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Terreno vago

 

terreno vago

 

terreno vago

 

terreno vago


O resultado da desindustrialização é o terreno-vago. Estes espaços indefinidos e incertos encarnam as oscilações, a instabilidade, do tecido urbano neste processo. Ilhas de vazio de atividades, são espaços que existem fora das estruturas produtivas e dos circuitos da cidade, remanescentes das diversas operações de reconfiguração de suas regiões em escalas mais amplas e complexas.

A dinâmica metropolitana opera uma obstrução de todo sentido de continuidade espacial. Tudo o que se tem são formas dispostas sem proporção nem medida comum. Neste espaço dominado pelo caos e a turbulência, cada local não tem mais um tecido onde se encaixar. Espaços fraturados que remetem sempre para outro lugar. Vazios testemunhando atos de remoção. O terreno vago é o paradigma da metrópole contemporânea.

A cidade é basicamente um espaço demarcado, compartimentalizado por uma grade das vias de transporte e das funções. Mas a metrópole engendra o seu oposto: terrenos baldios, desertos urbanos, ocupações temporárias, imensas favelas moventes, vias expressas sem parada, lugares abandonados. Territórios não mais circunscritos pela habitação, pelo trabalho ou pelo capital.

Essas formas de espacialidade se estendem infinitamente, sem pontos de referência, como o mar e o deserto.

Aqui tudo se distribui num regime de relações de velocidade e lentidão entre elementos não constituídos, segundo composições em permanente variação. Elementos heterogêneos e díspares que formam conjuntos fluídos. 

 

Referência
G. Deleuze/ F. Guattari, Mille Plateaux, Minuit, Paris, 1980