Em 29 de agosto de 2020, a Bienal de Veneza inaugurou a exposição “As musas inquietantes”. Em meio à pandemia do coronavírus, a instituição decidiu comemorar seu aniversário de cento e vinte e cinco anos convidando o público a percorrer seu arquivo histórico. A ideia, segundo a equipe curatorial, era apresentar a exposição como uma "testemunha privilegiada de transformações, crises e dramas sociais do oitocentos até os dias atuais", bem como refletir sobre o papel da instituição como palco de manobras diplomáticas e alianças políticas entre monarcas, ditadores, chefes de Estado. Há muito o que se debater acerca da proposta de "As musas inquietantes" e suas escolhas curatoriais, expográficas e historiográficas, mas não é disso que esse curso trata. A abordagem historiográfica do curso visa justamente inverter a premissa. E se, ao invés de pensarmos sobre o caráter de testemunho histórico da Bienal, discutirmos o seu protagonismo? Isso é, e se atribuirmos à esfera das artes e da cultura um papel ativo e não meramente representativo ou contemplativo? No bojo das discussões das vanguardas históricas e da nascente indústria cultural, o curso debaterá os usos estratégicos das esferas artístico-culturais no entre guerras, na consolidação de regimes de tendências totalitárias e nos revolvimentos econômicos e sociais da primeira metade do século XX. No curso será disponibilizado trechos de textos, traduções inéditas, imagens de obras, catálogos e outros documentos de época. Como uma roda dentada, a análise e discussão dos materiais históricos, transmitirá movimento à reflexão teórica e política, fomentando reflexões não só sobre os usos histórico das esferas das artístico-culturais, como também sobre suas reatualizações na contemporaneidade.
Objetivos
Discutir os usos inaugurais da estetização da política enquanto uma estratégia de reprodução simbólica e dominação; e, fomentar reflexões e diálogos sobre os usos contrarrevolucionários das esferas das artes e dos aparatos de reprodutibilidade técnica (foto, cinema, rádio), no bojo da nascente indústria cultural e em suas reatualizações na contemporaneidade.
Diferenciais
O curso possibilitará uma compreensão conceitual e histórica dos elementos estéticos do fascismo, suscitando uma análise de fontes documentais, fílmicas e imagéticas pouco debatidas no contexto brasileiro. Propiciará tanto uma formação nos períodos artísticos e movimentos históricos analisados -, em um sentido crítico de história da arte e formação estética - como também um referencial de compreensão dos movimentos políticos do presente.
Sobre o Curso
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Categoria: Extensão, On-line Síncrono
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Público-alvo:
Estudantes, pesquisadores e interessados em história da arte crítica. Graduados e graduandos nas áreas de História, Filosofia, Arquitetura, Design, Artes Plásticas, Ciências Sociais, Comunicação Social, Letras e todas as áreas das ciências humanas; professores de História, Sociologia e de Artes do ensino fundamental e médio; e todos os interessados em História da Arte.
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Duração: 16h
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Local: On-line Síncrono
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INSCREVA-SEna lista de interesse
Professor em Destaque
Profa. Dra. Clara Figueiredo
Doutora em Artes Visuais pela ECA/USP. Autora da tese: Fotografia: Entre Fato e Farsa (URSS-Itália, 1928-1934) e da dissertação: Foto-Grafia/ O debate na Frente de Esquerda das Artes. Foi professora na Universidade Anhembi/SP e ministrou cursos e oficinas na área de arte, história e fotografia na Escola Nacional Florestan Fernandes, SESC/SP, Senac, Casa da Rosas. Autora do capítulo de livro “Construtivismo russo: história, estética e política” (1917: O ano que abalou o mundo, Boitempo, 2017); do ensaio "A representação das massas na era do selfie" (Intempestiva, 2020) e co-organizadora do livro “Lampejos: Arte, Memória, Verdade, Justiça” (Comissão de Anistia/MJ/UFMG, 2016).
Saiba Mais
1. Fascismo como um novo tipo de revolução passiva.
A ascensão do fascismo e a análise gramsciana mediante a reelaboração, por Gramsci, da noção de "revolução passiva", em seus Cadernos do Cárcere.
2. O pavilhão de colônia, o grupo Frente de Esquerda das Artes e o contexto artístico soviético entre (1917-1928).
O debate e os principais embates artísticos russos, mediante a análise do pavilhão soviético na Exposição Internacional de Imprensa de Colônia (1928). Também será tratado o uso inaugural e as contradições da prática de fotografia e de fotomontagem lefistas, à serviço da ordenação Estatal.
3. Reorganização do aparato artístico cultural fascista e o Instituto Luce (1924-1932).
A construção de um sistema artístico fascista (1925-1932), mediante: a criação de novas instituições e estatização das já existentes (como a Bienal, Quadrienal etc.); a constituição de um circuito expositivo hierarquizado; e, a elaboração de políticas governamentais para gestão e fomento da arte, cultura e propaganda (festivais, bolsas, premiações etc.). Também será tratada a instalação de dispositivos de controle governamental no campo da comunicação de massa (revistas, cinema, jornais etc.) via Instituto LUCE.
4. Revista URSS em construção, cartazes da IZOGIZ e os planos quinquenais (1928-1930).
Os usos da fotografia e fotomontagem durante o Primeiro Plano Quinquenal stalinista e a revista URSS em Construção, como um desdobramento do pavilhão de Colônia.
5. “Artistas da URSS dos Últimos 15 Anos" e a gestação do realismo socialista (1922-1934).
A gestação do “realismo socialista”, nas duas edições da retrospectiva da exposição Artistas da URSS dos últimos 15 anos (1932- 1934).
6. Mostra da Revolução Fascista (1932-1934) Análise detalhada da Mostra da Revolução Fascista (1932) e sua recepção.
Também será tratado o uso inaugural e as contradições da apropriação de uma sintaxe artística de vanguarda à serviço da liturgia fascista
7. Estetização da política em Walter Benjamin (1935-1936).
O conceito Benjaminiano de estetização da política e a sua inserção no debate artístico do período.
8. Estetização da política como estratégia de dominação e manutenção dos privilégios de classe.
Discutir as intersecções entre a “estetização da política” fascista e a política artística e cultural stalinista, a partir das intersecções entre as noções de “revolução passiva” (Gramsci) e “estetização da política” (Benjamin). Para, por meio de tal debate historiográfico, refletir sobre os alcances e as atualizações da estetização da política enquanto uma estratégia de dominação atual.
Aprovação
Frequência mínima de 75% nas aulas ministradas.
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Procedimentos de Matrícula: após o preenchimento de sua inscrição será gerado automaticamente:
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Em caso do responsável financeiro não ser o próprio aluno deverá ser assinado o TERMO DE ADITAMENTO AO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS pelo efetivo responsável, cujo documento deverá ser solicitado pelo seguinte e-mail: contasareceber@fundasp.org.br e entregue pessoalmente nesse mesmo setor.
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Efetivação de matrícula: após o pagamento da primeira parcela do plano sua matrícula será efetivada.
Documentos
- Cópia do CPF, RG e comprovante de residência (com CEP)
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Observações Especiais
A REALIZAÇÃO DO CURSO ESTÁ SUJEITA A NÚMERO MÍNIMO DE MATRICULADOS.
Caso o curso não se viabilize, você será avisado (a) com antecedência à data prevista para o início das atividades. Somente neste caso, os valores pagos serão devolvidos.
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