenvolvem aspectos da personalidade da mulher-personagem. Como corpus de análise foram escolhidas quatro crônicas de Veríssimo a primeira é “ Alegrias” (1995, p.72) do livro Comédias da vida pública, a segunda “ Corno Lírico” (1994, p.31) do livro Amor Veríssimo, a terceira “ O rival” (1994, p 34) do livro O melhor das comédias da vida privada e a quarta “Inimigos” (1996, p.70) do livro Novas comédias da vida privada. Como base teórica, alinha-se os conceitos da Estilística- Martins, 2012, Mattoso Câmara, 1978 -, a gramática funcional - Castilho, 2016 - e Referenciação - Cavalcante, 2016


A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE PORTUGUÊS: IDENTIDADE E PRECONCEITO LINGUÍSTICO

CLEZIO ROBERTO GONÇALVES
(GPDG-USP/UFOP)

É sempre um desafio muito grande para o professor de língua portuguesa refletir com os alunos sobre sua língua materna, considerando-se que os alunos já chegam à escola com capacidade de usar com razoável competência comunicativa o português, que é a língua materna da grande maioria dos brasileiros. Para isso, os professores precisam ter consciência do dever de desenvolver a competência dos alunos e ampliar-lhes o número e a natureza das tarefas comunicativas que já são capazes de realizar na língua oral e, depois, também, na língua escrita. Neste estudo é apresentada e discutida a concepção dos professores de língua materna sobre “língua, preconceito linguístico e variação linguística”. Foram feitas entrevistas semi-estruturadas e rodas de conversa com professores do Ensino Médio da rede pública das cidades da Superintendência Regional de Ouro Preto (MG) que possibilitam construir reflexões relativas ao impacto da teoria trabalhada nos cursos de formação inicial e/ou continuada de professores e da prática na sala de aula. Constatou-se, preliminarmente, com esta pesquisa que, embora, os professores de Língua Portuguesa tenham tido contato com questões na área da Sociolinguística, no período de formação, o desenvolvimento das investigações e a teoria na área da Linguística estão muito aquém de apresentar efeitos na prática cotidiana da sala de aula para promover uma educação linguística satisfatória com os alunos.

Palavras-chave: Língua portuguesa, identidade, preconceito linguístico.


Simpósio 9 

 

SIMPÓSIO 9

Historiografia: conceitos e práticas

LIVROS ESCOLARES NO BRASIL DO SÉCULO XX: LÍNGUA PORTUGUESA, ESTUDO DO TEXTO E PRÁTICAS DE ENSINO

Jéssica Máximo Garcia
Universidade Presbiteriana Mackenzie

O livro didático se adapta a cada momento político e cultural da sociedade brasileira e, por isso, a configuração desse material sofre mudanças conforme a evolução dos estudos linguísticos ao longo do tempo. Trata-se de uma pesquisa inicial de doutorado, sendo assim, esta apresentação propõe divulgar o projeto de pesquisa que tem como objetivo a análise de livros escolares de língua portuguesa no Brasil, através de uma perspectiva historiográfica, do século XX. Nesse sentido, as perguntas que orientam a análise são: (i) Quais as concepções ou as teorias linguísticas sobre texto os livros escolares apresentam no Brasil do século XX?; (ii) Qual a importância conferida ao texto na história do ensino de língua portuguesa no Brasil do século XX?; (iii) Como é trabalhado o estudo do texto no ensino de língua portuguesa no Brasil do século XX? A fim de atingirmos esses objetivos, alguns critérios são necessários para a seleção dos livros escolares: obras de referência do século XX de livros escolares de língua portuguesa que atendiam o ensino ginasial (anos finais do ensino fundamental). A base teórica que fundamenta a pesquisa é a da historiografia linguística de Koerner (2014) e Swiggers (2019). A pesquisa confirmará a hipótese se o livro didático possui um papel social que é influenciado historicamente pelo homem. Poderemos ainda refletir sobre o contexto da sala de aula, avaliando qual papel o livro didático desempenha nesse ambiente em cada época.

Palavras-chave: livro didático; historiografia; língua portuguesa.


A DEFINIÇÃO DE UMA METODOLOGIA PARA UM ESTUDO HISTORIOGRÁFICO DA TRADUÇÃO AUTOMÁTICA

Luciana Debonis
Mestranda do Programa de Letras
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Este estudo baseia-se na dissertação de mestrado em andamento que tem como objeto de pesquisa a Tradução Automática (TA) e emprega a metodologia e os pressupostos teóricos da Historiografia da Linguística e dos Estudos da Tradução para discussão sobre a evolução das tecnologias da TA. O objetivo da investigação é a análise da evolução histórica da TA em relação à inscrição social e temporal da evolução tecnológica, em que a pesquisa se concentra na história da TA dos últimos 40 anos quando teve início o desenvolvimento de sistemas para automatização de processos de tradução. A partir dessa delimitação temporal, um dos objetivos específicos é a interpretação dos aspectos históricos e sociais do momento da mudança tecnológica, mais recente, quando plataformas de TA começam ser desenvolvidas apoiadas pelas tecnologias de Redes Neurais Artificiais, Inteligência Artificial e Aprendizagem Profunda. O conceito de Arqueologia da Tradução de Anthony Pym (1998) é o ponto de partida para a construção da análise historiográfica da tradução, dado que, aliado à metodologia da Historiografia da Linguística permite problematizar os aspectos historiográficos que possibilitaram a evolução tecnológica da TA. Apoiado ainda pelas pesquisas sobre mecanismos de TA de Douglas Arnold (1994), aprofundamos o conhecimento a respeito dos processos e refletimos sobre sua eficiência e impacto na automatização da linguagem humana.

Palavras-chave: Tradução Automática; Historiografia da Linguística; Neural Machine Translation.


UMA VISÃO TRIDIMENSIONAL DA GRAMÁTICA DE FERNÃO

Ricardo Francisco Nogueira Vilarinho

Neste trabalho analisamos A Gramática da Linguagem Portuguesa de Fernão de Oliveira pela perspectiva teórica de Miguel Reale (1910-2006) e sua teoria intitulada Teoria Tridimensional do Direito. Nesta proposta epistemológica de entrelaçamento teórico, seguindo o caminho aberto por Bastos e Palma (2004), e sua metodologia conhecida como História Entrelaçada que se define “Temos como objetivo verificar as diferentes concepções de gramática e sua estrutura e, a partir delas, observar as diferentes formas de se entender o ensino de Língua Portuguesa” (BASTOS E PALMA, 2004, p. 9) entrelaçamos a historiografia da Língua Portuguesa e a Filosofia do Direito. A ideia do entrelaçamento teórico se diferencia da complementaridade de teorias. Enquanto para este há a tentativa de fundar uma terceira teoria a partir de outras duas existentes, no entrelaçamento não existe a pretensão teórica de estabelecimento de uma nova teoria, melhor dizendo, utilizam-se as ferramentas de análise de teorias com o objetivo de observar determinado fenômeno histórico. Desta maneira buscamos na Gramática de Fernão os elementos Fato, Valor e Norma, representando-os com o auxílio da figura topológica Nó Borromeano e também relacionando as definições de norma jurídica e norma gramatical.

Palavras-chave: Entrelaçamento teórico. Historiografia da Língua Portuguesa. Filosofia do Direito. .


Simpósio 10 

 

SIMPÓSIO 10

A proposta do ProfLetras para o ensino de língua portuguesa na escola pública: linguagens, gêneros, (multi)letramentos e tecnologias

ENSINO DE LEITURA E ESCRITA DE NOTÍCIA EM LIVRO DIDÁTICO APROVADO PELO PNLD 2020

Julia dos Santos Mateus e Juliana Maria Mendes
(USP – PROFLETRAS)

O Plano Nacional do Livro e do Material Didático 2020 foi o primeiro realizado após a homologação da Base Nacional Comum Curricular, em 2017. Das 17 coleções inscritas, apenas 6 foram aprovadas, as quais chegam neste ano às escolas públicas brasileiras. Nesse contexto de renovação de materiais didáticos, é necessário verificar de que modo essas obras trataram orientações, conteúdos e competências propostos pela BNCC. Este trabalho objetiva analisar como o livro didático de uma dessas coleções, destinado ao 7º ano, aborda o ensino de leitura e escrita do gênero notícia e sugerir aos professores adaptações e modificações para favorecer o ensino-aprendizagem nas escolas em que esse livro for adotado. Para tanto, serão destacados alguns tópicos apontados pela resenha do PNLD 2020 acerca dessa coleção; serão analisadas duas sequências de atividades, uma voltada à leitura e outra à produção textual desse gênero; e serão apresentadas alternativas às fragilidades observadas. As análises e propostas fundamentam-se nos documentos oficiais, na teoria baktiniana e na teoria dos multiletramentos, das quais se extraíram os conceitos de gênero discursivo, multissemiose, multimodalidade e multiletramento. O estudo revelou que as sequências de atividades apresentam de maneira adequada e didática a estrutura composicional do gênero, mas são constituídas de exercícios pouco variados e explicações insuficientes dos aspectos linguísticos abordados, promovendo pouco a análise multissemiótica.

Palavras-chave: Livro didático. Ensino de português. Notícia.


A resenha crítica de filme no Ensino Fundamental II: O uso da sequência didática como estratégia de ensino e interação

Lucas Francisco Ferreira de Oliveira
Mestre em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais, Professor Efetivo da Rede Estadual de Minas Gerais e Professor da Rede SESI, Unidade Varginha

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa de mestrado, realizada no âmbito do ProfLetras, que teve como objetivo a aplicação de uma sequência didática para o gênero resenha crítica de filme, a fim de eliminar marcas orais presentes nos textos de alunos do 9o ano do Ensino Fundamental II, e aprimorar, a partir da utilização deste gênero, os seus conhecimentos sobre o uso de diferentes estratégias da argumentação. Assim, foi elaborado um modelo didático para o gênero resenha crítica de filme, com base em estratégias de textualização do discurso argumentativo, as quais foram trabalhadas na sequência didática. Em seguida, foram comparados os textos relativos à produção inicial e final dos alunos, verificando o desenvolvimento das capacidades de ação, capacidades discursivas e capacidades linguístico-discursivas, com base nos pressupostos teórico-metodológicos do interacionismo sóciodiscursivo (Bronckart, 2007), nos estudos sobre gêneros orais e escritos no ambiente escolar (Schneuwly e Dolz, 2004), e na análise do processo de aprendizagem e desenvolvimento a partir da noção de mediação (Vygotski, 1989). As ações executadas estão pautadas também nos estudos sobre a relação entre texto e argumentação (Fiorin, 2016; Koch, 2009; 2011); nos trabalhos sobre a elaboração de modelos didáticos de gênero para o desenvolvimento de uma sequência didática de gênero (de Pietro e Schneuwly, 2003; Machado e Cristovão, 2006; Messias, 2014), bem como nos estudos sobre os aspectos do gênero resenha crítica (Medeiros, 1999; Machado, 1996; Carvalho, 2010). O método utilizado para a análise do corpus foi o da análise qualitativa de textos, comparando-se a produção inicial dos alunos com a produção final. Esta pesquisa observou que o uso da sequência didática como estratégia de ensino proporcionou redução relativa quanto ao uso de marcas de oralidade pelos estudantes, pois, em algumas produções finais, os alunos não conseguiram eliminar essas marcas em seus textos. Por outro lado, esse método de ensino contribuiu de forma significativa para aprimorar a argumentação dos estudantes e o conhecimento deles sobre o gênero resenha crítica de filme, já que, nas produções finais, os estudantes atenderam à proposta, utilizaram recursos linguísticos relacionados ao gênero, e construíram a argumentação a partir de algumas das estratégias do discurso argumentativo ensinadas na SD. Este trabalho também contribui para a melhoria do ensino e da prática docente, pois comprova a importância da produção textual associada à leitura e reforça a ideia da priorização não só da leitura, mas também da escrita, nas avaliações externas governamentais.

Palavras-chave: Interacionismo social. Interacionismo sociodiscursivo. Sequência didática de gênero. Resenha crítica de filme. Marcas de oralidade. Argumentação..


