A Alfabetização e seus Avatares – CAPES/INEP

Linguagem e Subjetividade

A Alfabetização e seus Avatares – CAPES/INEP

12/2010

A Alfabetização e seus Avatares – CAPES/INEP

Regina Maria Freire*

A linha de pesquisa Linguagem e Subjetividade concorreu ao edital da CAPES/INEP, Observatório de Educação, e foi contemplada com bolsas de doutorado, mestrado, graduação e para professores da Rede Pública. O projeto "Alfabetização e seus avatares" delega ao campo fonoaudiológico a tarefa de discutir e propor questões relacionadas à alfabetização e seus fracassos, a partir da ótica do sujeito falante/escrevente.

A equipe do projeto conta com a participação dos professores: Leda Verdiani Tfouni (USP Ribeirão), Christian Dunker (USP), Marisol Barenco de Mello (UFRJ) e Rejane Rubino (DERDIC).
Tem como objetivo geral, enfrentar os desafios da alfabetização e suas conseqüências na formação do sujeito da escrita. E específicos:
a) Delinear o processo de aquisição da escrita pela criança antes de sua entrada na alfabetização
b) Desfazer os mitos que envolvem e encobrem o sujeito da escrita por meio de categorias nosológicas mal explicadas quanto à semiologia, etiologia, diagnóstica e terapêutica.
c) Construir indicadores clínicos de risco para os distúrbios de aprendizagem visando tanto ações de prevenção como de terapêutica
d) Conhecer os desafios que a criança coloca ao professor alfabetizador para estruturar a sua formação a nível de mestrado profissional
e) Rever os meios que vem sendo utilizados como base para a alfabetização e inovar, tomando como base uma teoria que leve em conta o sujeito da escrita em sua articulação com esse objeto de saber.

Os princípios teóricos partem da afirmação de que a Fonoaudiologia é uma instância clínica em que a fala, em suas várias modalidades: oral, escrita, gestual – está no centro das atenções. Falar implica sempre o outro, pois fala-se para alguém, com alguém, de alguém. Em sendo assim, escuta-se. Ou seja, a clínica fonoaudiológica, por sua natureza dialogal, presentifica os dizeres/escritos do paciente e de seu terapeuta em relação a um terceiro: a língua, cujo funcionamento é posto à mostra. Fala, língua, escrita, sujeito, outro, processos metafóricos e metonímicos, estão entre os vários eixos que compõem a estrutura complexa do funcionamento dos sintomas de linguagem (Gouvêa da Silva, 2007; Gouvêa, Freire e Dunker, 2011) e que nortearão nossa busca por saberes sobre o sujeito da escrita e suas vicissitudes.

Esta estrutura complexa, em sua articulação com a concepção de sujeito solidária a sua constituição como falante/escrevente sustentará os alicerces para o desdobramento das pesquisas de mestrado e doutorado, a serem desenvolvidas em resposta ao edital do Observatório de Educação 2010.

Pretende-se obter, como resultados mais relevantes:
a) um esclarecimento e um aprofundamento sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita, por uma criança, desenvolvido sob um mesmo olhar teórico, que articule sujeito-língua-fala.
b) um delineamento do perfil do professor das séries iniciais diante dos desafios da alfabetização e as estratégias alçadas para enfrentá-los.
c) a construção e validação de indicadores clínicos de risco para perturbações de leitura e escrita.
d) uma nosologia, assentada sobre o sujeito, que construa estruturas e tipos clínicos de forma a afastar nosologias assentadas sobre o corpo orgânico ou sobre os sintomas (como a médica ou a descrita em manuais como o DCM e o CID)
e) a construção da grade curricular para a formação do professor alfabetizador por meio de uma proposta de Mestrado Profissional
f) uma análise da Provinha Brasil com os achados dai derivados em sua articulação com o sujeito da escrita, produzido pelas pesquisas do projeto: A alfabetização e seus avatares.

 

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