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Scanning

 

observatory


Como confrontar essas extensões sem contornos nem limites? Trata-se da apreensão de dimensões que escapam por completo à experiência humana individual. A noção de ‘scanning’ foi introduzida por Carl Andre e Robert Morris como um modo de ver em grande escala, enfatizando a horizontalidade e a distância. É um tipo de observação que, em vez de fixar-se num objeto, se faz percorrendo horizontalmente uma área. Se faz por varredura. A distância se impõe para cada objeto, o horizonte valendo tanto quanto o centro. 

A varredura é também um modo de observação próprio do radar e dos satélites. Sistemas de ver possibilitados por equipamentos avançados de observação. Para grandes extensões, escalas transcontinentais, planetárias. A varredura é um dispositivo que não corresponde mais ao dispositivo ocular, à organização do espaço feita pelo olho. A visão periférica, lateral, horizontal, em vez do foco centrado num objeto, serve para enfrentar a grande escala.

Relocated Burial Grond

Walking a Line in Peru

Uma vez que essas formas são tão grandes, praticamente incompreensíveis do solo, elas pressupõem uma overview. Contradição intrínseca à grande escala: a visão do observador é pressuposta panóptica, capaz de abarcar as formas abstratas ali delineadas, mas ao mesmo tempo os padrões criados só podem se revelar fragmentadamente. Daí o conceito essencial de mapeamento: fusão do real e do abstrato. O mapa introduz a idéia de uma ‘visão’ que abrange o que nenhum ponto de vista pode abarcar. O mapeamento vem a ser a primeira imagem de uma paisagem que não pode ser apreendida diretamente pelo olho. Um modo de percepção não-ocular.

A relação com essas escalas, que escapam à visão, exige outra abordagem. Morris vai sugerir um observador apreendendo (sensing) em vez de vendo (seeing) estas grandes configurações. Para ele, os grandes espaços relacionam-se com um modo de visão que propositadamente afasta-se de leituras em termos de formas gestalticas, abrangentes. Esse modo de percepção busca parâmetros em que a totalidade se configura como resultado de um conjunto de informações, onde heterogeneidade e indeterminação são constitutivas, em vez de ser imediatamente percebida como uma imagem. Um approach que já anuncia as formas mais contemporâneas de se entender os processos de mapeamento, baseados na exploração intensiva e crítica de múltiplas informações (database).


Referência
R. Morris, Continuous Project Altered Daily,
MIT, Cambridge, 1995.

Imagens
R. Moris, Observatory, Holanda, 1977
D. Oppenheim, Relocated Burial Grond, 1978
R. Long, Walking a Line in Peru, 1972