Tema do Encontro

Tema do Encontro

AUTOR DO TEMA DO ENCONTRO

O aluno WALLACE CLEMENTE PESSOA do curso de Fisioterapia da PUC/SP, bolsista PIBIC-CEPE, foi orientando da profa. Dra. Patrícia Jundi Penha na vigência de agosto/2019 a julho/2020.

VENCEDOR DO CONCURSO PARA ESCOLHA DO TEMA 29º EIC.

 

O TEMA DO 29º EIC,

“Desafios para o desenvolvimento da educação e da pesquisa em momentos de crise”

 


 

Discurso de Abertura - 29º encontro de IC

Bom dia a todos e todas! Meu nome é Wallace, sou graduando do 4º ano do curso de Fisioterapia e é uma honra ter a oportunidade de discursar na abertura do 29º encontro de iniciação científica da PUC-SP, que acontece em parceria com PIBIC/CEPE e PIBIC/CNPQ.

Este ano o encontro de iniciação científica possui simbolismo e importância enormes. Não que os encontros anteriores não tiveram os seus, mas devido às atuais circunstâncias sanitárias e ao fato de ter sido um ano em que a pesquisa científica ficou em evidência a nível internacional, nada melhor do que um encontro para celebrar a finalização dos nossos trabalhos científicos e compartilhar os conhecimentos adquiridos. Esse encontro é o momento de enaltecer o conhecimento que é descoberto, discutido e aprimorado por meio da pesquisa. Conhecimento esse que transforma vidas e realidades sociais.

O ano de 2020 será um ano histórico por vários motivos. Muitos acontecimentos merecem destaque. O contexto científico será marcado, principalmente, pelo anseio e desejo de uma rápida resposta para o vírus e pela união de diversos pesquisadores em busca de terapêuticas eficazes e desenvolvimento em tempo recorde de vacinas. No contexto educacional, alunos e professores se reinventando para aprender e ensinar por meio, praticamente, exclusivo de plataformas digitais.

Quando fiz a sugestão de temática para o encontro de iniciação científica já estávamos sob o regime de quarentena e não pude deixar de pensar em como as palavras ali postas eram tão profundas, críticas, realistas e atuais.

Quando fomos surpreendidos com a pandemia e com as mudanças bruscas que ela causou em nossas rotinas, o ensino remoto surgiu como solução para o seguimento das aulas para que o ano letivo não fosse perdido. Nesse contexto muito foi pensado, falado e adotado da melhor maneira possível para o momento, mas alguns pontos não paravam de me questionar: como desenvolver uma educação básica igualitária com as aulas remotas quando muitos não têm acesso a dispositivos eletrônicos, a plano de dados e a um ambiente propício para o aprendizado? Como não aumentar a defasagem educacional por meio das aulas remotas em cenários públicos e privados tão diversos?

E para além dessas dificuldades do ensino remoto, como driblar a negação da ciência? Uma vez que, durante a crise sanitária causada pela Covid-19, a autoridade máxima do poder executivo do nosso país nega veemente todas as evidências científicas de que um medicamento não é capaz de combater o vírus e, até mesmo, as orientações sanitárias quanto ao uso de máscara e distanciamento social.

Em época em que a pesquisa científica está sendo menosprezada com os constantes cortes de bolsas de pós-graduação e de financiamentos, somos assolados por uma pandemia nunca antes vivida na história do mundo. E, estamos desde então, todos vivendo e esperando ansiosamente pelas soluções trazidas pela CIÊNCIA. Então, pergunto-me: “Como tornar mais claro e palpável a importância das pesquisas científicas para o desenvolvimento da humanidade em todas as áreas do conhecimento?” e “Como tornar mais acessível o conhecimento e demonstrar para toda a população que são as pesquisas científicas que alertam e são capazes de evitar doenças como a COVID-19?”

Como estudante da área da saúde, não pude deixar de notar que por mais informações que a mídia tenha trazido sobre o coronavírus - por exemplo: o que é um vírus, como acontece a infecção, formas de prevenção, a importância do uso da máscara de maneira correta - a maioria das pessoas ainda parecem não compreender tudo isso. Para essa compreensão é preciso de educação, em especial educação em saúde. Políticas públicas em educação, promoção e prevenção em saúde precisam ser aprimoradas e difundidas para a população.

Também é preciso de educação para ter discernimento frente às informações que nos chegam a todo momento. Mas, infelizmente muitos são os acreditam e compartilham informações falsas, contribuindo para que sejam viralizadas em redes sociais. Que ironia do destino: o vírus real e o vírus das Fake News!

A crise financeira, política e educacional que estamos enfrentando é além de um impeditivo para o desenvolvimento tecnológico, um grande motivador de ideias para projetos de baixo custo. Durante o decorrer do ano muitos projetos de pesquisa surgiram com ideias fantásticas como por exemplo o respirador de baixo custo desenvolvido pelo Instituto Federal do Paraná (IFPR). O que me leva a pensar, se somos capazes de produzir coisas tão boas com o baixo orçamento ofertado, o que seríamos capazes de desenvolver com mais investimentos e apoio?

E por falar em investimentos e apoio, se faz necessário tocar no ponto das ações afirmativas que já alcançam pontos positivos. Segundo o Ministério da Educação (MEC), a lei de cotas garante a reserva de 50% das matrículas por curso e turno nas universidades e institutos federais. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados positivos em 2018: 50,3% dos estudantes das universidades públicas brasileiras eram pretos ou pardos, apesar de ainda serem minoria nos cursos mais concorridos. Ou seja, as ações afirmativas estão colaborando para que mais pessoas tenham acesso à educação básica, ao ensino superior e, consequentemente, ao desenvolvimento de pesquisas.

Mas apesar de já ter alcançado pontos positivos, as políticas afirmativas precisam ser mantidas, ampliadas e aperfeiçoadas. Eu, como aluno do Prouni, sou extremamente grato a existência das políticas afirmativas que me proporcionam experiências magníficas, como ter o acesso a um curso de nível superior e me desenvolver profissionalmente e cientificamente. Mas também não posso deixar de pensar que ainda existem milhares de pessoas que se beneficiaram muito com tais políticas, como diz a música dos Racionais MC’s “Ser empresário não dá, estudar nem pensar, tem que trampar ou ripar pros irmãos sustentar”. Com o auxílio das políticas afirmativas, esse cenário descrito na canção “A vida é desafio” pode mudar e milhares de pessoas podem começar a realizar o sonho de se tornarem empresários ou de concluir um curso de nível superior e transformar a realidade socioeconômica em que vivem.

Dessa forma, os desafios para o desenvolvimento da educação e da pesquisa em momentos de crise são grandes e requerem ações políticas, econômicas e sociais que visem melhorar o acesso igualitário à educação e que apoiem o desenvolvimento científico da nação. A PUC-SP junto com o PIBIC vem construindo ano após ano uma linda história de apoio à pesquisa. Apoio esse que se fortalece e que, neste ano, ganha mais destaque demonstrando a importância do desenvolvimento científico em um país onde a ciência quer ser deixada de lado por alguns.

Desejo a todos um excelente e proveitoso evento. Que continuemos sendo críticos e reflexivos como a PUC-SP nos ensina. Que demonstremos a todos os valores aos quais somos expostos todos os dias nas aulas. Hoje, no 29º encontro de iniciação científica, sinto-me ainda mais orgulhoso de fazer parte de uma universidade que mesmo em tempos de crise valoriza e mantém a educação e a pesquisa científica como um dos seus pilares de sustentação. Obrigado.

WALLACE CLEMENTE PESSOA

Menu
PUC-SP
J.PUC-SP
Sou PUC