Simpósio 11 

 

SIMPÓSIO 11

Literatura e Religiosidades

O PRIMEIRO SENHOR DO ESCURO: MELKOR E AS TRADIÇÕES MITOLÓGICAS EM O SILMARILLION, DE J.R.R. TOLKIEN

Fernanda da Cunha Correia
– Universidade Presbiteriana Mackenzie

O autor J.R.R. Tolkien dedicou grande parte da vida a imaginar uma complexa mitologia para a Inglaterra. Esse trabalho está na obra póstuma O Silmariilion, organizada por seu filho Christopher e que segue sendo reeditada. A fé católica do escritor mesclou-se ao conhecimento dos estudos acadêmicos e o resultado é uma estrutura bíblica, mas com um conteúdo mitológico próximo dos pagãos que dialogam entre si e fazem parte do imaginário humano. Dentro das referências, temos a leitura do Kalevala, Beowulf, A queda de Arthur e A lenda de Sigurd e Gúrdun. São, respectivamente, o único poema épico finlandês conhecido, o texto mais antigo em anglo-saxão, uma passagem das novelas arturianas e um episódio das Eddas. A compreensão do personagem Melkor, cuja inveja e orgulho o fizeram cair em desgraça e originar o mal no mundo, constitui o objetivo da análise. Analisamos a aproximação de Melkor do trickster, ser mitológico e que age em benefício próprio, criando situações boas e más que movem as narrativas. Para compreender Tolkien, utilizamos os registros de biógrafo Humpfrey Carpenter e os de Clyde S. Kilby. As cartas de J.R.R. Tolkien é importante por conter registros da produção dos livros e respostas a leitores curiosos sobre referências que encontraram nos textos. A estrutura do relato mítico, com narrativa fragmentada e as muitas versões, encontram sintonia com a organização e as histórias de O Silmarillion. A organização, com livros escritos separadamente formando um único, ecoa a estrutura da Bíblia, enquanto o conteúdo retoma os mitos pagãos.

Palavras-chave: J.R.R. Tolkien. Mitologia nórdica. Tradição cristã.


Templo luterano com torre e sinos, no período do Brasil Império – Um estudo dialógico-discursivo.

José Antônio da Silva Costa

Refletir Língua Portuguesa e Lusofonia em contextos de transformação é deveras oportuno, à vista dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, que interrompem sonhos, ceifam vidas e modificam planos. Todo esforço para atenuar o isolamento imposto, por exemplo, reflete a ferrenha luta humana na transformação de contextos adversos em ambientes acolhedores, através da linguagem e englobam relações dialógicas, sempre presentes em contextos de transformação. Isso remete-nos a histórias de superação, como a que se deu entre católicos e luteranos, no Espírito Santo, que encontraram no diálogo caminho para superar a intolerância e fomentar a comunalidade. Este trabalho pretende examinar a narrativa sobre essa história religiosa, considerando as relações dialógicas nos discursos inscritos no corpus e os efeitos de sentido que resultam dessas transações entre textos. A hipótese de leitura é de que atos individuais tanto legitimam quanto subvertem discursos institucionais, sinalizando assim a possibilidade de transformação para o bem comum, mesmo em contextos legitimamente adversos. Como corpus deste estudo, elegemos um documento, transcrição de uma gravação de 1964, narrando a concepção, execução e inauguração da torre e dos sinos no templo luterano, em Domingos Martins, Espírito Santo, no período do Brasil Império. A partir de reflexões teóricas e de análises textuais, propomos identificar as múltiplas vozes sociais presentes no diálogo intertextual e examinar o processo de semioticização de imigrantes alemães que passaram a habitar aquela região, trazendo seus valores, negociando-os nas relações interculturais, transformando-os, em contato com o contexto religioso brasileiro encontrado, sem abandonar o propósito final de que a torre e os sinos fossem concretizados. Para embasamento teórico, recorreremos aos conceitos de discurso e de relações dialógicas, segundo as concepções do Círculo de Bakhtin.

Palavras-chave: dialogismo; intertextualidade; semioticização; transformação; superação.


Simpósio 12 

 

SIMPÓSIO 12

BNCC, cultura digital e ensino de Língua Portuguesa: um novo desafio

JOGOS DIGITAIS NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Olívia Aparecida Carvalho
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Um dos grandes problemas existentes na Educação Básica atual é o baixo domínio de elementos básicos da Língua Portuguesa, como ortografia, acentuação, falta de compreensão mínima de qualquer tipo de texto e de suas nuances, em piadas, ironias ou ainda em metáforas. Essa dificuldade, por parte dos discentes, consiste em um agravante para o pleno exercício da cidadania. Assim, considerando que parte dessa deficiência está na dissociação entre o que é ensinado e o contexto cultural e social no qual o estudante está inserido, buscaremos sugerir práticas didático-pedagógicas que, baseadas em concepções teóricas, venha a minimizar esse problema. A proposta dessa pesquisa, um Estudo de Caso, que acompanhará crianças na faixa de 10 a 15 anos, matriculadas na ONG Arrastão, localizada no bairro do Campo Limpo em São Paulo é utilizar os conceitos referentes a estratégias de ensino, como tecnologias digitais, divulgados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os pressupostos teóricos de uma alfabetização consciente e emancipadora, defendida por Paulo Freire. Por meio de jogos digitais, criados pela educadora e baseando-se nas dúvidas dos alunos, buscaremos inserir a tecnologia e o lúdico no ensino de Língua Portuguesa. Aplicaremos como base teórica os conceitos de Freire (1987; 1989), as ideias de Antunes (2007; 2009), além dos documentos em Brasil (1998 e 2017), Neves (2003; 2004), Vasconcelos, Brito (2016;2018), dentre outros.

Palavras-chave: Educação; Práticas Pedagógicas; Jogos digitais.


INTERATIVIDADE NO ENSINO SUPERIOR: NOVOS CAMINHOS DOS LIVROS-JOGOS DENTRO E FORA DA SALA DE AULA

Pedro Panhoca da Silva da (UPM)

Este trabalho busca apresentar resultados positivos na aplicação de um tipo de livro interativo conhecido como “livro-jogo” aos alunos do curso de Educação Física. A obra utilizada em questão foi O Herói da Copa, de autoria de Alex VIDES (1994), considerado o “esboço” do livro-jogo brasileiro (SILVA, 2018) numa atividade que durou cerca de 2 horas-aula. Esse híbrido textual é composto, como o próprio nome diz, do elemento “livro” - já que possui mais de 50 páginas escritas (UNESCO) - e do elemento “jogo”, pois propõe dificuldades a seu leitor-jogador que aceita tal condição lúdica (CAILLOIS, 1990) em meio a tensões, incertezas e gosto pelo triunfo (HUIZINGA, 1971). Nessas aulas, o livro-jogo em questão foi utilizado como atividade para se trabalhar a competência “avaliação” de acordo com a taxionomia de Bloom (1972), e serviu para propor uma reflexão coletiva, promovida em pequenos grupos de 3-5 alunos cada, sobre a possibilidade de novos livros-jogos serem produzidos no mercado editorial brasileiro cuja temática seria focada nos esportes. Foi mostrado aos alunos, normalmente sem hábito de leitura ou até portadores de certa aversão a ela, que esse tipo “diferente” de livro poderia gerar interesse pela leitura e fomentar pesquisas sobre esse tipo de literatura ainda pouco estudada no Brasil. Para o presente trabalho tomou-se como base para se classificar um livro como livro-jogo Alves (1997) em detrimento a Schick (1991) e Green (2014) por ser uma classificação mais abrangente que mais valoriza a leitura interativa do que detalhes nas estruturas narrativas das obras. Também se usou própria atividade do dia para constituir importante fonte quantitativa de análise de dados, a fim de melhor mapear os resultados da aplicação de O Herói da Copa em sala de aula como leitura-jogo parcial.

Palavras-chave: Livros-jogos; Livros interativos; Taxionomia de Bloom Produção textual.


Simpósio 13 

 

SIMPÓSIO 13

A Literatura de Autoria Feminina

O protagonismo feminino por três autoras contemporâneas de Língua Portuguesa

Eliane A. Machado (Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Orientador: Prof.ª Dr.ª Aurora G. R. Alvarez (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A presente comunicação procura mostrar o protagonismo da personagem feminina em três narrativas curtas em língua portuguesa da literatura contemporânea: “Marido” (Lídia Jorge, 1989), “Os Teclados” (Teolinda Gersão, 1999), e “Olhos D’Água” (Conceição Evaristo, 2014).
Em termos de corrente ou movimento literário, o modernismo apresenta como um de seus traços mais evidente a sua vocação para o exercício da reflexão intelectual e, portanto, o enunciado tende a ser preponderante em relação aos demais elementos que constituem a escrita modernista, a tal ponto, inclusive de emprestar ao romance aspectos ensaísticos. No entanto, nas três narrativas selecionadas, é evidente o protagonismo da personagem feminina, que se delineia a partir de suas atitudes, do papel que desempenham na sociedade, mas principalmente por meio de sua interação com o mundo via discurso. Um discurso, por sua vez, marcado pelo desejo de promover no outro, o leitor, a consciência, a reflexão, a percepção, e que modela o universo de sentidos presente em cada uma das três ficções, os eixos temáticos em que se sustentam os textos literários.
O que parece, então, estar em evidência nas três narrativas não são as personagens, mas o que elas falam, a mensagem que elas veiculam, o que elas desejam compartilhar ou dialogar com seus leitores. Da produção literária das três autoras depreende-se uma intencionalidade comum: estabelecer ou definir uma visão de mundo que seja válida e autêntica, seus textos traduzem uma representação da realidade de acordo com suas convicções, mas um universo que se presentifica na voz de suas personagens, cujos discursos se atualizam na interação destas com seus respectivos cotidianos.
Nesses três contos, três vozes femininas compõem um circunscrito painel da literatura contemporânea em língua portuguesa.

Palavras-chave: Literatura em língua portuguesa. Contos. Modernismo. Pós-Modernismo. Contemporâneo.


FEITIÇO DO TEMPO: A ESCRITA DE SI NA OBRA DE MARIA TERESA HORTA E MARQUESA DE ALORNA

Elisangela Aneli Ramos de Freitas (Universidade de São Paulo)

O livro de poemas dedicados à Marquesa de Alorna (1750-1839), Poemas para Leonor (2012), cujo eixo temático é o ato da escritura do romance As Luzes de Leonor (2011), ambos de autoria da escritora portuguesa Maria Teresa Horta, deixa transparecer, a cada poema, a construção traspassada pelos ofícios concomitantes e contíguos de descrever e inventar, “Numa longa invenção / e seu avesso” (HORTA, 2012, p. 25). Transformada em personagem na pena de Maria Teresa Horta, o romance As Luzes de Leonor conta a história da Marquesa de Alorna, poetisa árcade portuguesa. Da escrita e publicação do romance e seu fiel guia, observa-se que o livro de poemas é uma chave de leitura para o romance e vice-versa, uma vez que seus poemas deixam transparecer a identificação da autora com a composição da personagem Leonor e a leitura dele, por sua vez, coloca-nos em perspectiva privilegiada para a leitura dos poemas. O tempo de permeio separa as duas autoras, “tão perto, apesar dos dois séculos que nos separam” (HORTA, 2011, p. 1054), mas o sentimento transmitido em seus poemas mostra-nos a união entre elas. Um feitiço do tempo, união feita pelas linhas e pelas palavras, na tradição da escrita de autoria feminina em Portugal. A escrita de Poemas para Leonor e As Luzes de Leonor convocam não somente a história de uma brilhante mulher do século XVIII, mas também clamam pela força desta escrita de si em ambas as autoras, manifestada pela força do legado da literatura de autoria feminina.

Palavras-chave: Marquesa de Alorna, feminismo, escrita de si.


