Alfabetização e letramento
10/2012
Alfabetização e letramento
Alcilene F. F. Botelho, Eliana Campos, Enéias Ferreira, Maria Elisabete de Lima*
Sabemos que: ALFABETIZAÇÂO – aquisição do código escrito - está ligada ao processo de LETRAMENTO - uso da leitura e da escrita em nossa sociedade. Quando considerada, essa relação torna as propostas de trabalho mais significativas para as crianças e, portanto, mais produtivas para o desenvolvimento das habilidades linguísticas. O processo de alfabetização pede reflexões e propostas diferenciadas das que pede o de letramento. Não se espera que uma leitura cotidiana de textos para e com a turma (uma proposta de letramento também de extrema importância) seja suficiente para que as crianças saibam como se escreve as palavras ou que letras devam usar (alfabetização).
Expor as crianças aos mais diversos tipos de portadores de textos é um passo para a aprendizagem da escrita, mas não é suficiente para a aprendizagem do código escrito. É preciso criar condições para que as crianças reflitam diante desse objeto de estudo (código) e formulem teorias a seu respeito, mesmo que provisórias.
As crianças, enquanto lêem ou escrevem, preocupam-se com o ato de ler e escrever: porque e para que as pessoas o realizam, que efeitos produzem as palavras, que idéias e imagens sugerem. Enquanto lêem, a busca do sentido não permite refletir sobre como as palavras são escritas, como são usados os sinais de pontuação, etc..., mesmo que façam uso da escrita de algumas palavras (ex: como as do título), ou dos sinais (travessão, indicando a fala de um personagem) para levantar indícios importantes para construir sentidos.
É preciso garantir espaço em sala de aula para que as crianças possam aprender sobre os usos da leitura e da escrita ( lendo e escrevendo autonomamente ou com o professor fazendo o papel de escriba e leitor nos anos iniciais) ao refletir sobre as palavras e os textos para descobrir as regularidades do sistema de escrita: seus símbolos, o papel dos espaços, como os símbolos e os espaços se relacionam, as possibilidades de estabelecer relações entre sons e símbolos escritos, etc...
Para que aprendam, as crianças precisam enfrentar propostas desafiadoras que as levem a agir e a pensar sobre o que fazem e criar e recriar suas hipóteses.
Há tempos sabemos que a aprendizagem do código escrito não antecede, necessariamente, as possibilidades de ler e escrever das crianças e que, por viverem em um ambiente letrado, elas não chegam à escola sem informações sobre os usos da linguagem escrita. Sabemos que, quando um adulto é leitor do texto para a criança ou serve de escritor para ela, a criança, está sim, em situação verdadeira de leitura e escrita.
Alfabetização e letramento são, portanto, processos que estão ligados e permanecem para toda a vida; os alunos dos anos iniciais precisam vivê-lo integralmente, não como um momento de imperfeição, nem como uma etapa em que sejam deixados ao sabor de seus ritmos e interesses, numa espera de prontidão; de insigth; mas como um momento de intensa produção e aprendizagem.
Referências bibliográficas
1-Secretaria de Estado da Educação
Ler e escrever : Guia de orientações e orientações didáticas;
Professor alfabetizador- 1º ano/ Secretaria da Educação, Fundação para o Desenvolvimento da Educação; concepção e a elaboração, Claudia Rosenberg Aranfagy. Ed. São Paulo: FDE, 2012.
2- Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa.Brasilia: SEF,1997.
3- Almeida,Geraldo Peçanha de Práticas de alfabetização e letramento.São Paulo:Cortez,2007.
4- Braggio, Silvia Lucia Bigonjal. Leitura e alfabetização- Da concepção mecanicista à sociopsicolinguística. Porto Alegre: Artmed,1992.
5- Collelo, Silvia M. Gasparian. Alfabetização em questão. São Paulo: Paz e terra,2004.
6- Ferreiro, Emilia. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 2008, reflexões sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez,1996.
7- Soares, Magda Becker. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto,2003,_____________,letramento. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
8- Experiências de aprendizagem no 1º ano- Coleção aprendendo sempre. Editora Ática. São Paulo. 2010.
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