conceito situações urbanas escala intervenções pesquisa arte/cidade - zona leste


ibirapuera - vista aérea


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Os recentes megaprojetos de redesenvolvimento vão implicar uma concepção do espaço urbano e estratégias de intervenção inteiramente distintas. A amplitude das áreas desinvestidas geradas pela desindustrialização e o processo de reestruturação permitem que se conceba a cidade como um conjunto fragmentado de grandes regiões. Novas atividades colonizam segmentos espaciais exclusivos que se conectam através da cidade, isolados do restante do tecido urbano, que é desestruturado pelo processo de reorganização seletiva.

Estes projetos vão reconfigurar regiões inteiras, com múltiplos programas e instalações, concentrados em megaestruturas mas também abarcando toda a área ao redor. A rede de lugares públicos, concebida anteriormente como resultante da força simbólica e irradiadora destes sítios, é substituída por um enclave urbano, praticamente autônomo, implantado de uma só vez, sem obedecer ao perfil e localização dos lugares tradicionais. São estabelecidas configurações inteiramente novas, sem qualquer relação com os hábitos e mapas mentais dos habitantes.

Consolida-se aqui o processo, já anunciado na fase anterior, de museificação e espetacularização da cidade, através da construção de grandes museus e centros culturais totalmente orientados para o turismo cultural. Mas ocorre uma mudança de função: os novos locais de exposição são megaestruturas que têm papel determinante na reestruturação das cidades e sua inserção na economia global.

Na fase mais recente de reestruturação das cidades globalizadas, tende a alterar-se o modo pelo qual a arte insere-se no processo, com a predominância de grandes espaços expositivos, agora um importante fator em projetos de redesenvolvimento. Ocorre uma mudança nos padrões de gerenciamento, com a valorização dos acervos através de sua contínua circulação, em superfícies cada vez maiores. Implicando também em alterações na sistemática das exposições, ao engendrar um circuito de exposições concebidas para se viabilizarem financeiramente através de itinerância internacional. Diretamente relacionados à estratégias administrativas de fomento ao turismo cultural, esses grandes empreendimentos redefinem a posição das localidades na hierarquia internacional das cidades.

referências

S. Sassen, The Global City, Nova Jersey, Princeton UP, 1991.
M. Castells, The Informational City, Cambridge, Blackwell, 1989.
B. Mari, Muntadas: City Museum, em: Sites, Nova York, 1993.
R. Krauss, The Cultural Logic of the Late Capitalist Museum, em: October, The Second Decade: 1986-1996, Cambridge, MIT Press, 1997.

 

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