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Urbanização soft
Operar na direção oposta à que levou aos enclaves construídos pela especulação imobiliária. Os grandes conjuntos de condomínios habitacionais e superfícies comerciais circunscrevem áreas autosuficientes e isoladas. São espacialidades reorganizadas e consolidadas, ocupadas por estruturas e programas rígidos. Trata-se de tornar o caráter descontínuo, indeterminado e fluido do território para estabelecer novas conexões. Direcionar essa dinâmica para criar outras configurações espaciais. Acionar tudo o que transborda, que não se deixa abarcar por edificações e programas fechados. O que fica no meio, o intervalo. Contra a cerca, a inacessibilidade, os dispositivos de segurança as grandes estruturas arquitetônicas: os mecanismos de privatização do território. É nos intervalos que tudo ocorre. O espaço vazio, o terreno vago, é tudo menos vazio. É onde se concentram as diferenças onde se multiplica o diverso. O vazio é ocupado, denso. É um campo de forças e tensões. Sua inércia entrópica é só aparente: a zona morta é viva. Os interstícios e espaços residuais atual como zonas de intensificação. O espaço é processo, movimento, em vez de implantação, geografia. Ativar espaços: ações que incidam não sobre a estrutura, que diz respeito à organização. Mas que acionem e transformem. Uma predominância do espaço fluído sobre a locação estática. Intensificar relações e interdependências urbanas: um urbanismo em transformação contínua. Operações frouxas de recombinação, criando zonas fracas. Modos adaptativos e flexíveis de restruturação espacial. Uma urbanização soft. O plano diretor elimina as condições urbanas existentes projetando investimentos, padrões de ocupação e controles políticos-sociais. Ele nega o fenômeno dinâmico da urbanização. Em contraposição, propor políticas urbanas que partam da instabilidade e do inacabamento das situações para intensificar sua conectividade, mobilizando todo o território. Estratégias que comportem a inclusão do indeterminável e do inconcluivo.
Referencia: R. Koolhaas, Congestion Whithout Matter, in S.M.L.XL, 010 Publishers, Rotterdam, 1995 |