OS EFEITOS DA NARRAÇÃO MULTIPESSOAL SOBRE A FIGURAÇÃO DAS PERSONAGENS DE CASAS PARDAS, DE MARIA VELHO DA COSTA

Gisele Seeger,
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Casas Pardas (1977), de Maria Velho da Costa, participa do momento histórico e literário que se seguiu à revolução de abril de 1974, momento de uma profusão de temas e estilos, da qual o romance, aberto, como se sabe, à constante renovação, bem soube se beneficiar. O que se conta nessa narrativa é o percurso existencial de três mulheres em fins dos anos 60. Três mulheres que habitam diferentes casas e que nelas experimentam “um processo de habitação, desabitação ou mudança de vida – geografia humana” (GUSMÃO, 1986, p. 20). Essas casas são miniaturas do mundo e de diferentes formas de ver esse mundo. Nelas se inscrevem diferentes valores sociais, culturais, históricos e pessoais. E para que essas trajetórias existenciais se materializem discursivamente, é realizado um acurado trabalho sobre a instância narrativa, que é ocupada por diferentes vozes alternada e cruzadamente – vozes que ora falam em seu próprio nome, ora se referem a um tu, ora falam de um ele, posições discursivas que, como se sabe, projetam sentidos muito diversos. De modo a iluminar esse tipo de construção discursiva, aproximo-me da designação “narração multipessoal” (multipersonal narration), de Brian Richardson (2006), um dos nomes da chamada Unnatural Narratology. Consiste essa forma de narrar na conjunção de diferentes narradores e modos de narração. Em Casas Pardas, a alternância pronominal entre as primeira, segunda e terceira pessoas do discurso é, como pretendo demonstrar, a principal estratégia pela qual se materializa a figuração das personagens e a projeção dos sentidos axiológicos da obra.

Palavras-chave: Casas Pardas. Personagem. Narração multipessoal.


Uma formação pela transgressão

Jéssika Aparecida Santachiara Nascimento Santos
(FFLCH-USP)

O presente projeto, tendo como eixos de pesquisa o romance de formação, o arquétipo da mulher selvagem e a construção do discurso feminino, procura analisar a mobilização desses conceitos na obra e o impacto na literatura portuguesa contemporânea de autoria feminina. Para isso propõe-se a avaliar as relações acerca do feminino existentes na obra Myra (2008), de Maria Velho da Costa. A princípio, a análise objetiva focalizar a questão do romance de formação, estabelecendo relações comparativas entre o corpus selecionado e a tradição do Bildungsroman com intuito de analisar a personagem Myra, enquanto mulher e protagonista de um romance de formação. Ainda sobre as questões do feminino, o projeto não só resgata a discussão sobre o arquétipo da mulher selvagem, mas também visa verificar no romance os processos de legitimação do discurso feminino. Para tanto, parte-se de um aporte teórico, embasado nas proposições de Bakhtin (1993), Luckács (2009) Moretti (2020), Mazzari (2018), Pinto (1990), Beauvoir (2016), Estés (2018) e Rapucci (2011). Os resultados obtidos demonstram que o romance de formação ao adotar uma personagem feminina enquanto protagonista rompe com a tradição e permite novos interpretações e configurações das narrativas.

Palavras-chave: Formação; Discurso; Feminino.


A LITERATURA COMBATIVA DE NOÉMIA DE SOUSA: UMA LEITURA DE “SE ME QUISERES CONHECER”

Juliana Kohari da Silva
FFLCH - USP

Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma leitura do poema “Se me quiseres conhecer” da moçambicana Noémia de Sousa, importante poeta na constituição do sistema literário moçambicano. Como base dessa leitura, será ressaltado o diálogo entre a Literatura e a História tendo como principais fundamentações o conceito de “contraliteratura” de Bernard Mouralis e a reflexão teórico-crítica a respeito das implicações do colonialismo feita por Frantz Fanon. Soma-se a isso a investigação e análise da constituição discursiva desse poema da autora em questão e o seu entrelaçamento com a situação histórico-social de Moçambique no período de auge do colonialismo português, de 1926 a 1964. Assim, será evidenciada a importância da literatura de Noémia de Sousa como uma forma de resistência e enfrentamento ao colonialismo.

Palavras-chave: Poesia moçambicana; História; Noémia de Sousa.


A memória coletiva e histórica em Os memoráveis, de Lídia Jorge

Sílvio Antônio de Oliveira Júnior
(USP)

Estudo acerca dos limites do registro ligados à história e à memória do povo português, tendo como base a obra Os memoráveis (2014) de Lídia Jorge. Elaborada por meio dos testemunhos de personagens que participaram de alguma forma dos episódios que culminaram na queda da ditadura salazarista, a narrativa é perpassada pelos conceitos de memória coletiva e de memória histórica, uma vez que o mesmo fato histórico, neste caso o da Revolução dos Cravos, é visto e revisto por diferentes perspectivas. Esses relatos são coletados por três jovens jornalistas nascidos após a revolução, mas que tentam acessar por meio das memórias dessas personagens, distantes trinta anos dos acontecimentos, uma parte importante da história de seu país. O processo de reconstrução histórica proporcionado por cada um dos dez entrevistados na obra tem como tentativa identificar as limitações de um registro fiel dos fatos históricos em relação à fragilidade da memória, que tem como agravante a instabilidade ao longo do tempo. O conflito entre os testemunhos coletados por meio de entrevistas e, principalmente, a própria memória da protagonista e narradora, Ana Maria Machado, sobretudo àquela relacionada com sua figura paterna, o também jornalista António Machado, serão a base para esta análise. Buscar-se-á ainda investigar o conceito de pós-memória e o desdobramento deste para o desfecho do romance como forma de perceber como a reconstrução memorialística interfere no modo como a história é contada.

Palavras-chave: Lídia Jorge; Memória Coletiva; Memória Histórica.


A REPRESENTAÇÃO DISCURSIVA DA MULHER E O OLHAR DO OUTRO

Cinthia Aparecida Lemes

Esta pesquisa mobiliza conceitos como exotopia, cronotopo, dialogismo, alteridade e vozes sociais, a partir de análise de trechos das obras “As visitas do Dr. Valdez” de João Paulo Borges Coelho e “A costa dos murmúrios” de Lídia Jorge. Ela examina a representação do sujeito feminino nos citados romances e verifica como seus autores descrevem as mulheres; reconstroem o contexto histórico de suas obras; e, refratam/refletem as vozes sociais trazendo o outro para “dizer”. O trabalho objetiva captar o olhar dos escritores escolhidos sobre as mulheres-personagens do livro e verifica como está estruturado o olhar dessas mulheres sobre si mesma no romance. Nesse movimento de captar os olhares, os autores apresentam características culturais do colonizador e, à medida que são recuperados aspectos culturais, sociais e ideológicos de momentos históricos de Moçambique, é dada a importância para a voz da mulher. A escolha pelo corpus é que ambas as obras têm como cenário a cidade de Beira e tratam de períodos importantes para o país. Uma das questões que se faz presente é: a como essas mulheres veem a si mesmas? São mulheres inquietas com a sua condição social ou são mulheres resignadas? Em um segundo momento da análise, verifica-se em que medida os diálogos que dissecam o comportamento social, as ações (in)diretas nas relações pessoais e a estrutura modal de postura mostram a figura feminina como subserviente ou como uma mulher forte. À medida em que as personagens retratadas tomam conhecimento do olhar do outro, elas mudam o seu próprio olhar acerca de si mesma? Esta pesquisa, insere-se, portanto, no quadro metodológico da Análise Dialógica do Discurso a partir dos conceitos de Bakhtin e do Círculo.

Palavras-chave: mulheres; história; Moçambique; análise do discurso.


Eliete, de Dulce Maria Cardoso: a emergência da escrita feminina na Literatura Portuguesa Contemporânea

Gabriela Silva

João Barrento em A chama e as cinzas, aborda no ensaio “ A nova desordem narrativa: a escrita feminina”, apresenta características que considera pertinentes ao contexto de escrita feminina no âmbito da ficção portuguesa do século XX, de modo específico, o pós-25 de abril. Diz-nos Barrento que já se destacavam vozes femininas que romperam a longa dominação da escola realista e neorrealista. Isabel Pires de Lima também evidencia essa produção feminina de escrita que converge par a denúncia do regime ditatorial. A literatura portuguesa refletiu de forma muito particular a sua história, tanto no campo da poesia quanto da prosa. A escrita feminina ocupou-se de representar a forma de perceber e de movimentar-se das mulheres nesse ambiente dominado pela ditadura e depois numa construção da democracia e da liberdade, ao longo do século XX. Romances, novelas e contos apresentam personagens e fábulas nascidas uma nova perspectiva do feminino, que se configura ainda num presente repleto de memórias de um passado recente. É a partir dessas características, entre outras peculiaridades, que esta proposição de leitura procura analisar Eliete, romance de Dulce Maria Cardoso, levado à estampa em 2018. A protagonista, Eliete, narra sua infância vivida no tempo da ditatura salazarista, a Revolução dos Cravos e seus efeitos “ numa cultura espontânea e exorcizante”, no cotidiano dos portugueses, da censura à liberdade de expressão, as diferentes relações que são estabelecidas e modificadas na vida familiar, amorosa e social da personagem. Eliete, no percurso da narrativa, que abrange também a idade adulta, questiona-se sobre sua identidade, a respeito da sua constituição como sujeito de um tempo de novas formas de relacionar-se com tudo que a constitui e compõe.

Palavras-chave:literatura portuguesa contemporânea; literatura portuguesa de autoria feminina; Dulce Maria Cardoso.


Simpósio 14 

 

SIMPÓSIO 14

Análise do Discurso e Tecnologia

OS AGRADECIMENTOS DE UMA TESE ACADÊMICA: GÊNERO EPIDÍTICO E DIALOGISMO

Camila Cesário Lérco (PUC/SP)
Kathrine Butieri (PUC/SP)

O trabalho analisa o discurso da seção “agradecimentos” de uma tese de doutorado à luz de uma possível aproximação entre a retórica e a análise dialógica do discurso. Defende-se que, ainda que retoricamente, por sua orientação, esse tipo de discurso possa ser enquadrado no gênero epidítico, ele não é fixo, em virtude da dialogicidade presente nele. Para além de um discurso de louvor ou censura, característica básica desse gênero segundo Aristóteles, este adquire outras facetas, como a argumentativa, algo que só é possível devido à relação com os possíveis dizeres e pontos de vista que o rodeiam. Assim, o objetivo é refletir sobre o modo como os agradecimentos em exame estabelecem e negociam sentidos tendo em vista essas duas teorias. O aporte teórico utilizado se constitui principalmente dos estudos de Aristóteles (2011) acerca do gênero epidítico, para quem se trata de um gênero que engloba discursos de louvor ou censura, como mencionado, Bakhtin (2003, 2015, 2016), que é o nome relacionado ao conceito do dialogismo da linguagem, isto é, a interação existente entre múltiplos discursos, e Pistori (2019), que observa em pesquisa recente repercussões da retórica na teoria bakhtiniana. Do ponto de vista metodológico, o estudo é descritivo e interpretativo e nele trazemos a análise de trechos dos agradecimentos selecionados. Desse modo, chega a nos parecer evidente que o heterodiscurso não admite os gêneros puros e simples da retórica tradicional, como o epidítico, no caso, exigindo deles um novo enquadramento, com uma maior complexidade e flexibilidade.

Palavras-chave: Gênero epidítico. Dialogismo. Agradecimentos.


USO DE PODCASTS COMO ESTRATÉGIA DE APOIO AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CURSO DE GRADUAÇÃO PRESENCIAL: ANALISANDO O DISCURSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS.

Fernando Luis Cazarotto Berlezzi
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Podcasts são arquivos digitais de áudio disponibilizados para audição em dispositivos ou aparelhos eletrônicos. Geralmente seus conteúdos têm formato e linguagem parecidos com programas radiofônicos. Este trabalho sintetiza um experimento realizado com alunos voluntários de cursos de comunicação de nível superior. Os alunos foram convidados a ouvir uma série de podcasts idealizados e produzidos pelo professor da disciplina linguagem verbal que trata do ensino da língua portuguesa, dias antes de uma avaliação escrita onde seria cobrado esse determinado conteúdo. Afim de ajudar os ouvintes a relembrar os conceitos apresentados nas aulas e que seriam objeto da prova, o formato dos podcasts explorou a imaginação dos universitários de forma lúdica, pois simulava diálogos entre alunos justamente sobre o conteúdo ministrado no período pelos professores. Entende-se que é papel primordial do professor propor o uso de novas abordagens pedagógicas para o aprimoramento de sua proposta metodológica de ensino. Este trabalho procura apresentar reflexões realizadas sob a ótica da Análise do Discurso calcadas nos textos do analista Dominique Maingueneau (2015) acerca das cenas de enunciação presentes no discurso dos alunos nas respostas da pesquisa aplicada sobre a utilização de podcasts como recurso de apoio pedagógico.

