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Reterritorialização globalizada

Os últimos anos da década de 90 foram marcados pelo princípio de uma nova fase da restruturação urbana, em grande escala, percebida através de projetos que visão a inserção de São Paulo no sistema de cidades globalizadas.

Anunciam-se megaprojetos de desenvolvimento urbano, financiados pelo capital internacional, com a implantação de grandes estruturas arquitetônicas que devem concentrar produção, habitação, comércio e serviços, condicionando a ocupação e a infra-estrutura urbana de toda a região.

Vastos enclaves urbanos, praticamente autônomos, ligados diretamente aos sistemas de fluxos informacionais corporativos, aos dispositivos de comunicação e aos aeroportos internacionais. A nova geometria urbana é marcada por territorializações ainda mais instáveis e flexíveis, acentuando a fragmentação das regiões centrais da metrópole.

A cidade é definitivamente inscrita no mercado imobiliário global, alterando-se por completo os mecanismos de produção e financiamento de edificações funcionais e habitacionais. O zoneamento, bem como as legislações urbanas que se seguiram, não correspondem mais a essa forma de ocupação, que ultrapassa todos os limites propostos.

O papel das políticas públicas, do setor imobiliário e do setor financeiro são revistos. O setor imobiliário alia-se ao capital internacional para propor intervenções ao governo que passa a regular e atuar submisso a esses interesses. Tende a ocorrer uma privatização de espaços e equipamentos urbanos e recursos públicos, uma vez que megaintervenções interferem em uma escala que exige reorientar o crescimento da infra-estrutura planejada para a cidade.

A implantação destes grandes projetos de redesenvolvimento urbano não obedece mais aos mecanismos característicos dos processos anteriores de renovação urbana, baseados em intervenções pontuais, em menor escala, que pretendiam promover transformações graduais no entorno. As grandes dimensões e o volume dos investimentos desses novos empreendimentos faz com que tenham poucas relações com as formas de ocupação e atividades existentes nas áreas.

Ao buscar estabelecer um novo padrão de ocupação, próprio à intervenção do capital estrangeiro, eles diferenciam-se por completo da organização urbana local existente. Tendem a reconfigurar regiões inteiras, desconectando-as do entorno urbano imediato, para rearticulá-las com a rede internacional de cidades. Sua escala não é mais local, metropolitana, mas global.