Coluna "Fonoaudiologia em Questão"

Linguagem e Subjetividade

Coluna "Fonoaudiologia em Questão"

07/2022

Características da linguagem oral e linguagem escrita em crianças com altas habilidades/ superdotação (AH/SD)


Tamara Silva Souza

Crianças diagnosticadas com altas habilidades/superdotação (AH/SD) conforme definição estabelecida pela portaria de Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, apresentam potenciais elevados em algumas das seguintes áreas, seja de maneira isolada ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse. O desenvolvimento cognitivo destas crianças é atípico e apresenta domínios cognitivos em idade anterior à média e rápida progressão na aprendizagem, mas, em relação a maturidade emocional é possível que a criança não acompanhe o seu rápido progresso cognitivo, causando uma dessincronia em seu desenvolvimento.

As crianças com AH/SD constituem um grupo que é pouco compreendido e na maioria das vezes negligenciado, visto que raramente estas crianças são superdotadas em todas as áreas do conhecimento acadêmico, podendo apresentar grande desempenho em uma área especifica e déficits em outras áreas. Visto que no âmbito das habilidades linguísticas apresentam elevada habilidade de compreensão oral e escrita, rico vocabulário e interesse precoce pela leitura, torna-se necessário entender o desenvolvimento da linguagem destes sujeitos, pois, também, estas habilidades podem coexistir com deficiência em algum componente da linguagem, seja na linguagem oral ou na linguagem escrita mascarando possíveis dificuldades.

Vejamos o que é possível encontrar:

- No que se refere a linguagem oral, as crianças com AH/SD tendem a apresentar ótimos percentuais, sobretudo em vocabulário que se apresenta amplo para a idade, a capacidade narrativa de seus discursos ocorre de maneira típica das crianças dois anos mais velhas, as construções da estrutura linguística básica são mais ricas e sofisticadas, com histórias mais elaboradas e complexas do que as de seus colegas de mesma idade cronológica; já nas questões semânticas estas crianças apresentam dificuldades acerca dos significados; no que tange a consciência fonológica, são encontrados sinais claros de dificuldade, o que indica que a fonologia é um fator de risco para crianças com AH/SD, mas isto é moderado por outras habilidades, como 

memória de trabalho, gramática e vocabulário, permitindo assim oportunidades para compensar o déficit cognitivo e mascarar as dificuldades de alfabetização.

- No âmbito da linguagem escrita estas crianças iniciam o processo de leitura de maneira precoce, e apresentam um nível avançado de habilidades de decodificação e compreensão na leitura, além de amplo interesse pelos aspectos linguísticos. Entretanto as crianças diagnosticadas com AH/SD podem mascarar alguns problemas de alfabetização, utilizando possíveis mecanismos compensatórios.

Ao observar os diferentes modos de apresentação da linguagem oral e linguagem escrita em crianças com AH/SD, conclui-se que existe uma maneira atípica ao fazer o uso da linguagem, sendo necessário investigar cada caso em sua singularidade.

 

* Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Humana e Saúde.

 


 

Referências bibliográficas:

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