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PROJETO PRELIMINAR PARA O LARGO DO GLICÉRIO
Acconci Studio

Os ossos de um prédio ainda por vir, os ossos de um prédio que nunca será: é o que resta no local - é o que agora é usado como base de um povoado, uma "vila". Este edifício inacabado, este esqueleto de edifício, funciona agora como acesso à vila, como um suporte inicial desse povoado.

De cada andar, acima do térreo, passarelas (de grade de aço) estendem-se até postes de luz adjacentes, sendo cada passarela presa por um lado ao piso do edifício e, por outro ao próprio poste. A parte central da passarela é suspensa através de cabos presos ao topo do respectivo poste, fazendo uma analogia a mastros de navio.

Cada poste contém um "local", uma "habitação", um "parque" da vila. Entra-se nessa vila e começa-se a acessar os seus diferentes locais através da escadaria presente no prédio.

Uma das passarelas leva ao poste mais perto, logo à frente do edifício, na direção da rua. Neste poste há um anfiteatro envolvendo uma instalação de unidades televisivas, ao redor do poste. Essa estrutura funciona como um local de entretenimento, um pequeno teatro.

Outra passarela vai mais adiante, onde a rua se torna um elevado. Este poste sustenta um anfiteatro voltado à rua, à cidade, o qual serve de ponto de observação, local de descanso e reflexão, para se sentar e apreciar uma vista privilegiada dos arredores.

A terceira passarela leva ao poste mais distante, por trás do prédio, junto ao elevado. Aqui há um quiosque suspenso com uma mesa circular, envolta por um banco único também circular, funcionando como ponto de encontro e descanso ou local para refeições ou lanches.

Ao redor de cada poste há uma escada em espiral, ligando um nível a outro. Da mesma forma que as passarelas, as escadas são de grade de aço e os espaços habitacionais (assentos, mesa, etc.) de aço corrugado.

No topo de cada poste encontra-se um coletor de água pluvial, no formato parecido a um guarda-chuva virado para baixo. O material usado é policarbonato, fibra de vidro e plástico corrugado. Sua função é colher água para a vila, água para as instalações internas do próprio prédio.

Uma vez dentro do prédio, opta-se por uma passarela que leva a um certo poste; então sobe-se ou desce-se a escada helicoidal e volta-se então ao prédio por outra passarela, acessando-se outro piso. O prédio é a base de operações: de cada andar pode-se acessar dois postes diferentes.

O prédio também funciona como o setor mais privativo da vila. Unidades sanitárias _ cubículos com privadas _ são instaladas no primeiro e segundo andar. As unidades são como cápsulas acopladas às bordas de cada andar, estando cada uma pela metade para fora da fachada. Essas cápsulas são feitas de fibra de vidro corrugada translúcida, de modo que é possível notar um vulto dentro dela, mesmo com a porta fechada. No último piso (aberto) há uma canaleta com água corrente, para se lavar. Essa água e a dos banheiros é fornecida pelos coletores de água nos topos dos postes. Canos levam a água ao prédio inacabado.

A vila é iluminada pelos postes. A luz atravessa os guarda-chuvas virados de fibra de vidro corrugado e ilumina os anfiteatros e a mesa circular. Dentro do prédio um sistema de espelhos possibilita que a mesma luz ilumine esta área.