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O informe

 

av. alcantara machado

A Zona Leste apresenta um alto grau de desorganização arquitetônica e dilaceramento do tecido urbano, resultante tanto do desmantelamento das antigas estruturas quanto do impacto de monumentais projetos de reconstrução. Ela é basicamente informe.1

Uma configuração resultante do processo de desindustrialização, com a decadência e o abandono do edificado, da criação de novos pólos de atividades produtivas e serviços e da implantação de diversos sistemas de transporte sobrepostos, desorganizando o tecido urbano e criando terrenos vazios, com usos improvisados. Impureza, degeneração e colapso são os motores do processo.

A entropia é uma força que aspira todos os intervalos entre os pontos do espaço, abolindo as distâncias, sobre as quais se fundam as diferenças necessárias à produção de sentido. Ela coloca a questão do limite, dos contornos. Uma contínua erosão da distinção entre interior e exterior, localizado e deslocado, que constituía a condição espacial requerida pela percepção. Ela instaura um terreno mole, indistinto e ilimitado.

As imagens destes espaços não dominados pela arquitetura refletem nossa insegurança de perambular por territórios indistintos e ilimitados. Mas o vazio, a ausência de limites, contém também a expectativa da mobilidade, a possibilidade do outro. O terreno-vago é também o espaço do possível. Toda a história da reação ao terreno-vago, desde a percepção dos fotógrafos até as intervenções do planejamento urbano, tem sido no sentido de evidenciar a ansiedade diante da sua indefinição e erradicar sua negatividade. Ela reflete a dificuldade de lidar com a cidade em termos de força, de fluxos, em vez de formas.

Referências:

R. Krauss/ Y-A Bois, Formless, MIT, Cambridge, 1997

I. Solá-Morales, Terrain Vague, in Anyplace, MIT, Cambridge, 1995.