Palavras-chave: Podcasts; ensino-aprendizagem; análise do discurso.


ENUNCIAÇÃO AFORIZANTE E SEUS COMENTÁRIOS NA PÁGINA FILOSOFIA LÍQUIDA DO INSTAGRAM: UMA ANÁLISE DO DISCURSO DE ÓDIO CONTRA O ISLAM NO BRASIL

Priscilla Cláudia Pavan de Freitas
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Nos dias atuais, a produção linguageira e discursiva em ambientes digitais, como as redes sociais, é mediada pela tecnologia. Essas novas tecnologias da comunicação modificam a materialidade do que se entende por discurso e evidenciam, por meio de novos aparatos, muitas vezes, velhos preconceitos. As postagens no Instagram, por exemplo, enunciam-se em um fluxo contínuo e diversas opiniões são emitidas sem filtro, trazendo à tona discursos inflamados que podem influenciar outros usuários ou torná-los coparticipantes de um discurso de ódio. O trabalho em questão tem por escopo apresentar a análise de uma postagem e de alguns de seus comentários, presentes na página do Instagram denominada Filosofia Líquida. A postagem em si, que se apresenta em formato de aforismo, complementada por alguns dos comentários discriminatórios dos usuários, traz os principais elementos para o nosso trabalho, visto que juntos evidenciam uma aversão coletiva à religião islâmica e ao seu profeta Maomé. Para alcançar os objetivos de análise, foram utilizadas as ideias de Maingueneau (2008, 2015) sobre o ethos e a imagem que os sujeitos criam de si no discurso. Também foram utilizadas algumas considerações do mesmo autor sobre as comunicações em espaços digitais, a noção de discurso constituinte e, ainda, a noção de enunciação aforizante. A metodologia ficou centrada na análise da postagem e dos comentários sobre ela pelo viés da AD. Os resultados, obtidos até agora, indicam que esse novo tipo de interação social, mediado pela tecnologia digital, propaga, de uma forma muito mais intensa, valores, opiniões e até mesmo preconceitos enraizados na sociedade.

Palavras-chave: Enunciação aforizante; Redes sociais; Islam.


O PODCAST EM SALA DE AULA: ORALIDADE, ESCRITA E TECNOLOGIA NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA

Michelli Marchi Oss-Emer
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

Esta comunicação visa relatar uma pesquisa motivada pela necessidade de incluir o uso das tecnologias nas aulas de Língua Portuguesa. Para tanto, destacamos como objetivo geral refletir sobre o uso das tecnologias no ambiente escolar como alternativa à aprendizagem no ensino de Língua Portuguesa, utilizando o podcast para ampliar o domínio das práticas de linguagem dos alunos. Como objetivos específicos, apontamos: a) discutir o uso das TIC em sala de aula, especialmente o podcast como recurso tecnológico no trabalho com oralidade e escrita; b) ampliar estas práticas (de oralidade e escrita) por meio do uso das tecnologias; c) proporcionar aos alunos contato com diferentes podcasts; d) realizar a produção de podcasts durante as aulas de Língua Portuguesa. A fundamentação teórica está baseada nas contribuições de Geraldi (1991) quanto ao ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa, no pensamento de Bakhtin (2011 [1952/53]) em relação aos gêneros do discurso, bem como o aporte teórico referente às TIC e aos multiletramentos trazidos por Rojo (2012) e os aspectos da oralidade apresentados por Marcuschi (2001). A metodologia empregada – de abordagem qualitativa e natureza aplicada, configura-se em uma pesquisa-ação. Os resultados apontam para uma contribuição significativa do trabalho com podcast na ampliação das práticas de linguagem dos alunos, proporcionando o desenvolvimento da oralidade permeado pela utilização da tecnologia em sala de aula. (Apoio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001).

Palavras-chave: podcast, oralidade, Língua Portuguesa.


O PAPEL DA MÍDIA IMPRESSA NO PROCESSO DE CONFIGURAÇÃO DO ATOR DA ENUNCIAÇÃO, PARTICIPANTE DAS MANIFESTAÇÕES DE JUNHO DE 2013 NA CIDADE DE SÃO PAULO

Tânia Regina Exposito Ferreira
(Doutora em Letras pela UPM-SP)

Junho de 2013 ficará marcado na história da cidade de São Paulo pelas manifestações populares, cujo motivo inicial foi a revogação do aumento de R$ 0,20 nos transportes públicos. Configurar o ator da enunciação destes discursos da imprensa foi o objetivo desta pesquisa. Analisamos textos veiculados em dois importantes jornais: Folha e O Estado de S. Paulo, visando a neles identificar figuras, temas, referências intertextuais, denominações, qualificações, avaliações diretas ou indiretas, imagens – que convergiam para a definição do sujeito da enunciação das manifestações. Como um contraponto à análise desses jornais, analisamos comentários de internautas no Facebook do Movimento Passe Livre- MPL e texto do Blog do Observatório da Imprensa com o objetivo de identificar a configuração dada ao ator da enunciação nas redes sociais. A pesquisa foi conduzida com base nos fundamentos teóricos da Semiótica Greimasiana, com particular ênfase no nível discursivo da análise, em que se focaliza a configuração enunciativa do discurso. Os resultados desse estudo mostraram que o ator da enunciação revelado pelas várias reportagens e notícias que se seguiram a cada uma das manifestações é mutante. Inicialmente emerge dos textos um ator “vândalo” e “baderneiro” e, ao final, particularmente nos textos atinentes à grande manifestação do dia 17, o ator da enunciação chega a ser construído como um “herói”.

Palavras-chave: Texto. Discurso. Enunciação.


DIALOGISMO NAS ARTES PLÁSTICA: UMA ANÁLISE DE MICHELANGELO E ROSALES

Natália Sanches Ferreira Lima
– UPM

A problemática que guia este trabalho trata do campo de significação, colaboração dada por Rosales ao realizar a paródia na obra The Creation of God. Nessa obra, a artista pretende contribuir com a construção da identidade da mulher negra por meio de sua representatividade na Arte. É estabelecida uma reflexão crítica acerca das significações vinculadas ao tempo histórico em que a artista está inserida. A partir disso, temos como objetivo observar como uma obra contemporânea, “The creation of God” (2017) propõe um novo olhar sobre o tema desenvolvido anteriormente, “Criação de Adão” (1508-1510) de Michelangelo (1475-1564), tendo em vista um novo momento histórico e social, ou seja, a relação existente entre a obra de Rosales e os conceitos de representatividade e de construção da identidade das mulheres negras. A necessidade de estudar de que forma essa obra paródica opera para a produção de novos sentidos, se dá por considerarmos ser importante uma nova leitura na contribuição da elaboração de um discurso de empoderamento das mulheres negras na atualidade. O presente trabalho irá estabelecer relações entre meio social e significação desenvolvida por Volóchinov, em seguida tratará dos conceitos de Dialogismo e Paródia desenvolvidos por Bakthin, e por fim pelo conceito desenvolvido por Hutcheon a respeito de paródia.

Palavras-chave: Bakhtin, Volóchinov, Paródia.


CULTURA DIGITAL E NARRATIVAS AUDIOVISUAIS NO CURSO DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Lidiane Rodrigues Christovam
Universidade Presbiteriana Mackenzie

A democratização de informações e dados que podem fazer bem a toda a população é uma necessidade emergencial no Brasil. Parte da população brasileira não consegue compreender, muitas vezes, os dados que são divulgados na televisão e na internet. É a partir dessa realidade que surgiu o trabalho que aqui é descrito que busca levar alunos do curso de Publicidade e Propaganda a produzir materiais audiovisuais com informações sobre algum aspecto de relevância social com a meta principal de organizar dados de maneira didática para o público-alvo. Materiais com dados e informações sobre diversas áreas, como saúde, violência, alimentação e consumo, existem em grande número. Contudo, materiais atrativos e significativos para as pessoas nem sempre são encontrados com facilidade. A partir disso, inicialmente, foi proposta aos educandos uma pesquisa cuidadosa sobre os dados e as informações que comporiam o material elaborado. Posteriormente, e com os dados coletados, partiu-se, então, para o momento de estudo da melhor disposição dos dados e informações na produção audiovisual. Levou-se os estudantes a pensarem de que maneira as pessoas compreenderiam com eficácia os vídeos elaborados. Nesse momento, recursos da cultura digital, como memes e gifs, foram utilizados e transformaram a proposta educativa em um processo lúdico também para os criadores de cada um dos materiais. Como referencial teórico foram usados os pensamentos de Brasil (2017), Freire (1996), Vasconcelos e Martins (2019).

Palavras-chave: : narrativas; dados; produção audiovisual.


CONSTITUIÇÃO 1988: O ETHOS DISCURSIVO, A METÁFORA E O “REAL”

Patrícia MAFRA
- PUC-SP

Na Análise do Discurso de linha francesa o sujeito é dividido, faltante, não todo, interpelado pela ideologia, traído pelas fendas do seu inconsciente e atravessado pela exterioridade que o constitui. Assim, quando o “real” – a angústia, a falta, o impossível – é trabalhado pelo analista torna-se perceptível o movimentar da língua, da história e do sujeito. Por esse viés há o desvelamento das tensões do dito e do não dito e, a partir disso, pretende-se compreender os processos envolvidos nos deslizes e nos pontos de deriva da língua que produzem algum sentido no corpus analisado. Busca-se neste artigo analisar nas materialidades linguístico-discursivas o real da língua, da história e do inconsciente, especificamente, no uso de metáforas e a construção do ethos do discurso, do então, Deputado Federal (PT-SP) Florestan Fernandes, divulgado pelo jornal Folha de SP, em 05 de agosto de 1988. As perguntas a serem respondidas nesse trabalho são as seguintes: “No discurso, o ethos é capaz de revelar um modo novo de “real”? O ethos poderá ser reconhecido como um modo válido de representar a realidade? Concluiu-se que o ethos é capaz de contribuir para revelar um novo modo de “real” e ser reconhecido atrelado às abstrações de imaginários e representar a realidade do enunciador e, consequentemente, apresentar um novo “real” para o coenunciador. Para tanto, utilizaremos a teoria da Análise de Discurso francesa em PÊCHEUX (1991), MAINGUENEAU (2015) e CHARAUDEAU (2008).

Palavras-chave:: Constituição de 1988. Ethos. Real.


‘AS VOZES’ NA PROPOSTA DE REDAÇÃO DO ENEM REGULAR E PPL: UMA ANÁLISE LINGUÍSTICO-DISCURSIVA

Marta Silva Souza

Ao considerar a relevância e o poder atribuído ao Exame Nacional do Ensino Médio, no momento em que é utilizado como ferramenta para medir a atuação educacional no Brasil e utilizado para seleção de candidatos no ingresso ao ensino superior, o estudo propõe analisar, a partir de perspectiva discursiva, os elementos linguísticos-discursivos engendrados na composição da prova de redação do ENEM regular e PPL (Pessoas Privadas de Liberdade). A prova de redação do ENEM não se restringe a produção textual, mas exige consonância com a compreensão leitora dos textos motivadores, da frase temática, além dos conhecimentos adquiridos no processo de formação escolar e fora dele. Verificaremos como os recursos da linguagem conduzem a constituição do ethos discursivo do enunciador, o qual, por sua vez, legitima o discurso e cria uma realidade discursiva que requer a mobilização de determinadas competências no processo de produção do texto. Servirão como respaldo teórico os estudos de Análise do Discurso de linha francesa (ADF), com base na concepção de discurso de MAINGUENEAU (1997, 2004, 2008, 2010, 2015) e ORLANDI (1999 e 2001). Nos ancoraremos nos conceitos de gêneros do discurso de BAKHTIN ([1953] 2003) e MAINGUENEAU (2004). Espera-se compreender como os discursos estabelecem a relação de poder, que instaura o exame como uma instituição legitimada e o conduz a ocupar papel significativo nas políticas educacionais.

