Poucas vezes a síntese entre fé e cultura adquiriu feições tão belas e tão significativas quanto na experiência das comunidades monásticas beneditinas. A partir de seu lema “ora et labora” (ora, reza, e trabalha) criou-se, na Idade Média, o ambiente propício para a perpetuação da filosofia da Antiguidade, para a recuperação da agricultura e a reestruturação do tecido social europeu, depois que as invasões bárbaras destruíram o Império romano do Ocidente. Daí o cardeal Ratzinger ter escolhido o nome de Bento, fundador da ordem dos monges beneditinos e padroeiro da Europa, para sublinhar que este é também um momento de reconstrução da cultura e da sociedade ocidental, corrompida por um novo tipo de barbárie.

Mas a vida monástica não gerou apenas uma rica vida cultural e social na Idade Média. Ela atravessa a história como um dos grandes pilares de toda a Igreja, pois é na força da oração e daqueles que se dedicam incessantemente a ela que se apóia – ainda que sem se dar conta disso – toda a comunidade cristã.

Além disso, a entrega permanente à oração dos mosteiros e a vida no interior da comunidade de monges são extremamente exigentes para a pessoa. Ao contrário do que se pensa vulgarmente, ser monge e passar toda a vida num mosteiro não é uma fuga da realidade, mas a opção corajosa por uma realidade muito mais exigente que aquela que se vive normalmente. Assim, a experiência monástica criou uma riquíssima espiritualidade, que une sabedoria psicológica, amizade fraterna e profundidade de vida interior.

Por tudo isso, entrar em contato com a experiência beneditina é sempre um mergulho apaixonante no que existe de mais verdadeiro em nossa alma e em nossa psique, uma possibilidade rara de compreender o que significa realmente que o sagrado habita entre os homens. A “Revista Beneditina” é uma oportunidade acessível a todos de conhecer e aprender com essa rica experiência católica. Um passo quase obrigatório para quem quiser compreender o que significa contemplar o mistério presente entre nós.

A edição nº 20, de março/abril de 2007, trata do tema da Correção Fraterna. Retoma um tema aparentemente banal mas sempre conflitivo, a partir de sua fundamentação bíblica, da leitura dos Padres da experiência monástica – os grandes monges mestres da fé, da Regra de São Bento e da própria experiência da vida em comunidade.

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Revista Beneditina
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