Doutrina social e universidade
Afonso Maria Ligório e João Décio Passos
Edições Paulinas
Doutrina Social e Universidade – O cristianismo desafiado a construir cidadania é o tema de uma série de artigos organizados pelos professores João Décio Passos e Afonso Maria Ligório Soares, resultado dos debates ocorridos na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo na ocasião da vinda de Monsenhor Renato Rafael, Cardeal Martino. Os debates foram realizados pela Vice-reitoria Comunitária em conjunto com o departamento de Teologia e Ciências da Religião, tratando sob um enfoque multidisciplinar o Compêndio da Doutrina Social da Igreja.
Ao longo dos últimos séculos foi promovida uma longa reflexão acerca da conduta a ser assumida pelo cristão em sociedade. Desde o início da modernidade a Igreja teve uma visão reativa em relação à mesma, que colocava no centro da realidade um homem que prescinde de Deus para se realizar e se relacionar com o outro. Tal visão reativa atinge seu ápice no século XIX, no pontificado de Pio IX e sua Encíclica Quanta cura. O que se observa nos anos seguintes, no entanto, é a formação de uma nova atitude diante da modernidade, uma postura de compreensão e diálogo. Assim, Leão XIII, sucessor de Pio IX dará uma nova orientação à Igreja: mais importante do que combater os erros modernos é restaurar a sociedade cristã, “repensando a doutrina, revivendo o culto litúrgico, privilegiando a santidade e procurando contribuir para uma sociedade mais de acordo com as exigências de justiça do Evangelho” (p.57-58).
É nesta perspectiva de compreensão e diálogo que acontece o Concílio Vaticano II que visa, segundo João XXIII, transmitir a doutrina católica integral, toda a doutrina cristã, integralmente, sem nenhuma omissão, proposta de um novo modo, sereno, tranqüilo e em vocabulário adequado. “O Concílio trouxe uma nova forma de encarar a sociedade, convidando os cristãos a se empenharem na promoção de um mundo de justiça e paz”, nos diz Francisco Catão em seu Breve perfil do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, um dos artigos que compõe Doutrina Social e Universidade.
Assim, o Vaticano II reformulou a posição da Igreja em relação ao mundo e resultou numa nova perspectiva para o Ensino Social Cristão. É essa nova perspectiva que está presente no recente Compêndio de Doutrina Social da Igreja. O Compêndio definirá a Doutrina Social da Igreja “não tanto como um julgamento da Igreja sobre os princípios que alimentam a organização do Estado ou da sociedade, na perspectiva de uma ética social cristã, nem muito menos como uma proposta cristã de organização social, visto que se respeita a secularidade ou laicidade do Estado e das organizações da sociedade civil, segundo a determinação do Vaticano II, mas se apresenta mais como uma orientação a ser seguida pelo militante cristão, pessoal e comunitariamente empenhado em tarefas temporais, entendidas como autônomas, regidas pelos parâmetros da cidadania, mas nem por isso menos exigidas pela fidelidade ao Evangelho”.
Se a Doutrina Social da Igreja oferece ao cristão uma forma renovada de viver o cristianismo na sociedade moderna resta-nos ser capazes de compreender e interiorizar as reflexões da Igreja e aproveitá-las em nosso dia-a-dia. Citando o prefácio de Cardeal Dom Cláudio Hummes, é por acreditar “que a Universidade Católica possui um papel fundamental na reflexão e na divulgação da tradição eclesial e do magistério da Igreja, cumprindo, assim, a sua sublime missão de promover o diálogo entre a fé cristã e a cultura científica” que a compreensão da DSI é trazida para dentro da universidade. Além disso “a estrutura e a dinâmica da universidade complexificam, naturalmente, a tarefa de tradução dos princípios cristãos em ação, instaurando um processo de continuidade e ruptura com os seus ideais fundantes, na medida em que são lidos e relidos a partir dos diversos contextos que se interpõe aos sujeitos universitários. Esse ciclo hermenêutico exige esforço e criatividade dos gestores da universidade católica, no sentido de construir permanentemente sua identidade dentro do mundo, que passa por mudanças velozes, afirmando a um só tempo a igualdade e a diferença entre os povos, grupos e sujeitos”. As universidades católicas se estruturam num misto de modelo medieval e modelo moderno. Do modelo medieval guardam o objetivo primordial da busca pela verdade, a preocupação com uma formação humanista, a referência da ética e a centralidade da filosofia e da teologia no conjunto dos saberes.
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Doutrina Social e Universidade
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