Palavras-chave:: Análise de discurso; Competências discursivas; Redação ENEM; Ethos discursivo.


Simpósio 15 

 

SIMPÓSIO 15

Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos - UFSC – Experiências pedagógicas no ensino de português como Língua Materna e não materna

TROCAS ORTOGRÁFICAS DE CONSOANTES OCLUSIVAS E FRICATIVAS DIFERENCIADAS PELO TRAÇO DE SONORIDADE ENTRE ALUNOS DOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Aline Moraes Lima
Joselice da Rocha Leal
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

Neste trabalho, observa-se como as trocas ortográficas de segmentos oclusivos e fricativos permanecem nas produções escritas de alunos dos anos finais do ensino fundamental e como se relacionam ao processo de alfabetização, destacando a ação do professor na condução desse processo. Para tanto, parte-se de um levantamento bibliográfico, embasado nas proposições de CagliarI (2009), Simões (2006) e Silva (2009) a fim de apresentar a relação entre o domínio dos conhecimentos linguísticos pelo professor e uma mediação mais eficaz nas aulas de português desde os anos iniciais do ensino fundamental. Além disso, também foram coletados dados de escrita de quatro alunos dos anos finais do ensino fundamental, mostrando a persistência das trocas ortográficas e algumas propostas de atividades para auxiliar os alunos em suas “dificuldades”. Os resultados apontam que as melhores estratégias de superação das dificuldades são o ditado, a produção textual, a releitura e reescrita de textos, o treino ortográfico e os exercícios com listas de pares mínimos.

Palavras-chave: Trocas ortográficas; Traços de sonoridade; Alfabetização.


JOGOS PEDAGÓGICOS E AUTOBIOGRAFIA: SUPERANDO MARCAS DE ORALIDADE NA ESCRITA DE ALUNOS DE 6º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Aline Suzana de Freitas Vaz
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

As questões que norteiam esta comunicação são: Como os jogos pedagógicos podem afetar no aprimoramento da escrita de alunos do 6º ano do ensino fundamental ?Qual a função dos jogos pedagógicos no ambiente escolar? Como desenvolver jogos que efetivamente proporcionem melhorias na escrita dos alunos de 6º ano do ensino fundamental? Partindo dessas questões,foi desenvolvida uma pesquisa-ação, na qual se identifica um problema, planeja-se um conjunto de atividades e vivencia-se uma intervenção, cujo objetivo geral é contribuir para o aperfeiçoamento da escrita dos alunos participantes da pesquisa por meio de jogos pedagógicos desenvolvidos a partirde um mapeamento dos desvios referentes às marcas de oralidade na escrita de textos registrados em diários pessoais. O primeiro passo metodológico se concentrou na análise da escrita dos diáriosdos alunos do 6º ano do ensino fundamentale na categorização - em quatro categorias morfofonêmicas - das marcas de oralidade presentes nesses textos, as quais se constituem em desvios da grafia oficial. O segundo passo consistiu na elaboração de estratégias de enfrentamento desses desvios por meio de jogos pedagógicos. Após a vivência com os jogos pedagógicos, foram propostas atividades de escrita autobiográfica cujos resultados iniciais indicam a superação de certas marcas como a escrita de vogais anteriores e posteriores de sílabas não-tônicas.

Palavras-chave: Jogos pedagógicos; Marcas de oralidade na escrita; Autobiografia.


LITERATURAS DE HORROR-HUMOR NA EDUCAÇÃO BÁSICA: O RISO COMO CONTRADISPOSITIVO DO MEDO

Carolina Severo Figueiredo
PIBIC - Universidade Federal de Santa Catarina

Nesta apresentação, pretendo discutir como o medo e o riso se articulam na literatura infanto-juvenil, no contexto do ensino de Português nos anos finais da educação básica. O objetivo principal será verificar se, através do acesso à literatura de humor que se apropria de elementos do horror, como monstros, bruxas, fantasmas e a abordagem da morte, o leitor poderá desenvolver uma maior compreensão e/ou expurgo de seus medos através do riso catártico (PROPP, 1992). A partir de uma breve revisão bibliográfica de bases teórico-pedagógicas e pesquisas no nicho das literaturas de horror-humor, podemos perceber que histórias que envolvem a morte e criaturas pretensamente assustadoras estão no mainstream, e, aparentemente, sempre estiveram no imaginário infanto-juvenil. Acreditando ser o medo um dispositivo biopolítico (MANSANO; NALLI, 2018; FOUCAULT, 1999; AGAMBEN, 2005), supõe-se, então, que o riso possa ser um contradispositivo, e que a exposição a situações de morte ou medo na literatura permitem ao aluno vivenciar ritualisticamente esses processos. A partir de uma perspectiva fundada na pedagogia pós-crítica, algumas questões serão levantadas: Quais as consequências da vivência de uma arte que inverte os papéis da homogeneização social, colocando as crianças em contato com o que, em outros tempos, deveria amedrontá-las? Ri de (e com) os monstros que nos aterrorizam, poderá ajudar na formação de um futuro adulto autoconsciente, crítico de si e de seu meio?

Palavras-chave: Literatura infanto-juvenil. Horror. Humor.


LEITURA LITERÁRIA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: A PERSPECTIVA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA A PARTIR DA LEITURA DE TEXTOS CANÔNICOS

Elizete Soares Geraldi
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

Esta comunicação traz os resultados de uma proposta de trabalho desenvolvida em uma turma de 9º ano da Educação de Jovens e Adultos de uma escola de São José (SC). A prática pedagógica na EJA precisa do uso de uma metodologia que seja adequada às necessidades desse público. A sequência didática “Leitura literária na Educação de Jovens e Adultos: a perspectiva da aprendizagem significativa a partir da leitura de contos canônicos” traça novas estratégias com a finalidade de estimular o gosto e o hábito pela leitura, possibilitando a leitura compartilhada de alguns contos canônicos, permitindo a interação entre eles com discussão das ideias presentes nos textos e sua relação com a vida e o momento atual, a partir da seleção de duas narrativas ficcionais: o Conto em prosa “A Carteira” (de Machado de Assis) e o Conto em verso “Papai Noel às avessas” (de Carlos Drummond de Andrade). A proposta apresentada seguiu as orientações definidas por Cosson (2018) em sua sequência básica: motivação, introdução, intervalos e interpretação. Os resultados obtidos foram: a) promoção de uma reflexão coletiva sobre questões que norteiam a vida dos estudantes como: amor, paixão, namoro, casamento, fidelidade, amizade verdadeira, lealdade, desemprego, desigualdade social, família; b) discussão em defesa de um ponto de vista na perspectiva dos gêneros masculino e feminino.

Palavras-chave: Elaboração didática. Metodologia. Leitura literária. Contos canônicos.


REFLEXÔES SOBRE A TROCA ORTOGRÁFICA DE ALUNOS DO 6° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL PÚBLICO

Éllen L. M.Ribeiro
Eloise A. Santos
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

Os desafios da escola contemporânea numa sociedade cada vez mais grafocêntrica intensificam-se quando os alunos apresentam distorções entre leitura e escrita. Essa peculiaridade não é recente na disciplina de Língua Portuguesa, logo, muitos estudos e pesquisas nas áreas da fonologia, morfologia, alfabetização e ensino, retratam possibilidades de práticas metodológicas que favorecemao processo de ensino-aprendizagem, amenizando o distanciamento dos padrões convencionais de escrita dos alunos.Esse artigo partiu do problema: Quais estratégias de ensino podem ajudar nas trocas ortográficas correspondentes aos sons surdos [f], [t] por sonoros [v], [d]? Assim, o objetivo foi descrever sobre esse câmbio contextual, explicando o uso previsível de determinada letra sob a ótica dos estudos da fonologia, da alfabetização e do ensino de Língua Portuguesa para então apontar estratégiasde atividades para a superação dessas trocas.Trata-se de um estudo de reflexão teórica-metodológica, desenvolvido por meio de uma pesquisa bibliográfica, atendo-se principalmente ao pensamento de autores como Lemle (2009), Cagliari (1995), Capovilla&Capovilla (2000), Morais (1998), Bisol (1983), de onde se partiu dos contextos ortográficos recorrentes na produção de textos dos alunos do 6° ano do ensino Fundamental IIde uma escola pública. (Apoio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001)

Palavras-chave: trocas ortográficas, ensino fundamental, consciência fonológica.


A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA E SUA INFLUÊNCIA NO PROCESSO DE ESCRITA NO APAGAMENTO DO -R FINAL DOS VERBOS NO INFINITIVO

Jace Mari Costa
Yara de Oliveira Marcomini
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das ocorrências dos alunos do ensino fundamental II a respeito do apagamento do -r nos finais dos verbos infinitivos, fenômeno percebido amplamente na fala que vêm ocorrendo também na escrita e as formas de superação dessa dificuldade a partir da elaboração de estratégias diversificadas de atividades de consciência fonológica. Para tanto a metodologia a ser seguida é apresentar conceitos teóricos acerca dessa temática, descrição do problema identificado na escrita dos alunos e por fim uma proposta de intervenção baseada na elaboração prática de exercícios. Os resultados indicam que as melhores estratégias são o ditado de palavras com trocas de correções e o bingo de verbos. (Apoio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001).

Palavras-chave: Consciência fonológica; Escrita; Variação.


  ANÁLISE DO PROGRAMA GESTÃO DA ALFABETIZAÇÃO

Maria Gabriela Abreu
Universidade Federal de Santa Catarina - PROFLETRAS

Esta comunicação é resultado de uma investigação acadêmica que teve como foco a análise do Programa Gestão da Política de Alfabetização, do Instituto Ayrton Senna, organização brasileira de iniciativa privada sens fins lucrativos, à luz do referencial teórico do campo da educação, da linguística e da linguística aplicada, ancorado em Brito (2012), Duarte (2001), Kleiman (2007) e Street (2003), relacionando as concepções do programa de alfabetização com as noções de universalização do ensino, ideologia, letramento e alfabetização, discutidas pelos autores anteriormente mencionados. A análise se refere a um recorte de parte do material do Instituto Ayrton Senna, visto que não é possível esgotar aqui todas as possibilidades de discussão dada a extensão do material ou dos documentos relacionados ao programa de gestão dessa instituição. A metodologia da investigação ficou centrada na análise documental e na bibliográfica. Os resultados obtidos das análises de parte do material selecionado indicam que: a) o programa do Instituto Ayrton Senna propõe uma solução geral, que não leva em consideração as especificidades locais, as singularidades das comunidades atendidas, organizado de cima para baixo, não do local para o global; e b) há ausência de pressupostos teóricos sólidos na sua proposta que possam subsidiar tanto o investimento em estudo quanto em aplicação metodológica das atividades propostas.

Palavras-chave: Gestão pública; Alfabetização; Letramento.


  DIFERENTES FORMAS VERBAIS DE FUTURO EM TEXTOS DE ALUNOS DE LÌNGUA PORTUGUESA DO ENSINO FUNDAMENTAL

Maria Denize Carniel da Silva
Michelli Marchi Oss-Emer
Universidade Federal de Santa Catarina – PROFLETRAS

Esta proposta de comunicação tem por objetivo apresentaros resultados de uma investigação que teve por foco explicitar de que forma o futuro do presente do modo indicativo é tratado nas situações de uso real da língua por alunos do ensino fundamental e pelos livros didáticos. Para tanto, foram levantados alguns dados a partir dos textos de alunos de sétimo e nono anos de escolas públicas, bem como dados sobre a forma verbal do futuro do presente do indicativo presentes no livro didático utilizado pelas professoras. O embasamento teórico foi fundamentado em gramáticas (normativa, descritiva e pedagógica), artigos científicos e concepções de língua, linguagem e gramática de estudiosos da área, Faraco (2008), Franchi (2006), Possenti (1996) e Travaglia (1996). Como resultado, constatou-se que, apesar de o livro didático não abordar diferentes formas de expressão do tempo futuro, nas produções textuais dos alunos percebe-se o uso diferenciado dessas formas, como, por exemplo, a forma analítica e a forma verbal do presente do indicativo no lugar do futuro do presente do indicativo. Essas formas foram as mais contempladas nas produções textuais dos alunos. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

Palavras-chave: Gramática; Futuro do presente; Uso real da língua; Língua Portuguesa.


