O grupo terapêutico em Fonoaudiologia e as questões da heterogeneidade nos usos da língua falada

Linguagem e Subjetividade

O grupo terapêutico em Fonoaudiologia e as questões da heterogeneidade nos usos da língua falada

01/2018

O grupo terapêutico em Fonoaudiologia e as questões da heterogeneidade nos usos da língua falada

Ana Regina Graner*

Alterações ou variações socioculturais na fala podem ser vistas como erro, por estarem distante do modelo de linguagem idealizado e podem se constituir fator de exclusão social a partir do momento em que a maneira do indivíduo se comunicar pela fala torna-se alvo de discriminação e preconceito. Na Fonoaudiologia, o trabalho em grupo tem como foco as nuances da comunicação, ou seja, a terapia se desenvolve por meio da interação entre os participantes, e os terapeutas atuam como mediadores dessa interação.

A direção que buscamos hoje, em propostas como a terapia em grupo, procura identificar-se com a produção do cuidado centrada no indivíduo, fomentando o estabelecimento de vínculo e de situações acolhedoras gerando abordagens mais relacionais no processo saúde-doença. Precisamos dos sujeitos para compreender os processos de saúde-doença, precisamos apreender as diferenças e as singularidades que se produzem para o equacionamento do cuidado.

A experiência com um trabalho em grupo viabilizou aos participantes perceberem o impacto e falhas que sua “fala” traz na comunicação, algo que auxiliou no processo de vinculação com a terapia em grupo, pois perceber-se no outro estimula a auto percepção, bem como aflora sentimentos de autovalorização.

Espaços como esses de vivência em grupo possibilitam que haja em cada um a ressignificação do fazer saúde baseado em uma prática acolhedora que cria espaços de escuta e de fala nos quais pode emergir e emerge o poder do cuidado. Buscou-se valorizar nos encontros as ações que viessem ao encontro do desenvolvimento integral e fortalecimento do indivíduo, no sentido de capacitar cada um na identificação, ação, controle e transformação para a melhoria dos determinantes que afetam seu processo de saúde-doença.

Ao findar os encontros a mudança era nítida, os depoimentos dados atestavam a mudança, a satisfação por conseguir superar as dificuldades e a certeza que são agentes de sua própria saúde. O trabalho possibilitou ao grupo se perceber como protagonista social, capaz de provocar mudança e transformação em sua realidade e na sua saúde, aspectos esses que fundamentam a saúde coletiva.

 


Referências Bibliográficas:

Bagno M. Nada na língua é por acaso: Ciência e senso comum na educação em língua materna. Revista Presença Pedagógica.  Set. de 2006 [Acesso em 06 de abril de 2017]. “Disponível em: http://www.marcosbagno.com.br/conteudo/textos.htm”.
Ceccim RB. Educação Permanente em Saúde: desafio ambicioso e necessário. Interface - Comunic, Saúde, Educ. set.2004/fev.2005; 9(16):161-77.
Kleba ME, Wendausen A. Empoderamento: processo de fortalecimento dos sujeitos nos espaços de participação social e democratização política. Saúde Soc. São Paulo. 2009; 18(4):733-43.
Araújo MLB, Freire RMAC. Atendimento fonoaudiológico em grupo. Rev. CEFAC. 2011 Mar-Abr; 13(2):362-368.
Silva, FP et al. Organização de grupos terapêuticos no serviço público municipal de São José dos Campos. Fonoaudiologia Brasil: 2003: 2 (3): 22-7.
 

*Fonoaudióloga, professora do curso de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da Bahia – UNEB e doutoranda no Programa de Estudos Pós Graduados em fonoaudiologia da PUCSP. E-mail: anagranerf@gmail.com

 

 

Colunas Anteriores

 

2021  

2012  

2011  

2009  

Menu
PUC-SP
J.PUC-SP
Sou PUC