conceito situações urbanas escala intervenções pesquisa arte/cidade - zona leste  
Como Intervir em Grande Escala? 

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projeto de regina silveira projeto de fajardo projeto de ary perez
projeto de waltércio caldas projeto de ana tavares projeto de hannes forster
 

Como intervir em megacidades? Quais as condições impostas pelo caráter informe e genérico dessas novas espacialidades para qualquer projeto de intervenção? Não há mais como operar apenas com referenciais históricos, locais específicos e formas particulares de ocupação social. As intervenções vão se fazer nessas situações sem contornos nem limites claros, onde não há distinção entre interior e exterior, local e global. Lidando obrigatoriamente com a complexidade dos processos urbanísticos em curso, o caráter poroso das edificações, as interseções das vias de transporte, a indistinção da paisagem. Configurações informes que impedem a consolidação das intervenções a serem realizadas como objetos esculturais alocados no espaço.

Em que medida a abrangência territorial pode determinar as estratégias e procedimentos estéticos das intervenções? Como podem se articular? Que mapeamento poderá surgir destas intervenções? Como isso pode determinar a apreensão das intervenções e uma releitura da área? As intervenções estarão disseminadas numa área sem qualquer continuidade e articulação: não há como visar uma plena apreensão do conjunto da região.

O próprio recorte urbano proposto indica uma tomada de posição: as dimensões da área urbana a ser abarcada excluem, por definição, toda estratégia que implique uma abordagem apenas local das situações. Qualquer intervenção, se tomada isoladamente, perderia-se na extrema complexidade desta trama urbana. Também os locais escolhidos não permitem, por suas tensões e desconfiguração, abordagens estéticas convencionais, de caráter escultórico. As relações que as intervenções possam estabelecer _ com o edificado, com o entorno urbano imediato e com toda a região, inserida em processos urbanísticos de caráter metropolitano e global _ estão no cerne de Arte/Cidade.

Não se trata, portanto, de um projeto de site specific. As situações urbanas são entendidas como pontos numa trama mais vasta e complexa, um modo de traçar novos territórios. Os aspectos particulares _ organização espacial local, história, formas de ocupação _ são aqui elementos de uma configuração e dinâmica mais ampla, que dá à todas as situações seu caráter essencialmente genérico e indistinto, fundado nas suas tensões e rearticulações. É essa dinâmica, perpassando uma terra arrasada, em que múltiplas reconfigurações podem se fazer, que Arte/Cidade procura fazer aflorar.

No horizonte de Arte/Cidade está a possibilidade de recompor estes terrenos vagos, sítios recortados por viadutos, pátios ferroviários abandonados e áreas de ocupação favelada ou de comércio informal, em territórios mais vastos e complexos. Uma estratégia baseada não na continuidade espacial e histórica, na homogeneidade arquitetônica e social, mas na indeterminação e na dinâmica, na instabilidade de configurações urbanas em processo contínuo de rearticulação.

 

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