ELABORAÇÃO DIDÁTICA DE LEITURA LITERÁRIA DE “UM CAMINHO ALEMÃO”

Paulo Henrique Lohn
Universidade Federal de Santa Catarina - PROFLETRAS

Nesta comunicação apresentamos os resultados de um projeto de pesquisa-ação intitulado “Letramento Literário numa Perspectiva Humanizadora: a Literatura como Alicerce de Valorização Cultural na Formação de Estudantes-Cidadãos”, do programa de pós-graduação doPROFLETRAS/UFSC, desenvolvido com estudantes de uma turma de 8º ano do Ensino Fundamental de São Pedro de Alcântara, primeira colônia alemã do estado de Santa Catarina, que, em 2019, completou 190 anos de imigração, o que deu também relevância ao estudo. Buscou-se: a) estimular o resgate histórico e cultural da e pela cidade; b) evidenciar a literatura como essencial para o processo de ensino e aprendizagem; c) contribuir para a humanização dos indivíduosenquanto sujeitos históricos e sociais. Optou-se por trabalhar com o livro de Luiz Claudio Stähelin: “Um Caminho Alemão”(2017),por tratar-se de um escritor alcantarense. A sequência didática básica desenvolvida por RildoCosson(2018)foi o suporte metodológico para as atividades propostas. Aliás, ele colabora teoricamente com o projeto ao abordar o letramento literário no espaço escolar. Além de Cosson, Antonio Candido(2004), Tzvetan Todorov (2009), Mikhail Bakhtin (2012) e Joana Cavalcante (2002) fundamentaram a pesquisa. Como resultados, foram elaborados sonetos e anúncios publicitários. Houve declamação encenada para a comunidade escolar da obra “Um Caminho Alemão” e, na semana de comemoração do aniversário do município, os estudantes foram à Câmara de Vereadores apresentar o projeto e ler, na tribuna, algumas de suas produções escritas.

Palavras-chave: Literatura; Valorização; Humanidade.


HISTÓRIAS E CANÇÕES DE MAYSA COMO MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA NÃO MATERNA

Silvia Inês Coneglian Carrilho de Vasconcelos, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina
silviaconeglian@terra.com.br

Um movimento ascendente na produção de material didático para o ensino de português tem sido bastante evidente, especialmente em relação àqueles voltados para cursos on-line. Em alguns desses materiais o aspecto cultural vem sendo introduzido, sem, no entanto apresentar investimento na tradição cultural musical brasileira. Dado esse quadro, foi desenvolvido um projeto de pesquisa relacionado à elaboração – e sua posterior aplicação – de material didático para o ensino de PLE, PSL, PLA, PLH, cujo conteúdo central foi a manifestação cultural musical, voltada especialmente para a produção de compositoras brasileiras do século XIX e XX, seguindo a orientação de valorização da produção feminina na construção da cultura brasileira. Nesta comunicação o ponto principal é o percurso teórico e metodológico da construção de material didático focado na contribuição da compositora Maysa como mote de divulgação da manifestação da cultura musical brasileira associada ao ensino da língua portuguesa. As contribuições teóricas que sustentam as análises realizadas durante a investigação e que nortearam a elaboração do material didático estão centradas especialmente em Calado (1995), Liricas Femininas/SESC (2019) e Marques (2015). A metodologia da investigação de cunho qualitativo englobou a pesquisa bibliográfica (que inclui a fonográfica), a contextualização histórica e as práticas linguageiras ali presentes. A elaboração do material didático incorporou o conjunto de dados levantados na pesquisa preliminar. Os resultados da pesquisa aplicada obtidos até então apontam para: a) a necessidade de uso de recursos multimodais; b) a necessidade de investimento em pesquisa histórico-cultural e c) a compreensão da complexidade de cada composição linguístico-discursivo-artístico-musical, especialmente em relação às construções metafóricas das dores das relações amorosas.

Palavras-chave: Material didático. Compositoras brasileiras. Maysa.


ENSINO-APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS BRASILEIRO POR ALUNOS TURCOS – UM RELATO EXPERIENCIAL

Ana Lúcia dos Santos, Ma.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
analubbella@hotmail.com

Este trabalho tratou de verificar o quanto questões culturais e interculturais podem ser responsáveis pelo bom ou mau aproveitamento das aulas de português por alunos estrangeiros cuja língua materna é muito distante da portuguesa – neste caso, a língua turca. Objetivou-se buscar respostas para questionamentos nascidos da experiência vivida durante a monitoria no curso intensivo Português brasileiro: língua e cultura, em janeiro de 2012, oferecido pela PUC-SP, do qual participou um pequeno grupo de alunos turcos. Para tanto, fez-se necessário estudar aspectos histórico-culturais da Turquia e o modo de ser e de relacionar-se dos turcos, seja com seus pares ou com outros. Os resultados obtidos indicam que diferenças culturais dificultam, em parte, o aprendizado de uma língua não materna e que não há como desprezar fatores interculturais dentro da sala de aula, pois, se entre alunos de uma mesma nacionalidade há grandes diferenças, em uma sala de PLE, com alunos de diversas nacionalidades, as diferenças se mostram ainda mais fortes. A riqueza do intercâmbio cultural favorece tanto professores quanto alunos. Contudo, o professor deve estar preparado técnica e pedagogicamente para vivenciar tais diferenças, pois pode haver imprevistos no processo, acarretando possíveis consequências negativas. Em razão disso, acredita-se ser necessário ao professor, além do conhecimento desses entraves atribuídos ao cultural, ser capaz de criar estratégias que permitam flexibilizar os comportamentos, a fim de atenuar as diferenças e levar o aluno ao sucesso em seu aprendizado.

Palavras-chave: PLE. Língua não materna. Diferenças interculturais. Alunos turcos.


PORTUGUÊS COMO LÍNGUA DE ACOLHIMENTO... MAS NEM TANTO...

Angela B. C. Themudo LESSA (PUC-SP)
Grassinete C. de Albuquerque OLIVEIRA (UFAC-AC)

Em uma época de tantas disputas ideológicas, nas quais jogos de linguagem se configuram como tentativas de silenciar os diferentes, ou seja, aqueles que não pertencem aos grupos hegemônicos que determinam quais práticas de linguagem são autorizadas, legítimas e aceitas, poucas possibilidades existem para serem ouvidos. Filiadas à LA Crítica, traçamos como objetivo o ensino de português como língua de acolhimento para refugiados e imigrantes, a fim de promovermos mudanças no status quo. Os pilares teóricos interdisciplinar provêm de Moita Lopes (2006), Rajagopalan (2006), Spivac (2019), Amado (2013,2016) e Dervin (2016). O conceito de interculturalidade na área de ensino de línguas adicionais é entendido como crítico reflexivo, que toma a cultura dos aprendizes como um ponto de partida para uma educação voltada aos direitos humanos e cidadania. Os dados aqui analisados foram coletados por Valic (2020), que desenvolve uma pesquisa Crítica de colaboração (PCCol), segundo Magalhães (2018). São analisados 2 excertos: (a) uma aula para refugiados que faz parte de um Projeto da Prefeitura de São Paulo e (b), uma conversa reflexiva com o professor da turma sobre a aula ministrada. Os resultados revelaram que, apesar de ensinar português para estrangeiros para inseri-los no mundo do trabalho e nas demais práticas sociais de linguagem, os conteúdos voltaram-se para aspectos linguísticos que não propiciam uma efetiva participação social na sociedade. Evidencia-se a necessidade de formação de professores de português como língua de acolhimento.

Palavras-chave: Português. Língua de Acolhimento. Refugiados e Imigrantes.


Simpósio 16 

 

SIMPÓSIO 16

A emergência do sentido e da compreensão na conversa

SEQUÊNCIA DIDÁTICA MULTIMODAL: (co)construindo sentidos com estudantes autistas

Alex Bezerra Leitão,
Universidade de Brasília

Este estudo tem por objetivo propor sequência didática multimodal, bem como sua aplicação, a estudantes autistas no âmbito da educação inclusiva, em uma turma de português como língua materna. Sob a orientação teórica de Norris (2011 [2009]), em torno da multimodalidade interacional, pressupomos que o encaminhamento de atividades que privilegiem diversos recursos linguístico-semióticos, mediante abordagem sociointeracional, potencialmente mobiliza o processo de (co)construção de sentidos entre estudantes e docente em direção à emancipação de sujeitos da cena interacional, como defende Kramsch (1986). Metodologicamente, afiliamo-nos a uma pesquisa qualitativa, de acordo com Denzin e Licoln (2006), lançando mão, para tanto, da etnografia que, como prevê Heath e Street (2008), possui caráter interpretativista, para a composição do corpus desta pesquisa. Os procedimentos de geração de dados são os seguintes: produção de narrativas multimodais, seguindo orientações de Melo-Pfeifer (2015), além de notas de campo e de gravações em áudio, como articula Flick (2009), com os/as colaboradores/as deste estudo. Os resultados parciais desta investigação apontam que a elaboração de sequências didáticas para se trabalhar com estudantes autistas numa perspectiva da educação inclusiva precisa partir de semioses mais concretas em direção a semioses mais abstratas. Os resultados parciais deste estudo ainda revelam que durante o processo de construção de sentidos há diversos modos que transcendem recursos linguístico-semióticos voltados apenas para a expressão oral ou para a produção escrita, haja vista a necessidade premente de dar visibilidade às semioses (não)linguísticas, no processo de ensino e de aprendizagem de língua portuguesa.

Palavras-chave: autismo; multimodalidade; (co)construção de sentidos.


ESTRATÉGIAS DE ELABORAÇÃO DE IMAGEM DOS AGENTES POLÍTICOS NA ELEIÇÃO BRASILEIRA PARA PRESIDENTE EM 2018

SMariana Andrade Ogasawara
Universidade Presbiteriana Mackenzie

Considerando que os candidatos a um cargo político precisam conquistar votos, devem ponderar acerca da linguagem que utilizam ao construírem suas imagens diante da sociedade. Este trabalho propõe, então, uma análise e comparação das manifestações linguísticas atenuadas e intensificadas aplicadas como estratégia de persuasão do público eleitor durante entrevistas concedidas ao programa televisivo Roda Viva antes do pleito de 2018. Para tanto, foram adotados como base teórica principal os pressupostos sobre fenômenos de constituição de imagem dentro de uma perspectiva interacionista, compreendidos como atividades sociais, de acordo com Bravo (1999, 2003, 2004), Hernández Flores (2004, 2005), Albelda (2004) e Briz (1998, 2002, 2007, 2012). A pesquisa construiu-se a partir de uma análise documental, na qual trechos de vídeos televisivos das entrevistas constituem o corpus. Por fim, deve-se levar em consideração que se tem no gênero entrevista uma interação por vezes polêmicas, especialmente dentro do discurso político, na qual se deve manter uma autoimagem a fim de aproximar-se da população.

Palavras-chave: atenuação, intensificação, autoimagem, discurso político.


Simpósio 17 

 

SIMPÓSIO 17

Literatura e suas interconexões com a arte, a escola e o real

Literatura, artes e propaganda na sala de aula

Aurora Gedra Ruiz Alvarez
(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Este trabalho apresenta a proposta de trabalhar a literatura dialogando com outros textos da cultura. Foram selecionados um poema e uma pintura do Barroco, bem como uma fotografia da publicidade da contemporaneidade para discutir uma proposta pedagógica que visa a mostrar como cada linguagem se organiza para expressar a tensão entre o sagrado e o profano. Fundamentar-se-á em bases teóricas da Teoria da Literatura, da Pintura, da Fotografia e dos estudos da Intermidialidade.

Palavras-chave: Literatura; Pintura; Fotografia; Processos intermidiáticos.


