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ZL e globalização

projetos de reurbanização do centro de sp

Os bairros do Brás, Pari e Móoca, a área mais central da Zona Leste, parecem predispostos a ter um papel fundamental na reestruturação global de São Paulo. Essa região foi drasticamente afetada pela desindustrialização sofrendo grande esvaziamento populacional e de atividades. O processo de desvalorização, gerando desemprego, retração fiscal e obsolescência de equipamentos e do construído, inscreve-se na lógica dos sistemas flexíveis e dinâmicos de acumulação. Uma ampla reestruturação não pode ser realizada sem, primeiro, desindustrialização e desvalorização.

A região não passou pelos processos recentes de restruturação da metrópole. Ocorreu um congelamento desse tecido, onde não se implantaram as espacializações características do último período, como os condomínios fechados, enclaves de habitação e serviços ou habitação popular. Não sofreu a ação dos mecanismos convencionais de reestruturação habitacional, como os programas de financiamento, reinvestimento imobiliário e políticas públicas de desenvolvimento urbano localizado. Não passou, portanto, pelos processos de reocupação e gentrification, que se fazem através da renovação de locais históricos e da instalação de equipamentos culturais.

Os megaempreendimentos dispensam essas estratégias paulatinas de ocupação. Eles se instalam de uma só vez, em grandes áreas, através da compra ou desapropriação de todo o território. O que implica, de qualquer modo, em deslocamento massivo e abrupto de populações, acirrando a desigualdade do desenvolvimento urbano e a exclusão social. Daí a dimensão do espaço disponível na região, devido à estagnação e desorganização urbana ser essencial à reestruturação global. Somente um desinvestimento desse porte pode dar espaço a um reinvestimento na escala proposta pelos novos projetos imobiliários e de desenvolvimento urbano.

 


Referência

D. Harvey. The Condition of Postmodernity., Blackwell, Oxford, 1990.