A intervenção de Regina Silveira
na fachada da torre leste radicaliza a reflexão que a artista
vem realizando sobre o espaço. Vários de seus últimos
projetos _ como o realizado no antigo prédio da Eletropaulo,
em Arte/Cidade _ têm operado, por meio de grandes desenhos
anamórficos colados em pisos e paredes, inusitados deslocamentos
óticos.
São escadas, janelas e outros elementos
arquitetônicos que reconfiguram inteiramente, em função
do ponto de vista, a situação em que foram instalados.
Dispositivos que, pela vertigem, provocam uma outra percepção
da organização espacial dos lugares.
O projeto consiste em projetar sombras _ feitas a partir de desenhos
plotados e aplicados com revestimento de quartzo nas superfícies
_ da caixa dágua nas fachadas externas do prédio.
Essa projeção deve também entrar no 20 andar
da torre, cobrindo parte do chão e das paredes. Além
disto, parte do encanamento que conecta o equipamento à edificação
deverá ser pintado em cores vivas.
Aqui o espaço não se constitui por meio de um dispositivo
perspéctivo convencional, engendrando uma impressão
de profundidade. Não se recorre a uma superfície para
criar a ilusão ótica. Ao contrário, elementos
externos, fachada e interior são recombinados para formar
um outro espaço, que tudo abarca.
As sombras não obedecem ao padrão que o Sol instauraria,
provocando um desconcerto em nossa percepção. Além
disto, ela penetram, ao invés de serem contidas, a fachada,
cobrindo piso e paredes interiores, segundo extensões que
também não correspondem ao efeito da iluminação
natural. Em vez de um deslocamento na disposição do
lugar, provocado por uma perspectiva, temos um movimento multidirecional
no espaço. Fluxos que se contrapõem à mecânica
da edificação e do olhar.
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