O PESO DO PÁSSARO MORTO, DE ALINE BEI: A LITERATURA CONTEMPORÂNEA ENCONTRA A SALA DE AULA

Sílvia de Paula Bezerra
(Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Aproximar a leitura das mais variadas obras literárias e a realidade dos alunos adolescentes é uma tarefa que exige conhecimento e criatividade. Segundo Tereza Colomer (2007) a educação literária deve ser uma constante aprendizagem baseada na construção de percursos variáveis, uma vez que a escola tem o dever de garantir aos alunos o acesso à literatura, enquanto a decisão de ir além do que foi apresentado caberá a cada estudante.
O objetivo deste trabalho é a partir da experiência de leitura da obra O peso do pássaro morto, romance de Aline Bei, um dos vencedores do Prêmio São Paulo de Literatura 2018, realizada com turmas de terceiro ano do Ensino Médio em escola pública, mostrar que é possível uma aproximação entre teoria e prática buscando ampliar a capacidade de interpretação e de crítica dos estudantes.
A leitura foi realizada individualmente e também em grupo, como uma estratégia que possibilita a ampliação e a complementação do sentido do texto lido, criando, segundo Paulo Freire (2016), pontes de diálogo entre os alunos, dando-lhes voz e atuação, fatores imprescindíveis para o posicionamento crítico. Houve ainda a visita da autora à escola para falar sobre sua produção, seu trabalho com a linguagem e suas influências.
Tendo como apoio os pressupostos de Freire conciliados às propostas de Colomer, a experiência real em sala de aula com uma obra contemporânea surtiu efeitos produtivos, uma vez que os alunos puderam construir uma compreensão que foi além das sugestões do livro didático sem estar esvaziada de acompanhamento teórico.

Palavras-chave: Lietura; Ensino; Estratégias.


Transcriador de Mundos: formas de recuperação e recriação do Mito em Mia Couto

Carlos Augusto dos Santos Ferreirinha
– PUC-SP

O objetivo deste trabalho é analisar as formas e motivos de apropriação e transcriação das estéticas e estruturas do Mito afro-moçambicano nas narrativas “A Lenda de Namarói” (2012), de Mia Couto. Visando tal objetivo, problematizamos: até que ponto os Mitos africanos implicam o processo de instituição identitária e social da comunidade africana e, por extensão, da moçambicana? Como Mia Couto apreende essas estéticas míticas em suas narrativas? Duas hipóteses orientam nosso trabalho: o Mito inscreve uma afirmação na construção e institucionalização da vida e do Regime de Verdade do sujeito afro-moçambicano; a narrativa de Mia Couto recupera e recria estéticas e estruturas míticas da cultura moçambicana, de modo a manter viva a veracidade e a crença nos Mitos como matriz de pensamento real e válida. Como fundamentação teórica para a abordagem do Mito, valemo-nos dos conceitos de Anti-Narciso Outramento (CASTRO, 2015), Regime de Verdade (FOUCAULT 1999) e Tautegoria (SCHELLING, 2007); no que diz respeito ao processo de apropriação e recriação das estéticas míticas na composição literária, utilizamos o conceito de transcriação, de Haroldo de Campos (1992), assim como proposições sígnicas semióticas de Charles Sanders Peirce (2000) e de Octavio Paz (1976). O processo metodológico de análise é essencialmente comparativo, refletindo sobre a presença e a transcriação de elementos e da constituição do Mito na composição literária das narrativas. Mia Couto recupera e presentifica as composições estéticas e estruturais míticas como forma de institucionalizar e dar voz à oralidade, à matriz de pensamento e ao Regime de verdade do sujeito afro-moçambicano enquanto realidade viva e presente.

Palavras-chave: Mia Couto; Mito afro-moçambicano; A Lenda de Namarói


O LUGAR DA CRÍTICA TEATRAL MODERNA

Tânia Maria de Oliveira Teixeira Pinto
– PUC-SP

Qual o espaço da crítica teatral, hoje, nos veículos de comunicação? Com base nesse questionamento surgiu este trabalho que analisou o atual espaço que a crítica teatral ocupa na mídia. Antes, era possível encontrarmos este tipo de texto em revistas e jornais, produzido por profissionais conhecedores do assunto, atualmente, esse gênero é encontrado mais comumente na chamada nova mídia: sites, blogs e redes sociais. A metodologia realizada foi uma pesquisa teórica nos sites Questão de Crítica e Teatrojornal. Para a fundamentação teórica foi utilizada A Galáxia Internet: reflexões sobre a internet, negócios e a sociedade (2003), de Manuel Castells e Papéis Colados (2002), de Flora Sussekind. Verificamos que hoje os usuários das novas mídias passaram a ter o poder de criar conteúdos, o que antes era intermediado por jornalistas, estudiosos ou especialistas, ocorrendo uma inversão de poder na comunicação. Seja para gerar e suscitar um debate social sobre o papel das artes, seja como importante registro histórico, a função da crítica não pode ser minimizada no meio em que se encontra, muito menos, ser reduzida pelo gosto pessoal de um usuário digital sem conhecimento específico sobre o tema que aborda. A existência da crítica teatral qualificada é fundamental para a sobrevivência do próprio ato teatral. Não podemos negar o fato de as novas mídias trazer inúmeros avanços para a sociedade, expor seus problemas com afinco não significa que ela seja algo prejudicial, pelo contrário: é preciso trazer os problemas para a luz, de modo que a luz também os alcance.

Palavras-chave: crítica, teatro, internet.


A RUA DO OUVIDOR E A ESCUTA DE MACHADO DE ASSIS EM “TEMPO DE CRISE”

Elieni Caputo,
PUC-SP

Este trabalho tem por objetivo apreender a escrita de Machado de Assis sobre a paisagem carioca, a partir do conto “Tempo de Crise”. Como o espaço percorrido pela narrativa é a Rua do Ouvidor do século XIX, esta será tomada como locus de observação e análise, a partir de acontecimentos do contexto histórico do Rio de Janeiro, capital do Segundo Reinado e modelo de metrópole brasileira no período. Como aporte teórico do estudo, são utilizados textos críticos de Roger Bastide (2003), Katia Muricy (1988), Haroldo de Campos (1992), Silviano Santiago (2000) e Salete de Almeida Cara (2008), em busca de traduzir as idiossincrasias do olhar e da escuta machadianos para a paisagem e os tipos urbanos em ascensão. Como escritor latino-americano, o legado do autor brasileiro é marcado pela diferença e a antropofagia em relação à herança europeia.

Palavras-chave: Machado de Assis. Tempo de Crise. Rua do Ouvidor.


A TRANSFIGURAÇÃO DO REAL EM “HORAS ÍGNEAS”, DE PEDRO KILKERRY

Carlos Eduardo Siqueira Ferreira de Souza

Neste trabalho, propõe-se lançar novas luzes à poesia singular de Pedro Kilkerry (1885-1917), figura central da segunda geração do Simbolismo baiano, mediante leitura investigativa de “Horas ígneas”, poema criado nos últimos anos de vida do autor. Dentre os conceitos que fundamentam teoricamente este estudo, resultantes da articulação entre as áreas da Literatura, Filosofia e Geografia, destacam-se o de pensamento-paisagem – mediante o qual Michel Collot (2013) promove uma redefinição da subjetividade, compreendida como fruto da relação de alteridade entre sujeito e real – e o de geograficidade – cunhado por Eric Dardel (2011), para quem o conhecimento geográfico, além da descrição objetiva que tradicionalmente o caracteriza, deveria estar comprometido com a dimensão existencial humana e com as relações concretas que o sujeito estabelece com a Terra. À luz dessas propostas teóricas, a partir das quais a poesia é concebida como meio de expressão que parte da experiência sensível para produzir um "pensamento fundamental" (Michel Collot, 2013) ou um “estremecimento da existência” (Eric Dardel, 2011), pretende-se mostrar que a lírica de Pedro Kilkerry sugere a emergência de processos de subjetivação consolidados por fluxos constantes de deslocamento entre sujeito e mundo, cujo efeito é a transfiguração da realidade.

Palavras-chave: Pedro Kilkerry; Simbolismo; Pensamento-Paisagem; Geograficidade.


Simpósio 19 

 

SIMPÓSIO 19

Estudos de Língua, Literatura e Cultura : reflexões e rumos

BLACK ENGLISH: A DESCOLONIZAÇÃO DOS DESCENDENTES DA DIÁSPORA NEGRA

Aline de Almeida Gandra
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

O presente artigo examina o uso de uma variante da língua inglesa chamada African-American Vernacular, e a sua utilização enquanto ferramenta para aproximar os jovens da periferia de São Paulo da língua inglesa. A língua tem um papel político - ideológico fundamental para compreender o momento histórico que vivemos, já que toda língua carrega uma história social e representa o seu grupo de falantes. Na perspectiva da abordagem intercultural de línguas estrangeiras, o presente artigo visa discutir sobre como o processo de construção de identidade do negro, ou dos seus descendentes, é expresso em elementos culturais como músicas, filmes e séries que utilizam o Black English. Ao observar brevemente os aspectos linguísticos, fonéticos, gramaticais ou discursivos, faz-se possível traduzir uma realidade socioeconômica dos falantes norte-americanos, construindo uma ponte entre esses e os jovens residentes das periferias de São Paulo, que estão sendo negligenciados pelo abismo construído na educação brasileira, na qual restringe o acesso ao bilinguismo para a classe social mais rica do país. Diante deste cenário, faz-se necessário discutir estratégias didáticas e o uso de materiais autênticos para corroborar com um ensino de língua acessível para todos.

Palavras-chave: Black English; diáspora; São Paulo.


O DIÁLOGO EM TEXTOS JORNALÍSTICOS: MARCAS DE ORALIDADE EM ENTREVISTA DE OSCAR NIEMEYER PARA O JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO

Ana Carina Viana de Carvalho Rocco
Mestranda PEPG em Língua Portuguesa pela PUC-SP

O trabalho em questão apresenta análise de marcas de oralidade em entrevista concedida por Oscar Niemeyer para o Jornal “O Estado de São Paulo”, intitulada “Idiotas de todo o mundo”. Por estar relacionado ao estudo das relações entre fala e escrita, definiu-se usar aparato teórico relacionado à Análise da Conversação, com foco na identificação das estratégias utilizadas pelo jornalista para imprimir a naturalidade da fala à entrevista transcrita para o jornal impresso. Utilizou-se, para tal, os capítulos escritos por Dino Preti e Beth Brait para o livro Análise de Textos Orais (2003). Após a realização do estudo, foi possível notar que o jornalista fez uso de recursos típicos de textos escritos para emular texto oral, tais como onomatopeias, letras maiúsculas para marcação de entonação, pontos de exclamação em sequência com a intenção de marcar empolgação, abertura de turno para silêncio, reticências para marcação de pausa etc. Como o leitor não tem acesso aos elementos paralinguísticos, olhares, maneios de cabeça, real tom de voz, gesticulação, por exemplo, esses recursos configuram-se como de extrema importância para a obtenção de sucesso do produtor do texto, que tem como objetivo fazer com que o leitor assuma o diálogo como natural e fluido, sem intervenção direta do jornalista na transcrição das falas do entrevistado ou dos editores de reconhecido e renomado meio de comunicação.

Palavras-chave: análise da conversação; marcas interacionais; diálogo ideal.


A QUESTÃO IDENTITÁRIA NA PERSONAGEM IFEMELU EM AMERICANAH: UM ESTUDO SOBRE O CIDADÃO EM TRÂNSITO CULTURAL

Ana Maria Cassiano Morato
– UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

A partir da obra Americanah (2013), escrita pela autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, podemos analisar a questão da identidade no indivíduo que se desloca de um país a outro por inúmeras razões. Tivemos como objetivo geral demonstrar que é possível mantermos traços da nossa identidade original mesmo tendo vivido em lugares distintos. Para tanto, expomos as estratégias que Ifemelu usou. Como objetivos específicos, investigamos as estratégias que a protagonista usou para desconstruir e reconstruir sua identidade com nuances da antiga; analisamos que Ifemelu se descobriu negra ao chegar nos EUA; demonstramos que, após ter morado nesses dois lugares teve sua identidade partilhada e descobriu o sentimento de deslocalização; investigamos que se sentir pertencente ou não a esses dois países é um sentimento comum em pessoas que vivem em dois ou mais lugares e, finalmente, demonstramos que, o fato de não saber onde pertencia, fez com que ela tivesse dificuldades em reconhecer seu verdadeiro lar. Para tal análise, tivemos como aporte teórico os autores: Stuart Hall (1998; 2003), Homi Bhabha (1990;1998), Edward Said (1999), etc.

