conceito situações urbanas escala intervenções pesquisa arte/cidade - zona leste

megacidades

centros transnacionais

novo urbanismo

geometria urbana variável

espacialização global

locações transterritoriais

justaposições

grandes escalas

espaços abstratos

scanning

arte aérea

mapeamento

imagens remotas

terreno vago

informe

zona

terra-de-ninguém

espaços negativos

entropia

desconexões/intervalos

cidade randômica

congestão

desterritorialização

arquitetura líquida

novas estratégias

design dinâmico

ocupação sem matéria

mutações

urbanização soft

 

Mapear em grande escala

 

 

 

 

 

Evolução da abrangência do levantamento aerofotogamétrico em São Paulo (1930 - 65)

x  

A estrutura urbana descontínua e variável da Zona Leste torna problemático todo mapeamento. Como cartografar esta geometria de atividades econômicas em mutação, uso indefinido do solo, economia informal sempre se deslocando e bruscas mudanças populacionais? Uma configuração urbana em constante alteração devido à consecutivas operações de implantação de sistemas de transporte (ferrovias, vias expressas, metrô), em geral desarticulados. Profundas desarticulações no tecido urbano e social, seguidas de remanejamento e reconfigurações em outros modos, gerando um território difuso, desprovido de delimitações precisas entre os diferentes recortes e usos do espaço. Uma zona indefinida e movente.

Impossível cartografar este espaço desprovido de delimitações. Os limites traçados pelas regiões administrativas ou pelas vias de transporte não servem para contornar esses fluxos imperceptíveis, estas relações de proximidade e distância, que se fazem independentemente de toda métrica. São relações não-localizáveis. Territórios que se armam e se dissolvem por ajustes paulatinos e locais, diferenças que fazem variar uma mesma distância: dissolução das escalas que balizavam a percepção da metrópole. O território passa a ser a distância crítica entre as situações.

A questão das grandes dimensões poderia ser colocada assim: em que mapa desenhar essas propagações, esses movimentos imprevisíveis? Trata-se da relação entre o local e o global. Como passar de uma escala a outra? A exploração intensa de localidades singulares e vizinhanças delicadas, lugares particulares cujo afastamento garante a dimensão global do mapeamento. Por prolongamentos curtos ou mais longos, um fluxo que constrói o mundo lugar por lugar. 

Como cartografar um mundo sem fronteiras, sem medida, sem limites? Trata-se de um atlas que vai sendo desenhado por esses entrelaçamentos, por conexões e inclusões contínuas. Espairando-se cada vez mais longe. As distâncias são substituídas por novas proximidades, redistribuídas segundo outras conexões. Proximidades que de modo algum mimetizam a realidade do terreno, mas que permitem novas passagens, outras interações.


Referências:

M. Serres. Atlas, Paris, ed. Julliard, 1994