Revista Agnes
Caderno de pesquisa em teoria da religião
Publicação do grupo de pesquisa NEMES
A Revista Agnes, Cadernos de Pesquisa em Teoria da Religião, é uma publicação do grupo de pesquisa NEMES – Núcleo de estudos em mística e santidade (antigo Religião, Teoria e Experiência), certificado pelo CNPq, do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUCSP. Seu objetivo é tornar-se um espaço de debate e reflexão teórica acerca da religião, mística e santidade, com recortes metodológicos nas diversas áreas que compõe o espectro disciplinar das Ciências da Religião, a saber: a filosofia, a teologia, a psicologia, as ciências sociais, as ciências biológicas, a crítica literária e a arte.
Recentemente foi lançado o n.5 da revista, com uma interessante entrevista com o teólogo inglês John Milbank, professor de Religião, Política e Ética na University of Nottingham. Ele é um dos fundadores do movimento teológico Radical Ortodoxy e foi entrevistado pelo Prof. Dr. Luiz Felipe Pondé, por ocasião da Conferência Internacional Belief and Metaphysics, ocorrida em setembro de 2006, em Granada, Espanha. Milbank nessa entrevista discute alguns temas importantes e controversos, tais como teologia da libertação, homossexualidade e sacerdócio feminino. Fala-nos também sobre as novidades da ortodoxia radical e sobre o lugar da teologia diante de outros campos do conhecimento para a pesquisa do fenômeno religioso.
O primeiro artigo, Iniciação a uma antropologia apofática em Meistre Eckhart, de autoria de Reginaldo Alves Campoe, doutorando em Ciências da Religião PUC-SP , busca aprofundar a visão antropológica apofática na mística medieval. Para tanto, o autor se baseia nos textos de Meister Eckhart e discute os conceitos de Eigenschaft, como apego ao eu, e Abegescheidenheit, o desapego. O apego ao eu seria a raiz de toda dor e de todo o mal, pois para Meister Eckhart a busca da união com Deus como fim extremo do potencial do eu, como o fim último da Eigenschaft, é uma apropriação, um apego como expressão do amor próprio, do querer, da utilidade; um impedimento ao nascimento de Deus na alma. O desapego não seria uma fuga, mas uma obra a ser realizada.
Em Religião, nação e civilização no contexto judaico, Alexandre Leone, doutorando em Cultura Judaica na USP, apresenta alguns aspectos da trajetória dos judeus até a modernidade com o intuito de contribuir para o debate sobre o conceito de religião, a partir de uma abordagem fenomenológica e histórico-cultural.
Maria Cristina Mariante Guarnieri, doutora em Ciências da Religião na PUC-SP, em seu artigo intitulado Palavras de Qohélet, percorre a narrativa do Livro do Eclesiastes para rastrear a angústia humana diante da busca de sentido para sua existência e apontar para a presença da tensão na multiplicidade diante do Absoluto.
O Zohar, o livro do Esplendor, um conjunto de passagens selecionadas pelo rabino Ariel Bension, publicado em 2006 é o tema de Rosie Mehoudar, doutora em Letras (Língua e Literatura Francesa) pela USP.
O livro foi lançado recentemente em português e tem a autora como uma das tradutoras. Neste artigo, intitulado Palavra e imagem na cosmogonia do Zohar, Mehoudar analisa dois elementos constitutivos da criação e funcionamento do mundo e do homem: a Palavra, entendida em gérmen como o Nome de Deus, e a Imagem, entendida em gérmen como uma imagem sutil do corpo do homem, fundamento da sua criação e da criação do mundo. A autora inclui na discussão um resumo e tradução de várias passagens de um texto ainda não editado no Brasil – Tselem, a representação do corpo astral, de Gershom Scholem – sobre o corpo astral do homem no Zohar e o rastreamento da gênese dessa concepção no neo-platonismo, na mística iraniana e no próprio misticismo judaico.
Em O Anel de Salomão: Magia e Apocalíptica no Testamento de Salomão, o Prof. Gabriele Cornelli, doutor em Ciências da Religião, nos apresenta uma narrativa ainda pouco conhecida: o Testamento de Salomão. O texto conta sobre a construção do Templo de Jerusalém e, para Cornelli, acaba nos revelando um outro lado do rei sábio.
A publicação de resenhas em cadernos acadêmicos é uma prática que tem se revelado muito útil, pois é possível conhecer melhor os novos lançamentos, como também ter acesso a obras não traduzidas e pouco conhecidas, mas de valor inestimável para o pesquisador. Pensando nisso a Agnes tem reservado um espaço para esse material e, desde o n.3, conta com a participação de Andrei Venturini Martins, mestre em Ciências da Religião e estudioso de Blaise Pascal, que vem resenhando para nós as cartas Provinciales. Nesse número temos a resenha da quarta à décima carta, onde podemos encontrar uma crítica de Pascal à moral casuística dos Jesuítas.
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