conceito situações urbanas escala intervenções pesquisa arte/cidade - zona leste
smithson e serra
Smithson e Serra, Utah, 1970.
 

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smithson e heizer
Smithson e Heizer, Portland, !968.


smithson e pine
Andre e Simthson, Pine Barens, 1968

Smithson, Oldenburg e Kaprow
Kaprow, Oldenburg e Smithson, Passaic, 1968x
 

Robert Smithson promoveu, no final dos anos 60, diversas "expedições de seleção de sítios", itinerários através de áreas industriais de subúrbio ou grandes espaços desérticos, que contaram com a participação de artistas como Robert Morris, Claes Oldenburg, Carl Andre, Michael Heizer, Donald Judd, Nancy Holt e Dan Graham. Expedições que levariam à descoberta de novas configurações espaciais, complexas e tensionadas, totalmente desconhecidas pelo repertório artístico da época.

As visitas aos locais eram feitas à pé. Para todos esses artistas, é fundamental caminhar para adquirir a experiência de um lugar específico, a apreensão dos arredores e um sentido intensificado de presença individual que transcende a percepção visual. O efeito fenomenológico de percorrer à pé o espaço. Mas estes mesmos artistas já percebiam as limitações deste procedimento, assentado na experiência da visão, ao combinarem estas expedições com operações mediadas pela cartografia e a observação em grande escala.

Estas estratégias de seleção foram sendo desenvolvidas, posteriormente, através da prática de outros artistas. O minimalismo estabeleceria novos parâmetros para as intervenções no espaço. Ele não apenas rejeitaria a base antropomórfica da escultura tradicional como recusaria sua desvinculação do sítio. Agora, a escultura é entendida na sua relação com o entorno e redefinida em termos de lugar. Richard Serra e Robert Morris redefiniriam os princípios da arte para lugar específico (site specificity) redimensionando sua escala: o espaço da cidade e o observador, e não mais o objeto, tornam-se as referências. A obra passa a configurar uma situação espacial ampla e complexa.

Mas o minimalismo ainda considera a percepção em termos estritamente fenomenológicos, como que fora da história, linguagem e poder. O sítio era entendido como específico apenas em termos formais, tendendo a ser abstrato e estetizado. Daí as dificuldades em mapear as determinações sociais e políticas dos locais e as implicações das próprias intervenções.

As operações de mapeamento que acompanham as práticas artísticas para lugar, tenderam a mudar de direção: mapear na arte mais recente voltou-se para aspectos sociológicos e antropológicos. O recorte etnográfico e social de uma comunidade ou instituição tornou-se hoje a forma dominante de arte para o espaço urbano.

A demanda crescente por estas abordagens mais abrangentes tem implicado na mobilização dos artistas para desenvolver projetos para cidades. Artistas são comissionados para desenvolver pesquisas relativas às particularidades da cidade que serão depois consolidadas em trabalhos ou documentação. A seleção de sítios é substituída por operações de negociar, entrevistar e organizar, serviços prestados à comunidades e instituições ou à administração da cidade.

Ocorre uma apropriação deste tipo de arte para a valorização de identidades urbanas, hoje fortemente dependentes de publicidade e marketing. A arte para sítio específico atribui um caráter distinto aos lugares, identidade locacional, qualidade indispensável na promoção das cidades no competitivo processo de reestruturação da hierarquia econômica global.

Colocada nestes espaços reestruturados, a arte pública contribui funcional e esteticamente para formatar os ambientes urbanos, encorajando os projetos imobiliários e a revitalização das áreas. A intervenção artística pode auxiliar a garantir aceitação para a reestruturação, forma contemporânea da urbanização capitalista. Além de reforçar, ao ordenar praças e átrios corporativos, a privatização dos espaços públicos. Ela contribui para criar a coerência do sitio, para ocultar seus conflitos sociais constitutivos. A arte pública desenha a paisagem da reestruturação urbana global.

referências

J. Kastner / B. Wallis, Land and Environmental Art, Londres, Phaidon, 1998.
R. Krauss, Sculpture in the Expanded Field, in The Originality of the Avant-Garde and Other Modernist Myths,Cambridge, MIT Press,  1991
R. Morris, Continuous Project Altered Daily, Cambridge, MIT Press, 1995.
D. Crimp, Redefining Site Specificity, in On the Museum’s Ruins, Cambridge, MIT Press, 1993.
H. Foster, The Return of the Real, Cambridge, MIT, 1996.

 

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