É muito difícil falar de respeito às leis quando o País se encontra envolvido nos maiores escândalos políticos por corrupção de sua história. Muitos vêem na corrupção um incentivo à criminalidade. A corrupção ajuda a reproduzir a desigualdade social e é um dos grandes motores da impunidade. Nas prisões, enquanto a maioria pobre se espreme em espaços inadequados, sem condições de vida mínimas, a corrupção permite que os chefes e os poderosos possam ter mordomias e celulares, controlando suas atividades criminosas de dentro da cadeia.
Corrupção e impunidade andam juntas, enquanto que a certeza da punição é um dos maiores instrumentos para reprimir o crime. Diante da impunidade e de um desejo de vingança irracional, a sociedade muitas vezes imagina que a truculência policial e o desrespeito aos direitos humanos podem ser uma solução para o problema. Mas isto só aumenta a violência: aumenta a possibilidade de mais inocentes se tornarem vítimas; e gera desconfiança na ação policial, aumentando ainda mais a influência do crime organizado nas áreas pobres das cidades.
Na versão on-line da revista Família Cristã, a jornalista Rosangela Barboza faz um interessante apanhado da ação das entidades de defesa dos direitos humanos durante a explosão de violência de maio, em São Paulo. Dois aspectos são importantes de salientar nesta matéria: o apoio incondicional e imediato que as entidades de direitos humanos deram à polícia, quando os policiais começaram a ser mortos, e o perigo da exposição da população a novos riscos, se a ação policial escapasse do controle e dos limites impostos pela lei.
Na mesma edição, a jornalista também entrevistou o padre Valdir João da Silveira , coordenador da Pastoral Carcerária no Estado de São Paulo. Este religioso mostra, a partir da experiência de quem conhecesse por dentro o sistema carcerário, como o crescimento da força das facções criminosas não se deu por conta dos privilégios dados aos presos, mas sim pela falta de uma assistência mínima a eles. As facções cresceram, segundo padre Valdir, na medida em que ajudavam os presos e suas famílias a sobreviverem durante o período da pena. Com isto, ganharam adeptos, força e organização.
Se existe o problema do alto custo da manutenção dos presos nas cadeias brasileiras, também é verdade que de nada adianta este custo se as prisões não se tornam espaços onde é viável a recuperação do criminoso e sua reinserção na vida social.
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