Podemos perceber que Ifemelu se surpreendeu ao retornar para a Nigéria e ainda se sentir deslocalizada no seu país de origem, e agora ela precisaria se adaptar no seu próprio lugar. Assim como foi possível concluir, que a questão identitária, displacement e todos os temas que os englobam, caminham lado a lado dessas pessoas que se tornaram cidadãs do mundo, mesmo que elas nunca tenham ouvido falar de tais conceitos, pois para conhecê-los, basta senti-los.

Palavras-chave: Americanah; identidade; (des)localização.


A responsabilidade moral do sujeito em “O dilema das redes”

Clarisse C. M. Rodrigues
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM – SP)

Trata-se de estudo dialógico do documentário “O Dilema das Redes” (Netflix – 2020) à luz do pensamento bakhtiniano sobre o ato responsável. É a partir do desdobramento de indagações como: “por que tantas pessoas se tornaram adeptas das redes sociais?” e “O que existe por trás das redes que faz com que parcela tão significativa da população dedique tempo à interação virtual?”, que serão trabalhadas questões do documentário passíveis de enquadramento em alguns conceitos de Bakhtin. O objetivo geral deste artigo é promover uma análise dialógica entre o discurso trazido pelo documentário e a noção de responsabilidade moral do sujeito, de modo a direcionar um olhar crítico à questão contemporânea da utilização das redes sociais e da manipulação dos usuários pelas grandes empresas. Estabelecer um diálogo entre o documentário e o pensamento de Bakhtin justifica-se tanto pela necessidade de se tratar academicamente de assuntos atuais, ainda pouco explorados pela ciência, quanto pela possibilidade de demonstrar o caráter atemporal dos conceitos bakhtinianos e a aplicabilidade no mundo real. Para isso, o artigo contará com uma breve pesquisa explicativa, fundamentando-se em Bakhtin para explicar a ação dos sujeitos entrevistados no documentário, sob uma abordagem qualitativa – valendo-se de dados quantitativos somente quanto aos percentuais de usuários de redes sociais –, pelos métodos da revisão bibliográfica e pesquisa documental. Como resultado, o artigo pretende demonstrar o exercício do chamado ato responsável por indivíduos que decidiram posicionar-se através do ato enunciativo, refletindo a moral dos sujeitos e tornando claros os valores éticos que sustentam os enunciados.

Palavras-chave: Ato responsável. Responsabilidade moral do sujeito. Unicidade do ser. Valores (Axiologia).


ENGLISH LEARNING AND STUDENTS’ DEVELOPMENT AS CITIZENS

Gláucia Cristine da Silva Burckler
Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM

O presente trabalho tem como objetivo fornecer uma visão geral do processo de ensino-aprendizagem da Língua Inglesa no Brasil; como foi e deve ser apresentado e desenvolvido no currículo das escolas.
O fio condutor deste breve ensaio é a relação entre os conceitos de Educação Integral, Inglês como Língua Franca e alguns fatos históricos sobre o ensino desta língua no Brasil a fim de vincular isso ao processo de formação do educando como cidadão preocupado consigo mesmo e com os outros, assumindo um papel crítico e consciente no mundo.
A metodologia aplicada nesta pesquisa apoiou-se em uma abordagem qualitativa. Para tanto, serão citadas fontes bibliográficas, como o currículo da Prefeitura de São Paulo, BNCC e os teóricos Jane Jackson, David Graddol, Ana Maria Cavaliere, Vera Hanna, entre outros para respaldar este trabalho.

Palavras-chave: Língua Inglesa; currículo; cidadãos.


As características do Romantismo e do Realismo nas personagens do triângulo amoroso da obra “Dom Casmurro”

Laís Gerotto de Freitas Valentim
- Mackenzie

Este trabalho de pesquisa teve por objetivo apresentar, discutir e analisar como os movimentos literários – Romantismo e Realismo – foram influentes no triângulo amoroso da obra “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Para tanto, demos início à nossa discussão apresentando algumas considerações feitas pelos principais críticos literários especialistas na obra do maior escritor brasileiro, como Helen Caldwell (1960), Roberto Schwarz (1977), John Gledson (1991), Benedito Antunes e Sérgio Vicente Motta (2009) e Gustavo Bernardo (2011). Além de termos tido como base os livros “O Romantismo no Brasil” (2004), do professor Antonio Cândido e “História concisa da literatura brasileira” (2006), do professor Alfredo Bosi. Com base nos trabalhos dos autores citados, dentre outras fontes que julgamos pertinentes, procuramos ter demonstrado a importância dos movimentos literários sobre as três personagens centrais da obra. A relevância disso esteve no fato de tratar-se de uma obra cuja ambientação e época são específicas. Esperamos ter demonstrado com nossa pesquisa que tanto o Romantismo quanto o Realismo contribuíram para a obra de Machado de Assis. Além disso, esperamos ter demonstrado o quão rica a obra é em detalhes que nos parecem imperceptíveis; todavia, Machado delegou a nós, leitores, que decifrássemos os “códigos” deixados por ele na obra. Foram feitas uma breve introdução, breves resumos sobre os dois movimentos literários, descrição das três personagens envolvidas – Bento, Capitu e Escobar e por fim, as considerações finais acerca da nossa pesquisa e os resultados a que chegamos.

Palavras-chave: : Triângulo amoroso. Dom Casmurro. Machado de Assis.


IDENTIDADE BILÍNGUE, IDENTIDADE LÍNGUO-CULTURAL

Regina Paula Ambrogi Avelar
– (UPM)

Tese de 2018, “Pesquisa global sobre língua, cultura, identidade e ‘Ensino bilíngue’: Ciência em um entrelaçar” foi estatística, mundial e inédita, analisou as temáticas subjacentes ao tema e propôs nove parâmetros para a regulamentação do denominado ‘Ensino Bilíngue’ brasileiro, antes destes existirem no país. Nossa hipótese inicial era a de que os paradigmas da ciência em relação ao bilinguismo teriam extrapolado suas fronteiras e seriam reproduzidos no senso-comum dos cidadãos sem ter sua essência alterada, o que se confirmou. Identificamos não haver uma visão ampla, ou um olhar além do maniqueísmo de o bilíngue ser “bom” ou “ruim”, como ocorreu na origem dos estudos destes falantes, há cerca de um século. Nosso objetivo baseou-se na necessidade de haver um amplo entendimento da complexa identidade bilíngue, permeada pelas culturas e línguas que a formam e sua relevância no cenário mundial atual, em que povos estão em imigração. Como justificativa estão os contextos de conflito social e linguístico-culturais que vem ocorrendo. De maneira original, entrelaçamos os conhecimentos das três áreas das ciências, Humanas, Biológicas e Exatas, para uma visão crítica. Dentre os muitos autores e conceitos utilizados destacamos: da física, Thomas Kuhn (1962) e a conceituação de paradigma; dos Estudos Culturais a conceituação de competência global da Vera L. H. Hanna (2018) e de Stuart Hall (2003) a identidade cultural; da psicolinguística, o conceito de bilíngue de François Grosjean (2008); o conceito de cultura de Terry Eagleton (2005); e, de Michael Agar (1994), o axioma línguacultura.

Palavras-chave:: pesquisa global sobre bilinguismo; parâmetros para o ‘Ensino Bilíngue’ no Brasil; linguacultura e identidade.


CAN THE NEW MESTIZA SPEAK? A REPRESENTAÇÃO DA FIGURA SUBALTERNA EM BORDERLANDS/LA FRONTERA

Carlos Vinícius da Silva Figueiredo
(IFMS/UPM)

O contexto histórico-cultural e literário de grande produtividade nos Estados Unidos tem fomentado intensivamente as literaturas imigrantes, de identidades em trânsito, que proporcionou a criação de uma obra como Borderlands/La Frontera: the new mestiza (1987), de Gloria Evangelina Anzaldúa, envolvendo o surgimento de um rótulo em particular, como o de literatura chicana, resultante da fissura produzida no solo cultural da fronteira México – Estados Unidos. Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo discutir sobre a representação dos seres subalternos narrados na obra de Anzaldúa, destacando a necessidade de se refletir sobre a(s) identidade(s) no contexto fronteiriço. A análise parte do texto literário e sua relação direta com o contexto histórico-cultural fronteiriço, expondo como os seres subalternos vivem nas sobras da fronteira. Segundo Anzaldúa, os seres da frontera são Faceless, nameless, invisible, taunted with "Hey cucaracho" (cockroach). Trembling with fear, yet filled with courage, a courage born of desperation. (ANZALDÚA, 2012, p. 11) A metodologia que subsidia este trabalho volta-se para as reflexões teórico-críticas acerca dos estudos pós-colonialistas, sobretudo as obras de Ashcroft & Griffiths & Tiffin (2003), Spivak (1988), Beverley (2004), Bhabha (2000), Mignolo (2003, 2007), Hawley (2001) e ainda obras de exegese e fortuna crítica sobre Anzaldúa, como, Keating (2009), Cantú (2012) e Bowen (2010). Observa-se que Anzaldúa retrata de forma desnuda os adjetivos e comparações feitas contra o povo chicano que, somadas às diferenças culturais na fronteira, aumentam o abismo existente entre os povos. Cria-se, diante desse contexto, um mundo paralelo, um terceiro espaço, com uma identidade completamente diferente.

Palavras-chave:: Identidade, Cultura, Borderlands.


PRÁTICA COMPUTACIONAL EDUCATIVA DE ESCRITA, LEITURA E INTERPRETAÇÃO TRANSDISCIPLINAR POR MEIO DE LETRAMENTO EM CODIFICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DE AMBIENTES DIGITAIS TRIDIMENSIONAIS EDUCAÇÃO BÁSICA

Jorge Ferreira Franco
(UPM)

Em tempos de quarta revolução industrial, apoiada em inovações na tecnologia digital (SCHWAB, 2019), estimular fluência digital, de indivíduos, relativa ao letramento em codificação, de modo significativo, tem sido um desafio da educação básica (RESNICK, RUSCK, 2020). O objetivo deste trabalho é apresentar uma experiência de prática computacional referente a inspirar escrita, leitura e interpretação transdisciplinar de código de programação de maneira integrada com aprender e aplicar conceitos científicos do currículo escolar e usar tecnologias digitais, como recursos educacionais abertos (REA) do ciberespaço, na construção de ambientes digitais tridimensionais (3D) de realidade virtual (RV) (FRANCO, 2020). Procedimentos metodológicos englobam processo de educomunicação (CITELLI, 2011) dialógica (FREIRE, 2016), 12 aulas, 32 estudantes de ensino fundamental que utilizaram plataforma digital acessível (X3DOm, 2020) e linguagens de programação, Hypertext Markup Language (HTML) e Extensible Markup Language (X3D). Bases conceituais são construcionismo (PAPERT, 1993), ação/prática computacional (TISSENBAUM; SHELDON; ABELSON, 2019) e orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Resultados das práticas computacionais dialógicas são colaborações entre estudantes e educadores durante processos de pesquisa e construção de blogs com interfaces digitais 3D, embasadas na aplicação de conhecimentos científicos transdisciplinares, como de geometria, matemática, artes, línguas, materna e estrangeira, por meio de procedimentos de codificação e visualização de informação. Assim, propiciando acesso e uso de perspectivas comunicacionais e culturais do terceiro milênio (HANNA, 2015), como o paradigma de computação espacial, apoiado na tecnologia de realidade virtual, no padrão da internet (CRONIN; SCOBLE, 2020) e estimulando letramentos digitais e visuais, aprendizagem transdisciplinar e pensamento espacial. Incluindo adaptação das práticas computacionais, para estudantes do ensino médio (OLIVEIRA, 2020), pelo viés de educação remota embasada em inspirar aquisição de habilidades cognitivas e técnicas referentes ao letramento em codificação.

Palavras-chave: letramento em codificação, formação continuada, BNCC.


 

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